摘要:Vive-se em um mundo ditado pelas interações sociais, todas as ações individuais, seja no meio público ou privado, são influenciadas pelas vivências coletivas. As propagandas vinculadas nas mídias são um reflexo do pensamento comum da sociedade. Com isso, o que está sendo transmitido nas propagandas é construído baseado na imagem que se tem da coletividade, com o propósito de atingir o seu público alvo. Este artigo objetivou investigar se as características sociodemográficas de uma amostra de universitários do interior do Rio Grande do Sul têm influência na sua percepção de estereótipos femininos em propagandas vinculadas na mídia. Tais características como o sexo, idade, estado civil e renda podem impactar na visão dos indivíduos sobre o papel da mulher nas propagandas, visto que suas vivências e experiências são diferenciadas. Por meio de uma pesquisa quantitativa do tipo descritiva, aplicou-se uma survey utilizando-se da escala dos Retratos do Papel Sexual na Propaganda. Averiguou-se a percepção da amostra quanto as propagandas, a imagem das empresas e a intenção de compra de empresas que se utilizam de propagandas estereotipadas. Os resultados mostram que os universitários identificaram três estereótipos de gênero nas propagandas: mulher como dona de casa; mulher como objeto sexual; e a mulher tradicional que não toma decisões importantes. Sobre a imagem das empresas, identificou-se que a amostra tende a deixar de comprar de empresas que fizessem uso de propagandas que utilizassem de conteúdo estereotipado, ofendendo o gênero feminino. Porém, acreditam que mesmo ainda havendo propagandas ofensivas, este cenário está se alterando devido a ocorrência mais baixa desse tipo de propaganda vinculadas na mídia brasileira. Evidenciou-se, por meio de uma regressão múltipla, que sexo, idade e renda influenciam na percepção de estereótipos sexuais das mulheres nas propagandas brasileiras. Identificou-se que as mulheres independentes das outras variáveis tendem a ter maior nível de percepção em comparação aos homens, podendo ter relação com a identificação por pertencerem ao mesmo sexo, compreendendo e sensibilizando-se com a realidade vivida pelas mulheres em uma sociedade arraigada em comportamentos machistas. Os universitários mais jovens, de ambos os sexos, tendem a perceber mais as propagandas estereotipadas do que universitários com mais idade, podendo esse resultado estar relacionado com o meio em que vivem essas pessoas e seu contexto social. Outra relação que se pode fazer referente a idade dos universitários, é que o público mais jovem tem maior tendência em se envolver ou estar exposto ao debate de causas sociais em voga atualmente. Esses resultados deixam margem para novos estudos que aprofundem o entendimento da influência das propagandas nas interações sociais, especialmente sobre as questões de gênero.