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文章基本信息

  • 标题:Um estudo sobre uma rede de apoiadores de cooperativas populares no Brasil.
  • 作者:de Oliveira, Ataualpa Luiz
  • 期刊名称:Canadian Journal of Latin American and Caribbean Studies
  • 印刷版ISSN:0826-3663
  • 出版年度:2011
  • 期号:July
  • 语种:English
  • 出版社:Canadian Journal of Latin American and Caribbean Studies
  • 摘要:No Brasil, as acoes do associativismo e do cooperativismo popular desenvolveram-se efetivamente a partir da decada de 1990, muitas delas impulsionadas e apoiadas por entidades que se articulam em uma rede. Esta e constituida e mantida sem uma estrutura fisica formal, mas que funciona e e reconhecida em ambito nacional e internacional. Tais entidades apoiadoras, as incubadoras de cooperativas populares se apresentam e desenvolvem suas acoes no contexto da crise do emprego, com altas taxas de desemprego, subemprego e precarizacao do trabalho e dos trabalhadores, entre outras consequencias vividas nas ultimas decadas no Brasil. O trabalho dessas entidades visa a articular formas e possibilidades alternativas de geracao de trabalho e renda para individuos excluidos, precarizados e sem meios, a priori, de insercao efetiva no mercado de trabalho.

Um estudo sobre uma rede de apoiadores de cooperativas populares no Brasil.


de Oliveira, Ataualpa Luiz


Introducao

No Brasil, as acoes do associativismo e do cooperativismo popular desenvolveram-se efetivamente a partir da decada de 1990, muitas delas impulsionadas e apoiadas por entidades que se articulam em uma rede. Esta e constituida e mantida sem uma estrutura fisica formal, mas que funciona e e reconhecida em ambito nacional e internacional. Tais entidades apoiadoras, as incubadoras de cooperativas populares se apresentam e desenvolvem suas acoes no contexto da crise do emprego, com altas taxas de desemprego, subemprego e precarizacao do trabalho e dos trabalhadores, entre outras consequencias vividas nas ultimas decadas no Brasil. O trabalho dessas entidades visa a articular formas e possibilidades alternativas de geracao de trabalho e renda para individuos excluidos, precarizados e sem meios, a priori, de insercao efetiva no mercado de trabalho.

Nesse sentido, a partir da decada de 1990, observou-se um crescimento consideravel no numero desse tipo de organizacao e grande parte das novas incubadoras encontra-se, atualmente, vinculada a Rede Universitaria de Incubadoras Tecnologicas de Cooperativas, tambem denominada de Rede de ITCPs ou Rede Universitaria de Incubadoras. Essas entidades articuladas em torno da Rede de ITCPs tem abrangencia nacional, com representantes nas cinco grandes regioes geograficas do Brasil, possuindo 42 incubadoras afiliadas no inicio de 2010. Neste estudo, a configuracao da Rede de ITCPs e analisada, tendo como base as mencoes estruturais e dinamicas das redes sociais que se apresentam como um conjunto de nos ou atores (pessoas ou organizacoes) ligados por relacoes sociais ou lacos de tipos especificos. O objetivo deste trabalho foi compreender os tipos de vinculos que formam e mantem a Rede de ITCPs, haja vista que essa estrutura se apresenta de forma organizada e com certo grau de coesao entre seus participantes, sem, contudo, estar legalmente constituida enquanto uma organizacao convencional.

Vale ressaltar que, neste texto, opta-se por observar as relacoes estabelecidas nesse cenario, sem, entretanto, entrar num debate mais aprofundado sobre questoes analiticas de carater politico e/ou individual, ainda que, em alguns momentos do presente trabalho, mencoes a tais questoes se facam necessarias. A escolha por um estudo que abarque o tema das relacoes de vinculo na Rede Universitaria de Incubadoras Populares surge em um momento de significativo crescimento dessa entidade, em que o debate sobre desafios, limites e avancos aparece como pauta em diversos momentos.

Desse modo, acredita-se, entre outros aspectos, que o presente texto ganha relevancia, pois o numero de incubadoras vem crescendo no Brasil e em outros paises, fato alicercado na disseminacao da tecnologia social brasileira de incubacao. Alem disso, a atuacao da Rede procura estimular e orientar metodologicamente a extensao universitaria em seu compromisso com o desenvolvimento social, por intermedio das ITCPs, na articulacao entre teoria e pratica para alunos, tecnicos e professores universitarios. Dentre outros aspectos, ressalta-se ainda a possibilidade de contribuicao para o debate interno sobre a estrutura adotada pela Rede de ITCPs a partir de um entendimento da forma como as entidades participantes se vinculam com a estrutura da Rede e tambem com seus pares.

Como forma de elucidar as questoes pertinentes a tematica deste trabalho, partiu-se da delimitacao de uma populacao total, a saber: as organizacoes participantes da Rede ITCPs para uma amostra significativa. Assim, do numero total de incubadoras filiadas a Rede no ano de 2010, 42 ITCPs, optou-se por buscar uma amostra que pudesse representar o universo da Rede. Para tanto, utilizou-se da analise de um instrumento de comunicacao virtual e de livre acesso aos participantes das incubadoras, sendo esse um grupo virtual denominado "Rede ITCPs." Na analise das informacoes constantes nesse grupo de debate, foram verificadas mensagens identificadas como de relacao direta, em que uma incubadora (remetente) se comunicava diretamente com uma ou demais incubadoras, sendo identificados os destinatarios.

Paralelas a esta analise, foram coletadas informacoes sobre o tempo de filiacao das 42 ITCPs na estrutura da Rede. Com os dados em maos, as incubadoras foram categorizadas em tres estratos: Pioneiras, Intermediarias e Novatas. Essa classificacao se deu a partir do tempo de filiacao junto a Rede Universitaria de ITCPs. Essas duas etapas tiveram como principal objetivo auxiliar na eleicao de uma amostra de incubadoras, as quais seriam convidadas a participar de entrevistas semiestruturadas. Diante de tais consideracoes, o presente artigo se estrutura em sete partes, incluindo esta Introducao. Na parte subsequente, trata de apresentar as incubadoras, bem como a Rede universitaria de ITCPs. Na terceira passagem deste texto, o debate teorico sobre redes sociais e travado, sendo seguido por uma breve contextualizacao dos vinculos sociais. Na quinta secao, e apresentada a metodologia do estudo, sendo acompanhada dos resultados deste estudo. Na ultima parte, algumas consideracoes finalizam o presente texto.

As Incubadoras e a Rede: Formando e unindo

Envoltas em um processo de exclusao, falta de oportunidades e altas taxas de desemprego, desenvolvem-se as Incubadoras Tecnologicas de Cooperativas Populares, inseridas em instituicoes de ensino superior, publicas e privadas. Pode-se dizer que tais entidades assumem um papel de apoio a grupos e comunidades em oposicao ao contexto desfavoravel vivido.

