Lexical access of bilinguals and multilinguals/ Acesso lexical de bilingues e multilingues.
Toassi, Pamela Freitas Pereira ; Mota, Mailce Borges
Introducao
A literatura nao oferece resposta unica e conclusiva para explicar
a organizacao e o processamento do lexico mental de bilingues. Existem
diferentes modelos e hipoteses, sob diferentes perspectivas, com o
objetivo de explicar o lexico mental de bilingues. Alem disso, estudos
com foco no acesso lexical de bilingues, na compreensao e na producao da
lingua, apresentam diferentes resultados. Este debate torna-se ainda
mais intenso quando abordado a partir da perspectiva do multilinguismo,
visto que a adicao de outra lingua torna o sistema mais complexo. Diante
do exposto, neste artigo, serao apresentados os resultados de uma
revisao de literatura sobre o acesso lexical de bilingues, em que as
pressuposicoes relacionadas ao lexico bilingue serao expandidas para o
estudo com individuos multilingues.
Este artigo tem como objetivo principal levantar questoes para
discussao relacionadas a pesquisas com o lexico multilingue, com base
nos modelos de lexico bilingue/multilingue que se encontram na
literatura. Um objetivo secundario deste estudo e encorajar a pesquisa
com o lexico multilingue no Brasil, visto que o pais tem um grande
potencial para desenvolver pesquisa em diferentes cenarios com
diferentes combinacoes de linguas. Dessa forma, tambem poderemos
contribuir para pesquisas sobre o acesso lexical e sobre multilinguismo
no cenario internacional.
Devido ao desproporcional numero de pesquisas em relacao ao lexico
bilingue (KROLL; TOKOWICZ, 2005), uma revisao de literatura que
contemple toda a area de pesquisa esta alem dos limites deste artigo.
Portanto, criterios de selecao foram necessarios. Partindo do
pressuposto de que questoes relacionadas ao acesso lexical sao mais bem
explicadas por experimentos (DIJKSTRA, 2005), estudos empiricos com foco
no acesso lexical de bilingues/multilingues, relacionados a modelos
extensivamente investigados na literatura foram selecionados para esta
revisao de literatura.
Os dois modelos de acesso lexical--o modelo hierarquico revisado
(RHM) e o modelo de ativacao interativa bilingue (BIA)--mais
extensivamente explorados neste artigo sao frequentes em revisoes de
literatura sobre o acesso lexical, tanto em artigos como em artigos de
livros (KROLL; DIJKSTRA, 2002; KROLL; SUNDERMAN, 2003; DIJKSTRA, 2005,
2007; THOMAS; VAN HEUVEN, 2005; KROLL; TOKOWICZ, 2005; HEREDIA; BROWN,
2012). O modelo hierarquico revisado (RHM) domina pesquisas sobre o
processamento da linguagem por bilingues (BRYSBAERT; DUYCK, 2010). Esse
modelo tem como foco o desenvolvimento da proficiencia do bilingue. Por
outro lado, o modelo BIA e o modelo de forma da palavra mais
extensivamente investigado na literatura (KROLL; TOKOWICZ, 2005). Dessa
forma, para completar o entendimento sobre o acesso lexical, modelos com
foco na producao lexical tambem foram explorados neste artigo. Dois
modelos de producao da fala que representam uma visao nao consensual do
acesso lexical de bilingues sao apresentados: o modelo sequencial e o
interativo. Por ultimo, dois modelos com foco no multilinguismo sao
apresentados: o modelo do processamento multilingue e o modelo dinamico
do multilinguismo. Esses dois modelos foram incluidos nesta revisao de
literatura devido ao seu foco especifico no multilinguismo.
Antes de iniciar a discussao sobre o lexico multilingue, uma
distincao deve ser feita, neste artigo, com relacao aos termos bilingue
e multilingue. Ao longo deste artigo, o termo bilingue sera utilizado
para designar o individuo com conhecimento de duas linguas, enquanto o
termo multilingue sera relacionado a pessoa com conhecimento de tres ou
mais linguas (HAMMARBERG, 2001). Esta distincao e sustentada por
pesquisadores da area do multilinguismo (JESSNER, 2006; DE ANGELIS,
2007; CENOZ, 2008). De Angelis (2007) argumenta em favor dessa
diferenciacao, principalmente devido aos efeitos que o conhecimento
linguistico previo tem na aprendizagem subsequente da lingua. A autora
alega que se o termo L2 for aplicado a todas as linguas aprendidas
depois da L1, isso nao implica diferenciacao alguma no processo de
aprendizagem de uma terceira e de uma segunda lingua. Do mesmo modo,
Butler (2012, p. 111, traducao nossa) afirma ser importante que
pesquisadores "[...] nao assumam cegamente que bilingues sao o
mesmo que multilingues" (1).
Este artigo esta organizado em cinco secoes. A primeira secao tem
como foco os modelos hierarquicos de acesso lexical. A segunda e a
terceira secoes sao relacionadas ao acesso lexical na compreensao e na
producao da fala, respectivamente. Por ultimo, a quarta secao apresenta
o modelo do processamento multilingue e o modelo dinamico do
multilinguismo. Uma conclusao e apresentada apos a quarta secao.
O acesso lexical de acordo com o modelo hierarquico revisado
Modelos hierarquicos propoem que as palavras das duas linguas do
bilingue sao armazenadas em lexicos separados (MARINI; FABBRO, 2007).
Potter et al. (1984) propuseram as primeiras hipoteses dentro da
perspectiva hierarquica de organizacao do lexico bilingue: a hipotese da
associacao de palavras e a hipotese da mediacao conceitual. Estas duas
hipoteses tinham como objetivo explicar as conexoes estabelecidas
durante a aquisicao do vocabulario da L2. De acordo com a hipotese da
associacao de palavras, quando as palavras da L2 sao adquiridas, elas
formam associacoes diretas com as palavras da L1. Por outro lado, a
hipotese da mediacao conceitual sugere que as palavras da L2 sao
associadas com os conceitos nao linguisticos, os quais sao comuns para a
L1 e a L2.
