摘要:O Deserto do Atacama, no Chile, é cenário para astrônomos que observam o céu, arqueólogos que escavam o solo e mulheres que buscam os restos mortais de entes desaparecidos durante a ditadura de Pinochet (1973-1990). A aridez e o silêncio desértico servem de fio condutor de Nostalgia da Luz, documentário de Patrício Guzmán que, neste artigo, se buscou analisar a partir de duas chaves de leitura: a relação entre um passado que se organiza a partir do presente e um presente como instante que sempre nos escapa, e a memória como ressonância entre passado e presente, cabendo aqui uma tensão entre os conceitos de memória e história, memória individual e coletiva. Nessa reconstrução dos fragmentos da memória dos que viveram as agruras ditatoriais, Guzmán mobiliza de forma autoral as narrativas memoriais como resistência para que o passado não seja esquecido, nem revivido.