Para Singer e Souza (2000), iniciativas, como o surgimento das incubadoras de cooperativas populares, assinalam uma reacao dos movimentos sociais frente as diversas transformacoes no mundo do trabalho, em especial a crise da decada de 1980, com alta taxa de desemprego, a qual parece ter sido agravada pela abertura do mercado interno para as importacoes nos anos 1990. Entretanto, deve-se observar o fato de que o movimento de incubacao no Brasil nao se restringe, exclusivamente, a cooperativas populares. Alem destas, existem, ainda, incubadoras de base tecnologica, de economia de setores tradicionais, as mistas, que congregam as duas ultimas, e as incubadoras privadas (Almeida 2005). Cada tipo de incubadora atua e assume posturas diferenciadas, nao sendo foco deste trabalho apresentar cada tipo de incubadora existente.

Essa diversidade, para Almeida (2005), se deve, em parte, ao modo como diferentes tipos de organizacoes se envolveram com o processo de construcao e utilizacao das incubadoras. De modo particular ao objeto do presente estudo, pode-se mencionar o aspecto relacional presente nas ITCPs, em que a universidade, o poder publico, a sociedade civil organizada e a populacao assistida tem a possibilidade de interagir em um espaco, a principio, democratico. Nesse sentido, ainda para Almeida (2005), uma das principais caracteristicas do movimento de incubadoras no contexto brasileiro se deve ao fato de sua criacao, ou do inicio de seu processo, estar atrelado ao que a autora denomina de "forca que vem de baixo", sendo estimulado, assim, por grupos locais e comunitarios, que apontavam para a necessidade de mudancas nas politicas publicas de atencao as comunidades e individuos menos favorecidos, como foi o caso especifico das Incubadoras Tecnologicas de Cooperativas Populares, que sera mencionado a seguir.

De acordo com Singer e Souza (2000), teve inicio, em 1992, a proposta incipiente de elaboracao e implementacao do que mais tarde viriam a ser as ITCPs a partir de campanhas e mobilizacoes sociais em beneficio da dignidade humana e da cidadania contra a exclusao social, o desemprego, a fome e a miseria, lideradas pelo sociologo Herbert de Souza, o Betinho, que lancou as bases para impulsionar em nossa sociedade sentimentos de cooperacao e solidariedade (Barros 2003; Cruz 2004; Guimaraes 2002). Assim, como menciona Oliveira (2006), um marco importante desse processo foi a constituicao do Comite de Entidades no Combate a Fome e Pela Vida (COEP), em 1993, como resultado do Movimento pela Etica na Politica e no Ambito da Acao da Cidadania. Esse Comite incentivou o surgimento de varias organizacoes coletivas de trabalhadores brasileiros, dentre as quais se destacaram algumas cooperativas populares, como e o caso da Cooperativa dos Trabalhadores Autonomos do Complexo de Manguinhos (COTRAM), fundada na favela de Manguinhos, no Rio de Janeiro.

Esse mesmo autor comenta que ela pode ser considerada a primeira cooperativa popular da era contemporanea com reconhecimento nacional, ou seja, a primeira a ser reconhecida como "uma cooperativa de fato, criada e gerenciada por trabalhadores que sao moradores de localidades onde o tecido social apresenta grande numero de pessoas com altos niveis de exclusao social, desemprego e pobreza" (Oliveira 2006). No contexto incipiente e de formacao das primeiras incubadoras populares, era recorrente o questionamento de que o assistencialismo nao era suficiente para solucionar os problemas de miseria, fome, violencia, injustica social, desigualdades e, principalmente, desemprego, o que levou os integrantes da Coordenacao de Pesquisa e Pos-Graduacao de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ), com o apoio de instituicoes de fomento a pesquisa e organizacoes nao-governamentais, a se unirem em torno de objetivos comuns para realizar experiencias de geracao de trabalho e renda que envolvessem a solidariedade e a cooperacao na favela de Manguinhos, no Rio de Janeiro, como ja citado. Por essa iniciativa, vislumbrou-se, posteriormente, a possibilidade de se organizarem, com o objetivo de apoiarem outras iniciativas economicas que tivessem os principios da autogestao e do cooperativismo popular como proposta (Barros 2003; Cruz 2004; Guimaraes 2000). Surgia, entao, o que conhecemos hoje como Incubadoras Tecnologicas de Cooperativas Populares.

Pode-se dizer, assim, que o sucesso desse trabalho culminou com o desenvolvimento da Cooperativa Popular de Manguinhos, levando os idealizadores desse projeto alternativo de geracao de trabalho e renda, vinculados a UFRJ, a criarem, em 1995, a primeira Incubadora Tecnologica de Cooperativas Populares (ITCP) do pais (Barros 2003; Cruz 2004; Guimaraes 2000, 2002). Nesse cenario, Guimaraes (2000) comenta que, no processo inicial da ITCP-UFRJ, houve grande procura, por parte de algumas universidades e governos, sendo iniciado o debate junto a fontes de fomento para articular projetos semelhantes ao desenvolvido na comunidade de Manguinhos. Para esse autor, a pressao foi "positiva e comecou-se a amadurecer a ideia da montagem de incubadoras em outras universidades" (114).

Dando prosseguimento a esse passo historico, entre os anos de 1997 e 1998, foram criadas cinco outras incubadoras. O impulso dado para a constituicao de novas incubadoras ocorreu gracas ao Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas Populares (PRONINC) (Guimaraes 2000). Ate o inicio do ano de 1999, as incubadoras de cooperativas populares constituidas ate aquele momento ainda nao se articulavam na estrutura de uma Rede Universitaria. Elas, basicamente, atuavam de forma isolada, tendo apenas como vinculo maior a ligacao parental com o modelo da incubadora da UFRJ. A Rede de Incubadoras Tecnologicas de Cooperativas Populares, como se conhece hoje, teve seu comeco a partir dos meados do ano de 1999. Seu inicio esta vinculado a Fundacao Unitrabalho no desenvolvimento do Programa Rede de ITCPs e Economia Solidaria (Oliveira 2006). Nesse comeco, pode-se dizer que a Rede de ITCPs esteve vinculada a Unitrabalho por meios institucionais e financeiros.

Contudo, por diversos motivos, a Rede de ITCPs nao se manteve por muito tempo atrelada a estrutura Unitrabalho. Esse processo culminou, ao final do ano de 2002, na separacao oficial da Rede de ITCPs da Rede Unitrabalho. Para Cruz (2004), os motivos que levaram a essa separacao sao discutiveis, e, segundo esse autor, "totalmente equivocados." E complementa: "algumas ITCPs escolheram participar de uma ou outra rede, e outras incubadoras optaram por permanecer em ambas" (44). O mesmo argumento e compartilhado por Barros (2003), quando afirma que "apenas algumas Incubadoras vinculadas a Rede de ITCPs mantem algum tipo de relacao ou contato com a Unitrabalho" (118).

