摘要:Tenciona-se, neste artigo, analisar o universo discursivo produzido sobre o MERCOSUL na terceira época dos Cuadernos de Marcha (CM), publicação político-cultural editada no Uruguai de 1985 a 2001. A análise, entretanto, deverá estar circunscrita, particularmente, ao período que medeia os anos de 1991 e de 1994, quando foram acordados entre os governos do Brasil, da Argentina, do Paraguai e do Uruguai o Tratado de Assunção e o Protocolo de Ouro Preto, respectivamente, assinalando a criação do MERCOSUL e a posterior formalização de sua estrutura institucional. Considerando o imaginário cultural, o conjunto de práticas e o ethos que concorreram no aparecimento e no itinerário dessa publicação, pretende-se investigar, especificamente, o modo como certas tópicas do ensaísmo uruguaio e latino-americano repercutiram na “prosa de ideias” expressa nas páginas dos CM ao longo desse período. Objetiva-se, ainda, identificar em que medida a produção crítica da formação intelectual reunida na última época dos CM foi irrigada pelo sistema conceitual armazenado nos arquivos da “tradição seletiva” dessa publicação. No contexto da saturação da Guerra Fria, do colapso da União Soviética e da emergência das escatologias liberais, com seu milanarismo laico manifesto na radical pregação sobre o “fim da História”, como esse sistema conceitual informou a produção crítica dos CM sobre o surgimento do MERCOSUL, sobre o novo quadro geoestratégico Sul-Americano e sobre a posição do Uruguai e da América Latina na ordem internacional política e econômica que começava a ganhar forma em cima dos escombros do Muro de Berlim?