摘要:O artigo discute como se constituem os interrogatórios policiais em uma delegacia de polícia brasileira e quais são as características que os tornam diferentes dos interrogatórios policiais investigados em outros contextos. Para que se estabeleça esta comparação, tomam-se como base os estudos sobre interrogatórios policiais conduzidos por Shuy (1998), nos Estados Unidos, por Komter (2003), na Holanda, e por Heydon (2005), na Austrália. Percebe-se que, enquanto os interrogatórios policiais na Austrália, Estados Unidos e Holanda assemelham-se na forma como são conduzidos (supressão de expressões de simpatia, de afiliação ou de desafiliação com os depoentes, utilização de jargão técnico ao longo de todo o interrogatório, entre outros), os interrogatórios policiais brasileiros do contexto investigado divergem de todos esses em vários aspectos. Os principais fenômenos responsáveis por tal dissonância são: (1) o uso da ironia, (2) a criação de hipóteses sem o uso de metalinguagem e (3) a projeção de avaliações sobre situações envolvidas no crime, sobre tópicos mencionados pelo depoente e sobre próprio depoente. Os interrogatórios conduzidos pelos policiais brasileiros são também permeados por risos, por posições de não-neutralidade, por afiliação e desafiliação por parte dos policiais, opções essas que parecem atribuir características de conversas cotidianas àquelas interações. Palavras-chave: interrogatório policial, interação institucional, conversa cotidiana.