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文章基本信息

  • 标题:Lexical access of bilinguals and multilinguals/ Acesso lexical de bilingues e multilingues.
  • 作者:Toassi, Pamela Freitas Pereira ; Mota, Mailce Borges
  • 期刊名称:Acta Scientiarum. Language and Culture (UEM)
  • 印刷版ISSN:1983-4675
  • 出版年度:2015
  • 期号:October
  • 语种:Spanish
  • 出版社:Universidade Estadual de Maringa
  • 摘要:A literatura nao oferece resposta unica e conclusiva para explicar a organizacao e o processamento do lexico mental de bilingues. Existem diferentes modelos e hipoteses, sob diferentes perspectivas, com o objetivo de explicar o lexico mental de bilingues. Alem disso, estudos com foco no acesso lexical de bilingues, na compreensao e na producao da lingua, apresentam diferentes resultados. Este debate torna-se ainda mais intenso quando abordado a partir da perspectiva do multilinguismo, visto que a adicao de outra lingua torna o sistema mais complexo. Diante do exposto, neste artigo, serao apresentados os resultados de uma revisao de literatura sobre o acesso lexical de bilingues, em que as pressuposicoes relacionadas ao lexico bilingue serao expandidas para o estudo com individuos multilingues.
  • 关键词:Bilinguismo;Lexicografia;Multilinguismo

Lexical access of bilinguals and multilinguals/ Acesso lexical de bilingues e multilingues.


Toassi, Pamela Freitas Pereira ; Mota, Mailce Borges


Introducao

A literatura nao oferece resposta unica e conclusiva para explicar a organizacao e o processamento do lexico mental de bilingues. Existem diferentes modelos e hipoteses, sob diferentes perspectivas, com o objetivo de explicar o lexico mental de bilingues. Alem disso, estudos com foco no acesso lexical de bilingues, na compreensao e na producao da lingua, apresentam diferentes resultados. Este debate torna-se ainda mais intenso quando abordado a partir da perspectiva do multilinguismo, visto que a adicao de outra lingua torna o sistema mais complexo. Diante do exposto, neste artigo, serao apresentados os resultados de uma revisao de literatura sobre o acesso lexical de bilingues, em que as pressuposicoes relacionadas ao lexico bilingue serao expandidas para o estudo com individuos multilingues.

Este artigo tem como objetivo principal levantar questoes para discussao relacionadas a pesquisas com o lexico multilingue, com base nos modelos de lexico bilingue/multilingue que se encontram na literatura. Um objetivo secundario deste estudo e encorajar a pesquisa com o lexico multilingue no Brasil, visto que o pais tem um grande potencial para desenvolver pesquisa em diferentes cenarios com diferentes combinacoes de linguas. Dessa forma, tambem poderemos contribuir para pesquisas sobre o acesso lexical e sobre multilinguismo no cenario internacional.

Devido ao desproporcional numero de pesquisas em relacao ao lexico bilingue (KROLL; TOKOWICZ, 2005), uma revisao de literatura que contemple toda a area de pesquisa esta alem dos limites deste artigo. Portanto, criterios de selecao foram necessarios. Partindo do pressuposto de que questoes relacionadas ao acesso lexical sao mais bem explicadas por experimentos (DIJKSTRA, 2005), estudos empiricos com foco no acesso lexical de bilingues/multilingues, relacionados a modelos extensivamente investigados na literatura foram selecionados para esta revisao de literatura.

Os dois modelos de acesso lexical--o modelo hierarquico revisado (RHM) e o modelo de ativacao interativa bilingue (BIA)--mais extensivamente explorados neste artigo sao frequentes em revisoes de literatura sobre o acesso lexical, tanto em artigos como em artigos de livros (KROLL; DIJKSTRA, 2002; KROLL; SUNDERMAN, 2003; DIJKSTRA, 2005, 2007; THOMAS; VAN HEUVEN, 2005; KROLL; TOKOWICZ, 2005; HEREDIA; BROWN, 2012). O modelo hierarquico revisado (RHM) domina pesquisas sobre o processamento da linguagem por bilingues (BRYSBAERT; DUYCK, 2010). Esse modelo tem como foco o desenvolvimento da proficiencia do bilingue. Por outro lado, o modelo BIA e o modelo de forma da palavra mais extensivamente investigado na literatura (KROLL; TOKOWICZ, 2005). Dessa forma, para completar o entendimento sobre o acesso lexical, modelos com foco na producao lexical tambem foram explorados neste artigo. Dois modelos de producao da fala que representam uma visao nao consensual do acesso lexical de bilingues sao apresentados: o modelo sequencial e o interativo. Por ultimo, dois modelos com foco no multilinguismo sao apresentados: o modelo do processamento multilingue e o modelo dinamico do multilinguismo. Esses dois modelos foram incluidos nesta revisao de literatura devido ao seu foco especifico no multilinguismo.

Antes de iniciar a discussao sobre o lexico multilingue, uma distincao deve ser feita, neste artigo, com relacao aos termos bilingue e multilingue. Ao longo deste artigo, o termo bilingue sera utilizado para designar o individuo com conhecimento de duas linguas, enquanto o termo multilingue sera relacionado a pessoa com conhecimento de tres ou mais linguas (HAMMARBERG, 2001). Esta distincao e sustentada por pesquisadores da area do multilinguismo (JESSNER, 2006; DE ANGELIS, 2007; CENOZ, 2008). De Angelis (2007) argumenta em favor dessa diferenciacao, principalmente devido aos efeitos que o conhecimento linguistico previo tem na aprendizagem subsequente da lingua. A autora alega que se o termo L2 for aplicado a todas as linguas aprendidas depois da L1, isso nao implica diferenciacao alguma no processo de aprendizagem de uma terceira e de uma segunda lingua. Do mesmo modo, Butler (2012, p. 111, traducao nossa) afirma ser importante que pesquisadores "[...] nao assumam cegamente que bilingues sao o mesmo que multilingues" (1).

