摘要:Algumas obras críticas clássicas merecem ser resenhadas e traduzidas. É o caso da obra de Hugo Friedrich (1904-1978), Montaigne (2010) recentemente relançada na França, obra de uma erudição e precisão implacável. Hugo Friedrich pertence à geração dos especialistas alemães de literaturas românicas, tais como Leo Spitzer, Curtius, Neumann e Erich Auerbach. Conhecido no Brasil, sobretudo com sua obra A Estrutura da Lírica Moderna (1978), a obra de Hugo Friedrich sobre Montaigne lamentavelmente ainda não foi traduzida no Brasil. O seu relançamento demonstra a qualidade e a validade das análises precisas que Friedrich faz dos Ensaios de Montaigne. Ele apresenta a convergência entre o conhecimento da obra de Montaigne com a tradição literária e filosófica conhecida pelo ensaísta francês, apresentando assim a “ciência moral” de Montaigne: não no sentido normativo, mas descritivo da variedade costumes, comportamentos, elementos psicológicos, fatos e curiosidades do século XVI na França. Mas, sobretudo, do pensamento e da consciência de Montaigne sobre si mesmo e sobre as colorações, variações, flutuações e ambiguidades do foro interior que o ensaísta investiga em sua obra.