Apesar de serem encontradas organizacoes que compartilham da participacao em ambas as estruturas, atualmente, essas redes permanecem formalmente separadas, seja na atuacao, seja no modo de gestao das redes. Sinalizando esse fato, Oliveira (2006) argumenta que, enquanto a Rede de ITCPs procura adotar um metodo mais participativo, com caracteristicas contemporaneas (horizontalizado), distribuindo o poder da Rede em varias regionais no Brasil e adotando uma estrutura colegiada de organizacao, a Unitrabalho preconizava e implantava uma configuracao de gestao tradicional (verticalizada). Esses aspectos, entre outros, podem sinalizar para o fato de a estrutura inicial que agregava as duas estruturas ja citadas ter se desmembrado. Alem disso, observa-se que diferencas ideologicas e de perspectiva de entendimento e atuacao no cenario da economia solidaria encontramse, tambem, no cerne dessa questao.

Apos a separacao das redes, verificou-se que a Rede Universitaria de Incubadoras Tecnologicas de Cooperativas Populares (Rede ITCPs) vem passando por um consideravel crescimento, seja em numero de entidades filiadas, seja em abrangencia e atuacao. Dessa forma, com o passar dos anos, as atividades da Rede Universitaria de ITCPs foram ganhando forma e se disseminando. No principio, verificou-se uma concentracao maior de organizacoes nas regioes Sul e Sudeste, contabilizando-se 11 incubadoras. Com o passar de cinco anos de atividades, esse numero era de 19 ITCPs. Apos oito anos de funcionamento, observa-se uma expansao consideravel da Rede, passando esta a contar com 32 organizacoes. No ano de 2009, a Rede de ITCPs possuia em seu quadro 42 Incubadoras de Cooperativas Populares, podendo ser observada uma participacao maior de entidades de outras regioes do Brasil.

Como forma de ilustrar a distribuicao geografica ate o inicio do ano de 2010 das Incubadoras filiadas a Rede Universitaria, e apresentada a seguir uma figura ilustrativa, sinalizando a abrangencia no Brasil, com presencas nas regioes Sudeste, Sul e Nordeste e, mais recentemente, nas regioes Centro-Oeste e Norte das ITCPs afiliadas a Rede.

A Rede Universitaria de Incubadoras Tecnologicas de Cooperativas Populares possui, atualmente, desafios internos e externos. Porem, sua insercao e visibilidade ganham contornos internacionais. Isso gracas a seu modelo inovador de atuacao e a abrangencia de acoes. Assim, observa-se que o contexto de insercao da Rede Universitaria de Incubadoras e, por um lado, oportuno para o seu desenvolvimento e crescimento e, por outro, pode ser visto como incerto. A oportunidade e visualizada a partir da tendencia de que os precarios niveis socioeconomicos, profundamente deteriorados pelo modelo politicoeconomico, tendem a se aprofundar ainda mais, sem mencionar a atual crise financeira pela qual passa a sociedade internacional e que, ao que parece, demonstra sinais de continuidade e reflexos em medio prazo.

[FIGURA 1 OMITIR]

No caso especifico do contexto brasileiro no qual indices sinalizam para um crescimento com melhoria de vida dos mais pobres, os desafios apresentados vao para a ordem de uma consolidacao das acoes da economia solidaria, principalmente das acoes das incubadoras frente a grupos e/ou comunidades assistidas. Com isso, a Rede e seus integrantes ganham importancia e podem se potencializar para conseguir espaco nos diversos setores, como universidades, agencias de desenvolvimento e instituicoes de fomento.

Redes sociais: De que estamos falando?

Na decada de 1960 e com mais vigor na decada de 1980, a literatura mostrou que as ligacoes entre individuos, entidades e organizacoes estruturam as mais variadas situacoes sociais, influenciando o fluxo de bens materiais, ideias, informacao e poder (Scott 1992; Freeman 2002). Tais ligacoes se configuram em estruturas de redes e o carater relacional parece sinalizar como ponto basilar no estudo de redes sociais. Assim, a formacao e os vinculos que unem os atores e a expectativa dos mesmos junto a rede social a qual estao atrelados se constituem em objeto do presente estudo. Especificamente, acreditase que o conhecimento desenvolvido no debate sobre os vinculos da rede pode auxiliar na elucidacao de aspectos constituintes da Rede Universitaria de ITCPs, ou seja, fomentar acoes que contemplem o significativo aumento no numero de entidades filiadas, onde a divulgacao de aspectos historicos e vinculares favorecera o fortalecimento da identidade dessa Rede.

Entre os estudos pioneiros sobre redes sociais, destacam-se os trabalhos: The Strength of Weak Ties, texto revisado e republicado em 1983, e Getting a Job, publicado em 1974, ambos do sociologo norte-americano Mark Granovetter. Nesses estudos, o autor introduziu a discussao sobre a importancia e o papel das redes na bibliografia sobre mercado de trabalho, assim como o papel das redes na promocao e acesso a oportunidades existentes na estrutura social e economica. Outro texto referencial no estudo de redes foi escrito por Ronald Burt em 1992 na construcao da sua teoria sobre os "vazios estruturais"--Structural holes, na qual uma importante contribuicao diz respeito a compreensao de que pessoas diferentes podem se encontrar desconectadas numa estrutura social. Nesse sentido, o "vazio estrutural" deve ser visto como uma oportunidade de agenciar o fluxo de informacao e controlar os projetos e as formas que trazem em conjunto tais pessoas.

Ha que se atentar para o fato de que as redes sociais nao podem e nem devem ser entendidas, unicamente, pelo vies economico, ou seja, a cooperacao entre diversos atores existe para alem de objetivos economicos. Nessa perspectiva, pode-se dizer que as redes assumem nas ciencias sociais nocoes variadas como formas especificas de interacao entre individuos, redes urbanas, redes organizacionais e movimentos sociais, entre outros. Apesar do grande numero de definicoes, ha, como um sentido predominante que as une, a ideia de ligacao, laco e integracao. De acordo com Granovetter (1985), os atores se comportam e tomam decisoes dentro de um contexto social determinado e nao devem ser tomados como atomos isolados. Ao contrario, as organizacoes agem no interior de um sistema de relacoes concretas e em permanente desenvolvimento. As redes sociais se apresentam como um

"conjunto de nos ou atores (pessoas ou organizacoes) ligados por relacoes sociais ou lacos de tipos especificos. Um laco ou relacao entre dois atores tem forma e conteudo. O conteudo inclui informacao, conselho ou amizade, interesses compartilhados ou pertencimentos e, tipicamente, algum nivel de confianca" (Granovetter, Castilla, Hwang, & Granovetter 2000, 219).

Junqueira (1996) argumenta que a articulacao dos nos, na figura dos atores/sujeitos na rede, e uma construcao coletiva, que se define na medida em que e realizada. Sua verdade esta na sua concretizacao, na superacao das determinacoes sociais mediante o estabelecimento de parcerias entre sujeitos individuais ou coletivos, mobilizados por objetivos construidos e apropriados coletivamente, para a construcao de uma nova realidade social (Junqueira 1996, 64).

