摘要:Col.nia portuguesa, Angola esteve sob jugo dessa empresa capitalista no percurso de quinhentos anos. A independência ocorreu em 1975. é desse cenário a obra de contos Dizanga dia Muenhu, de Boaventura Cardoso, editada em 1977. O escritor n.o se disp.s a traduzir o título do livro, evento que suscita a hipótese de que cabe ao leitor investigar o termo em quimbundo, grupo etnolinguístico do povo banto, estética de valora..o à cultura de tradi玢o oral africana. Dos contos, elegemos Nga Fefa Kajinvunda, em que a protagonista se faz pela palavra. Trata-se de uma das inúmeras mulheres que comercializam no mercado ao ar livre. O processo de violência substancia-se pelo autoritarismo do universo masculino sobre o feminino e pela supremacia da vis.o europeia em detrimento à pessoa negra. Diante disso, a proposta deste artigo visa analisar as formas de resistência da personagem feminina, que se ampara na voz, no discurso vivo, para espelhar na escrita de Boaventura Cardoso, o enfrentamento e a recusa à anula玢o. Assim, a voz recobre-se de signos. Representativa da coletividade, forja-se na escrita, recurso utilizado para romper o cerco de invisibilidade imposto à sociedade angolana. Na trama literária, os elementos composicionais entrela.am-se de vocábulos quimb undo imbricados à língua portuguesa, criando uma escrita que repercute a oralidade que, além de formular denúncia à violência, à explora..o, ao racismo, funciona como húmus identitário.