摘要:A nossa leitura de O outro Pé da Sereia – romance da autoria do escritor moçambicano Mia Couto – aborda-o como exemplo de «metaficção historiográfica», para usar a expressão de Linda Hutcheon. Acompanha nele a forma como aí se questionam «a História» e a sua verdade. Parte de uma epígrafe colhida de «Arcanjo Mistura» – o barbeiro-«filósofo» de «Vila Longe», para nela discutir uma diferente concepção do tempo e da morte. Será no desdobramento dos pressupostos da sua fórmula que: a) «História» se confrontará com os seus próprios dilemas; b) o violento choque entre culturas distintas tornará sensível o espaçamento que abre o «real» às tensões que afetam o seu entendimento histórico; c) a viagem e a escrita serão ambas compreendidas como modos metafóricos de um movimento desincorporador, por meio do qual tem lugar a «travessia das nossas fronteiras interiores»...