Dabas (1995) comenta que a dinamica relacional em redes implica um processo de construcao individual e coletivo permanente. Um sistema aberto que possibilita, por meio do intercambio entre seus membros e com os membros de outros grupos sociais, uma potencializacao dos recursos humanos, sociais e economicos, em que: "O contexto social retroalimenta as percepcoes da realidade e vai criando signos, sinais, indicadores, atraves dos quais os jovens aprendem a construir o mundo e atuar nele" (Dabas 1997, 64). No contexto de redes sociais, como ja afirmado anteriormente, a fluidez e a diversidade sao caracteristicas dessas estruturas (Barnes 1987). Assim, por seu carater complexo, a Rede pode envolver atores sociais heterogeneos, ligados por caracteristicas diversas, tais como: o parentesco, a amizade, a etnia e a identidade. Esse carater heterogeneo dos atores que constituem uma rede pode influenciar na diversidade de formas e relacoes dentro de uma estrutura em rede.

Neste ponto, faz-se necessario o resgate do conceito de lacos, apresentado por Granovetter (1983), pois, dependendo do tipo de relacao, os lacos podem proporcionar a redundancia em informacoes ou a oxigenacao dos contatos. Logo, o conceito de lacos fracos--weak ties--pode ser tratado como os lacos superficiais ou casuais que se caracterizam por pouco investimento emocional e como sinonimo de diversidade. Esse tipo de laco agrega, ainda, valor ao conectar cada ator a outros atores que fornecem diferentes fontes de informacao. Em outros termos, os lacos fracos ligam pessoas com menos afinidades e tem o potencial de colocar grupos homogeneos em contato, ampliando a possibilidade de difusao de conhecimento, de mobilidade e de coesao social. Por outra via, as relacoes fortes sao ligacoes entre pessoas com afinidades e semelhancas, que tendem a formar grupos homogeneos e fechados. A tese de Granovetter (1983) e de que uma sociedade organizada preponderantemente com base em lacos sociais fortes tende, paradoxalmente, a desagregacao devido ao isolamento dos grupos em si mesmos. Burt (1992) observa, nessa direcao, que, quando o contato e feito entre pessoas ou "nos" de pessoas que ja se conhecem, e muito provavel que as informacoes compartilhadas sejam as mesmas. Tais contatos sao redundantes e novas rotas de acesso as informacoes e recursos nao sao criadas, visto que o ciclo de contato e relacionamento esta fechado na estrutura criada.

Ate esse momento, o aspecto relacional dentro de redes figura por sua forma e conteudo, podendo ser relacoes de natureza forte ou fraca. Mas, para Burt (1992), a rede nao e consequencia, apenas, das relacoes que de fato existem entre os atores ou "nos;" ela e tambem o resultado da ausencia de relacoes, da falta de lacos diretos entre dois atores, o que Burt (1992) denominou de "vazio estrutural." E, para entender a nocao de "vazio estrutural" de Ronald Burt, e importante a compreensao de que pessoas diferentes podem se encontrar desconectadas numa estrutura social. Portanto, em uma rede, podem existir "nos," atores, que nao possuam contato direto entre si, estando configurado, entao, o "vazio estrutural," o que parece sinalizar uma falha na estrutura. O "vazio estrutural" pode, ainda, representar uma oportunidade de agenciar o fluxo de informacao e controlar os projetos e as formas que trazem em conjunto tais pessoas, pois, no trabalho de Burt (1992), o acesso as novas informacoes e uma importante dimensao na aplicacao de estrategias nas redes.

A abordagem de Burt (1992) parece assumir uma perspectiva na qual a rede parte do individuo. Entretanto, para a construcao da teoria dos "vazios estruturais," o autor amarra essa perspectiva a nocao de rotas de acesso para outras redes. E importante destacar que, para Burt (1992), existem dois beneficios que decorrem das redes--os de informacao e os de controle--, tendo funcoes de indicadores de redundancia: a coesao e a equivalencia estrutural. Os contatos de coesao retem as mesmas informacoes e, portanto, fornecem redundantes beneficios. E na equivalencia estrutural, as fontes de informacao, sendo as mesmas, nao propiciam beneficios diferenciados.

Vinculos Sociais

Nesta parte do texto, buscar-se-a um melhor entendimento sobre o que vem a ser vinculo, como ele se da e se mantem. Para tanto, a apresentacao do tema ocorrera no debate das formulacoes conceituais de vinculo social. Para Pichon-Riviere (1988), o vinculo possui configuracao e funcao especificas, particulares na relacao entre individuos. Nas palavras do autor, "vinculo e a estrutura especial onde, entre um sujeito e um objeto, existe uma relacao particular, interpessoal, que inclui a relacao do sujeito frente ao objeto e do objeto frente ao sujeito, cumprindo os dois uma determinada funcao" (128). Observa-se a caracteristica reciproca no relacionamento vincular, no qual, para alem da simples ligacao unilateral do sujeito, existe, tambem, a relacao por parte do objeto, fato que parece indicar para dois polos de constituicao dos vinculos, um interno e outro externo.

Os vinculos entre os individuos, entre estes e seu(s) grupo(s) e entre os proprios grupos sao os enlaces necessarios para que seja possivel construir a humanidade do sujeito. E quando se fala de humanidade, fala-se da condicao do ser que nos e possibilitada pela cultura. Para Fernandez, Svartman e Fernandez (2003), vinculo e a "estrutura relacional em que ocorre uma experiencia emocional entre duas ou mais pessoas" (44). Logo, os vinculos podem ser compreendidos como relacoes afetivas e sociais que os individuos mantem entre si e com o(s) outro(s).

Sobre a formacao e a manutencao dos vinculos sociais nas organizacoes, Enriquez (1997) considera tres momentos diferentes na historia das organizacoes empresariais que influenciam o modo de atuacao das pessoas e, consequentemente, os vinculos sociais constituidos em cada um desses momentos. Assim, esse autor interpreta o primeiro momento como sendo das organizacoes guiadas pela logica da racionalidade, voltadas para a producao de bens e cedendo pouco espaco para a imprevisibilidade. A organizacao e, nessa otica, comparavel a uma maquina cujas diversas engrenagens (tecnicas e humanas) sao perfeitamente substituiveis e que devem funcionar, gracas a uma estrutura de previsao e de manutencao, com o minimo de custos tecnicos e sociais (Enriquez 1997, 9).

Ainda sobre o carater social, pode-se dizer que os vinculos sao constituidos pelas inter-relacoes entre os sujeitos, em sua dinamica interna ou externa, ao mesmo tempo em que eles sao constitutivos desses sujeitos e de suas inter-relacoes em um processo de acao reciproca. Guareschi (1999) enfatiza a nominacao "relacao" para dizer que "o ser humano e um ser que se constroi e se constitui a partir de milhoes de relacoes que ele estabelece com todos os seres existentes" (142). Os vinculos devem ser entendidos, ainda, como sendo as relacoes entre individuos e/ou organizacoes que tanto influem quanto sao influenciados na e pela dinamica relacional.

