Este ensaio busca pensar relações possíveis entre currículos escolares, diferenças e identidades na perspectiva das pesquisas nos/dos/com os cotidianos. Currículos escolares, nessa concepção, são constituídos pelos consensos institucionais que informam valores e interesses às estruturas de poder político, pelas diretrizes governamentais norteadoras das práticas educacionais, pelos documentos prescritivos das redes de ensino, pelos projetos pedagógicos das escolas, pelo que é fabricado com o enredamento dos conteúdos demandados com nossos saberesfazeres1 cotidianos e, ainda, pelas múltiplas narrativas sobre o que foi realizado. Na trilha de pensamento construído com Certeau, entende-se que currículos são invenções de praticantes, cujas tessituras em redes são impuras e incontroláveis. Este texto refuta a ideia de currículo que aposta na possibilidade de controlar diferenças ao fabricar identidades. Defende, com Deleuze (2006), que a diferença/diferenciação processual e afirmativa é característica do vivo e infere, com ajuda de Preciado (2014), que o currículo, como uma tecnologia, é um sistema de objetos e discursos, de utilizadores e de usos aberto à resistência, à apropriação e à queerização.