Kroll e Stewart (1994) conduziram um estudo para investigar as
hipoteses hierarquicas propostas por Potter et al. (1984), que consistia
de tres experimentos, os quais envolviam nomeacao de figuras e de
palavras e uma tarefa de traducao. Os resultados do estudo mostraram que
palavras eram nomeadas mais rapidamente do que as figuras
correspondentes. Os resultados tambem forneceram evidencia de que apenas
a nomeacao de figuras requer mediacao conceitual. Adicionalmente,
traducao da L1 para a L2 levou mais tempo do que da L2 para a L1, visto
que essa traducao era conceitualmente mediada e nao era influenciada
pelo contexto semantico. Por outro lado, traducao da L2 para a L1 nao
era influenciada pelo contexto semantico, assim como a nomeacao.
Consequentemente, a traducao da L2 para a L1 parecia ser lexicalmente
mediada.
Os resultados de Kroll e Stewart (1994) proporcionaram suporte
empirico para um modelo assimetrico de organizacao do lexico bilingue, o
modelo hierarquico revisado (RHM), o qual propoe que, para a aquisicao
tardia da L2, onde o lexico da L1 e a memoria conceitual ja estao
estabelecidos, as palavras da L2 sao adicionadas ao sistema atraves de
links lexicais com a L1. No entanto, conforme o aumento da proficiencia,
links conceituais diretos para as palavras da L2 sao adquiridos.
Entretanto, as conexoes lexicais entre as palavras da L1 e da L2 nao
desaparecem. O modelo hierarquico revisado tem recebido sustentacao
empirica de diversos estudos com bilingues, conforme apresentado na
Tabela 1.
Conforme a Tabela 1, observa-se que diferentes metodologias foram
empregadas nos estudos apresentados. Sustentacao empirica ao modelo
hierarquico revisado foi obtida com o resultado da assimetria de
traducao, em diferentes niveis de proficiencia (KROLL et al., 2002),
assim como com o resultado de um efeito maior do componente N400 na
ordem inversa do que na ordem direta de traducao (PALMER et al., 2010).
Adicionalmente, foi encontrado um efeito de priming mais rapido na ordem
inversa do que na ordem direta (ALVAREZ et al., 2003). Tambem houve
evidencia de que o processamento da L2 e mais lento do que o da L1,
devido a necessidade de acessar as palavras da L2 atraves do lexico da
L1 (PHILLIPS et al., 2004). Alem disso, repeticao de conceitos
mostrou-se mais efetiva da L1 para a L2 do que da L2 para a L1 (SHOLL et
al., 1995).
Em contraposicao aos estudos apresentados na Tabela 1, os
resultados do estudo de La Heij et al. (1996) com bilingues falantes de
holandes e ingles foram contrarios as pressuposicoes do modelo
hierarquico revisado. As tarefas (uma versao modificada da tarefa de
Stroop, uma tarefa de traducao e uma variacao da tarefa de interferencia
figura-palavra com condicoes relacionadas e nao relacionadas)
desempenhadas no estudo mostraram que traducao na ordem L1-L2 era mais
rapida do que na ordem inversa. Adicionalmente, figuras semanticamente
relacionadas facilitaram a traducao. Com base nesses resultados, os
autores afirmam que as duas direcoes de traducao sao mediadas
conceitualmente, contradizendo as pressuposicoes do modelo hierarquico
revisado. Outros estudos tambem encontraram resultados que divergiram do
modelo hierarquico revisado (ALTARRIBA; MATHIS, 1997; BLOEM; LA HEIJ,
2003; DUYCK; BRYSBAERT, 2004).
Diante do exposto, e possivel concluir que o modelo hierarquico
revisado tem recebido sustentacao empirica na literatura, mas isso nao
representa um consenso entre pesquisadores. Os estudos reportados acima
foram realizados com bilingues. Dessa forma, a questao que permanece e
como esse modelo pode ser estendido a multilingues. O modelo hierarquico
revisado deixa espaco para investigacao sobre o lexico multilingue,
visto que as conexoes estabelecidas quando uma terceira lingua ou uma
lingua adicional e adquirida nao estao especificadas no modelo (DE
ANGELIS, 2007). Adicionalmente, outras criticas tem sido feitas ao
modelo, conforme apresentado na proxima subsecao.
Critica ao modelo hierarquico revisado
De Groot (2002) apresenta algumas criticas ao modelo hierarquico
revisado. Primeiramente, a autora afirma que o modelo nao considera as
diferentes representacoes da forma da palavra (como, por exemplo, a
forma falada e escrita da palavra) e a autora tambem argumenta que as
representacoes fonologicas e ortograficas dessas palavras tem que ser
especificadas. De acordo com De Groot (2002), o modelo tambem deveria
conter mais camadas para abranger o conhecimento morfologico e sintatico
da palavra, por exemplo. Alem disso, as representacoes semanticas e
conceituais devem ser diferenciadas.
Green (1998) tambem apresenta algumas criticas ao modelo
hierarquico revisado, argumentando que ele nao explica como uma lingua e
inibida para que o bilingue possa nomear ou traduzir na lingua alvo.
Green (1998) argumenta que devem existir mecanismos de controle
presentes nas traducoes de L1-L2 e de L2-L1. O autor explica que,
durante a traducao da L1 para a L2, a nomeacao da palavra a ser
traduzida deve ser evitada. Consequentemente, havera lemas da L1 ativos
na competicao para a selecao de lemas e producao da L2.
Outra critica apresentada ao modelo hierarquico revisado e feita
por Brysbaert e Duyck (2010). Os autores argumentam que ha boa evidencia
contraria a separacao dos dois lexicos, na literatura. Por exemplo,
pesquisas com foco no reconhecimento de palavras apresentam evidencia,
favorecendo competicao das duas linguas do bilingue. Adicionalmente,
homografos interlinguisticos apresentam efeitos de interferencia nas
duas linguas do bilingue, enquanto cognatos sao reconhecidos mais
rapidamente, mesmo em altos niveis de proficiencia. Os autores tambem
argumentam que traducoes nem sempre sao mapeadas uma a uma. Ao
contrario, palavras podem ter multiplas traducoes, dependendo do
contexto.
