标题:Ambiências digitais como lugares de visibilidade/invisibilidade das organizações na gestão das crises / Digital environments as places of visibility/invisibility for organizations in crisis management
摘要:No presente artigo discutimos sobre o processo de gestão de crise nas organizações e o respectivo ‘lugar/não-lugar’ da comunicação nesse contexto, considerando que as ambiências digitais (re) definem as relações nos/dos espaços organizacionais e que nestes espaços as organizações transitam entre estratégias de visibilidade e de invisibilidade. Recorremos, no espaço teórico, ao pensamento complexo (Morin, 2008, 2015), articulando, entre os autores, as contribuições de Augé (2017), Bauman (2016), Forni (2013) e Wolton (2010). Em termos empíricos, partimos da observação de duas crises ocorridas no Brasil envolvendo a Mineradora Vale S.A. (Brumadinho e Mariana). As dimensões qualitativa e exploratória (Gil, 2021) caracterizam a natureza do trabalho. Os resultados indicam que há uma (des/re) territorialização na/da comunicação nessas ambiências, ao longo desses acontecimentos, potencializando não-lugares (Augé, 2017) e a ausência de diálogos. Conforme ressalta Santaella (2010), ambiências digitais, como as mídias sociais, incrementam sobremaneira as relações coletivas que fundamentam as organizações, propõem agenciamentos e hibridações, territorialidades fluidas e ‘sublevações temporárias’, marchas deslocativas pelas diferenças, “para comunicar outras visões e ideias que as ideologias exclusivas e as verdades absolutas, fechadas sobre si mesmas como as cidades muradas, não contém” (Santaella, 2010: 280). Por outro lado, esse mesmo fascínio diante dessa realidade midiatizada, por vezes ofuscam movimentos de invisibilidade, silenciamento, ocultação e esvaziamento de relações e interações. Os casos da Vale S.A. também evidenciam a diluição de fronteiras e territórios comunicacionais, que fazem com que os desdobramentos das crises transbordem os locais geográficos nos quais os eventos críticos acontecem. Se a era digital tem como um de seus traços a ubiquidade (Santaella, 2010), acreditamos que os efeitos das crises também se tornam ‘ubíquos’, ou seja, estão por toda a parte e reconfiguram por completo as noções de impacto e alcance. Nesse contexto, as tentativas de invisibilizar aspectos da crise tornam-se insuficientes.