摘要:Este artigo apresenta reflexões acerca das relações familiares e uso de drogas, a partir da análise dos dados da pesquisa “A realidade do crack em Santa Cruz do Sul”. Trata-se da análise dos sentidos produzidos nos discursos de 100 usuários de crack e de 100 familiares de usuários de crack, contatados por meio de serviços de saúde. A compreensão da família como (re)invenção social nos contextos históricos, políticos e econômicos contemporâneos, levou-nos a problematizar os paradoxos enunciados nos discursos acerca da relação uso de crack-família, ora identificando-a como responsável pelo uso de drogas, ora apontando-a como vítima do usuário de crack, o qual é tomado como destituído de qualquer controle sobre sua vida. Decorre, daí, a compreensão de que o contexto familiar, comunitário e social não seja apto para cuidar do usuário de crack. Assim, colocamos em pauta a necessidade de problematizar a idealização da família, bem como os desafios da Reforma Psiquiátrica no cuidado aos usuários de álcool e outras drogas, a fim de compreender uma realidade que está posta para a qual não resta saída senão a internação e o isolamento do usuário.