Com relacao a discussao sobre o modelo hierarquico revisado, deve
ser mencionada a importancia de as pesquisas analisarem tanto a
compreensao quanto a producao--para que o entendimento sobre o acesso
lexical de bilingues/ multilingues seja mais completo. Alem disso, deve
ser mencionado que o modelo hierarquico revisado e um modelo simples, o
qual nao deve ser desprezado. Ao contrario, ele pode ser investigado e
melhorado para melhor acomodar os resultados mais recentes da
literatura. Porem, para Brysbaert e Duyck (2010), esse modelo deveria
ser substituido por modelos computacionais, como o modelo de ativacao
interativa bilingue (BIA), o qual e apresentado a seguir, na secao que
aborda o acesso lexical de bilingues na compreensao e/ou no
reconhecimento de palavras.
O acesso lexical de bilingues na compreensao de palavras
O modelo de ativacao interativa bilingue (BIA) e um modelo muito
importante em pesquisas de reconhecimento de palavras por bilingues.
Grainger e Dijkstra (1992) explicam que o modelo BIA consiste de tres
niveis de representacao, os quais sao: letra, palavra e lingua. Dijkstra
e Van Heuven (2002) afirmam que, em 1998, o modelo BIA era um modelo de
reconhecimento de palavras, com foco no reconhecimento de representacoes
ortograficas. O modelo BIA+ (DIJKSTRA; VAN HEUVEN, 2002) incorporou
algumas mudancas em relacao ao modelo BIA (1998 apud DIJKSTRA; VAN
HEUVEN, 2002), em relacao aos nos linguisticos, como tambem a adicao de
representacoes e um componente de decisao de tarefa. Dijkstra e Van
Heuven (2002) afirmam que o modelo BIA+ distingue entre um sistema de
identificacao de palavras e um sistema de decisao de tarefas.
Adicionalmente, o modelo assume interatividade com o sistema de
identificacao de palavras e sistemas de ordem superiores, como o parser.
O modelo BIA defende acesso nao seletivo e um lexico mental integrado
para as duas linguas. De acordo com o modelo, o reconhecimento da
palavra alvo e influenciado por vizinhos ortograficos das duas linguas.
Na versao do modelo de 2002, o BIA+, reconhecimento de palavras por
bilingues nao e afetado apenas por efeitos de similaridade ortografica
das duas linguas, mas tambem por sobreposicao fonologica e semantica
entre as duas linguas. Quando representacoes ortograficas sao ativadas,
elas tambem ativam representacoes fonologicas e semanticas associadas. A
ativacao de codigos ortograficos no modelo BIA+ e a mesma que no modelo
BIA: uma serie de candidatos lexicais sao ativados em paralelo. O modelo
propoe que, em linguas ortograficamente relacionadas, o numero de itens
ativados sera maior do que em linguas mais distintas. Os autores afirmam
que o modelo BIA+ e um sistema que identifica qual informacao e ativada
nas diferentes linguas em uma dada tarefa ou em um esquema de tarefa. Os
autores explicam que os esquemas de tarefas sao como algoritmos mentais
com os passos necessarios para o processamento de uma tarefa especifica.
A Tabela 2 apresenta estudos que encontraram sustentacao empirica para o
modelo BIA+.
Como pode ser observado na Tabela 2, todos os estudos apresentados
encontraram sustentacao empirica para o modelo BIA+ em algum aspecto,
seja este nao seletividade (SUNDERMAN; KROLL, 2006; LIBBEN; TITONE,
2009; TITONE et al., 2011), ou a inibicao da lingua nao pretendida
(JARED; KROLL, 2001). Outros estudos favoreceram o modelo, pois o
contexto afetou a ativacao do lexico bilingue (SCHWARTZ; KROLL, 2006;
CHAMBERS; COOKE, 2009). O efeito de facilitacao dos cognatos tambem foi
encontrado (VAN ASSCHE et al., 2013), assim como o efeito do componente
N400, mostrando que, com o aumento da proficiencia, ha diminuicao da
diferenca de ativacao entre a L1 e a L2 (DUNABEITIA et al. 2010). A
ativacao paralela das duas linguas do bilingue no conhecimento de
homografos interlinguisticos (KERKHOFS et al., 2006) e os resultados de
priming semantico precoce e automatico entre as duas linguas do bilingue
(PEREA et al., 2008) tambem foram interpretados como evidencia,
favorecendo o modelo BIA+.
Em suma, observa-se que os estudos mostraram que o modelo BIA+ pode
ser investigado em uma diversidade de tarefas com diferentes combinacoes
de linguas. Observa-se tambem haver um numero maior de estudos que
investigaram o modelo BIA+ do que o modelo RHM. No entanto, estudos com
trilingues ainda sao escassos na literatura. A proxima subsecao
apresenta a critica ao modelo BIA+.
Critica ao modelo BIA+
Embora o modelo BIA+ nao tenha recebido criticas tao extensivas,
Jacquet e French (2002) apresentam algumas sugestoes para o
aperfeicoamento do modelo. Os autores afirmam que o modelo poderia
evoluir para um modelo conexionista distribuido, ao inves de ser um
modelo modular, conforme proposto. Os autores tambem argumentam que a
separacao das formas lexicais nas duas linguas do bilingue nao e
explicada no modelo.
