The discoursivity of color racism: outbursts and historical shifts/A discursividade do racismo de cor: irrupcao e deslocamentos historicos.
de Oliveira, Mirian Ribeiro
Introducao
A discursividade dessa tessitura esta em elucidar o quanto as
materialidades linguistica e discursiva, constituidoras do discurso, nao
sao tao contemporaneas como aparentam: ha uma construcao dita
verdadeira, resguardada e vigiada por uma ordem discursiva da beleza e
estetica que se dispersou e reaparece em discursos pos-modernos como se
ingenuos e vazios de sentido. Todavia, e possuidora de um rico a priori
historico que se irrompe para fazer aparecer verdades "[...]
encarceradas em aquarios falsamente transparentes" (VEYNE, 2011, p.
25), por vezes ignoradas, mas que o proprio discurso denuncia.
Ao tratar de a priori historico, arqueologia e genealogia, o
objetivo e evidenciar que os discursos da estetica e da beleza, oriundos
de rotulos e propagandas--de shampoos, condicionadores, alisantes,
cremes de pentear, escovas progressivas, oleos para pele e cabelo,
cremes corporais, de face, tinturas de cabelo etc.--guardam no tempo uma
discursividade preconceituosa que coopera para o que denominamos de
padrao da brancura, ao utilizar mecanismos e estrategias de apagamento,
anulacao de atributos do Outro, para sobressair aqueles por ela
privilegiados. Nao se trata de buscar origens, porem de compreender os
deslocamentos que constroem discursos ditos pos-modernos. Se uma das
identidades e beneficiada no aparecimento do discurso, qual delas tende
a ser imitada, copiada pelo espelho? Qual delas tende a ser apagada? A
Analise do Discurso de linha francesa norteara o referencial
teorico-metodologico, destacando, neste universo, os estudos de Foucault
(2006a e b, 2007, 2008, 2010a eb)e seus eminentes comentadores, bem como
aqueles das Ciencias Humanas e Sociais que tratam de racismo de cor:
Gomes (2006), Guimaraes (2004, 2008), Munanga (1988, 2006a e b),
Domingues (2002, 2005) e outros tambem relevantes a discussao.
Apriori historico, genealogia e arqueologia: concepcoes
foucaultianas
Em consideracoes anteriores, Oliveira (2010, 2011) afirma que os
conceitos da AD, apesar de se diferenciarem, estao eminentemente
ligados. Com o arquivo--a priori historico--foucaultiano nao e
diferente: enquanto Pecheux (1988, 2007) traz para a teoria do discurso
a visao de uma memoria discursiva, Foucault (2007) destaca a existencia
de um a priori historico ou arquivo. Nao se trata apenas de mudanca de
nomes, mas de crivos teoricometodologicos que ora se distanciam, ora se
aproximam: o discurso e sua ferramenta primordial de materializacao. E
como se nele, o arquivo, estivessem guardados, silenciados, nocoes,
fatos, concepcoes, relacoes possiveis de serem recuperados, fios que se
dispersam num refazer. E quem delata essa possibilidade e a dispersao no
tempo. Conforme Foucault (2007),
O arquivo e, de inicio, a lei do que pode ser dito, o sistema que
rege o aparecimento dos enunciados como acontecimentos singulares. Mas o
arquivo e, tambem, o que faz com que todas as coisas ditas nao se
acumulem indefinidamente em uma massa amorfa, nao se inscrevam,
tampouco, em uma linearidade sem ruptura e nao desaparecem ao simples
acaso de acidentes externos, mas que se agrupem em figuras distintas, se
componham umas com as outras segundo relacoes multiplas, se mantenham ou
se esfumem segundo regularidades especificas. [...] O arquivo nao e o
que protege, apesar de sua fuga imediata, o acontecimento do enunciado e
conserva, para as memorias futuras, seu estado civil de foragido. [...]
O arquivo nao e, tampouco, o que recolhe a poeira dos enunciados que
novamente se tornaram inertes e permite o milagre eventual de sua
ressurreicao; e o que define o modo de atualidade do enunciado-coisa; e
o sistema de seu funcionamento. [...] e o que diferencia os discursos em
sua existencia multipla e os especifica em sua duracao propria
(FOUCAULT, 2007, p. 147).
