摘要:Em La république mondiale des lettres (1999/2008), Pascale Casanova afirma: “Todos os ‘escritores literários’ das ‘pequenas’ línguas são confrontados (...) à questão, de alguma maneira inevitável, da tradução. ‘Escritores traduzidos’, eles são tomados por uma contradição estrutural dramática que os obriga a escolher entre a tradução numa língua literária, separando-os de seu público nacional, mas oferecendo-lhes uma existência literária, ou o recolhimento numa ‘pequena’ língua, que os condena à invisibilidade literária ou a uma existência literária reduzida à vida literária nacional” (2008, p. 363). Se, por um lado, a afirmação de Casanova merece ser questionada, por outro, tal afirmação encontra ressonâncias no debate que animou (e ainda anima) grande parte da produção literária pós-colonial do Magrebe. A interrogação sobre o estatuto da língua na qual se escreve é um imperativo para o escritor dividido entre a herança da língua do colonizador e a diversidade dos idiomas locais. Neste sentido, escrever é entregar-se à aventura de um entre-as-línguas que se define como um desafio político-identitário constitutivo de toda tradução. O objetivo desta comunicação é o de investigar, a partir de uma visada teórica e analítica, compreendendo os escritos de Casanova (2008) e de Derrida (1996; 1998), como chegam (ou não) até nós, via tradução, as obras desses autores magrebinos de expressão francesa; em que medida a problemática da língua se faz sentir no contexto de uma literatura estrangeira traduzida para o português e qual o papel da mídia e da crítica para tornar visíveis alguns autores em detrimento de outros.