期刊名称:Nau Literaria : Crítica e Teoria de Literaturas em Língua Portuguesa
电子版ISSN:1981-4526
出版年度:2013
卷号:9
期号:2
语种:Portuguese
出版社:Universidade Federal do Rio Grande do Sul
摘要:O presente trabalho tem por objetivo analisar a cantoria que se constrói em torno da obra poética de Patativa do Assaré. O corpus da pesquisa é composto pelo registro em vídeo do “Encontro de cantadores” ocorrido junto à casa em que o poeta morou em Serra de Santana (Assaré-CE) durante VIII Patativa do Assaré em Arte e Cultura em março de 2012 e de um repente executado por Mané do Cego e Miceno Pereira na rádio Assaré FM em junho de 2011, quando da nossa pesquisa de campo sobre o poeta. A abordagem segue duas perspectivas que se retroalimentam. A primeira está calcada na representação e difusão do mito sobre a figura de Patativa do Assaré, evidenciando uma imagem não só do sujeito como também de sua obra poética. Essa perspectiva tem como referencial teórico os estudos de Carvalho (2009) e Feitosa (2003) sobre o poeta de Assaré. Enquanto Feitosa (2003) aponta para a construção do mito em torno da figura do poeta, Carvalho (2009, p. 145) registra a existência de uma comunidade poética em Serra de Santana, em que “Patativa seria uma espécie de pai dos poetas da Serra”, o que é expressa pela performance dos cantores que faz parte do nosso corpus. A partir de Zumthor (2000, 2010), a segunda linha de abordagem volta-se para o fazer artístico e poético dos cantadores. Através da performance, advém uma tradição do improviso na lusofonia, que de acordo com Cascudo (s/d) remonta aos pastores da Grécia clássica, ademais da influência da cultura árabe, segundo Soler (1978). Nesse sentido, procura-se identificar como a voz dos repentistas se manifesta em performance interagindo com o auditório ali presente, tornando-se o público uma espécie de coautor dos versos proferidos. Há manifesta uma oralidade primária que se une à mitificação de Patativa, através da imagem do poeta que compõe seus poemas por meio de um exercício mnemônico, em que a memória funciona não só como forma de produção, como também de conservação da obra poética, satisfazendo as cinco fases da existência do poema na acepção de Zumthor (2010) em Introdução à poesia oral.