E perceptivel que as formulacoes de Foucault acerca do arquivo
estao estreitamente relacionadas a outros conceitos--enunciado, formacao
discursiva, a priori historico, positividade, discurso e, em especial, a
arqueologia. Isto porque Foucault (2007) a considera o alicerce de todas
as demais definicoes, por carregar em si mesma efeitos de sentido que
conduzem o sujeito a um referencial historico em que e possivel perceber
as condicoes de construcao ou condicoes de funcionamento do discurso, os
jogos de forca, constituidos pelas relacoes de poder presentes no ambito
do discurso. Sob a otica foucaultiana, passa a ser percebido, tambem,
como lugar de constituicao de poder, eminentemente coercitivo, bem como
lugar possivel de pensar as praticas discursivas de uma sociedade. Esta,
para os antigos historiadores, segundo Veyne(2011, p. 45)
[...] era ao mesmo tempo uma matriz e o receptaculo final de todas
as coisas. Para um foucaultiano, ao contrario, longe de ser o principio
ou o termo de toda explicacao, precisa ela propria ser explicada; longe
de ser ultima, ela e o que dela fazem a cada epoca todos os discursos e
dispositivos de que ela e receptaculo.
Pelas praticas discursivas, essa percepcao e ativada:
[...] o metodo arqueologico focaliza as praticas discursivas que
constituem o saber de uma epoca, a partir de enunciados efetivamente
ditos, e do funcionamento dos discursos (SARGENTINI, 2004, p. 90).
Nesta pesquisa, por exemplo, tentamos evidenciar um racismo de cor
contemporaneo que se utiliza de signos reatualizaveis para fazer
aparecer um discurso atual: e como se o sujeito se colocasse numa
condicao paradoxal. Nesta reatualizacao, saberes e verdades sao
construidos, mas nao do nada, como afirma Foucault (apud GREGOLIN,
2004):
[...] minha investigacao procura restituir os
enunciados a sua dispersao, para considera-los em
sua descontinuidade, para apreender sua propria
irrupcao no lugar e no momento em que se
produziram; para reencontrar sua incidencia de
acontecimento.
Dai, nasce a ideia de exterioridade, caracteristica a analise que
intenciona reencontrar os acontecimentos discursivos.
Entao, o arquivo da homogeneidade que caracteriza um padrao
identitario pode ser buscado numa base institucionalizada que tentou
mostrar a cara de um pais que nao somos: rancos da democracia racial e
da assimilacao a brancura. Este arquivo, assim como os demais, nao e
dado a priori, mas se trata de uma construcao de um dado momento
historico. E por esta construcao, constituidora de identidades, que
'A cor da pele' tornou-se uma marca pejorativa para uns,
valorativa para outros. Pelos discursos dos rotulos, ancorados ou nao
pelas imagens da propaganda, passa uma conformidade nao existente,
naturaliza-se um processo, numa tentativa de desmistificar um
dispositivo cientifico, montado para provar a supremacia de uma raca. A
propria Ciencia se incumbiu de criar um aparato que legitimasse a
soberania de uma raca sobre outra, numa tentativa de legitimar as
desigualdades sociais.
Assim, esse processo do ja-dito passa pela positividade do
discurso, revelando como os enunciados podem falar a mesma coisa, sem
que jamais tenham conhecido os sujeitos que os proferiram. Traduz-se
como a lei de coexistencia de um enunciado com outros que ora subsistem,
modificam-se e desaparecem. Entendemos que positividade e a priori
historico sao conceitos interdependentes. Foucault (2007) aponta que
este e o conjunto das regras que caracterizam uma pratica discursiva.
Esta arqueologica, por natureza, evidencia nao mais a linearidade, mas a
descontinuidade, guardada por um arquivo que pode ser traduzido,
conforme Marandi (apud SARGENTINI, 2004, p. 88), como "[...] um
conjunto de regioes heterogeneas de enunciados produzidos por praticas
discursivas".
Em se tratando da discursividade oriunda dos rotulos, a sociedade
tenta construir uma imagem homogeneizada, uma especie de padrao que
rotula nao so seus produtos, mas pessoas. Esse sujeitoautor, a industria
da beleza e estetica, tem seu discurso confirmado pela ciencia, quando
preconiza no verso ou fundo da embalagem o que e tido como
'normal', 'sensivel', 'esponjado',
'frizz do cabelo', 'controlador', 'cor da
pele' etc -adjetivacoes enunciadas pelos discursos racistas,
ideologicos e constituidores de identidade, oriundos deste espaco. E
pertinente dizer que a imagem de si, produzida pela sociedade, e a
imagem do que esta posto no documento/monumento. E uma imagem que passa
pelo branqueamento.
Confirmando Le Goff (1990), torna-se necessario comecar por
desmontar, demolir esta montagem, desestruturar esta construcao e
analisar as condicoes de producao e funcionamento dos
documentos-monumentos. De Certeau (2010) aponta que nao basta dizer o
Outro mediante o discurso, pois, assim, permaneceria seu discurso e o
espelho de sua operacao. Inversamente, quando ele,
[...] o historiador, retorna as suas praticas e lhes examina os
postulados para renova-las, descobre nelas imposicoes que se originaram
bem antes do seu presente e que remontam a organizacoes anteriores, das
quais, seu trabalho e o sintoma e nao a fonte (DE CERTEAU, 2010, p. 46).