Este artigo esta organizado em cinco secoes. A primeira secao tem como foco os modelos hierarquicos de acesso lexical. A segunda e a terceira secoes sao relacionadas ao acesso lexical na compreensao e na producao da fala, respectivamente. Por ultimo, a quarta secao apresenta o modelo do processamento multilingue e o modelo dinamico do multilinguismo. Uma conclusao e apresentada apos a quarta secao.

O acesso lexical de acordo com o modelo hierarquico revisado

Modelos hierarquicos propoem que as palavras das duas linguas do bilingue sao armazenadas em lexicos separados (MARINI; FABBRO, 2007). Potter et al. (1984) propuseram as primeiras hipoteses dentro da perspectiva hierarquica de organizacao do lexico bilingue: a hipotese da associacao de palavras e a hipotese da mediacao conceitual. Estas duas hipoteses tinham como objetivo explicar as conexoes estabelecidas durante a aquisicao do vocabulario da L2. De acordo com a hipotese da associacao de palavras, quando as palavras da L2 sao adquiridas, elas formam associacoes diretas com as palavras da L1. Por outro lado, a hipotese da mediacao conceitual sugere que as palavras da L2 sao associadas com os conceitos nao linguisticos, os quais sao comuns para a L1 e a L2.

Kroll e Stewart (1994) conduziram um estudo para investigar as hipoteses hierarquicas propostas por Potter et al. (1984), que consistia de tres experimentos, os quais envolviam nomeacao de figuras e de palavras e uma tarefa de traducao. Os resultados do estudo mostraram que palavras eram nomeadas mais rapidamente do que as figuras correspondentes. Os resultados tambem forneceram evidencia de que apenas a nomeacao de figuras requer mediacao conceitual. Adicionalmente, traducao da L1 para a L2 levou mais tempo do que da L2 para a L1, visto que essa traducao era conceitualmente mediada e nao era influenciada pelo contexto semantico. Por outro lado, traducao da L2 para a L1 nao era influenciada pelo contexto semantico, assim como a nomeacao. Consequentemente, a traducao da L2 para a L1 parecia ser lexicalmente mediada.

Os resultados de Kroll e Stewart (1994) proporcionaram suporte empirico para um modelo assimetrico de organizacao do lexico bilingue, o modelo hierarquico revisado (RHM), o qual propoe que, para a aquisicao tardia da L2, onde o lexico da L1 e a memoria conceitual ja estao estabelecidos, as palavras da L2 sao adicionadas ao sistema atraves de links lexicais com a L1. No entanto, conforme o aumento da proficiencia, links conceituais diretos para as palavras da L2 sao adquiridos. Entretanto, as conexoes lexicais entre as palavras da L1 e da L2 nao desaparecem. O modelo hierarquico revisado tem recebido sustentacao empirica de diversos estudos com bilingues, conforme apresentado na Tabela 1.

Conforme a Tabela 1, observa-se que diferentes metodologias foram empregadas nos estudos apresentados. Sustentacao empirica ao modelo hierarquico revisado foi obtida com o resultado da assimetria de traducao, em diferentes niveis de proficiencia (KROLL et al., 2002), assim como com o resultado de um efeito maior do componente N400 na ordem inversa do que na ordem direta de traducao (PALMER et al., 2010). Adicionalmente, foi encontrado um efeito de priming mais rapido na ordem inversa do que na ordem direta (ALVAREZ et al., 2003). Tambem houve evidencia de que o processamento da L2 e mais lento do que o da L1, devido a necessidade de acessar as palavras da L2 atraves do lexico da L1 (PHILLIPS et al., 2004). Alem disso, repeticao de conceitos mostrou-se mais efetiva da L1 para a L2 do que da L2 para a L1 (SHOLL et al., 1995).

Em contraposicao aos estudos apresentados na Tabela 1, os resultados do estudo de La Heij et al. (1996) com bilingues falantes de holandes e ingles foram contrarios as pressuposicoes do modelo hierarquico revisado. As tarefas (uma versao modificada da tarefa de Stroop, uma tarefa de traducao e uma variacao da tarefa de interferencia figura-palavra com condicoes relacionadas e nao relacionadas) desempenhadas no estudo mostraram que traducao na ordem L1-L2 era mais rapida do que na ordem inversa. Adicionalmente, figuras semanticamente relacionadas facilitaram a traducao. Com base nesses resultados, os autores afirmam que as duas direcoes de traducao sao mediadas conceitualmente, contradizendo as pressuposicoes do modelo hierarquico revisado. Outros estudos tambem encontraram resultados que divergiram do modelo hierarquico revisado (ALTARRIBA; MATHIS, 1997; BLOEM; LA HEIJ, 2003; DUYCK; BRYSBAERT, 2004).

Diante do exposto, e possivel concluir que o modelo hierarquico revisado tem recebido sustentacao empirica na literatura, mas isso nao representa um consenso entre pesquisadores. Os estudos reportados acima foram realizados com bilingues. Dessa forma, a questao que permanece e como esse modelo pode ser estendido a multilingues. O modelo hierarquico revisado deixa espaco para investigacao sobre o lexico multilingue, visto que as conexoes estabelecidas quando uma terceira lingua ou uma lingua adicional e adquirida nao estao especificadas no modelo (DE ANGELIS, 2007). Adicionalmente, outras criticas tem sido feitas ao modelo, conforme apresentado na proxima subsecao.

Critica ao modelo hierarquico revisado

De Groot (2002) apresenta algumas criticas ao modelo hierarquico revisado. Primeiramente, a autora afirma que o modelo nao considera as diferentes representacoes da forma da palavra (como, por exemplo, a forma falada e escrita da palavra) e a autora tambem argumenta que as representacoes fonologicas e ortograficas dessas palavras tem que ser especificadas. De acordo com De Groot (2002), o modelo tambem deveria conter mais camadas para abranger o conhecimento morfologico e sintatico da palavra, por exemplo. Alem disso, as representacoes semanticas e conceituais devem ser diferenciadas.

Green (1998) tambem apresenta algumas criticas ao modelo hierarquico revisado, argumentando que ele nao explica como uma lingua e inibida para que o bilingue possa nomear ou traduzir na lingua alvo. Green (1998) argumenta que devem existir mecanismos de controle presentes nas traducoes de L1-L2 e de L2-L1. O autor explica que, durante a traducao da L1 para a L2, a nomeacao da palavra a ser traduzida deve ser evitada. Consequentemente, havera lemas da L1 ativos na competicao para a selecao de lemas e producao da L2.

