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文章基本信息

  • 标题:The discoursivity of color racism: outbursts and historical shifts/A discursividade do racismo de cor: irrupcao e deslocamentos historicos.
  • 作者:de Oliveira, Mirian Ribeiro
  • 期刊名称:Acta Scientiarum. Language and Culture (UEM)
  • 印刷版ISSN:1983-4675
  • 出版年度:2013
  • 期号:October
  • 语种:Spanish
  • 出版社:Universidade Estadual de Maringa
  • 摘要:A discursividade dessa tessitura esta em elucidar o quanto as materialidades linguistica e discursiva, constituidoras do discurso, nao sao tao contemporaneas como aparentam: ha uma construcao dita verdadeira, resguardada e vigiada por uma ordem discursiva da beleza e estetica que se dispersou e reaparece em discursos pos-modernos como se ingenuos e vazios de sentido. Todavia, e possuidora de um rico a priori historico que se irrompe para fazer aparecer verdades "[...] encarceradas em aquarios falsamente transparentes" (VEYNE, 2011, p. 25), por vezes ignoradas, mas que o proprio discurso denuncia.
  • 关键词:Archaeology;Propaganda;Racism

The discoursivity of color racism: outbursts and historical shifts/A discursividade do racismo de cor: irrupcao e deslocamentos historicos.


de Oliveira, Mirian Ribeiro


Introducao

A discursividade dessa tessitura esta em elucidar o quanto as materialidades linguistica e discursiva, constituidoras do discurso, nao sao tao contemporaneas como aparentam: ha uma construcao dita verdadeira, resguardada e vigiada por uma ordem discursiva da beleza e estetica que se dispersou e reaparece em discursos pos-modernos como se ingenuos e vazios de sentido. Todavia, e possuidora de um rico a priori historico que se irrompe para fazer aparecer verdades "[...] encarceradas em aquarios falsamente transparentes" (VEYNE, 2011, p. 25), por vezes ignoradas, mas que o proprio discurso denuncia.

Ao tratar de a priori historico, arqueologia e genealogia, o objetivo e evidenciar que os discursos da estetica e da beleza, oriundos de rotulos e propagandas--de shampoos, condicionadores, alisantes, cremes de pentear, escovas progressivas, oleos para pele e cabelo, cremes corporais, de face, tinturas de cabelo etc.--guardam no tempo uma discursividade preconceituosa que coopera para o que denominamos de padrao da brancura, ao utilizar mecanismos e estrategias de apagamento, anulacao de atributos do Outro, para sobressair aqueles por ela privilegiados. Nao se trata de buscar origens, porem de compreender os deslocamentos que constroem discursos ditos pos-modernos. Se uma das identidades e beneficiada no aparecimento do discurso, qual delas tende a ser imitada, copiada pelo espelho? Qual delas tende a ser apagada? A Analise do Discurso de linha francesa norteara o referencial teorico-metodologico, destacando, neste universo, os estudos de Foucault (2006a e b, 2007, 2008, 2010a eb)e seus eminentes comentadores, bem como aqueles das Ciencias Humanas e Sociais que tratam de racismo de cor: Gomes (2006), Guimaraes (2004, 2008), Munanga (1988, 2006a e b), Domingues (2002, 2005) e outros tambem relevantes a discussao.

Apriori historico, genealogia e arqueologia: concepcoes foucaultianas

Em consideracoes anteriores, Oliveira (2010, 2011) afirma que os conceitos da AD, apesar de se diferenciarem, estao eminentemente ligados. Com o arquivo--a priori historico--foucaultiano nao e diferente: enquanto Pecheux (1988, 2007) traz para a teoria do discurso a visao de uma memoria discursiva, Foucault (2007) destaca a existencia de um a priori historico ou arquivo. Nao se trata apenas de mudanca de nomes, mas de crivos teoricometodologicos que ora se distanciam, ora se aproximam: o discurso e sua ferramenta primordial de materializacao. E como se nele, o arquivo, estivessem guardados, silenciados, nocoes, fatos, concepcoes, relacoes possiveis de serem recuperados, fios que se dispersam num refazer. E quem delata essa possibilidade e a dispersao no tempo. Conforme Foucault (2007),