Logo, ao tratar de a priori historico, arquivo e enunciado, outras
categorias, como arqueologia e genealogia, sao impelidas pelo
aparecimento, vez que, alem de serem dois dos principais conceitos de
Foucault, estao interligadas e se traduzem em ferramentas basilares a
analise e discussao, oferecendo subsidios para o entendimento da
identidade singular, o padrao da brancura, que o sujeito-autor--a
industria da beleza e estetica--tem construido na contemporaneidade. Por
conta destas peculiaridades, retomamos alguns principios norteadores que
podem elucidar ainda mais os estudos em foco.
E possivel dizer que a arqueologia de Foucault (2007) vem, de
maneira decisiva, refutar todo e qualquer vestigio de praticas
discursivas alheias e distantes a historia. Esta, para Foucault (2007,
p. 156), e feita numa dinamicidade que carece de recortes para ser
descrita.
A descricao arqueologica e precisamente o abandono
da historia das ideias, recusa sistematica de seus
postulados e de seus procedimentos, tentativa de
fazer uma historia inteiramente diferente daquilo
que os homens disseram.
Entre elas, a analise arqueologica e historia das ideias, os pontos
que as separam sao numerosos.
Considerando o mais pertinente a esta abordagem, a arqueologia nao
trata o discurso como documento, como signo de outra coisa, mas como
monumento que se deixa atravessar, para evidenciar sua opacidade
importuna, e para reencontrar a profundidade do essencial. Ela, a
arqueologia, se dirige ao discurso em seu volume proprio, na qualidade
de monumento, bem como busca definir o discurso enquanto pratica que
obedece a regras; a arqueologia nao espreita o momento em que, a partir
do que ainda nao eram, tornaram-se o que sao. O problema dela e, pelo
contrario, definir os discursos em sua especificidade; ela nao quer
reencontrar o ponto enigmatico em que o individual e o social se
invertem, pois o objetivo nao e reconstituir o que pode ser pensado,
desejado, e visado pelos homens no momento em que proferiam o discurso,
ou seja, nao tenta repetir o que foi dito, reencontrando-o em sua
propria identidade. Enfim, nao e o retorno ao proprio segredo da origem:
e a descricao sistematica de um discurso-objeto (FOUCAULT, 2007).
Assim, para a arqueologia, os discursos nao tem principios de
unidade. Machado (2009) afirma que a ideia de analisa-los como dispersao
surge deste fato. A arqueologia desrespeita o estabelecido,
neutralizando as possiveis unidades. Sob estas assertivas, os discursos
sao dispersos por nao estarem ligados a nenhum principio de unidade. O
que leva Machado a dizer:
[...] a analise dos discursos sera a descricao de uma dispersao.
Mas com que objetivo? Para estabelecer regularidades que funcionam como
lei da dispersao, ou formar sistemas de dispersao entre os elementos do
discurso como uma forma de regularidade. Em outras palavras, trata-se de
formular regras capazes de reger a formacao dos discursos. A essas
regras, que sao as condicoes de existencia de um discurso, e devem
explicar como os discursos aparecem e se distribuem no interior de um
conjunto, Foucault chama 'regras de formacao'. [...] A
descoberta dessas regras, que disciplinam objetos, tipos enunciativos,
conceitos e temas, caracteriza o discurso como regularidade e delimita o
que determina uma 'formacao discursiva'. Em suma, um discurso,
considerado como dispersao de elementos, pode ser descrito como
regularidade, e portanto individualizado, descrito em sua singularidade,
se suas regras de formacao forem determinadas nos diversos niveis
(MACHADO, 2009, p. 146, grifos do autor).
Como se pode observar, numa visao foucaultiana, a passagem da
dispersao para a regularidade implica na constituicao da formacao
discursiva. Espaco de suma importancia a materializacao do discurso: e
nele que as regras se apresentam como um sistema de relacoes entre
objetos, tipos enunciativos, conceitos e estrategias. E neste universo
que se torna possivel constituir o discurso como pratica. O que
significa assumir como principio a descricao de acontecimentos
discursivos, historicizando enunciados. Assim, os objetos emergirao. E
nela, pois, na formacao discursiva, enquanto espaco de emergencia, que
as regras sao construidas, fazendo aparecer um determinado enunciado e
nao outro em seu lugar.