Kramer e Faria (2007), em um estudo sobre vinculos organizacionais, apontam alguns aspectos, os quais intitulam de "elementos constitutivos" dos vinculos organizacionais. Dentre eles, interessam-nos, sobremaneira, alguns aspectos para o presente estudo. Toda analise proposta por Kramer e Faria (2007) se embasa nas perspectivas de Enriquez (1997, 2001). Esse autor comenta que o grupo se forma em torno de uma tarefa ou uma acao a ser executada. A idealizacao, a ilusao e a crenca permitem a construcao de um projeto comum. "Para que um grupo se cristalize e se atribua os meios de acao, e necessario que se refira a um grande plano que o assegure de seu poder" (Enriquez 1997, 93). Nao importa a natureza da causa, o fundamental e que ela exista para ser defendida. Alguns grupos podem ceder a tentacao da paranoia e se denominarem "os melhores" ou se recolherem nos ideais comunitarios.

Assim, tendo como referencia o trabalho de Kramer e Faria (2007), os elementos citados a seguir foram adaptados como forma de auxiliar a analise proposta no presente estudo. Para tanto, tem-se os seguintes "elementos constitutivos" dos vinculos organizacionais:

a) Identificacao com a organizacao: segundo Enriquez (1991), a identificacao e um mecanismo importante nao somente para compreender a vida dos grupos, como tambem o funcionamento do psiquismo, uma vez que esse mecanismo expressa a existencia de um laco emocional com outra pessoa. Com base na leitura de Freud, esse autor afirma ainda que "[...] as formacoes coletivas so sao compreendidas se associadas ao mecanismo de identificacao e, em particular, a certas formas de identificacao primitivas" (66).

b) a Idealizacao da organizacao figura na esfera da crenca. Atenta-se para o fato de que a crenca, em alguns casos, esta proxima da ilusao. Nesse sentido, pautar-se pela ilusao de uma construcao "perfeita" pode impedir o foco nos problemas cotidianos que ocorrem nas estruturas. Assim, a idealizacao da organizacao deve ser concebida no fortalecimento do projeto comum.

c) Sentimento de Pertenca: neste ponto, poderao aparecer, como caracteristicas, reacoes de orgulho no pertencimento, responsabilidade pela organizacao e defesa ao sinal de criticas, entre outros.

d) Cooperacao na atividade e solidariedade se traduz na contribuicao para a tarefa grupal (Pichon-Riviere 1988), ou seja, e o que cada um faz para que o trabalho de todos, dentro da organizacao, tenha uma funcao e um objetivo. Conforme Pages (1976), a formacao de vinculos entre os membros de toda organizacao social esta assentada em sentimentos de uma solidariedade que respeita a autonomia individual, aliados a temores que ameacam a propria possibilidade da solidariedade, como o medo de que o outro seja um traidor ou um grande inimigo.

e) Criacao de inimigos: esse e um processo frequente em grupos e organizacoes. Enriquez (2001) pontua que o estabelecimento de inimigos, externos ou internos, fortalece os vinculos pelo reforco dos sentimentos de identificacao e pertenca.

f) Participacao nas decisoes: tal aspecto pode assumir duas formas de analise: uma primeira pelo aspecto da participacao, por outro lado, especificamente na participacao das decisoes, com avaliacao das formas e canais propicios para tal participacao.

g) Integracao entre os membros: pode-se ligar esse elemento aos vinculos formais e informais.

h) Autonomia: segundo Kramer e Faria (2007), a autonomia, a medida que proporciona condicoes para que os individuos se organizem para o trabalho da forma definida por eles, cria um campo propicio para que estes possam estabelecer vinculos com a organizacao, preocupando-se com o seu desempenho, suas politicas, seus resultados e seus problemas.

Acredita-se que a utilizacao desses e de outros elementos possa auxiliar para uma melhor compreensao dos aspectos relacionados a formacao e manutencao dos vinculos na Rede de ITCPs. E, a partir da realidade mais bem mapeada e compreendida, ainda que nao em sua totalidade, o que tambem nao figura como objetivo desta proposta, espera-se que esta investigacao favoreca em alguns aspectos a atuacao da Rede de ITCPs e de seus membros, tais como: organizacao, comunicacao, consolidacao e disseminacao da Rede.

Metodologia

A abordagem empregada nesta pesquisa se estruturou em procedimentos de natureza quantitativa e qualitativa. A utilizacao de metodos quantitativos neste estudo visa a fornecer elementos que possam subsidiar a execucao dos procedimentos qualitativos, em especial na identificacao de atores que possam ser de relevancia na elucidacao dos objetivos.

Para tal procedimento, utilizou-se da analise de informacoes contidas em um mecanismo de comunicacao formal e de livre acesso a todos os participantes das Incubadoras Tecnologicas de Cooperativas Populares. Foram analisados os e-mails postados entre 20 setembro 2006 e 28 abril 2009, obtendo-se uma amostra de 2.178 mensagens. Esses dados foram tratados no software denominado PAJEK, o qual forneceu um sociograma para analise. Da investigacao qualitativa, pode-se dizer que ela e um questionamento continuo das acoes dos sujeitos com o intuito de perceber os objetivos buscados e as estrategias adotadas para estruturar os seus mundos numa perspectiva social. O objeto de estudo da investigacao qualitativa consiste no modo como as pessoas entendem e experimentam "seus mundos", que, pela heterogeneidade e pela subjetividade humana, formam multiplas realidades a serem interpretadas. Para tais procedimentos, e requerido do pesquisador, de acordo com Bogdan e Biklen (1994), atencao aos elementos presentes na subjetividade humana. E, para tanto, na dimensao qualitativa, utilizou-se do metodo de entrevistas semiestruturadas.

A escolha final das 13 Incubadoras Tecnologicas de Cooperativas Populares, que seriam convidadas a participar da etapa qualitativa deste estudo, foi feita levando-se em consideracao os seguintes criterios: a) Participacao na atual coordenacao da Rede Universitaria de Incubadoras Tecnologicas de Cooperativas Populares, b) Tempo de filiacao na Rede e c) Analise do sociograma de relacionamento.

A analise das informacoes obtidas e construidas foi realizada apos cada etapa do trabalho. Utilizou-se, para analise dos dados, da tecnica de analise de conteudo, que, de acordo com Laville e Dionne (1999), nao consiste em um metodo rigido. Os dados foram analisados e interpretados, tendo a preocupacao com as suas particularidades. Para tanto, seguiram-se os seguintes passos: a) transcricao das gravacoes, b) leitura sistematica de todas as entrevistas, c) identificacao de dimensoes (o que existe ou nao em comum na fala dos entrevistados), d) codificacao das diferentes dimensoes para identifica-las e e) organizacao das dimensoes codificadas em categorias de objetos significantes (Silverman 1994).

