摘要:Nem sempre os temas candentes da investigação, numa determinada área do conhecimento, são colocados de maneira orgânica e organizada para o conjunto dos pesquisadores que sobre eles se debruçam. Quase nunca as edições cientícas, que se propõem a torná-los acessíveis a seus leitores, conseguem harmonizá-los sem correr os riscos de aproximações indevidas. A única forma de não incorrer em equívocos perigosos é assumir a idiossincrasia do temário diversificado que constitui o campo em questão. O leitor que ora inicia seu diálogo com este sétimo número de Galáxia não deve tomar esse preâmbulo por alerta, mas sim como tentativa de a revista manter a coerência face a seu compromisso de ser porta-voz dos temas e problemas da comunicação e da cultura pelo prisma das teorias semióticas que orientam o olhar dos vários colaboradores que encontram neste espaço uma tribuna aberta ao trânsito das diferenças. Basta um relance pelo sumário desta edição para que tal armação possa ser confirmada. Os textos que constituem o Fórum, respeitadas as singularidades, tratam de temas que são caros para as abordagens da comunicação e da semiótica na cultura. Temos o privilégio de publicar o texto inédito em português de Jakob von Uexküll em que o autor apresenta sua teoria da Umwelt, caracterizando formulações da biossemiótica sobre o signi.cado do entorno ou do espaço circundante, que são valiosas para compreender a percepção, a interação, o contexto, a informação, os códigos em ambientes de semiose. De um outro lugar - aquele modulado pela lógica da linguagem - Lucrécia Ferrara perscruta o campo conceitual que entende o design não pelo viés da operatividade, mas como processo semiótico-cognitivo. A outra ponta deste que pode ser um triálogo nos é dado pela comunicologia de Vilém Flusser. Para Michael Hanke, Flusser foi um dos grandes teóricos a investigar a importância da mídia para os estudos da comunicação. Com isso, os textos aqui publicados problematizam questões de ordem fenomênica cujas implicações para o campo de nossa pesquisa mal começaram a ser delineadas. As análises que organizam a sessão de artigos se voltam para objetos focalizados a partir de abordagens especícas: olme “O passaporte húngaro”, de Sandra Kogut, é examinado por Consuelo Lins a partir de experimentações com novas tecnologias; a televisão brasileira é avaliada segundo o conceito de qualidade discutido por João Freire; Tânia Fraga toma mitos da cultura brasileira para produzir cenários virtuais e performances de dança. O Projeto que ocupa a seção homônima contempla uma experiência que certamente não trará apenas frutos para uma pesquisa acadêmica. Geane Alzamora e Carlos Falci assumiram a tarefa de discutir webjornalismo construindo um site-referência para acolher as atividades do próprio jornalismo cultural. Reconhecemos que, tendo em vista o crescimento de publicações significativas para nossa área, o espaço disponível para resenhas ainda deixa muito a desejar. Nesse sentido, podemos desfrutar do privilégio de publicar apenas uma pequena parcela dos livros relevantes. Assim, esta edição foi contemplada com resenhas sobre os últimos livros de Ismail Xavier, Laymert Garcia dos Santos, Juremir Machado, Lúcia Santaella e Djalma Benette. Na seção de notícias, três temas de nosso interesse: dados sobre os grupos de pesquisa da área de Comunicação que Denilson Lopes tornou disponível para esta edição; informação sobre a exposição história dos games e sua importância na produção de linguagem contemporânea, por Renata Gomes; e o acompanhamento de um debate sobre propostas curriculares do ensino de design, por Eduardo Fernandes de Araújo. Para a editoria cientí.ca de Galáxia é sempre estimulante contar com a oferta máxima de colaborações em todos os segmentos da revista e em todos campos de nossa competência epistemológica. Isso só pode ser traduzido em ganho de qualidade e longevidade. Entramos em nosso quarto ano de existência editorial selando um compromisso cada vez maior com a publicação da qualidade e da diversidade. Para saudar esse gesto que nos acompanha desde o início, temos a honra de identificar, na capa deste número 7, imagens mestiças da cultura brasileira sob o domínio das mídias digitais. Graças í generosidade da artista Tânia Fraga, rituais, lendas, realidade virtual, cenário em três dimensões, performance de dança entram em ação para mostrar que limite não é condição para a vida dos signos na cultura.