Jacquet e French (2002) afirmam ainda que nao ha explicacao sobre
como a nova lingua e incorporada ao sistema. Alem disso, de acordo com
os autores, o modelo nao explica como a informacao relativa a lingua a
qual a palavra pertence e proporcionada. Adicionalmente, os nos
linguisticos presentes no modelo sao associados a cada modulo, o que,
conforme os autores, nao e necessario, porque, quando realiza uma
determinada tarefa, o bilingue nao precisa ser lembrado a todo momento
sobre a lingua que esta sendo usada. Alem disso, os autores afirmam que
pesquisas futuras sobre o modelo poderiam incorporar dinamicas e
mecanismos de aprendizagem ao modelo. Por ultimo, os autores afirmam que
o modelo poderia incorporar tanto processos top-down como bottom-up;
assim, o modelo poderia explicar os processos da linguagem na sua
totalidade.
Essa critica de Jacquet e French (2002) e muito interessante,
principalmente, no contexto desta revisao de literatura, em que tres
pontos devem ser destacados. O primeiro se refere a sugestao da
incorporacao de mecanismos de aprendizagem ao modelo. Essa sugestao esta
fortemente relacionada ao debate existente na literatura (BRYSBAERT;
DUYCK, 2010; KROLL et al., 2010) entre o modelo RHM e o modelo BIA+: o
primeiro leva em consideracao o desenvolvimento da proficiencia do
aprendiz, e o segundo nao. Um segundo aspecto a ser destacado da critica
de Jacquet e French (2002) diz respeito ao aspecto da dinamica. O modelo
dinamico do multilinguismo (DMM), que sera apresentado na subsecao 5.2
deste artigo, ressalta a necessidade de olhar para o sistema linguistico
a partir de uma perspectiva dinamica. Por fim, o terceiro aspecto a ser
destacado dessa critica se refere ao fato de modelos de acesso lexical,
normalmente, estarem divididos entre processos de compreensao ou de
producao da linguagem, e, de acordo com os autores, a uniao dos dois
processos em um unico modelo tornaria o entendimento mais completo.
Embora a maioria dos estudos trate de um aspecto ou de outro
(compreensao ou producao), os resultados fundamentais de pesquisas sobre
o acesso lexical nao deveriam ser tao divergentes, pois a questao
central de investigacao e a mesma: o acesso lexical de bilingues/
multilingues.
Em relacao a essa diferenciacao sobre compreensao e producao da
fala, Costa (2005) afirma que aprendizes de L2 normalmente informam ter
mais dificuldade em produzir a lingua do que em compreende-la. Paradis
(2004) tambem afirma que a producao da fala requer uma maior ativacao do
que a compreensao dela. Portanto, e necessario investigar os processos
envolvidos tanto na producao como na compreensao da linguagem, para que
um maior entendimento do assunto seja alcancado. Visto que compreensao
foi o foco desta secao, a proxima e dedicada ao acesso lexical na
producao da fala de bilingues.
O acesso lexical na producao da fala
Costa (2005) argumenta que pesquisas com foco no acesso lexical no
reconhecimento de palavras tem demonstrado que o fluxo de ativacao nao e
especifico a lingua, conforme relatado na secao anterior. No entanto, os
processos envolvidos na producao da fala sao processos top-down,
enquanto em reconhecimento de palavras os processos sao bottom-up. Isso
ocorre porque, na compreensao, o estimulo externo ativa a representacao
da pessoa, enquanto na producao da fala, representacoes lexicais sao
ativadas de acordo com as representacoes conceituais ativadas, como
consequencia da intencao de comunicacao do falante. Na producao da fala,
o falante tambem tem um controle maior sobre certos aspectos, tais como:
a lingua que sera utilizada para a producao, o conteudo da mensagem e as
palavras que serao utilizadas.
Existe um certo consenso em pesquisas sobre o acesso lexical,
quanto a existencia de um processo no qual as representacoes lexicais
sao especificadas e um outro em que as representacoes ortograficas e
fonologicas sao especificadas (CARAMAZZA; MIOZZO, 1998). Isso
constituiria dois niveis de representacao, o nivel do lema e do lexema.
O nivel do lema consiste das propriedades sintaticas da palavra,
enquanto o nivel do lexema consiste das informacoes fonologicas e
ortograficas da palavra (CARAMAZZA; MIOZZO, 1998).
Roelofs (1992) argumenta que ha tres processos envolvidos na
producao da fala. O primeiro processo e o da conceptualizacao, no qual
os conceitos que irao ser expressos sao especificados. O segundo
processo e a formulacao, no qual as palavras correspondentes aos
conceitos pretendidos sao selecionadas. Nesse processo, a representacao
sintatica e fonologica das estruturas e formada. O terceiro processo e a
articulacao, no qual a fala e proferida.
Sabe-se que dois principios governam esses processos: ativacao e
selecao (COSTA, 2005). A disponibilidade das representacoes (conceitos,
palavras e fonemas), nos diferentes niveis de processamento, e
determinada pelos seus niveis correspondentes de ativacao (COSTA, 2005).
De acordo com Costa (2005), a primeira representacao ativada e a dos
conceitos, a qual, na sequencia, propaga a ativacao as representacoes
lexicais correspondentes. Costa (2005) argumenta que, nesse momento de
producao da fala, uma decisao deve ser tomada em relacao ao no lexical
que sera escolhido dentre varios possiveis candidatos, o qual consiste
no processo de selecao lexical. Dessa forma, a selecao lexical e uma
parte do processo do acesso lexical.
De acordo com Costa (2005), a ativacao do no lexical tambem propaga
para o nivel sublexical ou fonologico, ja que a etapa final e a producao
da fala. Alem disso, ha competicao entre as representacoes dos possiveis
candidatos em todos os niveis de representacao. No entanto, a maior
questao envolvendo a producao da fala de bilingues e se a ativacao das
representacoes nos diferentes niveis e restrita a uma ou a duas linguas
(COSTA, 2005).
Modelos atuais de acesso lexical propoem que a ativacao do sistema
conceitual flui para as representacoes lexicais das duas linguas do
bilingue (COSTA, 2005). Isso significa que a ativacao do nivel semantico
ao lexical nao e especifica a lingua. A questao que permanece e se as
representacoes lexicais tambem ativam representacoes fonologicas nas
duas linguas do bilingue.
