摘要:http://dx.doi.org/10.5007/2175-795X.2012v30n3p843 O livro de literatura infantil contemporâneo tem se constituído sobre o tripé: texto,imagem, formato do suporte para embasar a construção da narrativa. Todavia, esses elementos também podem falsear ou transformar o perfil das obras consideradas canônicas para crianças, explicitando a arbitrariedade desse modelo de livro. Por outro lado, narrativas que exploram o texto verbal e o texto visual pressupondo um leitor-modelo juvenil, e que mantêm um formato de livro infantil, indicam que essa faixa adolescente vem se constituindo como um leitor que utiliza linguagens múltiplas e simultâneas. Este trabalho analisa elementos-chave da narrativa no livro "Nenhum peixe aonde ir", da autora franco-canadense Marie-Francine Hébert, com ilustrações deJanice Nadeau. O tema da guerra, sob os olhos da criança e sob uma forte presença daenunciação, permite diferentes camadas de leitura e compreensão. Ao mesmo tempo,usos de imagens, fontes de texto e diagramação, que outrora indicavam um leitorinfantil, contemplam atualmente uma variedade de leitores de diferentes públicos eidades. A obra "As margens da alegria", de Guimarães Rosa, com ilustrações de NelsonCruz, tem o objetivo de contrapor algumas especificidades de composição visual e detexto. Categorias das artes plásticas (superfície, imagem) e da teoria da leitura (leitormodelo,pressuposição) ajudam a compreender esse fenômeno que se tornou modelode letramento: o livro de literatura infantil. Dessa forma, a concepção de juventude ede leitura para o jovem vem sendo reavaliada para que sejam incluídas outras formasde texto e, nelas, a literatura.