摘要:Analisam-se as categorias de distinção de mestiçagens, aplicadas no Sertão da Ressaca do século XIX, a partir do Recenseamento Geral do Império de 1872 e dos inventários post-mortem, durante o Oitocentos. Advindas dos reinos Ibéricos, no processo de mundialização do século XVI, as categorias de “qualidade”, condição e cor, dentre outras, foram utilizadas para identificar, classificar e hierarquizar os indivíduos e os grupos nas sociedades Ibero-americanas. Nessa nova realidade cultural, a escravidão, e principalmente, as mestiçagens, imprimiram uma lógica, algumas vezes, diferenciada nos usos dessas categorias. As variações de tempo e lugar, o olhar do avaliador, o autorreconhecimento, ou mesmo a determinação atribuída pelos genitores ou pelos seus pares no fazer cotidiano, constituíram os principais vértices que caracterizam os fenótipos mestiços e não mestiços da população colonial. Conclui-se que em sociedades miscigenadas, fortemente marcadas pela intensa presença de africanos e índios, à medida que nasciam pessoas mestiças, distintas maneiras de identificação surgiram e fomentaram novas categorias de classificação que determinavam o lugar social dos indivíduos.