A analise de conteudo, para Vergara (2005), compreende tres etapas: a) pre-analise--selecao do material e definicao dos procedimentos a serem seguidos, b) exploracao do material--implementacao dos procedimentos definidos na pre-analise; tratamento de dados e c) interpretacao--geracao de inferencias e dos resultados da investigacao, quando as suposicoes serao ou nao confirmadas. O procedimento basico da analise de conteudo, segundo essa autora, refere-se a definicao de categorias que sao rubricas ou classes, as quais reunem um grupo de elementos sob um titulo generico, agrupamento esse efetuado em razao de caracteres comuns desses elementos. As categorias podem ser: exaustivas--inclusao de praticamente todos os elementos; mutuamente exclusivas--cada elemento podera ser incluido em uma unica categoria; objetivas--definidas de maneira precisa para evitar duvidas de distribuicao dos elementos; e pertinentes--adequadas ao objetivo da pesquisa.

Resultados

Acreditou-se que o programa de comunicacao virtual entre integrantes de ITCPs poderia subsidiar uma primeira filtragem das relacoes formais estabelecidas na Rede de incubadoras. Contudo, sabe-se que esse canal de comunicacao nao representa a totalidade das relacoes entre as ITCPs e nem se constitui o unico meio de relacionamento entre elas.

Apos a categorizacao das mensagens eletronicas em: a) Relacao direta ou b) Comunicacao, os dados foram lancados e processados no software PAJEK, que, alem de estruturar um sociograma com esses dados, nos forneceu um calculo da centralidade dos atores da Rede de ITCPs a partir dos contatos estabelecidos no grupo virtual de mensagens. Vale ressaltar que, para que uma mensagem virtual fosse classificada como sendo de "relacao direta", ela deveria apresentar uma relacao direta--remetente/destinatario--ou seja, esteve em analise, neste primeiro momento, apenas a relacao formal, por meio virtual, estabelecida entre duas ou mais incubadoras, nao nos importando o carater ou o conteudo da mensagem. Assim, nao foram interesse deste estudo mensagens que divulgavam informacoes, tais como encontros ou editais, pois essas mensagens, em sua maioria, eram disparadas para todos os membros, sem possuir, assim, uma relacao direta entre remente e receptor.

Na Figura 2, pode-se visualizar o sociograma de relacionamento da Rede Universitaria de ITCPs com base nas mensagens virtuais submetidas ao programa de debate virtual com carater relacional.

Observa-se, nessa figura, o posicionamento central de algumas incubadoras, entre elas: UFRPE, UCPEL, UNEB, UFSJ, FURB e USP. Como ja apresentado, os tracos de ligacao entre duas ITCPs (nos) sao denominados pelos autores que trabalham com redes, de lacos; e, conforme sua espessura, pode-se dizer que a relacao entre dois entes e mais ou menos intensa. Vale ressaltar que as incubadoras que figuram como centrais nesse sociograma possuiram ou ainda possuem representantes no colegiado da Rede Universitaria. Tal fato pode dar indicios da centralidade dessas instituicoes, haja vista que as coordenacoes funcionam intensamente com papeis de articulacao dentro da estrutura da Rede.

Pode-se observar, ainda, na Figura 2, questoes mencionadas por Granovetter (1985) e Burt (1992) com respeito aos lacos fracos e fortes, indicados na figura por tracos que unem as ITCPs. A interacao entre diversos atores e realizada por intermedio de personagens mais centrais ou com relacoes proximas aos nos do centro. Como forma de ilustrar essa situacao, deve-se observar a seguinte sequencia: FURBUNOCHAPECO-UNOESC, onde, por intermedio do no UNOCHAPECO, outras duas incubadoras encontram-se em contato. No caso de se acrescentar a Figura 2 mais um nodo (UFRPe), tem-se a seguinte configuracao: UFRPe-FURB-UNOCHAPECO-UNOESC. O que se pretende mostrar com isso e que, segundo Burt (1992), diversos nos em uma rede, mesmo sem um contato direto, podem estar vinculados pela intermediacao de outros nos. E importante retomar a discussao sobre "vazio estrutural" de Burt (1992), no sentido de que a rede nao e consequencia, apenas, das relacoes que de fato existem entre os atores ou "nos". Ela e, tambem, o resultado da ausencia de relacoes, da falta de lacos diretos entre dois atores. Logo, esses exemplos ilustram os vazios estruturais dentro da Rede Universitaria de ITCPs, segundo dados analisados no programa de comunicacao virtual.

[FIGURA 2 OMITIR]

Apos essa primeira analise, passou-se para o procedimento de estratificar as ITCPs quanto ao seu tempo de filiacao junto a Rede Universitaria de ITCPs. Essa etapa, alem de mais uma fase para escolha das incubadoras que seriam entrevistadas, forneceu dados relevantes para toda a pesquisa, os quais podem ser verificados no Grafico 1.

Constata-se, assim, o numero de ITCPs por estrato, divididas por regiao, o que ilustra o maior numero das incubadoras pioneiras no Sul e Sudeste brasileiro. Constata-se, tambem, expansao significativa de novas incubadoras filiadas a Rede no Nordeste, passando de tres ITCPs pioneiras e intermediarias para oito incubadoras com a entrada das novatas.

Apos selecionadas, as ITCPs foram procuradas, passando-se, entao, para a realizacao das entrevistas semiestruturadas. Todas as entrevistas foram registradas e posteriormente fichadas com base nas categorias de analise. Tais categorias seguiram as propostas de Kramer e Faria (2007) sobre a constituicao dos vinculos sociais nas organizacoes, tendo como base, para tal proposta, os preceitos da Psicossociologia, em especial Eugenne Enriquez, estruturando, dessa forma, o modelo investigativo deste estudo apontado anteriormente. Contou-se com oito categorias que serviram de norte para as entrevistas. Assim, analisou-se e interpretou-se o repertorio de respostas dos participantes da pesquisa as questoes abordadas na entrevista semiestruturada. As categorias utilizadas, tendo como contexto a Rede de ITCPs, foram as seguintes:
TABELA 1
Categorias analiticas da pesquisa

CATEGORIA CONTEXTUALIZACAO

Identificacao com a Compreender como ocorre a identificacao das
organizacao incubadoras com a Rede que elas compoem.

Idealizacao da Figura na esfera da crenca, com a presenca de
organizacao aspectos como a imagem e o conceito que as
 incubadoras tem da Rede de ITCPs.

Sentimento de Sensacao que possibilita estabelecer a
pertenca identidade da Rede e de cada incubadora como
 sendo integrante da estrutura.

Cooperacao na Pode ser entendida na forma da contribuicao
atividade e individual para a realizacao de uma tarefa
solidariedade grupal ou coletiva.

