Este artigo objetiva discutir as influências exercidas pela sociedade política e pela sociedade civil na construção de um Sistema Municipal de Ensino considerando que tais influências podem se projetar em dois aspectos: a) na definição de um modelo de manutenção e sustentação de práticas centralizadas e hierarquizadas ou b) como uma proposta de transformação, por meio de ações contra-hegemônicas, no que se refere à articulação de um paradigma de gestão da educação pautado em princípios participativos, democráticos e descentralizados. A análise tem como campo o Sistema Municipal de Ensino de Santa Rosa (SME/SR) ressaltando-se o pioneirismo deste munícipio gaúcho na constituição de seu próprio SME, o que ocorre em 1999. A pesquisa ancora-se na abordagem sobre Ciclo de Políticas quando, para este estudo, elege-se o Contexto de Influências como o elemento de discussão uma vez que neste os distintos sujeitos da sociedade política e civil se imbricam de modo a definir as tratativas que influenciarão na definição das finalidades sociais da educação. Participaram da pesquisa prefeitos, secretários municipais de educação e presidentes do Conselho Municipal de Educação, em atividade entre 1997 e 2012. Conclui-se que a comunidade, localmente aparelhada, tem a possibilidade de planejar e acompanhar as políticas educacionais, no entanto, alguns entraves de ordem ideológico-partidárias e de interesses de determinados grupos, tendem a prevalecer sobre os interesses coletivos. Neste sentido é preciso acercar-se de dispositivos que não só garantam a coexistência de espaços participativos, mas que também favoreçam o compartilhamento de ideias e a execução de projetos de modo que os distintos sujeitos educativos se articulem em um permanente exercício de aprendizado da democracia.