摘要:Este artigo trata do processo migratório (razões e motivações) pelos quais passaram diversos faxinalenses ao irem morar em Irati a partir dos anos 1970. Quando se diz que, ao sair de seu lugar de origem, o migrante desenraiza-se, está-se fazendo alusão a essa referencialidade do espaço, abrindo-se caminhos para desdobramentos ideológicos que convertem o migrante num sujeito desnaturalizado. Assim, se de um lado a migração apresenta um caráter de ressocialização, emancipando pessoal e politicamente o migrante, na medida em que destrói as relações arcaicas de trabalho e família, por outro também constitui fator de desagregação e exclusão social. A mudança do migrante nunca é estritamente geográfica. Sua trajetória implica mudanças internas profundas, ao nível das representações, as quais emergem e ganham formas através de imagens de si e do outro. O trabalhador rural chega à cidade com as raízes partidas. Ao perder as referências, obriga-se a encontrar formas que lhe dêem o direito de pertencer a um grupo, para dar sentido à vida. Assim, migrar denota um processo de desterritorialização e, paralelamente, de desculturização. Ir para a cidade é, certamente, deixar para trás uma cultura herdada para se encontrar com outra, que não ajudou a criar, cuja história desconhece, cuja memória lhe é estranha. Até o momento realizamos quatro entrevistas com ex-faxinalenses - Américo Ribeiro dos Santos, Henrique Krupke, Ana Chuprosk e Antonina Hobol -, e são delas que tiramos os elementos que aqui serão apresentados.