Morsella e Miozzo (2002) argumentam haver uma controversia se os
dois processos que formam a recuperacao lexical--o lema e o
lexema--ocorrem em uma ordem fixa ou dinamica. Na visao serial do acesso
lexical, admite-se que a ordem desses dois estagios e fixa. Morsella e
Miozzo (2002) argumentam que os modelos seriais tiveram origem em
experimentos de tempo de reacao. De acordo com essa visao serial,
ativacao fonologica consiste apenas no no lexical selecionado. Por outro
lado, uma visao oposta a esta e a interativa. Morsella e Miozzo (2002)
explicam que os modelos interativos tiveram origem em pesquisas de erros
de fala, em que os erros eram tanto semanticos como fonologicos, e eram
denominados erros misturados. Essa e uma visao dinamica, na qual a
ativacao fonologica pode ocorrer antes da selecao lexical. Por esse
motivo, nesta visao, pode existir ativacao fonologica de nos lexicais
nao selecionados. Em outras palavras, Hermans et al. (1998) explicam
que, na ordem fixa de acesso lexical, a selecao de lemas precede a
recuperacao de lexemas. Por outro lado, em modelos interativos, a
recuperacao de lexemas pode afetar a selecao de lemas, e estes nao sao
vistos como processos separados.
Conforme relatado, observa-se que, na producao da fala, pode haver
algum consenso em relacao a natureza nao seletiva do acesso lexical das
duas linguas do bilingue. No entanto, ainda ha um debate em relacao a
ativacao no nivel fonologico. Sobre essa questao, ha uma visao
sequencial, a qual propoe uma ordem fixa para a recuperacao de lemas e
lexemas. De acordo com essa visao, apenas o no lexical selecionado tera
seus segmentos fonologicos ativados. Por outro lado, modelos interativos
propoem uma visao mais dinamica do acesso lexical, em que a ativacao
fonologica dos nos lexicais nao selecionados tambem e possivel. A Tabela
3 apresenta estudos empiricos que investigaram questoes relacionadas as
visoes sequencial e interativa de acesso lexical e ao aspecto seletivo
ou nao seletivo da producao da fala.
Conforme a Tabela 3, observa-se que a literatura sobre o acesso
lexical de bilingues na producao da fala apresenta diferentes
resultados, dentre os quais o estudo de Costa et al. (1999) favoreceu a
hipotese da selecao especifica da lingua, enquanto Colome e Miozzo
(2010) argumentam que as duas linguas do bilingue tem suas
representacoes fonologicas ativadas na producao da fala. Porem, Colome e
Miozzo (2010) nao assumiram posicao especifica com relacao aos modelos
sequenciais ou interativos de acesso lexical. Com relacao a esses
modelos, outros estudos encontraram resultados diferentes. Um estudo
encontrou resultados que contradizem modelos sequenciais (COLOME, 2001).
Outro estudo favoreceu modelos interativos (COSTA et al., 2000). Por
outro lado, Hermans et al. (1998) afirmam que seus resultados podem ser
discutidos com base nos dois modelos.
Dessa forma, observa-se nao haver consenso na literatura de acesso
lexical de bilingues em relacao as hipoteses sequencial e interativa.
Portanto, ha espaco para mais pesquisas nesta area, principalmente com
foco no lexico multilingue, visto que a maioria dos estudos tem-se
concentrado no acesso lexical de bilingues ou monolingues. Os resultados
de Colome e Miozzo (2010), por exemplo, poderiam ser investigados com
trilingues; assim, poder-se-ia analisar se todas as linguas permanecem
ativadas durante a producao da fala e quais os mecanismos responsaveis
por controlar essa ativacao. Alem disso, outros fatores poderiam ser
analisados, como o tipo da tarefa, o nivel de proficiencia dos
participantes e a frequencia de uso das linguas envolvidas.
Tendo apresentado os diferentes modelos e estudos com foco no
acesso lexical tanto na compreensao como na producao da fala de
bilingues, a proxima secao apresenta dois modelos desenhados
especificamente para o estudo com multilingues.
Modelos de acesso lexical multilingue
Nas secoes anteriores deste artigo, modelos de acesso lexical com
foco em bilingues foram apresentados e discutidos. Nesta secao, dois
modelos de acesso lexical desenhados com especial consideracao a
multiplas linguas sao apresentados. Primeiramente, o modelo do
processamento multilingue e apresentado. Na sequencia, uma visao
dinamica do acesso lexical e apresentada no modelo do multilinguismo.
O modelo do processamento multilingue
O modelo do processamento multilingue (DE BOT, 2004) tem como foco
a producao da fala multilingue. Esse modelo sustenta a visao nao
seletiva do acesso lexical. O modelo foi desenhado de tal forma que ele
pode ser aplicado tanto para bilingues como para multilingues,
independentemente do numero de linguas. O modelo e dividido em
basicamente tres compartimentos: um contem as caracteristicas
conceituais, o outro as propriedades sintaticas e o terceiro a forma dos
elementos. Esses tres compartimentos sao subdivididos em subconjuntos,
os quais sao especificos para cada lingua. Nesses subconjuntos, ha
sobreposicao das similaridades entre as diferentes linguas. No modelo,
ha um no linguistico responsavel por controlar a lingua que sera
utilizada. A selecao da lingua, nesses nos linguisticos, e regulada pelo
nivel de ativacao. Em outras palavras, quando uma lingua especifica e
requerida para a comunicacao, o no linguistico envia informacoes para
ativar a lingua correta. No entanto, como ha sobreposicao de elementos
semelhantes entre as linguas, estes podem ser ativados tambem.
Esse modelo oferece varias possibilidades para a investigacao do
lexico multilingue. Alem disso, o modelo do processamento multilingue e
semelhante ao modelo BIA+ em alguns aspectos: os dois modelos tem o
nivel de ativacao das linguas como um ponto inicial e ambos levam em
conta a influencia das semelhancas entre as diferentes linguas no acesso
lexical. A proxima subsecao apresenta uma visao dinamica do
multilinguismo.