Outra critica apresentada ao modelo hierarquico revisado e feita por Brysbaert e Duyck (2010). Os autores argumentam que ha boa evidencia contraria a separacao dos dois lexicos, na literatura. Por exemplo, pesquisas com foco no reconhecimento de palavras apresentam evidencia, favorecendo competicao das duas linguas do bilingue. Adicionalmente, homografos interlinguisticos apresentam efeitos de interferencia nas duas linguas do bilingue, enquanto cognatos sao reconhecidos mais rapidamente, mesmo em altos niveis de proficiencia. Os autores tambem argumentam que traducoes nem sempre sao mapeadas uma a uma. Ao contrario, palavras podem ter multiplas traducoes, dependendo do contexto.

Com relacao a discussao sobre o modelo hierarquico revisado, deve ser mencionada a importancia de as pesquisas analisarem tanto a compreensao quanto a producao--para que o entendimento sobre o acesso lexical de bilingues/ multilingues seja mais completo. Alem disso, deve ser mencionado que o modelo hierarquico revisado e um modelo simples, o qual nao deve ser desprezado. Ao contrario, ele pode ser investigado e melhorado para melhor acomodar os resultados mais recentes da literatura. Porem, para Brysbaert e Duyck (2010), esse modelo deveria ser substituido por modelos computacionais, como o modelo de ativacao interativa bilingue (BIA), o qual e apresentado a seguir, na secao que aborda o acesso lexical de bilingues na compreensao e/ou no reconhecimento de palavras.

O acesso lexical de bilingues na compreensao de palavras

O modelo de ativacao interativa bilingue (BIA) e um modelo muito importante em pesquisas de reconhecimento de palavras por bilingues. Grainger e Dijkstra (1992) explicam que o modelo BIA consiste de tres niveis de representacao, os quais sao: letra, palavra e lingua. Dijkstra e Van Heuven (2002) afirmam que, em 1998, o modelo BIA era um modelo de reconhecimento de palavras, com foco no reconhecimento de representacoes ortograficas. O modelo BIA+ (DIJKSTRA; VAN HEUVEN, 2002) incorporou algumas mudancas em relacao ao modelo BIA (1998 apud DIJKSTRA; VAN HEUVEN, 2002), em relacao aos nos linguisticos, como tambem a adicao de representacoes e um componente de decisao de tarefa. Dijkstra e Van Heuven (2002) afirmam que o modelo BIA+ distingue entre um sistema de identificacao de palavras e um sistema de decisao de tarefas. Adicionalmente, o modelo assume interatividade com o sistema de identificacao de palavras e sistemas de ordem superiores, como o parser. O modelo BIA defende acesso nao seletivo e um lexico mental integrado para as duas linguas. De acordo com o modelo, o reconhecimento da palavra alvo e influenciado por vizinhos ortograficos das duas linguas.

Na versao do modelo de 2002, o BIA+, reconhecimento de palavras por bilingues nao e afetado apenas por efeitos de similaridade ortografica das duas linguas, mas tambem por sobreposicao fonologica e semantica entre as duas linguas. Quando representacoes ortograficas sao ativadas, elas tambem ativam representacoes fonologicas e semanticas associadas. A ativacao de codigos ortograficos no modelo BIA+ e a mesma que no modelo BIA: uma serie de candidatos lexicais sao ativados em paralelo. O modelo propoe que, em linguas ortograficamente relacionadas, o numero de itens ativados sera maior do que em linguas mais distintas. Os autores afirmam que o modelo BIA+ e um sistema que identifica qual informacao e ativada nas diferentes linguas em uma dada tarefa ou em um esquema de tarefa. Os autores explicam que os esquemas de tarefas sao como algoritmos mentais com os passos necessarios para o processamento de uma tarefa especifica. A Tabela 2 apresenta estudos que encontraram sustentacao empirica para o modelo BIA+.

Como pode ser observado na Tabela 2, todos os estudos apresentados encontraram sustentacao empirica para o modelo BIA+ em algum aspecto, seja este nao seletividade (SUNDERMAN; KROLL, 2006; LIBBEN; TITONE, 2009; TITONE et al., 2011), ou a inibicao da lingua nao pretendida (JARED; KROLL, 2001). Outros estudos favoreceram o modelo, pois o contexto afetou a ativacao do lexico bilingue (SCHWARTZ; KROLL, 2006; CHAMBERS; COOKE, 2009). O efeito de facilitacao dos cognatos tambem foi encontrado (VAN ASSCHE et al., 2013), assim como o efeito do componente N400, mostrando que, com o aumento da proficiencia, ha diminuicao da diferenca de ativacao entre a L1 e a L2 (DUNABEITIA et al. 2010). A ativacao paralela das duas linguas do bilingue no conhecimento de homografos interlinguisticos (KERKHOFS et al., 2006) e os resultados de priming semantico precoce e automatico entre as duas linguas do bilingue (PEREA et al., 2008) tambem foram interpretados como evidencia, favorecendo o modelo BIA+.

Em suma, observa-se que os estudos mostraram que o modelo BIA+ pode ser investigado em uma diversidade de tarefas com diferentes combinacoes de linguas. Observa-se tambem haver um numero maior de estudos que investigaram o modelo BIA+ do que o modelo RHM. No entanto, estudos com trilingues ainda sao escassos na literatura. A proxima subsecao apresenta a critica ao modelo BIA+.

Critica ao modelo BIA+

Embora o modelo BIA+ nao tenha recebido criticas tao extensivas, Jacquet e French (2002) apresentam algumas sugestoes para o aperfeicoamento do modelo. Os autores afirmam que o modelo poderia evoluir para um modelo conexionista distribuido, ao inves de ser um modelo modular, conforme proposto. Os autores tambem argumentam que a separacao das formas lexicais nas duas linguas do bilingue nao e explicada no modelo.

