摘要:Considerando-se a juventude como uma fase da vida em que os seres humanos buscam formas de identificação e pertencimento, compreender a extensão das interferências exercidas pelos processos de formação cultural sobre os processos de formação educacional (e vice-versa) de jovens alunos surdos constitui-se uma tarefa de extrema importância. Isso implica, já de início, em responder à seguinte pergunta: Jovens surdos, em processo de formação educacional, são os autores e atores de uma cultura própria? Estudiosos dos processos de formação cultural divergem quanto à existência ou não da chamada cultura surda, desta forma, somente a pesquisa investigativa foi capaz de propiciar-nos uma resposta. Mais do que conhecer uma realidade local é preciso saber se esse agrupamento está inserido na sociedade brasileira, cuja cultura “legítima” e vigente é comumente pautada por processos segregatórios, discriminatórios e de exclusão em contraposição a ideários de igualdade, homogeneidade e normalidade. Apesar das inúmeras divergências, boa parte dos estudiosos sociais concorda em pelo menos um aspecto: todos aqueles que vivem condições similares e comuns, participam, cada um a seu modo, da construção da totalidade social. O presente artigo busca verificar a aplicabilidade de tal afirmação ao jovem surdo, entendendo que “o homem não apenas utiliza as palavras, mas ele é a palavra” (LARROSA, 2001, p.137). Ser humano multifacetado em seus processos perceptivos, linguísticos e cognitivos, é como o presente artigo pressupõe o jovem surdo. Direcionar o olhar acadêmico científico para esse grupo não implica em segregar, mas referendar uma dupla visão social específica que possibilitará a análise mais detalhada de suas representações, tornando-o manifestamente visível, tanto para os outros grupos como a si mesmo, apesar das imposições dominantes e hegemônicas sobre as identidades surdas, a língua de sinais, a surdez e os surdos.