Diante dessas definicoes, se ha uma arqueologia dos rotulos que
prima pela descontinuidade e dispersao do sujeito, ha, tambem, num
sentido complementar e nao dicotomico, uma genealogia discursiva que,
para Foucault (2007), tem como tarefa destruir a primazia das origens,
das verdades imutaveis, porque sujeicao, dominacao e luta sao
encontradas em toda a parte. Onde se presentifica significacao e valor,
virtude e bondade, ele, Foucault, procura estrategias de dominacao. Em
vez de origens, pura e simplesmente, significados escondidos ou
intencionalidades explicitas, Foucault, o genealogista, ve relacoes de
forca funcionando em acontecimentos particulares, que sao movimentos
historicos (DREYFUS; RABINOW, 2010). Trazer a luz a fala dele mesmo,
Foucault, influenciado por uma visao de genealogia nietzscheana,
confirma a importancia desse conceito:
A genealogia e cinzenta: ela e meticulosa e pacientemente
documentaria. Trabalha com pergaminhos embaralhados, riscados, muitas
vezes reescritos. [...] Por que Nietzsche genealogista recusa, pelo
menos em certas ocasioes, a pesquisa da origem (Ursprung)? [...] O que
se encontra no comeco historico das coisas nao e a identidade ainda
preservada de sua origem--e a discordia entre as coisas, o disparate. A
historia ensina tambem a rir das solenidades da origem. A alta origem e
o 'exagero metafisico que ressurge na concepcao de que no comeco de
todas as coisas se encontra o que existe de mais precioso e de mais
essencial. [...]. fazer a genealogia dos valores, da moral, do
asceticismo, do conhecimento nunca sera, portanto, partir em busca de
sua 'origem', [...] sera, ao contrario, meter-se nas
meticulosidades e nos acasos dos comecos; [...] esperar para ve-los
surgir, mascaras finalmente retiradas, [..]. a genealogia restabelece os
diversos sistemas de submissao: nao absolutamente a potencia
antecipadora de um sentido, mas o jogo casual das dominacoes (FOUCAULT,
2008, p. 264-268, grifos do autor).
Os discursos de rotulos e propagandas nao ficam estanques a esta
realidade, pois, ao se materializarem, transcendem para um horizonte de
relacoes de forca, empoderadas ora pela dominacao, ora pela resistencia.
Assim, rotulo e propaganda procuram o recurso da imagem para confirmar o
seu dizer: um dispositivo de poder que busca subsidio de reforco de
ratificacao de uma identidade.
Acompanhando esse raciocinio, ao analisar os discursos dos rotulos
e propagandas, torna-se perceptivel que o sujeito-autor se apropriou de
manobras discursivas, taticas sutis para fazer funcionar seu discurso,
utilizando-se de um espaco aparentemente inofensivo. Esta concepcao de
espaco discursivo derruba a visao aparente de sujeicao do Outro, apenas.
E fato que ela existe, nao como exclusividade, pois, para o
genealogista, nao ha sujeito, nem individual e nem coletivo movendo a
historia. O que existe e a nocao de intersticio, ou seja, um jogo de
forcas que, em qualquer situacao historica particular, torna-se possivel
pelo espaco que as define. No estudo em questao, os
documentos/monumentos denominados rotulo e propaganda oferecem as
condicoes para esse jogo discursivo, configurando-se em espacos de
aparecimento de sujeitos nao mais donos de uma situacao, mas num campo
de batalha que varou o tempo pela repetibilidade que os levaram a
contemporaneidade. Dreyfus e Rabinow (2010), citando Foucault, dizem que
[...] 'a historia dos historiadores estabelece para si mesma
um ponto de apoio fora do tempo; ela pretende julgar tudo segundo uma
objetividade de apocalipse.' Ao contrario, a historia efetiva tenta
colocar tudo em movimento historico. Todos os nossos ideais de verdade e
beleza, nossos corpos, instintos e sentimentos deveriam estar alem da
relatividade. O historiador eficaz busca dissolver essa confortavel
ilusao de identidade, firmeza e solidez. Nao ha constante para o
genealogista. [...] nada ao homem--nem mesmo seu corpo--e
suficientemente fixo para compreender os outros homens e nele se
reconhecer (DREYFUS; RABINOW, 2010, p. 147, grifos dos autores).
Entretanto, nunca e demais lembrar que Dreyfus e Rabinow (2010, p.
141) tambem chamam atencao para o fato de que "[...] a genealogia e
complementada e suportada pela arqueologia", ou como diz Revel
(2004, p. 69):
Antes de ser genealogico, o pensamento foucaultiano
e descontinuo--ou, mais exatamente, e a
descontinuidade que torna inevitavel a assuncao da
dimensao genealogica,
o que, para nos, significa analisar os discursos de rotulos e
propagandas partindo de um pressuposto historico nao aparente,
constituido por relacoes de forca e por sujeitos que se dispersam.