Jacquet e French (2002) afirmam ainda que nao ha explicacao sobre como a nova lingua e incorporada ao sistema. Alem disso, de acordo com os autores, o modelo nao explica como a informacao relativa a lingua a qual a palavra pertence e proporcionada. Adicionalmente, os nos linguisticos presentes no modelo sao associados a cada modulo, o que, conforme os autores, nao e necessario, porque, quando realiza uma determinada tarefa, o bilingue nao precisa ser lembrado a todo momento sobre a lingua que esta sendo usada. Alem disso, os autores afirmam que pesquisas futuras sobre o modelo poderiam incorporar dinamicas e mecanismos de aprendizagem ao modelo. Por ultimo, os autores afirmam que o modelo poderia incorporar tanto processos top-down como bottom-up; assim, o modelo poderia explicar os processos da linguagem na sua totalidade.

Essa critica de Jacquet e French (2002) e muito interessante, principalmente, no contexto desta revisao de literatura, em que tres pontos devem ser destacados. O primeiro se refere a sugestao da incorporacao de mecanismos de aprendizagem ao modelo. Essa sugestao esta fortemente relacionada ao debate existente na literatura (BRYSBAERT; DUYCK, 2010; KROLL et al., 2010) entre o modelo RHM e o modelo BIA+: o primeiro leva em consideracao o desenvolvimento da proficiencia do aprendiz, e o segundo nao. Um segundo aspecto a ser destacado da critica de Jacquet e French (2002) diz respeito ao aspecto da dinamica. O modelo dinamico do multilinguismo (DMM), que sera apresentado na subsecao 5.2 deste artigo, ressalta a necessidade de olhar para o sistema linguistico a partir de uma perspectiva dinamica. Por fim, o terceiro aspecto a ser destacado dessa critica se refere ao fato de modelos de acesso lexical, normalmente, estarem divididos entre processos de compreensao ou de producao da linguagem, e, de acordo com os autores, a uniao dos dois processos em um unico modelo tornaria o entendimento mais completo. Embora a maioria dos estudos trate de um aspecto ou de outro (compreensao ou producao), os resultados fundamentais de pesquisas sobre o acesso lexical nao deveriam ser tao divergentes, pois a questao central de investigacao e a mesma: o acesso lexical de bilingues/ multilingues.

Em relacao a essa diferenciacao sobre compreensao e producao da fala, Costa (2005) afirma que aprendizes de L2 normalmente informam ter mais dificuldade em produzir a lingua do que em compreende-la. Paradis (2004) tambem afirma que a producao da fala requer uma maior ativacao do que a compreensao dela. Portanto, e necessario investigar os processos envolvidos tanto na producao como na compreensao da linguagem, para que um maior entendimento do assunto seja alcancado. Visto que compreensao foi o foco desta secao, a proxima e dedicada ao acesso lexical na producao da fala de bilingues.

O acesso lexical na producao da fala

Costa (2005) argumenta que pesquisas com foco no acesso lexical no reconhecimento de palavras tem demonstrado que o fluxo de ativacao nao e especifico a lingua, conforme relatado na secao anterior. No entanto, os processos envolvidos na producao da fala sao processos top-down, enquanto em reconhecimento de palavras os processos sao bottom-up. Isso ocorre porque, na compreensao, o estimulo externo ativa a representacao da pessoa, enquanto na producao da fala, representacoes lexicais sao ativadas de acordo com as representacoes conceituais ativadas, como consequencia da intencao de comunicacao do falante. Na producao da fala, o falante tambem tem um controle maior sobre certos aspectos, tais como: a lingua que sera utilizada para a producao, o conteudo da mensagem e as palavras que serao utilizadas.

Existe um certo consenso em pesquisas sobre o acesso lexical, quanto a existencia de um processo no qual as representacoes lexicais sao especificadas e um outro em que as representacoes ortograficas e fonologicas sao especificadas (CARAMAZZA; MIOZZO, 1998). Isso constituiria dois niveis de representacao, o nivel do lema e do lexema. O nivel do lema consiste das propriedades sintaticas da palavra, enquanto o nivel do lexema consiste das informacoes fonologicas e ortograficas da palavra (CARAMAZZA; MIOZZO, 1998).

Roelofs (1992) argumenta que ha tres processos envolvidos na producao da fala. O primeiro processo e o da conceptualizacao, no qual os conceitos que irao ser expressos sao especificados. O segundo processo e a formulacao, no qual as palavras correspondentes aos conceitos pretendidos sao selecionadas. Nesse processo, a representacao sintatica e fonologica das estruturas e formada. O terceiro processo e a articulacao, no qual a fala e proferida.

Sabe-se que dois principios governam esses processos: ativacao e selecao (COSTA, 2005). A disponibilidade das representacoes (conceitos, palavras e fonemas), nos diferentes niveis de processamento, e determinada pelos seus niveis correspondentes de ativacao (COSTA, 2005). De acordo com Costa (2005), a primeira representacao ativada e a dos conceitos, a qual, na sequencia, propaga a ativacao as representacoes lexicais correspondentes. Costa (2005) argumenta que, nesse momento de producao da fala, uma decisao deve ser tomada em relacao ao no lexical que sera escolhido dentre varios possiveis candidatos, o qual consiste no processo de selecao lexical. Dessa forma, a selecao lexical e uma parte do processo do acesso lexical.

De acordo com Costa (2005), a ativacao do no lexical tambem propaga para o nivel sublexical ou fonologico, ja que a etapa final e a producao da fala. Alem disso, ha competicao entre as representacoes dos possiveis candidatos em todos os niveis de representacao. No entanto, a maior questao envolvendo a producao da fala de bilingues e se a ativacao das representacoes nos diferentes niveis e restrita a uma ou a duas linguas (COSTA, 2005).

Modelos atuais de acesso lexical propoem que a ativacao do sistema conceitual flui para as representacoes lexicais das duas linguas do bilingue (COSTA, 2005). Isso significa que a ativacao do nivel semantico ao lexical nao e especifica a lingua. A questao que permanece e se as representacoes lexicais tambem ativam representacoes fonologicas nas duas linguas do bilingue.