Criacao de inimigos O estabelecimento de figuras a serem vencidas
 ou superadas pode fortalecer os vinculos pelo
 reforco dos sentimentos de identificacao e
 pertenca.

Participacao nas Indica o grau de controle que cada entidade
decisoes possui sobre diversos elementos da Rede.

Integracao entre os Processos de contato e relacionamento, formal e
membros informal entre os membros da Rede Universitaria

Autonomia Entendimento do grau de dependencia e
 independencia das incubadoras em referencia a
 Rede universitaria.

Fonte: Adaptado de Kramer e Faria (2007).


Foram utilizados fragmentos literais de fala dos entrevistados, relacionando-os as passagens teoricas sobre os vinculos sociais e as Redes sociais ao processo de constituicao e manutencao da Rede Universitaria. Como forma de ilustrar cada categoria estudada, serao apresentados, de modo ilustrativo para cada categoria, fragmentos dos relatos das entrevistas realizadas.

No que tange aos vinculos constituintes da Rede de ITCPs, pode-se dizer que estes estao para a ordem do estabelecimento de um projeto coletivo, estando intimamente interligados aos aspectos de identificacao e idealizacao ja mencionados. Neste ponto, pode-se dizer que, a partir do estudo aqui realizado, a Rede Universitaria tem suas bases fundantes na construcao e consolidacao da Economia Solidaria e no Cooperativismo Popular.

Outro fator que se apresenta como indicador dos vinculos de constituicao da Rede e o carater de igualdade entre as entidades pertencentes a essa estrutura. O pertencimento da ITCP na estrutura da Rede demonstra sinais de uma vinculacao pela via da identificacao entre iguais, em que as incubadoras se reconhecem na Rede e nas entidades constituintes da mesma organizacoes similares. Proximo a esse fato, o proposito pelo fortalecimento de uma extensao universitaria compromissada com o social indica a tonica de diversas incubadoras, o que equaliza um possivel dialogo.

Pode-se dizer, ainda, que uma das bases dos vinculos sociais constituintes da Rede Universitaria esta na identificacao entre entidades iguais e, principalmente, nos objetivos orientadores da acao desse grupo, o que, para um dos entrevistados, denomina-se como "identidade de principios." Tal denominacao parece sinalizar para aspectos relatados pelos entrevistados como sinais que se referem a estrutura constitutiva dessa organizacao, que, apesar de nao se encontrar, fisicamente, constituida, demonstra sinais reais e efetivos de uma estrutura horizontalizada, primando pela participacao e autonomia. Sobre os vinculos sociais mantenedores, os quais podem nos dar indicacoes acerca dos fatores que fazem a dinamica cotidiana das inter-relacoes acontecer e se manter, auxiliando-a na continuidade da estrutura de funcionamento da Rede de ITCPs, tem-se indicios de que dois aspectos emergem como centrais nessa direcao, a saber, troca de informacoes e experiencia e representatividade politica.

Os mecanismos de troca de informacoes e experiencia, sejam elas especificas, sobre assuntos tematicos, ou mesmo de divulgacao de editais e projetos, propiciam um intercambio entre as entidades de modo a assegurar beneficios efetivos as incubadoras. Ou seja, como foi possivel se constatar pela analise das mensagens virtuais analisadas e em falas coletadas, as entidades afiliadas a Rede ITCP compartilham informacoes das mais diversas. No caso especifico de editais, verifica-se que, mesmo sendo entidades pares, as incubadoras concorrem entre si para verbas e apoio a projetos. Contudo, nao se observam restricoes a comunicacao e divulgacao de tais fatos dentro da Rede.

Sobre a representatividade, pode-se dizer que a Rede foi criada como uma forma de difundir as experiencias das incubadoras que ja estavam funcionando, para garantir um intercambio teorico e metodologico e assegurar uma interlocucao unificada das incubadoras, especialmente com o governo federal, buscando representacao legitima diante, especialmente, da FINEP. Assim, as incubadoras se vinculam a Rede por intermedio de um pacto de principios coletivos de luta e conquista, buscando por meio de acoes coletivas de representatividade, expandir e estruturar uma extensao universitaria realmente comprometida com o social e amparada por uma vinculacao politica, que direciona o funcionamento horizontal e participativo da Rede Universitaria de Incubadoras Tecnologicas de Cooperativas Populares. Tal representatividade visa a beneficios a todos os atores que figuram nessa Rede.

Consideracoes Gerais

Apos vencidas todas as etapas deste estudo, pode-se verificar que a Rede Universitaria de Incubadoras Tecnologicas de Cooperativas Populares cumpre um papel social e educacional importante para o contexto brasileiro. Alem dessa observacao, pode-se constatar, a partir das intencoes iniciais deste, que eram identificar e apresentar os elementos vinculares que auxiliaram na constituicao e na manutencao da Rede Universitaria de ITCPs, que tal entidade figura como uma rede social de fato devido a sua funcao social, ferramentas de comunicacao, interacao e governanca.

Ao final deste estudo, faz-se necessario demarcar que o mesmo possui limitacoes no modo de generalizacao de suas consideracoes, visto que o universo atual da Rede figura com 42 entidades e, destas, apenas 13 incubadoras foram contempladas nesta pesquisa. Assim, este trabalho pode servir como indicativo de aspectos de interesse e atuacao da Rede sem, entretanto, ser considerado como verdade absoluta e irretocavel da realidade das incubadoras. Mesmo porque, sabe-se que a vivencia cotidiana de cada ITCP e unica e independente. Tais questoes demarcam a opcao por nao se tocar em analise politicas e/ou pessoais relativas ao contexto deste estudo.

Desse modo, pode-se dizer, a partir dos indicativos verificados ao longo deste trabalho, que tal Rede foi amparada em vinculos constitutivos, que primavam pelo estabelecimento de um projeto coletivo, estruturado na construcao e consolidacao da Economia Solidaria e no Cooperativismo Popular. Esse fato e amparado em principios basilares, tais como: a vinculacao pela via da identificacao entre iguais e a idealizacao embasada em um "pacto politico" entre os integrantes das incubadoras filiadas a Rede Universitaria. Essa nocao e entendida aqui como sendo tudo o que diz respeito ao ambito coletivo/ comunitario. Ou seja, desde o inicio das atividades das incubadoras, os participantes vivenciam uma construcao coletiva de objetivos consensuados, ainda que o consenso venha, por muitas vezes, por meio de conflitos e discussoes de opinioes divergentes.

