摘要:A cidade tem sido encarada tradicionalmente na administração sob a ótica funcionalista, ao ser entendida como campo de atuação profissional ou objeto da administração pública e gestão urbana. Todavia, estudos que versam sobre a urbe em uma perspectiva não funcionalista têm se tornado cada vez mais recorrentes, principalmente a partir de uma visão que focaliza a complexidade urbana e evoca a vida social organizada de indivíduos e grupos oprimidos em diversos âmbitos sociais. Neste artigo, buscamos analisar os discursos que orientam práticas organizativas relacionadas à pichação em Belo Horizonte, o que foi feito mediante um estudo qualitativo baseado em análise do discurso. Além de pesquisa em documentos oficiais sobre as ações governamentais no combate à pichação, foram efetuadas entrevistas individuais em profundidade com nove sujeitos, entre gestores públicos municipais responsáveis pelo combate à pichação, indivíduos da sociedade civil participantes das ações do projeto municipal e representantes da pichação belo-horizontina. O tratamento dos dados foi efetuado por meio da análise francesa do discurso, pela qual se buscou a identificação e análise de aspectos e elementos discursivos segundo roteiro constituído por: 1. seleções lexicais; 2. percursos semânticos; 3. interdiscursividades; 4. discursos principais; 5. reflexão e refração linguísticas; 6. aspectos ideológicos combatidos e defendidos; e 7. posicionamentos discursivos em relação aos discursos hegemônicos na sociedade. Os principais resultados sugerem que o governo da cidade tanto orienta as representações de combate à pichação como é pressionado para enfrentar o fenômeno segundo os vários modos de fazer, pelos quais imperam os instrumentos de controle sobre as práticas de organização da cidade e se instituem agentes sociourbanos de legitimação estratégica. Conclui-se que a gestão pública é ressignificada pelos distintos atores sociais, em particular pelos pichadores, que adotam uma espécie de ética do picho, que antagoniza o programa da prefeitura, à conduta policial e ao pensamento dominante sobre a pichação e os pichadores, manifestando sua posição por meio da pichação.
其他摘要:The city has traditionally been viewed in its administration under the functionalist perspective, to be understood as professional field or object of public administration and urban management. However, studies concerning cities in a nonfunctionalist perspective have become increasingly applicant mainly within a perspective which focuses on urban complexity and evokes the organized social life of oppressed individuals and groups in different social environments. In this article, we analyze discourses that guide organizational practices related to graffiti in Belo Horizonte (Brazil), which was done through a qualitative study based on discourse analysis. Apart from research in official documents on government actions to combat graffiti, individual in-depth interviews were conducted with nine subjects, among municipal administrators responsible for fighting against graffiti, civil society participants of the actions of municipal project, and representatives of graffiti from Belo Horizonte. Data analysis was performed by French discourse analysis, in which we sought to identify and analyze discursive aspects and elements following a script consisting of: 1. lexical selections; 2. semantic paths; 3. interdiscursivity; 4. major discourses; 5. linguistic reflection and refraction; 6. defended and fought ideological aspects; and 7. discursive positions in relation to the hegemonic discourses in society. Main results suggest that the city government both directs representations of the fight against graffiti and is pressed to face the phenomenon according to several approaches , by which prevail control instruments over the organizational practices of the city, and establishing socio-urban agents of strategic legitimation. We conclude that the public administration is re-signified by different social actors, in particular by the taggers, who adopt a kind of graffiti code of ethics, which antagonizes the city government program, the police conduct and the dominant thinking on the graffiti and taggers, manifesting their position through graffiti.