Morsella e Miozzo (2002) argumentam haver uma controversia se os dois processos que formam a recuperacao lexical--o lema e o lexema--ocorrem em uma ordem fixa ou dinamica. Na visao serial do acesso lexical, admite-se que a ordem desses dois estagios e fixa. Morsella e Miozzo (2002) argumentam que os modelos seriais tiveram origem em experimentos de tempo de reacao. De acordo com essa visao serial, ativacao fonologica consiste apenas no no lexical selecionado. Por outro lado, uma visao oposta a esta e a interativa. Morsella e Miozzo (2002) explicam que os modelos interativos tiveram origem em pesquisas de erros de fala, em que os erros eram tanto semanticos como fonologicos, e eram denominados erros misturados. Essa e uma visao dinamica, na qual a ativacao fonologica pode ocorrer antes da selecao lexical. Por esse motivo, nesta visao, pode existir ativacao fonologica de nos lexicais nao selecionados. Em outras palavras, Hermans et al. (1998) explicam que, na ordem fixa de acesso lexical, a selecao de lemas precede a recuperacao de lexemas. Por outro lado, em modelos interativos, a recuperacao de lexemas pode afetar a selecao de lemas, e estes nao sao vistos como processos separados.

Conforme relatado, observa-se que, na producao da fala, pode haver algum consenso em relacao a natureza nao seletiva do acesso lexical das duas linguas do bilingue. No entanto, ainda ha um debate em relacao a ativacao no nivel fonologico. Sobre essa questao, ha uma visao sequencial, a qual propoe uma ordem fixa para a recuperacao de lemas e lexemas. De acordo com essa visao, apenas o no lexical selecionado tera seus segmentos fonologicos ativados. Por outro lado, modelos interativos propoem uma visao mais dinamica do acesso lexical, em que a ativacao fonologica dos nos lexicais nao selecionados tambem e possivel. A Tabela 3 apresenta estudos empiricos que investigaram questoes relacionadas as visoes sequencial e interativa de acesso lexical e ao aspecto seletivo ou nao seletivo da producao da fala.

Conforme a Tabela 3, observa-se que a literatura sobre o acesso lexical de bilingues na producao da fala apresenta diferentes resultados, dentre os quais o estudo de Costa et al. (1999) favoreceu a hipotese da selecao especifica da lingua, enquanto Colome e Miozzo (2010) argumentam que as duas linguas do bilingue tem suas representacoes fonologicas ativadas na producao da fala. Porem, Colome e Miozzo (2010) nao assumiram posicao especifica com relacao aos modelos sequenciais ou interativos de acesso lexical. Com relacao a esses modelos, outros estudos encontraram resultados diferentes. Um estudo encontrou resultados que contradizem modelos sequenciais (COLOME, 2001). Outro estudo favoreceu modelos interativos (COSTA et al., 2000). Por outro lado, Hermans et al. (1998) afirmam que seus resultados podem ser discutidos com base nos dois modelos.

Dessa forma, observa-se nao haver consenso na literatura de acesso lexical de bilingues em relacao as hipoteses sequencial e interativa. Portanto, ha espaco para mais pesquisas nesta area, principalmente com foco no lexico multilingue, visto que a maioria dos estudos tem-se concentrado no acesso lexical de bilingues ou monolingues. Os resultados de Colome e Miozzo (2010), por exemplo, poderiam ser investigados com trilingues; assim, poder-se-ia analisar se todas as linguas permanecem ativadas durante a producao da fala e quais os mecanismos responsaveis por controlar essa ativacao. Alem disso, outros fatores poderiam ser analisados, como o tipo da tarefa, o nivel de proficiencia dos participantes e a frequencia de uso das linguas envolvidas.

Tendo apresentado os diferentes modelos e estudos com foco no acesso lexical tanto na compreensao como na producao da fala de bilingues, a proxima secao apresenta dois modelos desenhados especificamente para o estudo com multilingues.

Modelos de acesso lexical multilingue

Nas secoes anteriores deste artigo, modelos de acesso lexical com foco em bilingues foram apresentados e discutidos. Nesta secao, dois modelos de acesso lexical desenhados com especial consideracao a multiplas linguas sao apresentados. Primeiramente, o modelo do processamento multilingue e apresentado. Na sequencia, uma visao dinamica do acesso lexical e apresentada no modelo do multilinguismo.

O modelo do processamento multilingue

O modelo do processamento multilingue (DE BOT, 2004) tem como foco a producao da fala multilingue. Esse modelo sustenta a visao nao seletiva do acesso lexical. O modelo foi desenhado de tal forma que ele pode ser aplicado tanto para bilingues como para multilingues, independentemente do numero de linguas. O modelo e dividido em basicamente tres compartimentos: um contem as caracteristicas conceituais, o outro as propriedades sintaticas e o terceiro a forma dos elementos. Esses tres compartimentos sao subdivididos em subconjuntos, os quais sao especificos para cada lingua. Nesses subconjuntos, ha sobreposicao das similaridades entre as diferentes linguas. No modelo, ha um no linguistico responsavel por controlar a lingua que sera utilizada. A selecao da lingua, nesses nos linguisticos, e regulada pelo nivel de ativacao. Em outras palavras, quando uma lingua especifica e requerida para a comunicacao, o no linguistico envia informacoes para ativar a lingua correta. No entanto, como ha sobreposicao de elementos semelhantes entre as linguas, estes podem ser ativados tambem.

Esse modelo oferece varias possibilidades para a investigacao do lexico multilingue. Alem disso, o modelo do processamento multilingue e semelhante ao modelo BIA+ em alguns aspectos: os dois modelos tem o nivel de ativacao das linguas como um ponto inicial e ambos levam em conta a influencia das semelhancas entre as diferentes linguas no acesso lexical. A proxima subsecao apresenta uma visao dinamica do multilinguismo.

O modelo dinamico do multilinguismo

O modelo dinamico do multilinguismo (DMM) (HERDINA; JESSNER, 2002) propoe que o sistema multilingue e dinamico e adaptavel. Esse modelo leva em conta o desenvolvimento de novas qualidades do individuo multilingue, as quais sao resultado da aquisicao de uma nova lingua (JESSNER, 2006). Alem disso, o DMM esta de acordo com a suposicao sustentada por Cook e Grosjean de que bilingues nao podem ser comparados com monolingues por causa da multicompetencia (JESSNER, 2006).

