摘要:Partindo de um diagnóstico a respeito da crise da instituição filosófica em sua relação com a literatura, tal como ela se apresenta especificamente na experiência brasileira, em especial paulistana, propomos repensar o agenciamento da enunciação literária em seus elos e atritos com a filosofia, tentando abordar mais de perto a historicidade dos nexos entre corpo, imagem e conceito. Para tanto, a inscrição do corpo heterotópico e cinemático num poema de Herberto Helder abriria uma via de diálogo com a reflexão de Marco Antônio Valentim sobre o “conceito de conceito” indígena-kopenawano utupë. A partir desse diálogo, procuramos, ao final, retirar algumas contribuições para compreender a atual crise da democracia e do papel de mediação do espaço público, cuja formulação moderna estava calcada, precisamente, na distinção, agora em crise, entre filosofia e literatura, entre linguagens de argumentação intramundana e linguagens de abertura de mundo.