O modelo dinamico do multilinguismo
O modelo dinamico do multilinguismo (DMM) (HERDINA; JESSNER, 2002)
propoe que o sistema multilingue e dinamico e adaptavel. Esse modelo
leva em conta o desenvolvimento de novas qualidades do individuo
multilingue, as quais sao resultado da aquisicao de uma nova lingua
(JESSNER, 2006). Alem disso, o DMM esta de acordo com a suposicao
sustentada por Cook e Grosjean de que bilingues nao podem ser comparados
com monolingues por causa da multicompetencia (JESSNER, 2006).
Jessner (2008) afirma que, no contexto multilingue, devido ao
aumento do numero de linguas envolvidas, a dinamica, ou as mudancas e a
complexidade do aprendizado de uma lingua, sao mais evidentes. O DMM
aplica a teoria dos sistemas dinamicos (DST) a aquisicao de multiplas
linguas. Lowie e Verspoor (2011) afirmam que DST e uma teoria de
mudanca. Os autores constatam que os primeiros modelos (como o de
LEVELT, 1999) eram propostos de modo linear; porem, uma visao mais
recente da linguagem e a dos sistemas dinamicos complexos.
O DMM tambem postula que a aprendizagem da lingua e dependente do
tempo e da energia dedicada a isso. No entanto, visto que o modelo
assume que os recursos dos aprendizes sao limitados, o acesso ao
conhecimento linguistico ira depender do investimento do aprendiz. O DMM
tambem propoe que os diferentes sistemas linguisticos do multilingue sao
interdependentes. Alem disso, o modelo adota uma visao holistica do
multilinguismo, a qual e necessaria para o entendimento da complexidade
envolvida no sistema.
Jessner (2006, p. 33, traducao nossa) afirma que o DMM
[...] reforca a nao-linearidade do desenvolvimento linguistico, a
interdependencia entre os sistemas linguisticos e a mudanca de
qualidade no processo de aprendizagem da lingua assim como a
variacao do aprendiz (2).
Jessner (2006) tambem argumenta que a visao nao linear do
desenvolvimento da linguagem deve ser considerada por causa da dinamica
envolvida no sistema linguistico.
Consideracoes finais
Embora o objetivo deste artigo fosse coletar informacoes a respeito
do lexico multilingue, a maioria dos estudos revisados foi relacionado
ao lexico bilingue. O motivo para esta selecao de estudos e devido ao
fato de os estudos com foco no multilinguismo serem baseados em pesquisa
previa sobre a memoria bilingue ou a representacao do lexico bilingue
(DE ANGELIS, 2007). Os modelos de acesso lexical que tem sido
extensivamente investigados na literatura--o RHM, o BIA+ e os modelos
sequenciais e interativos de producao da fala--todos tem como foco o
lexico bilingue.
No entanto, muitas questoes com relacao ao acesso lexical sao
relevantes ao estudo com multilingues. No caso especifico do modelo RHM,
deve ser mencionado que pesquisas poderiam ser conduzidas com trilingues
para alcancar conclusoes com relacao a organizacao das tres linguas.
Visto que a dominacao da lingua e o criterio de organizacao lexical para
o modelo RHM, poderia ser investigada a hipotese de que,
independentemente do numero de linguas, o lexico seria organizado de
acordo com a proficiencia. No entanto, com multilingues, o caso e ainda
mais complexo porque o individuo pode possuir duas linguas menos
dominantes, por exemplo, e duas linguas mais dominantes. Nesse caso,
quais outros fatores iriam determinar a organizacao do lexico
multilingue? Seria a semelhanca entre as linguas ou a ordem na qual as
linguas foram adquiridas? Estas sao apenas algumas questoes para
exemplificar que o estudo do lexico multilingue oferece uma grande
variedade de possibilidades.
O modelo BIA+, por outro lado, parece ser mais facilmente adaptado
ao estudo com multilingues. Esse modelo e baseado no nivel de ativacao
das linguas do bilingue. Portanto, se mais linguas forem adicionadas ao
sistema, como no caso de trilingues, o principio de organizacao lexical
pode continuar o mesmo. Desse modo, a frequencia de uso de cada lingua
poderia ser um fator determinante na facilidade ou dificuldade de
acessar o lexico. Adicionalmente, a facilitacao ou interferencia de uma
lingua na outra poderia continuar sendo baseada na frequencia de uso da
lingua e na semelhanca da forma dos elementos entre as diferentes
linguas. Estas hipoteses poderiam ser investigadas com base no modelo.
Apesar de ser um modelo de producao da fala e nao de reconhecimento
de palavras, o modelo do processamento multilingue tambem tem a ativacao
da lingua como um ponto de partida, assim como o modelo BIA+. Os dois
modelos favorecem a visao nao seletiva do acesso lexical e a semelhanca
entre as linguas. O modelo do processamento multilingue e muito
interessante para pesquisas com multilinguismo, principalmente porque
nao ha limites para o numero de linguas envolvidas no sistema.
Os modelos sequencial e interativo de producao da fala tambem
oferecem uma serie de possibilidades para pesquisa sobre o lexico
multilingue, visto que a maioria dos estudos tem se concentrado em
individuos que falam apenas uma ou duas linguas. A adicao de mais
linguas ao sistema pode aumentar a discussao do acesso lexical com
relacao as visoes sequenciais e interativas. A primeira questao a ser
levantada com relacao a esses modelos e se um trilingue tem todas as
linguas ativadas durante o acesso lexical. Adicionalmente, pesquisas
poderiam investigar quais fatores podem regular a ativacao ou inibicao
dos itens nao pretendidos na producao da fala.
Alem disso, os modelos do lexico bilingue poderiam ser incorporados
na perspectiva mais dinamica do multilinguismo, na qual sistemas estao
em constante mudanca, conforme proposto pelo DMM. Esse modelo mostra que
a lingua e um sistema dinamico, no qual mudancas ocorrem a todo momento.