Jessner (2008) afirma que, no contexto multilingue, devido ao aumento do numero de linguas envolvidas, a dinamica, ou as mudancas e a complexidade do aprendizado de uma lingua, sao mais evidentes. O DMM aplica a teoria dos sistemas dinamicos (DST) a aquisicao de multiplas linguas. Lowie e Verspoor (2011) afirmam que DST e uma teoria de mudanca. Os autores constatam que os primeiros modelos (como o de LEVELT, 1999) eram propostos de modo linear; porem, uma visao mais recente da linguagem e a dos sistemas dinamicos complexos.

O DMM tambem postula que a aprendizagem da lingua e dependente do tempo e da energia dedicada a isso. No entanto, visto que o modelo assume que os recursos dos aprendizes sao limitados, o acesso ao conhecimento linguistico ira depender do investimento do aprendiz. O DMM tambem propoe que os diferentes sistemas linguisticos do multilingue sao interdependentes. Alem disso, o modelo adota uma visao holistica do multilinguismo, a qual e necessaria para o entendimento da complexidade envolvida no sistema.

Jessner (2006, p. 33, traducao nossa) afirma que o DMM
   [...] reforca a nao-linearidade do desenvolvimento linguistico, a
   interdependencia entre os sistemas linguisticos e a mudanca de
   qualidade no processo de aprendizagem da lingua assim como a
   variacao do aprendiz (2).


Jessner (2006) tambem argumenta que a visao nao linear do desenvolvimento da linguagem deve ser considerada por causa da dinamica envolvida no sistema linguistico.

Consideracoes finais

Embora o objetivo deste artigo fosse coletar informacoes a respeito do lexico multilingue, a maioria dos estudos revisados foi relacionado ao lexico bilingue. O motivo para esta selecao de estudos e devido ao fato de os estudos com foco no multilinguismo serem baseados em pesquisa previa sobre a memoria bilingue ou a representacao do lexico bilingue (DE ANGELIS, 2007). Os modelos de acesso lexical que tem sido extensivamente investigados na literatura--o RHM, o BIA+ e os modelos sequenciais e interativos de producao da fala--todos tem como foco o lexico bilingue.

No entanto, muitas questoes com relacao ao acesso lexical sao relevantes ao estudo com multilingues. No caso especifico do modelo RHM, deve ser mencionado que pesquisas poderiam ser conduzidas com trilingues para alcancar conclusoes com relacao a organizacao das tres linguas. Visto que a dominacao da lingua e o criterio de organizacao lexical para o modelo RHM, poderia ser investigada a hipotese de que, independentemente do numero de linguas, o lexico seria organizado de acordo com a proficiencia. No entanto, com multilingues, o caso e ainda mais complexo porque o individuo pode possuir duas linguas menos dominantes, por exemplo, e duas linguas mais dominantes. Nesse caso, quais outros fatores iriam determinar a organizacao do lexico multilingue? Seria a semelhanca entre as linguas ou a ordem na qual as linguas foram adquiridas? Estas sao apenas algumas questoes para exemplificar que o estudo do lexico multilingue oferece uma grande variedade de possibilidades.

O modelo BIA+, por outro lado, parece ser mais facilmente adaptado ao estudo com multilingues. Esse modelo e baseado no nivel de ativacao das linguas do bilingue. Portanto, se mais linguas forem adicionadas ao sistema, como no caso de trilingues, o principio de organizacao lexical pode continuar o mesmo. Desse modo, a frequencia de uso de cada lingua poderia ser um fator determinante na facilidade ou dificuldade de acessar o lexico. Adicionalmente, a facilitacao ou interferencia de uma lingua na outra poderia continuar sendo baseada na frequencia de uso da lingua e na semelhanca da forma dos elementos entre as diferentes linguas. Estas hipoteses poderiam ser investigadas com base no modelo.

Apesar de ser um modelo de producao da fala e nao de reconhecimento de palavras, o modelo do processamento multilingue tambem tem a ativacao da lingua como um ponto de partida, assim como o modelo BIA+. Os dois modelos favorecem a visao nao seletiva do acesso lexical e a semelhanca entre as linguas. O modelo do processamento multilingue e muito interessante para pesquisas com multilinguismo, principalmente porque nao ha limites para o numero de linguas envolvidas no sistema.

Os modelos sequencial e interativo de producao da fala tambem oferecem uma serie de possibilidades para pesquisa sobre o lexico multilingue, visto que a maioria dos estudos tem se concentrado em individuos que falam apenas uma ou duas linguas. A adicao de mais linguas ao sistema pode aumentar a discussao do acesso lexical com relacao as visoes sequenciais e interativas. A primeira questao a ser levantada com relacao a esses modelos e se um trilingue tem todas as linguas ativadas durante o acesso lexical. Adicionalmente, pesquisas poderiam investigar quais fatores podem regular a ativacao ou inibicao dos itens nao pretendidos na producao da fala.

Alem disso, os modelos do lexico bilingue poderiam ser incorporados na perspectiva mais dinamica do multilinguismo, na qual sistemas estao em constante mudanca, conforme proposto pelo DMM. Esse modelo mostra que a lingua e um sistema dinamico, no qual mudancas ocorrem a todo momento. Adicionalmente, neste modelo, as linguas nao sao vistas como separadas, mas como sistemas altamente conectados. De acordo com Lowie e Verspoor (2011), os modelos deveriam ser revisitados nesta nova perspectiva de sistemas dinamicos, em que ha interacao nos diferentes modulos para poder explicar um processamento dinamico.

Doi: 10.4025/actascilangcult.v37i4.25234

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Received on October 19, 2014.

Accepted on July 27, 2015.

License information: This is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.

Pamela Freitas Pereira Toassi * e Mailce Borges Mota

Departamento de Lingua e Literatura Estrangeiras, Programa de Pos-graduacao em Ingles: Estudos Linguisticos, Laboratorio da Linguagem e Processos Cognitivos, Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Reitor Joao David Ferreira Lima, Rua Eng. Agronomico Andrei Cristian Ferreira, s/n, Predio B, sala 511, 88040-900, Florianopolis, Santa Catarina, Brasil. *Autorpara correspondencia. Email: pam.toassi@gmail.com

(1) Citacao original: It is important that researchers "[...] do not blindly assume that bilinguals are the same as multilinguals" (BUTLER, 2012, p. 111).

