摘要:Esse estudo teve como objetivo analisar os sentidos da prática gerencial vivenciada por mulheres da geração millennials. Trata-se de uma pesquisa orientada pelos pressupostos do interpretativismo, direcionada por uma abordagem qualitativa-descritiva, que analisou os relatos de quinze gerentes, na faixa etária entre 25 e 37 anos, que atuam em organizações dos setores público, bancário e tecnológico localizadas em Belo Horizonte e região metropolitana. Os relatos foram organizados em categorias temáticas de análise que emergiram dos discursos das participantes e analisados à luz da análise de conteúdo. Assim, foram destacadas três principais categorias de análises, as quais estão relacionadas ao referencial teórico deste estudo: i) significados e ambiguidades atribuídos a vivência gerencial; ii) vivências das relações de poder; e iii) expectativas acerca do futuro profissional. Entre os principais achados, destacam-se as ambiguidades inerentes a função gerencial. Essas mulheres apresentam um comportamento profissional conservador ao insistirem em permanecer na mesma organização, buscando reconhecimento e oportunidades. A respeito dos significados atribuídos a função gerencial, elas concordam que se trata de um importante cargo, valorizado e reconhecido como um posto de trabalho diferenciado pela sociedade, mas que demanda intensa responsabilidade. Nas práticas das relações de poder, observou-se que as gestoras não se intimidam nos relacionamentos pessoais e com os diferentes níveis hierárquicos no ambiente de trabalho. Elas demonstraram valorizar o respeito à hierarquia e a gestão dos relacionamentos nos quais, a confiança e a lealdade dos seus subordinados são construídas por meio do trabalho em equipe, parceria e diálogo. Adotam uma postura de persistência na busca de seus objetivos e, quando se deparam com as dificuldades, manifestam capacidade e vontade de agir, sentindo-se mais responsáveis do que submissas. Neste sentido, a postura propositiva contribui para o êxito e a ascensão profissional, buscando aprimoramento e constante capacitação, pois veem na função gerencial um lugar que remete ao reconhecimento e à importância social que favorece a realização profissional. Embora essa geração seja caracterizada pela instabilidade, pelo senso de urgência e pela dificuldade em seguir normas e respeitar limites e hierarquias, percebeu-se nesse grupo que a vivência gerencial apresenta-se como um fator de encorajamento e de superação desses estereótipos. Constata-se que apesar dos avanços e conquistas da mulher no mercado de trabalho, ao ocuparem espaços historicamente reconhecidos como de dominação masculina, ainda é comum deparar-se com dificuldades e preconceitos que reservam valores do patriarcalismo e de pressupostos de habilidades tidas como masculinas que ainda remetem a função gerencial.