Adicionalmente, neste modelo, as linguas nao sao vistas como separadas,
mas como sistemas altamente conectados. De acordo com Lowie e Verspoor
(2011), os modelos deveriam ser revisitados nesta nova perspectiva de
sistemas dinamicos, em que ha interacao nos diferentes modulos para
poder explicar um processamento dinamico.
Doi: 10.4025/actascilangcult.v37i4.25234
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Received on October 19, 2014.
Accepted on July 27, 2015.
License information: This is an open-access article distributed
under the terms of the Creative Commons Attribution License, which
permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium,
provided the original work is properly cited.
Pamela Freitas Pereira Toassi * e Mailce Borges Mota
Departamento de Lingua e Literatura Estrangeiras, Programa de
Pos-graduacao em Ingles: Estudos Linguisticos, Laboratorio da Linguagem
e Processos Cognitivos, Universidade Federal de Santa Catarina, Campus
Reitor Joao David Ferreira Lima, Rua Eng. Agronomico Andrei Cristian
Ferreira, s/n, Predio B, sala 511, 88040-900, Florianopolis, Santa
Catarina, Brasil. *Autorpara correspondencia. Email:
pam.toassi@gmail.com
(1) Citacao original: It is important that researchers "[...]
do not blindly assume that bilinguals are the same as
multilinguals" (BUTLER, 2012, p. 111).
(2) Citacao original: the DMM: "[...] stresses the
non-linearity of language growth, the interdependence between language
systems and the change of quality in the language learning process as
well as learner variation" (JESSNER, 2006, p. 33).
Tabela 1. Estudos empiricos em favor do modelo hierarquico
revisado.
Estudo Objetivo Participantes
Kroll et Investigar o acesso lexical L1-ingles
al. (2002) da L1 e da L2. L2-frances ou
espanhol
Palmer et Testar as pressuposicoes do L1-ingles
al. (2010) modelo hierarquico L2-espanhol.
revisado.
Alvarez et Investigar a organizacao e L1-ingles
al. (2003) o processamento de L2-espanhol.
palavras na L1 e na L2.
Phillips et Investigar variacao da L1-ingles
al. (2004) proficiencia na L2 na L2-frances, com
eficiencia do priming diferentes niveis
semantico. de proficiencia.
Sholl et Investigar a relacao entre L1-ingles
al. (1995) nomeacao de figuras e L2-espanhol.
traducao.
Sunderman e Investigar as pressuposicoes L1-ingles
Kroll dos modelos RHM e BIA no L2-espanhol, com
(2006) processamento da L2. diferentes niveis
de proficiencia.
Perea et Investigar o acesso a L1-basco
al. (2008) representacao semantica de L2-espanhol.
bilingues altamente
proficientes.
Estudo Tarefas Resultados
Kroll et --Nomeacao de --A traducao foi mais rapida
al. (2002) figuras; da L2 para a L1 do que da
--Traducao. L1 para a L2, em todos os
niveis de proficiencia.
Palmer et --Paradigma de --Um efeito maior do
al. (2010) reconhecimento da componente N400 foi
traducao; observado na traducao de
--Potenciais L2 para L1 do que de L1
evocados. para L2.
Alvarez et --Uma tarefa de --O efeito de priming foi
al. (2003) deteccao semantica mais rapido da L2 para a
da palavra; L1 do que da L1 para a L2.
--Potenciais
evocados.
Phillips et --Classificacao --Houve um atraso de 50 ms
al. (2004) semantica; no efeito do componente
--Medidas de tempo N400 na L2 para os
de reacao. bilingues altamente
--Potenciais proficientes, em
evocados. comparacao com a L1 desses
bilingues.
Sholl et --Paradigma de --A nomeacao de figuras
al. (1995) transferencia produziu transferencia na
envolvendo traducao da L1 para L2,
nomeacao de mas nao na traducao da L2
figuras e traducao. para a L1.
Sunderman e --Tarefa de --Vizinhos ortograficos
Kroll reconhecimento da foram ativados para
(2006) traducao. aprendizes da L2 menos e
mais proficientes.
--Apenas os aprendizes menos
proficientes ativaram o
equivalente da traducao
da L1.
Perea et --Decisao lexical. --Tanto bilingues
al. (2008) simultaneos como tardios
demonstraram efeitos de
priming de associacao
semantica para pares de
palavras nao cognatas,
nas duas linguas.
Tabela 2. Sustentacao empirica ao modelo BIA+.
Estudo Objetivo Participantes
Sunderman; Investigar as pressuposicoes do L1-ingles
Kroll modelo RHM e BIA no L2-espanhol, com
(2006) processamento lexical da L2. diferentes niveis
de proficiencia.
Jared e Investigar se bilingues ativam L1-frances
Kroll correspondentes de som e L2-ingles.
(2001) ortografia na lingua nao alvo
quando nomeados na outra
lingua.
Schwartz e Investigar os efeitos do L1-espanhol
Kroll contexto na ativacao das L2-ingles, com
(2006) linguas. diferentes niveis
de proficienia.
Chambers e Investigar os efeitos do L1-ingles
Cooke contexto da sentenca e da L2-frances, com
(2009) proficiencia na ativacao diferentes niveis
paralela da lingua. de proficiencia.
Libben e Investigar os efeitos da L1-frances
Titone restricao semantica no acesso L2-ingles.
(2009) lexical.
Titone et Investigar o acesso lexical nao L1-ingles
al. (2011) seletivo durante leitura na L2-frances.
L1.
Kerkhofs et Investigar o reconhecimento de L1-holandes
al. (2006) homografos interlinguisticos L2-ingles.
nas duas linguas do bilingue.
Van Assche Investigar os efeitos de verbos L1-holandes
et al. cognatos no acesso lexical de L2-ingles.
(2013) bilingues.