Afinal, parafraseando Courtine (apud FERNANDES, 2010), as reconstrucoes
historicas tornam-se veiculos para que as formas indefinidamente
repetiveis, que sao os enunciados, possam ser descobertas. Sao os fios
tenues e interdiscursivos, que atravessam imagens, tecem a tela,
evidenciam palavras e tornam os discursos transversos, indefinidamente
repetiveis, que permitem as enunciacoes mais dispersas. Quando
entrevistado por Fernandes (2010), Courtine ressalta:
O fio 'interdiscursivo', que e aquele da propria formacao
discursiva, esse paradigma da expressao que atravessa as textualidades
da epoca classica, ligaos, ordena-os, assegura a passagem de um a outro,
percebendo, ao mesmo tempo, a unidade e a dispersao de um leque inteiro
dos saberes [...]. Sua configuracao de conjunto, a duracao de seu
desdobramento no tempo, as unidades que a compoem e que correspondem a
tantos tracos que ela deixa ao longo dos textos e das imagens, tudo isso
deve ser construido. Agora, e somente agora, nos encontramos
verdadeiramente no dominio do discurso, em sua arqueologia. Existem,
desde entao, unidades minimas de discurso que se deixam descobrir, que
se deixam deduzir dessa construcao, que se dissemina e se desloca como
tantos tracos no interior desse vasto corpus. [...] essas formas
indefinidamente repetiveis parecem ater-se a pouca coisa, mas e a sua
simplicidade, seu proprio minimalismo que asseguram sua repetibilidade,
sua surpreendente ubiquidade, que permitem seu deslizamento e sua
transferencia de texto a texto, de uma instituicao a outra, de um
locutor a outro (COURTINE apud FERNANDES, 2010).
E perceptivel que Courtine faz alusao as categorias do discurso
enquanto pratica historica e social eminentemente foucaultianas,
considerando que e Foucault quem trata da historia por um vies nao
linear, nao tradicional, pensando as mudancas historicas como processo
de dispersao e descontinuidade, em que todos os sujeitos estao
envolvidos.
A dinamicidade historica de rotulos e propagandas: por uma questao
de analise
A Figura 1 nao e um rotulo, mas uma propaganda retirada de uma
revista que data de 1914: Revista Occidente, Lisboa, revista ilustrada
de Portugal e do estrangeiro. Sant'Anna (2005) adverte que a
publicidade entre os anos de 1900 a 1930, em relacao a beleza e estetica
da mulher, trilhou por um caminho em que produtos de beleza se
confundiam com remedios no combate de diversos 'defeitos'
femininos. Assim, existiam
[...] pomadas para afinar a cintura, branquear a pele, tirar peles
ou escurecer os cabelos brancos. Do cansaco as cicatrizes, passando
pelas rugas e feridas, um mesmo produto e, inumeras vezes, considerado
polivalente e, por isso mesmo, eficaz (SANT'ANNA, 2005, p. 122).
Vejamos:
[FIGURE 1 OMITTED]
Os dizeres em negrito chamam atencao, em especial o
'branqueia' e 'pelle', pois, alem de negrito, estao
em maiusculo. Os demais dizeres nao estao tao evidentes pelo tamanho da
letra. Transcreve-lo, entao, e de suma importancia.
Cold-Creme Albert Simon, com sello Viteri. E o mais perfeito creme
de Toilette. Branqueia, perfuma e amacia a pelle. Tira cravos, pontos
negros, manchas, vermelhidao, panno borbulhas, cheiro, rugas, olheiras e
espinhas. Alisa a pele rugosa e aspera dos joelhos e cotovellos. Da
firmeza aos seios. Defende a epiderme da accao do vento e da poeira.
Cura e impede assaduras nas criancas e pessoas gordas. Amacia a
calosidade dos pes e maos e evita a formacao de callos. Torna os pes
resistentes as longas marchas e refresca-os em seguida a estas. Combate
o cheiro acre da transpiracao dos sovacos e pes. Deve-se usar em seguida
ao barbear (GONCALVES, 2004, p. 55).
Nestas circunstancias, rotulo e propaganda, nao se diferenciavam
muito. Boa parte dos rotulos de produtos como cremes e shampoos se
assemelhava, inclusive por carregar imagens que se traduziam em uma
especie de confirmacao dos dizeres. As Figuras 2 e 3, contemporaneas,
ainda confirmam esta interdependencia: a imagem se mistura ao rotulo.
Nestas, a exemplo daquela, imagem e rotulo parecem fundir-se num so
corpo, visando a uma discursividade em que os efeitos de sentido e
efeitos de verdade imageticos preponderam para ratificar o dito e o nao
dito: enquanto a imagem anterior traz evidencia de dizeres que
explicitam a importancia de atingir a brancura da pele, estas, numa era
de tecnologia avancada, busca vender nao so produtos, mas uma imagem
fabricada e racionalizada por um fetiche simbolico do branqueamento: na
Figura 2, o discurso e enfatico nao se trata apenas de alisar os
cabelos, padronizalos, portanto, mas de conquistar a beleza da vida.
