摘要:Propõe-se, neste artigo, uma leitura do romance As intermitências da morte (2005), de José Saramago, salientando, em conformidade com a sua duplicidade estrutural, o modo como imaginação apocalíptica e redenção alegórica se coonestam numa idiossincrática tematização da morte. Tirando partido e, em concomitância, subvertendo a iconologia tanatológica de matriz cristã, Saramago ficcionaliza uma aparente derrota da morte pelo amor, sem, no entanto, deixar de indiciar a atávica consubstancialidade de ambos. Enquanto mnemónica visual, o didactismo unívoco da alegoria clássica é, na retórica do romance saramaguiano, substituído pelo sentido ambíguo de um história sem exemplo.Palavras-chave: José Saramago; As intermitências da morte;Alegoria; Iconografia; Deus.