(2) Citacao original: the DMM: "[...] stresses the non-linearity of language growth, the interdependence between language systems and the change of quality in the language learning process as well as learner variation" (JESSNER, 2006, p. 33).
Tabela 1. Estudos empiricos em favor do modelo hierarquico
revisado.

Estudo         Objetivo                       Participantes

Kroll et       Investigar o acesso lexical    L1-ingles
  al. (2002)     da L1 e da L2.               L2-frances ou
                                                espanhol
Palmer et      Testar as pressuposicoes do    L1-ingles
  al. (2010)     modelo hierarquico           L2-espanhol.
                 revisado.
Alvarez et       Investigar a organizacao e   L1-ingles
  al. (2003)     o processamento de           L2-espanhol.
                 palavras na L1 e na L2.
Phillips et    Investigar variacao da         L1-ingles
  al. (2004)     proficiencia na L2 na        L2-frances, com
                 eficiencia do priming        diferentes niveis
                 semantico.                     de proficiencia.
Sholl et       Investigar a relacao entre     L1-ingles
  al. (1995)     nomeacao de figuras e        L2-espanhol.
                 traducao.
Sunderman e    Investigar as pressuposicoes   L1-ingles
  Kroll          dos modelos RHM e BIA no     L2-espanhol, com
 (2006)          processamento da L2.         diferentes niveis
                                                de proficiencia.
Perea et       Investigar o acesso a          L1-basco
  al. (2008)     representacao semantica de   L2-espanhol.
                 bilingues altamente
                 proficientes.

Estudo         Tarefas                 Resultados

Kroll et       --Nomeacao de           --A traducao foi mais rapida
  al. (2002)     figuras;                da L2 para a L1 do que da
               --Traducao.               L1 para a L2, em todos os
                                         niveis de proficiencia.
Palmer et      --Paradigma de          --Um efeito maior do
  al. (2010)     reconhecimento da       componente N400 foi
                 traducao;               observado na traducao de
               --Potenciais              L2 para L1 do que de L1
                 evocados.               para L2.
Alvarez et     --Uma tarefa de         --O efeito de priming foi
  al. (2003)     deteccao semantica      mais rapido da L2 para a
                 da palavra;             L1 do que da L1 para a L2.
               --Potenciais
                 evocados.
Phillips et    --Classificacao         --Houve um atraso de 50 ms
  al. (2004)     semantica;              no efeito do componente
               --Medidas de tempo        N400 na L2 para os
                 de reacao.              bilingues altamente
               --Potenciais              proficientes, em
                 evocados.               comparacao com a L1 desses
                                         bilingues.
Sholl et       --Paradigma de          --A nomeacao de figuras
  al. (1995)     transferencia           produziu transferencia na
                 envolvendo              traducao da L1 para L2,
                 nomeacao de             mas nao na traducao da L2
                 figuras e traducao.     para a L1.
Sunderman e    --Tarefa de             --Vizinhos ortograficos
  Kroll          reconhecimento da       foram ativados para
 (2006)          traducao.               aprendizes da L2 menos e
                                         mais proficientes.
                                       --Apenas os aprendizes menos
                                         proficientes ativaram o
                                         equivalente da traducao
                                         da L1.
Perea et       --Decisao lexical.      --Tanto bilingues
  al. (2008)                             simultaneos como tardios
                                         demonstraram efeitos de
                                         priming de associacao
                                         semantica para pares de
                                         palavras nao cognatas,
                                         nas duas linguas.

Tabela 2. Sustentacao empirica ao modelo BIA+.

Estudo         Objetivo                          Participantes

Sunderman;     Investigar as pressuposicoes do   L1-ingles
  Kroll          modelo RHM e BIA no             L2-espanhol, com
  (2006)         processamento lexical da L2.    diferentes niveis
                                                   de proficiencia.
Jared e        Investigar se bilingues ativam    L1-frances
  Kroll          correspondentes de som e        L2-ingles.
  (2001)         ortografia na lingua nao alvo
                 quando nomeados na outra
                 lingua.
Schwartz e     Investigar os efeitos do          L1-espanhol
  Kroll          contexto na ativacao das        L2-ingles, com
  (2006)         linguas.                        diferentes niveis
                                                   de proficienia.
Chambers e     Investigar os efeitos do          L1-ingles
  Cooke          contexto da sentenca e da       L2-frances, com
  (2009)         proficiencia na ativacao        diferentes niveis
                 paralela da lingua.               de proficiencia.
Libben e       Investigar os efeitos da          L1-frances
  Titone         restricao semantica no acesso   L2-ingles.
  (2009)         lexical.
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Kerkhofs et    Investigar o reconhecimento de    L1-holandes
  al. (2006)     homografos interlinguisticos    L2-ingles.
                 nas duas linguas do bilingue.
Van Assche     Investigar os efeitos de verbos   L1-holandes
  et al.         cognatos no acesso lexical de   L2-ingles.
  (2013)         bilingues.
Dunabeitia     Investigar se ha efeito           L1-basco
  et al.         simetrico de priming            L2-espanhol.
  (2010)         mascarado de traducao para
                 palavras nao cognatas em um
                 grupo de bilingues altamente
                 proficientes.
Perea et       Investigar acesso a               L1-basco
  al. (2008)     representacao semantica         L2-espanhol.
                 compartilhada, de forma
                 precoce e automatica, para
                 bilingues altamente
                 proficientes.