Significa dizer que a vida so e bela para quem conquista cabelos lisos.
Nao se trata de te-los, mas de conquista-los, esforcar-se para
possui-los. Materialidades que fazem os dizeres da labuta para com os
atributos, em especial os cabelos, retornar numa nova ordem discursiva:
numa historicidade pos-moderna. Manusear o cabelo e lidar, e labutar.
Gomes (2003), de maneira precisa, lembra que uma das formas de violencia
dos senhores de escravos era a imposicao de raspar as cabecas, o que
significava mutilacao. Assim, a raspagem se configurava como marca de
negacao e anulacao. O cabelo era considerado, entao, marca de identidade
e dignidade. O discurso em voga (Figura 2) nao esta conclamando o Outro
a uma raspagem literal, mas o impele a tomar medidas para com o corpo:
ontem, escravo do senhor de engenho; hoje, escravo do padrao de beleza.
Ouvir Gomes (2003) e de suma importancia para o momento:
Estamos, portanto, em uma zona de tensao. E dela que emerge um
padrao de beleza corporal real e um ideal. No Brasil, esse padrao ideal
e branco, mas o real e negro e mestico. O tratamento dado ao cabelo pode
ser considerado uma das maneiras de expressar essa tensao. A consciencia
ou o encobrimento desse conflito, vivido na estetica do corpo negro,
marca a vida e a trajetoria dos sujeitos. Por isso, para o negro, a
intervencao no cabelo e no corpo e mais do que uma questao de vaidade ou
de tratamento estetico. E identitaria (GOMES, 2003, p. 3).
[FIGURE 2 OMITTED]
[FIGURE 3 OMITTED]
Ainda pelas afirmacoes de Gomes (2003), o discurso da lida remete a
sofrimento, fadiga e labuta, incorporando, numa perspectiva racial, a
ideia de trabalho forcado e coisificacao do escravo e da escrava,
lembrando, tambem, as estrategias do regime escravista que visavam
anular a cultura do negro. Dessa forma, compreendemos que a lida
proposta pelos discursos pos-modernos dos rotulos e propagandas adquiriu
contornos diferentes e diferenciadores, em que as imposicoes, agora,
parecem naturalizar-se: o sujeito pode ou nao tingir os cabelos, tomando
como referencia uma imagem simbolica branca, comportar cachos, controlar
o volume, disciplinar o indisciplinado etc., compete a ele fazer
escolhas. Todavia, estas escolhas nunca sao faceis, porque o cabelo no
Brasil esta associado a uma simbologia de status social, de insercao no
mercado de trabalho, de exclusao e inclusao em outros espacos sociais: o
cabelo fala! Tornou-se um discurso que causa efeitos de sentido. O
cabelo e um signo comunicador, identitario por excelencia. Entretanto,
concordamos com Gomes (2003, p. 9):
[...] o cabelo sozinho nao diz tudo. A sua
representacao se constroi no amago das relacoes
sociais e raciais. Pegar no cabelo e tocar no corpo.
Cabelo crespo e corpo negro, colocados nessa
ordem, sao expressoes de negritude. Por isso, nao
podem ser pensados separadamente.
Assim, mesmo ao tratar da pele, no seculo XIX, ou tingir os
cabelos, na pos-modernidade, e preciso atender a um padrao de imposicao,
eminentemente controlado e cerceado, sutilmente, pela sociedade do
discurso: a industria da beleza e estetica que utiliza rotulo e
propaganda, marcados pela imagem, como veiculo de comunicacao.
Confirma-se, aqui, o que Foucault (2007) aponta sobre as caracteristicas
arqueologicas do discurso, em que as praticas discursivas sao produzidas
no interior de coercoes. Sob esta otica, discurso e poder articulam-se
para produzir verdades. E as verdades produzidas nos discursos dos
rotulos e propagandas pesquisados constroem identidades que primam pelo
padrao estetico singular, unico, como se alguns atributos fossem feios,
portanto renegados, rechacados, e outros bonitos e cabiveis numa
padronizacao.
Nas proximas figuras, e cabivel dizer que ha uma memoria discursiva
ou um a priori historico que prima por um retorno de especificidades ja
mostradas e evidenciadas como preponderantes pelos discursos da beleza e
estetica. A equivalencia entre os conceitos nao e aleatoria, vez que e o
proprio Courtine (2009, p. 105114) quem ressalta esta possibilidade ao
afirmar que o termo 'memoria discursiva' (grifos do autor) e
distinto de toda memorizacao psicologica dos psicolinguistas.
