O modelo seriado escolar distribui os alunos em séries com o objetivo de se evitar, segundo Foucault (1987), as “pluralidades confusas” e anular os efeitos das “repartições indecisas” para que se concretize a utopia panóptica e, portanto, disciplinar de se colocar cada indivíduo no seu devido lugar e em cada lugar, um indivíduo. O número expressivo de escolas/classes heterogêneas no Brasil oferece rica matéria-prima para que se produzam deslocamentos nas verdades pedagógicas naturalizadas em relação às formas de organização escolar e ao currículo. No entanto, tal matéria-prima fica obscurecida nos cursos de formação de professores. Os conceitos deleuzianos e guattarianos de rizoma e máquina de guerra são potentes para se pensar essas escolas/classes como espaço de resistência à lógica de se colocar cada indivíduo no “seu” lugar, desestabilizando o princípio da classificação dos saberes escolares, dos processos de ensino-aprendizagem e de avaliação, permitindo o surgimento de espaços de diferença.