Estudo         Tarefas                     Resultados

Sunderman;     --Reconhecimento de         --Vizinhos ortograficos
  Kroll          traducao.                   foram ativados tanto
  (2006)                                     para os aprendizes de
                                             L2 menos proficientes
                                             como para os mais
                                             proficientes.
                                           --Apenas os aprendizes
                                             de L2 menos
                                             proficientes ativaram
                                             o equivalente de
                                             traducao da L1.
Jared e        --Nomeacao de figuras,      --A fonologia do frances
  Kroll          em que vizinhos com         nao foi ativada quando
  (2001)         diferentes pronuncias       os participantes
                 eram nomeados na lingua     estavam nomeando na
                 dominante.                  lingua dominante, o
                                             ingles.
                                           --Porem, houve influencia
                                             do frances depois de
                                             os participantes
                                             nomearem figuras nessa
                                             lingua.
Schwartz e     --Leitura de sentencas de   --Efeito facilitador de
  Kroll          baixa e alta restricao      cognatos;
  (2006)         contextual, contendo      --Interferencia dos
                 cognatos e homografos       homografos
                 interlinguisticos.          interlinguisticos para
                                             os bilingues menos
                                             proficientes.
                                           --O contexto nao afetou
                                             muito os resultados.
Chambers e     --Tecnica de rastreamento   --Nao houve efeitos de
  Cooke          ocular do mundo visual,     proficiencia na
  (2009)         contendo homografos         competicao
                 interlinguisticos.          interlinguistica.
Libben e       --Leitura de sentencas      --Houve pouca
  Titone         contendo homografos         interferencia dos
  (2009)         interlinguisticos e         homografos
                 cognatos com                interlinguisticos para
                 rastreamento ocular.        sentencas de alta
                                             restricao contextual
                                             para medidas de
                                             compreensao tardias.
                                           --Cognatos facilitaram a
                                             leitura.
Titone et      --Leitura de paragrafos     --O efeito de facilitacao
  al. (2011)     contendo homografos         de cognatos foi maior
                 interlinguisticos e         quando a L2 foi
                 cognatos com                adquirida mais cedo.
                 rastreamento ocular.      --Houve ativacao entre as
                                             linguas, tanto para
                                             cognatos como para
                                             homografos
                                             interlinguisticos.
Kerkhofs et    --Decisao lexical com       --Primes relacionados
  al. (2006)     homografos na L2,           elicitaram uma
                 precedidos por primes       amplitude menor no
                 semanticamente              componente N400 do
                 relacionados                que primes nao
                 ou nao relacionados.        relacionados.
               --Potenciais evocados.
Van Assche     --Decisao lexical.          --O efeito de facilitacao
  et al.       --Leitura de sentencas        dos cognatos nao foi
  (2013)         contendo verbos             influenciado pelo
                 cognatos no tempo           tempo verbal.
                 presente e passado,
                 com rastreamento
                 ocular.
Dunabeitia     --Priming mascarado de      --Houve um efeito
  et al.         traducao.                   simetrico do componente
  (2010)       --Potenciais evocados.        N400 nas duas direcoes
                                             da traducao.
Perea et       --Decisao lexical.          --Efeitos de priming de
  al. (2008)                                 associacao semantica
                                             automatico e precoce
                                             para pares de palavras
                                             nao cognatas dentro da
                                             mesma lingua e entre
                                             as linguas do bilingue,
                                             tanto para os bilingues
                                             simultaneos como para
                                             os tardios.

Tabela 3. Estudos empiricos sobre acesso lexical na producao
da fala.

Estudo       Obietivo                    Participantes

Hermans et   Investigar o acesso         L1-holandes
   al.         lexical de uma lingua     L2-ingles.
  (1998)       menos dominante.
Costa et     Investigar ativacao         L1-catalao
  al.          paralela das duas         L2-espanhol.
  (1999)       linguas do bilingue.
Colome       Investigar se a             L1-catalao
  (2001)       representacao semantica   L2-espanhol.
               comum do bilingue
               ativa unidades lexicais
               nas duas linguas.
Costa et     Investigar se os nos        L1-catalao
  al. et       lexicais nao              L2-espanhol;
  al.          selecionados ativam         monolingues
  (2000)       suas representacoes         falantes de
               fonologicas.                espanhol.
Colome e     Investigar se as palavras   Experimento 1:
  Miozzo       nao alvo tambem sao       L1-espanhol
  (2010)       ativadas no lexico nao    L2-catalao.
               usado.                    Experimento 2:
                                         L1-catalao
                                         L2-espanhol.

Estudo       Tarefas               Resultados

Hermans et   Paradigma de          --Houve evidencia da ativacao do
   al.         interferencia         nome holandes durante o acesso
  (1998)       figura-palavra.       lexical do ingles.
Costa et     Paradigma de          --Houve facilitacao de palavras
  al.          interferencia         identicas de linguas
  (1999)       figura-palavra.       diferentes.
                                   --Pares da mesma lingua
                                     facilitaram mais do que pares
                                     de linguas diferentes.
Colome       Tarefa de             --Participantes levaram mais
  (2001)       monitoramento de      tempo Hipotese da
               fonemas.              independencia para reieitar
                                     fonemas que pertenciam a
                                     traducao do que fonemas que
                                     nao existiam nas palavras do
                                     espanhol ou catalao.
Costa et     Nomeacao de figuras   Bilingues nomearam figuras com
  al. et       que consistiam de     nomes cognatos mais
  al.          palavras cognatas     rapidamente do que figuras
  (2000)       e nao cognatas.       com nomes nao cognatos.
Colome e     Paradigma de          Experimento 1: nenhuma diferenca
  Miozzo       interferencia         foi encontrada nos tempos de
  (2010)       figura-figura.        resposta entre palavras
                                     relacionadas e nao
                                     relacionadas. Experimento 2:
                                     houve efeito fonologico com
                                     cognatos, indicando ativacao
                                     de palavras nao alvo na lingua
                                     nao usada.

Estudo       Modelo favorecido

Hermans et   Modelos sequencial e
   al.       interativo.
  (1998)
Costa et     Modelos de acesso lexical
  al.        especificos a lingua.
  (1999)
Colome
  (2001)     da lingua e contrario aos
             modelos sequenciais
             restritos.
Costa et     Modelos interativos, em
  al. et     que tanto os itens
  al.        selecionados como os nao
  (2000)     selecionados ativam seus
             segmentos fonologicos.
Colome e     Os resultados mostraram
  Miozzo     que a fonologia pode ser
  (2010)     ativada, mesmo na lingua
             nao selecionada.
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