摘要:A exemplo do que acontecia em outros cantos do mundo, respirava-se, no Brasil da década de 1930, um clima saturado de nacionalismos de todas as espécies. O campo musical não se manteve alheio à emergência, à direita e à esquerda do espectro político da época, de tendências que concebiam o estrangeiro como a encarnação do mal. Nesse momento de afirmação do samba como ícone musical da nacionalidade, a música popular que aqui se gravava incorporava especialmente o fado, o tango e o fox-trot, que eram, sem dúvida, os gêneros “estrangeiros” mais em voga. Até meados dos anos 1930 o fado encontrou no país considerável ressonância, a ponto de levar compositores como Orestes Barbosa a investir contra ele, “coisa de português”, tomada como sinônimo de atraso de vida. O samba, na contramão desses ritmos tidos como alienígenas, seria, acima de tudo, o escudo musical protetor da nação contra a “conspurcação” de seus costumes.