A nocao de memoria discursiva diz respeito a existencia historica
do enunciado no interior de praticas discursivas regradas por aparelhos
ideologicos (COURTINE, 2009, p. 105-106).
Ainda segundo este autor, o conceito de memoria discursiva visa ao
que Foucault, em a 'Ordem do Discurso', levantou acerca dos
textos religiosos, juridicos, literarios, cientificos etc.
Ademais, para esclarecer que a nocao de memoria discursiva esta
atrelada a dinamicidade historica, traz uma citacao de Foucault que
assim o diz acerca do entrelacamento entre memoria e praticas
discursivas:
Discursos que originam um certo numero de novos atos, de palavras
que os retomam, os transformam ou falam deles, enfim, os discursos que
indefinidamente, para alem de sua formulacao, sao ditos, permanecem
ditos e estao ainda a dizer (FOUCAULT apud COURTINE, 2009, p. 106).
Acompanhando estas consideracoes foucaultianas, as Figuras 4 e 5,
carregam marcas ja ditas que sao retomadas por uma inscricao posmoderna
mais trabalhada e, consequentemente, mais valorizada por adjetivacoes
que dizem e ainda estao a dizer. Passemos as figuras:
[FIGURE 4 OMITTED]
[FIGURE 5 OMITTED]
Pelas materialidades linguistica e discursiva, e perceptivel que o
uso da imagem e garantia de um discurso que se estabelece como
dominante, pois os dizeres estao eminentemente atrelados aos mecanismos
que o comprovam, ou seja, ja no seculo XIX, o sujeito-autor buscava
referendar-se numa imagem importada por um simbolo de beleza a ser
alcancada. Santos (2000a) destaca que na falta do som e da fala, a
linguagem do cinema construia sua narrativa atraves da imagem e da acao.
A inteligibilidade dos personagens passava pela necessidade do
reconhecimento quase que imediato, cujo carater transparecia pela sua
representacao visual ou plastica. Segundo Domingues (2002), a Figura 4
foi veiculada como propaganda pelo Periodico A Cigarra, n[degrees] XIII,
em 1915, considerada revista de maior circulacao no Estado de Sao Paulo,
com um discurso bastante sugestivo: "Creme de Beaute Oriental.
Pelas suas qualidades [...] embranquece, amacia e assetina a cutis,
dando-lhe a transparencia da juventude. Preco 3$000." A formacao
discursiva e constituida por um discurso que leva o Outro a se projetar
como mais jovem e muito mais 'transparente'. Esta adjetivacao,
somada ao ja dito explicitamente, ao 'embranquece', carrega em
si uma discursividade ideologica: pele transparente e sinal de pele
alva, portanto branca.
Conforme Domingues (2002), constituiu-se uma estetica do
branqueamento, tornando-se um fetiche extremamente eficaz na alienacao
do negro. O que reforca a ideia de que o reconhecimento e de suma
importancia para a constituicao de identidades. Se o Outro nao me
reconhece, se e necessario que eu me assemelhe a ele, certamente, terei
que negar e desprezar o meu eu. Considerando a Figura 5, e perceptivel
que, na Pos-Modernidade, os mecanismos nao sao tao diferentes daqueles
do inicio do seculo XX: busca-se uma confirmacao do dito, mediante a
imagem, claro que bem mais elaborada, levando o Outro a estabelecer uma
interrelacao do discurso do produto para com a imagem. Uma pratica
discursiva que faz circular um dizer que empodera a identidade,
legitimadora per si, tendo em vista sua construcao historica e cultural.
A imagem preponderante ainda e a imagem do branco.
Assim, dessas insercoes, infere-se que a industria da beleza e
estetica ha muito vem trabalhando, construindo um discurso que busca
mecanismos e estrategias para padronizar pessoas, reforcando a
comunidade de dentro e rechacando a de fora--o nos e o eles (VAN DIJK,
2008). O primeiro e sempre sancionado como superior, cumprindo o papel
de controlador nao so dos discursos, mas de atitudes. Sao as tecnicas de
governo e tecnicas de si (FOUCAULT, 2006b) que se juntam para levar uma
das partes a perceber que
[...] na ausencia de modelos positivos para se espelhar, o negro
recusava sua propria natureza, desembocando, muitas vezes, em crise de
identidade etnica, descaracterizando-se, na busca pela supressao dos
tracos raciais afro (DOMINGUES, 2002, p. 581).
Somado a isso, essa postura parcial adotada historica e
culturalmente pela industria da beleza e estetica se traduz "[...]
em um conjunto de praticas discursivas que faz algo entrar no jogo do
verdadeiro e do falso" (REVEL, 2004, p. 81). Lembrando que este
algo nao um objeto ou uma coisa, mas um ser social que se constitui como
estranho, tambem a si, para fazer aparecer aquele que preponderava, numa
tentativa de superacao da inferioridade que a cor representava no
imaginario social.
