摘要:Observando as transformações do campo literário ocorridas durante os anos 1980, o artigo procura algumas das inflexões iniciais do debate contemporâneo sobre a situação do verso e sua relação com a prosa, em um momento de crise na delimitação dos gêneros poéticos e de perda do lastro discursivo (Provase). Para tanto, analisam-se duas poéticas, de Paulo Leminski e de Sebastião Uchoa Leite, desdobradas durante a chamada década perdida e que trazem diferentes consequências para três questões interligadas: a) o estatuto da equivocidade e da modulação poética diante da fluidez das sociedades de controle (Deleuze) e da historicidade presentista (Hartog); b) a soberania artística e sua atuação específica na esfera pública hipersemiotizada da redemocratização; c) os passos iniciais de aproximação entre dilemas da poesia e da ecologia, legíveis na termodinâmica da enunciação literária, ou seja, em seus diferentes modos de equivocar e modular corpos, materiais e linguagens.