摘要:Desonra, de J.M. Coetzee, pode ser lido como uma alegoria da falência da promessa de justiça implícita, de modos diversos, nos projetos da modernidade e da pós-modernidade. A jornada de David Lurie culmina em uma epifania inútil: é a brutalidade da força, velada ou explícita, que domina as relações humanas; e as instituições jurídicas são ora instrumentais para essa violência, ora impotentes para impedi-la. A primeira secção desse artigo, Eros, explora o sentido de justiça/injustiça presente no julgamento de David Lurie por seus pares na universidade. Na segunda, Caos, examina o mesmo tema de justiça/injustiça no tratamento jurídico-policial dispensado ao estupro de Lucy. A terceira, O Casamento de Cronos e Harmonia, explora as respostas antagônicas que os personagens de David e Lucy oferecem à brutalidade crua de Cabo Leste e da Cidade do Cabo. A conclusão, Santo Hubert, procura sintetizar os argumentos apresentados e indicar por quê Desonra sugere uma leitura do Direito que o vê como incapaz de qualquer sentido moral relevante.