Ao evidenciar as figuras supracitadas, o objetivo nao e evidenciar
a origem historica pura e simplesmente, vez que Foucault (2007, p. 162)
afirma que "[...] nao e legitimo, pois, indagar a queima-roupa, aos
textos que estudamos, sobre o seu valor de originalidade e sobre os
fragmentos que se medem aqui na ausencia de ancestrais." Com
certeza, quem as construiu bebeu em muitos outros discursos: ha um
atravessamento de vozes que perpassam seu aparecimento discursivo. A
visao europeia de normalidade e uma delas. A razao e proporcao ressoavam
no discurso eurocentrico: normal estava para semelhante, assim como
semelhante para normal. Os efeitos de sentido oriundos desta aparente
simplicidade eram, no minimo, perversos, pois preconizavam o apagamento
do Outro, ao partir do principio de que normal era o branco. Esta foi a
imagem construida para descartar e macular o que ressoava como estranho,
que, por se achar diminuido e relegado a um segundo plano, renegava sua
imagem. Munanga (2006a), ao tratar de raca e identidade, destaca que um
dos principais entraves a aceitacao e a falta de reconhecimento do
proximo. O fato de o convivente social nao aceitar o que lhe aparenta
como diferente, leva o relegado a uma estranheza e a vontade de mudanca
para adaptacao. Se a imagem de si e depreciada, o Outro se apaga. E,
neste apagamento, passa a construir a imagem aceitavel para nao fugir a
regra, ao que e normal.
As relacoes, no entanto, sao permeadas de poder e, por mais
violentas que sejam, do eminentemente natural, vaza a resistencia.
Varando o tempo, as estrategias do branqueamento chegaram a
posmodernidade mediante um documento/monumento que se repete, nao pela
mesma via, ja que o lugar deixado vazio e ocupado e modificado por
outros sujeitos, por ser historico, signico e cultural. Cumprindo nosso
papel, so estamos acordando-os da sombra onde reina, ou dos limbos
resistentes (FOUCAULT, 2007). Esta e uma das funcoes do arquivo: buscar
na historicidade a dinamica dessa construcao, mediante as analises de
objetos--praticas discursivas--que se aparentam vazios e inocuos de
sentido. Falar de descontinuidades e rupturas, entao, e suscitar
caracteristicas de uma arqueologia e genealogia foucaultianas.
Consideracoes finais
Considerando as assertivas foucaultianas, e cabivel dizer que, para
uma arqueologia do saber, os fenomenos comecam em pontos historicos
particulares, nao havendo, contudo, o lugar proprio da verdade, mas um
sujeito que se dispersa e problematiza a descontinuidade arqueologica.
Assim, antes de fonte de discursos, o sujeito e apenas uma posicao
ocupada por aquele que enuncia. Neste caso, os enunciados partem da
mesma cadeia discursiva: a industria da beleza e estetica, que marca seu
territorio como sujeito-autor. As materialidades linguistica e
discursiva, constituidoras do discurso, parecem ser marcadas por comecos
pos-modernos. Entretanto, guarda uma historicidade que se irrompe, para
se mostrar como pratica discursiva nova, dizendo o dito com ferramentas
do novo, aparelhando-se, embrechando-se em diferentes circunstancias,
porque tambem sao diferentes os sujeitos que a dizem, assim como os
valores desses sujeitos. Aqui, o dito e o nao dito se entrelacam para
dizer de novo. Vale o velho ditado 'Vinho velho em garrafa
nova'? Acreditamos que mudaram as embalagens, os entornos para
enunciar, os mecanismos mais ou menos explicitos e implicitos, mas ha,
sim, uma ordem discursiva, resguardada e vigiada, controlada inclusive
pelo discurso midiatizado, no universo da estetica e beleza, produzida
para constituir uma estetica de si e do Outro cada vez mais branca e
preconceituosa.
Assim, rotulos e propagandas se tornaram monumento/documento por
seu carater historico. Afinal, na esteira de Veyne (2011, p. 23-25),
a cada epoca seu aquario. [...] A originalidade
foucaultiana esta em trabalhar a verdade no tempo. [...]
o passado antigo e recente da humanidade nao passa de
um vasto cemiterio de grandes verdades mortas.
Compete ao analista, investigar esse cemiterio, mesmo que as
verdades se destituam e se constituam em outras possibilidades tambem
possiveis de serem investigadas.
Doi: 10.4025/actascilangcult.v35i4.20279
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Mirian Ribeiro de Oliveira
Colegiado de Letras, Universidade do Estado da Bahia, Av. Contorno,
s/n, 46400-000, Caetite, Bahia, Brasil. E-mail:
olivermirian@yahoo.com.br ///