Quando sao analisados os aspectos dos vinculos mantenedores de tal estrutura, percebem-se indicios que sinalizam para a busca da manutencao acontecendo frente a um processo de crescimento de sua estrutura, haja vista o numero de 42 ITCPs filiadas no ano de 2009. Nesse sentido, observa-se que, atualmente, a Rede de ITCPs se mantem, a partir dos relatos coletados, pela troca de informacoes e experiencias e pela representatividade politica que proporcionam a seus atores. Um fato a ser definido com importancia e o de que essa Rede e constituida e mantida sem um espaco fisico demarcado, sem formalizacao legal, sem estruturas centrais e hierarquizadas. Assim, mesmo sem tais dimensoes e formato tradicional, a Rede Universitaria consegue agir de modo particular, independente e com certa efetividade. E sua atuacao ganha cada vez mais abrangencia nacional e com repercussao internacional. Outro aspecto relevante e o carater historico e inovador da atuacao das incubadoras de cooperativas populares. A tecnologia de incubacao, como a praticada dentro da Rede Universitaria, nao possui precedentes e e totalmente nacional. Esse fato pode ser verificado por meio dos recentes contatos estabelecidos junto a integrantes das ITCPs com entidades de outros paises, a saber, Franca, Alemanha, Uruguai e Canada, entre outros.

Diante do cenario indicativo que se pode acessar no presente estudo e tomando-se a conceituacao de rede social trabalhada neste estudo, pode-se dizer que a Rede de ITCPs parece representar um conjunto de participantes autonomos, os quais se unem por intermedio de ideias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados. Assim, como ja afirmado anteriormente, a Rede Universitaria de Incubadoras demonstra sinais de ser uma rede social de fato devido as suas relacoes, internas e externas, que figuram como nos e pontes na estrutura estudada. Esse ponto e ilustrado nas interacoes entre os nos, seja pela comunicacao formal, seja nos encontros, seja nos projetos, ou ainda nas proposicoes e objetivos que unem as incubadoras no discurso unificador da Rede Universitaria.

Entretanto, alguns aspectos precisam ser observados com certo cuidado no funcionamento da Rede. O fator interno comunicativo da Rede, como apresentado em relatos dos entrevistados, demonstra sinais de que precisa ser aprimorado e utilizado de modo mais eficiente e eficaz, podendo, em um futuro proximo, auxiliar ainda mais a consolidacao e ampliacao da Rede e dos principios com os quais ela trabalha. Outro aspecto diz respeito a politicas que garantam uma participacao mais efetiva de mais envolvidos na Rede, a fim de disseminar seus preceitos e de se consolidar como perspectiva de atuacao.

Desse modo, indica-se como estudo futuro um aprofundamento dos aspectos relacionais entre os vinculos aqui estudados e suas influencias na dinamica gestionaria da Rede, bem como um maior detalhamento desses aspectos pela via da compreensao e expectativa das incubadoras recem-filiadas a Rede. Essa ultima consideracao e respaldada pelas consideracoes presentes nas entrevistas aqui realizadas, as quais indicavam para uma mudanca constante e, as vezes, preocupantes com a dinamica de entrada de entidades com perfil diferenciado aos das incubadoras mais antigas. Sendo assim, de modo sucinto, acredita-se que a Rede Universitaria se paute, por um triplo objetivo: intercambiar, difundir e representar. E que tais aspectos dao fortes sinais de terem sido forjados junto a principios como: a) trabalhar com autonomia, b) compromisso com a transformacao e c) ter diversidade.

Neste turno, conclui-se este trabalho com a crenca de que ele podera contribuir sobremaneira para a dinamica da Rede, seja no aspecto vincular, identitario e comunicativo. Quanto aos vinculos, pode-se dizer que o seu conhecimento, ou mesmo o simples questionamento sobre os aspectos que fazem um grupo se unir e se manter, pode auxiliar para o reconhecimento historico e, ainda, para melhorias futuras das organizacoes envolvidas, seja na recepcao de novas entidades, seja na comunicacao interorganizacional, seja na perpetuacao de suas propostas e politicas.

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ATAUALPA LUIZ DE OLIVEIRA

Professor Assistente, Insituto Federal de Educacao, ciencia e tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, Campus Sao Joao Del Rei Doutorando em Psicologia--PUC Minas

(1) Deve-se observar que, no caso da UNESP, existem campi diversos, o que podec ausar uma ITCPs representadas na Figura 1. Fonte: Dados da Pesquisa.
GRAFICO 1
Numero de ITCPs estratificadas por regiao

 Pioneiras Intermediaria Novata

norte 1
nordeste 2 1 5
c. oeste 2 1
sudeste 6 3 8
sul 3 2 8

Fonte: Dados da Pesquisa.

TABELA 2
Falas indicativas

CATEGORIA FRAGMENTOS DOS RELATOS

Identificacao com a "Acredito que se nao estivessemos
organizacao vinculados a rede nao seria possivel ter
 caminhado metade que caminhamos com as
 demais incubadoras" (E.E). "as incubadoras
 sao a Rede e a Rede sao as incubadoras"
 (E.J).
 "(...) identidade se da por uma construcao
 coletiva que se deu no caminhar todo da
 Rede." (E.B)

Idealizacao da "A rede e vista por mim como uma rede. Na
organizacao melhor concepcao da palavra." (E.J).
 "A rede e um porta-voz do conjunto de
 incubadoras." (E.I).
 "A rede e um pacto politico." (E.A).
 "E uma rede virtual e nao formal" (E.E)

Sentimento "As incubadoras buscam intercambio e aqui
de pertenca [na Rede] voce acha" (E.H)
 "A incubadora se sente parte da Rede e
 achamos importante fazer parte da Rede.
 Nao temos intencao alguma de sair da
 Rede." (E.F)

Cooperacao "na Rede, o intercambio acontece." (E.K)
na atividade e "Na relacao com outras, existe contato so
solidariedade com algumas. Mas sempre que precisamos
 recorremos a outras ITCPs." (E.C)

Criacao de inimigos "a Rede ajuda a disseminar a Economia
 solidaria e o cooperativismo, pontos
 contrarios ao capitalismo" (E.K)

Criacao de "a ideia e superar os problemas sociais
inimigos que temos no pais" (E.G)
 "existem muitas coisas que ainda
 precisamos superar e na Rede isso fica
 mais facil" (E.D)

Participacao nas "A participacao nas decisoes e de todos
decisoes (...) as vezes fica duas horas em cima da
 mesma coisa, (...) ate todo mundo falar."
 (E.F)
 "A Rede foi pensada e age para a
 participacao de todos. So nao participa
 quem nao quer! Ou nao pode." (E.D)

Integracao entre os "A relacao e tambem baseada nos
membros principios, o que ajuda as incubadoras a
 se relacionarem." (E.J) "tem grupos que
 tem mais afinidades e outros nem tanto, o
 que ja direciona a relacao. Existe um
 ponto comum que faz uma relacao mais
 estreita, por exemplo, no trabalho com
 grupos iguais." (E.G)

Autonomia "Temos acoes independentes, como a propria
 escolha dos grupos que vao ser incubados,
 e tambem qual metodologia vai usar." (E.E)
 "Cada incubadora tem a autonomia
 necessaria. A rede tem que garantir total
 liberdade para as incubadoras." (E.G)

Fonte: Resultados da Pesquisa.
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