摘要:O presente artigo busca refletir a respeito dos possíveis vínculos entre estética, política e ética na obra A mulher de pés descalços (2018), de Scholastique Mukasonga, no que tange à reivindicação por reconhecimento. Lançamos mão do conceito rancièreano de política para analisar os desdobramentos da narrativa da autora, que embaralha os termos da partilha do sensível ao relatar e, assim, humanizar um povo desapossado e silenciado. Investigamos, ainda, as relações entre o estatuto conferido aos tutsis de sujeitos passíveis de violência sistemática e extermínio sancionado pelo Estado, e a urgência ética do relato de si dado pela narradora de Mukasonga a partir da história de sua mãe, que abraça suas próprias opacidades e limites, assumindo desde sempre sua vulnerabilidade e dependência em uma sociabilidade primária.