Dunabeitia Investigar se ha efeito L1-basco
et al. simetrico de priming L2-espanhol.
(2010) mascarado de traducao para
palavras nao cognatas em um
grupo de bilingues altamente
proficientes.
Perea et Investigar acesso a L1-basco
al. (2008) representacao semantica L2-espanhol.
compartilhada, de forma
precoce e automatica, para
bilingues altamente
proficientes.
Estudo Tarefas Resultados
Sunderman; --Reconhecimento de --Vizinhos ortograficos
Kroll traducao. foram ativados tanto
(2006) para os aprendizes de
L2 menos proficientes
como para os mais
proficientes.
--Apenas os aprendizes
de L2 menos
proficientes ativaram
o equivalente de
traducao da L1.
Jared e --Nomeacao de figuras, --A fonologia do frances
Kroll em que vizinhos com nao foi ativada quando
(2001) diferentes pronuncias os participantes
eram nomeados na lingua estavam nomeando na
dominante. lingua dominante, o
ingles.
--Porem, houve influencia
do frances depois de
os participantes
nomearem figuras nessa
lingua.
Schwartz e --Leitura de sentencas de --Efeito facilitador de
Kroll baixa e alta restricao cognatos;
(2006) contextual, contendo --Interferencia dos
cognatos e homografos homografos
interlinguisticos. interlinguisticos para
os bilingues menos
proficientes.
--O contexto nao afetou
muito os resultados.
Chambers e --Tecnica de rastreamento --Nao houve efeitos de
Cooke ocular do mundo visual, proficiencia na
(2009) contendo homografos competicao
interlinguisticos. interlinguistica.
Libben e --Leitura de sentencas --Houve pouca
Titone contendo homografos interferencia dos
(2009) interlinguisticos e homografos
cognatos com interlinguisticos para
rastreamento ocular. sentencas de alta
restricao contextual
para medidas de
compreensao tardias.
--Cognatos facilitaram a
leitura.
Titone et --Leitura de paragrafos --O efeito de facilitacao
al. (2011) contendo homografos de cognatos foi maior
interlinguisticos e quando a L2 foi
cognatos com adquirida mais cedo.
rastreamento ocular. --Houve ativacao entre as
linguas, tanto para
cognatos como para
homografos
interlinguisticos.
Kerkhofs et --Decisao lexical com --Primes relacionados
al. (2006) homografos na L2, elicitaram uma
precedidos por primes amplitude menor no
semanticamente componente N400 do
relacionados que primes nao
ou nao relacionados. relacionados.
--Potenciais evocados.
Van Assche --Decisao lexical. --O efeito de facilitacao
et al. --Leitura de sentencas dos cognatos nao foi
(2013) contendo verbos influenciado pelo
cognatos no tempo tempo verbal.
presente e passado,
com rastreamento
ocular.
Dunabeitia --Priming mascarado de --Houve um efeito
et al. traducao. simetrico do componente
(2010) --Potenciais evocados. N400 nas duas direcoes
da traducao.
Perea et --Decisao lexical. --Efeitos de priming de
al. (2008) associacao semantica
automatico e precoce
para pares de palavras
nao cognatas dentro da
mesma lingua e entre
as linguas do bilingue,
tanto para os bilingues
simultaneos como para
os tardios.
Tabela 3. Estudos empiricos sobre acesso lexical na producao
da fala.
Estudo Obietivo Participantes
Hermans et Investigar o acesso L1-holandes
al. lexical de uma lingua L2-ingles.
(1998) menos dominante.
Costa et Investigar ativacao L1-catalao
al. paralela das duas L2-espanhol.
(1999) linguas do bilingue.
Colome Investigar se a L1-catalao
(2001) representacao semantica L2-espanhol.
comum do bilingue
ativa unidades lexicais
nas duas linguas.
Costa et Investigar se os nos L1-catalao
al. et lexicais nao L2-espanhol;
al. selecionados ativam monolingues
(2000) suas representacoes falantes de
fonologicas. espanhol.
Colome e Investigar se as palavras Experimento 1:
Miozzo nao alvo tambem sao L1-espanhol
(2010) ativadas no lexico nao L2-catalao.
usado. Experimento 2:
L1-catalao
L2-espanhol.
Estudo Tarefas Resultados
Hermans et Paradigma de --Houve evidencia da ativacao do
al. interferencia nome holandes durante o acesso
(1998) figura-palavra. lexical do ingles.
Costa et Paradigma de --Houve facilitacao de palavras
al. interferencia identicas de linguas
(1999) figura-palavra. diferentes.
--Pares da mesma lingua
facilitaram mais do que pares
de linguas diferentes.
Colome Tarefa de --Participantes levaram mais
(2001) monitoramento de tempo Hipotese da
fonemas. independencia para reieitar
fonemas que pertenciam a
traducao do que fonemas que
nao existiam nas palavras do
espanhol ou catalao.
Costa et Nomeacao de figuras Bilingues nomearam figuras com
al. et que consistiam de nomes cognatos mais
al. palavras cognatas rapidamente do que figuras
(2000) e nao cognatas. com nomes nao cognatos.
Colome e Paradigma de Experimento 1: nenhuma diferenca
Miozzo interferencia foi encontrada nos tempos de
(2010) figura-figura. resposta entre palavras
relacionadas e nao
relacionadas. Experimento 2:
houve efeito fonologico com
cognatos, indicando ativacao
de palavras nao alvo na lingua
nao usada.
Estudo Modelo favorecido
Hermans et Modelos sequencial e
al. interativo.
(1998)
Costa et Modelos de acesso lexical
al. especificos a lingua.
(1999)
Colome
(2001) da lingua e contrario aos
modelos sequenciais
restritos.
Costa et Modelos interativos, em
al. et que tanto os itens
al. selecionados como os nao
(2000) selecionados ativam seus
segmentos fonologicos.
Colome e Os resultados mostraram
Miozzo que a fonologia pode ser
(2010) ativada, mesmo na lingua
nao selecionada.