O arquivo e, de inicio, a lei do que pode ser dito, o sistema que rege o aparecimento dos enunciados como acontecimentos singulares. Mas o arquivo e, tambem, o que faz com que todas as coisas ditas nao se acumulem indefinidamente em uma massa amorfa, nao se inscrevam, tampouco, em uma linearidade sem ruptura e nao desaparecem ao simples acaso de acidentes externos, mas que se agrupem em figuras distintas, se componham umas com as outras segundo relacoes multiplas, se mantenham ou se esfumem segundo regularidades especificas. [...] O arquivo nao e o que protege, apesar de sua fuga imediata, o acontecimento do enunciado e conserva, para as memorias futuras, seu estado civil de foragido. [...] O arquivo nao e, tampouco, o que recolhe a poeira dos enunciados que novamente se tornaram inertes e permite o milagre eventual de sua ressurreicao; e o que define o modo de atualidade do enunciado-coisa; e o sistema de seu funcionamento. [...] e o que diferencia os discursos em sua existencia multipla e os especifica em sua duracao propria (FOUCAULT, 2007, p. 147).

E perceptivel que as formulacoes de Foucault acerca do arquivo estao estreitamente relacionadas a outros conceitos--enunciado, formacao discursiva, a priori historico, positividade, discurso e, em especial, a arqueologia. Isto porque Foucault (2007) a considera o alicerce de todas as demais definicoes, por carregar em si mesma efeitos de sentido que conduzem o sujeito a um referencial historico em que e possivel perceber as condicoes de construcao ou condicoes de funcionamento do discurso, os jogos de forca, constituidos pelas relacoes de poder presentes no ambito do discurso. Sob a otica foucaultiana, passa a ser percebido, tambem, como lugar de constituicao de poder, eminentemente coercitivo, bem como lugar possivel de pensar as praticas discursivas de uma sociedade. Esta, para os antigos historiadores, segundo Veyne(2011, p. 45)

[...] era ao mesmo tempo uma matriz e o receptaculo final de todas as coisas. Para um foucaultiano, ao contrario, longe de ser o principio ou o termo de toda explicacao, precisa ela propria ser explicada; longe de ser ultima, ela e o que dela fazem a cada epoca todos os discursos e dispositivos de que ela e receptaculo.

Pelas praticas discursivas, essa percepcao e ativada:

[...] o metodo arqueologico focaliza as praticas discursivas que constituem o saber de uma epoca, a partir de enunciados efetivamente ditos, e do funcionamento dos discursos (SARGENTINI, 2004, p. 90).

Nesta pesquisa, por exemplo, tentamos evidenciar um racismo de cor contemporaneo que se utiliza de signos reatualizaveis para fazer aparecer um discurso atual: e como se o sujeito se colocasse numa condicao paradoxal. Nesta reatualizacao, saberes e verdades sao construidos, mas nao do nada, como afirma Foucault (apud GREGOLIN, 2004):
   [...] minha investigacao procura restituir os
   enunciados a sua dispersao, para considera-los em
   sua descontinuidade, para apreender sua propria
   irrupcao no lugar e no momento em que se
   produziram; para reencontrar sua incidencia de
   acontecimento.


Dai, nasce a ideia de exterioridade, caracteristica a analise que intenciona reencontrar os acontecimentos discursivos.

Entao, o arquivo da homogeneidade que caracteriza um padrao identitario pode ser buscado numa base institucionalizada que tentou mostrar a cara de um pais que nao somos: rancos da democracia racial e da assimilacao a brancura. Este arquivo, assim como os demais, nao e dado a priori, mas se trata de uma construcao de um dado momento historico. E por esta construcao, constituidora de identidades, que 'A cor da pele' tornou-se uma marca pejorativa para uns, valorativa para outros. Pelos discursos dos rotulos, ancorados ou nao pelas imagens da propaganda, passa uma conformidade nao existente, naturaliza-se um processo, numa tentativa de desmistificar um dispositivo cientifico, montado para provar a supremacia de uma raca. A propria Ciencia se incumbiu de criar um aparato que legitimasse a soberania de uma raca sobre outra, numa tentativa de legitimar as desigualdades sociais.

Assim, esse processo do ja-dito passa pela positividade do discurso, revelando como os enunciados podem falar a mesma coisa, sem que jamais tenham conhecido os sujeitos que os proferiram. Traduz-se como a lei de coexistencia de um enunciado com outros que ora subsistem, modificam-se e desaparecem. Entendemos que positividade e a priori historico sao conceitos interdependentes. Foucault (2007) aponta que este e o conjunto das regras que caracterizam uma pratica discursiva. Esta arqueologica, por natureza, evidencia nao mais a linearidade, mas a descontinuidade, guardada por um arquivo que pode ser traduzido, conforme Marandi (apud SARGENTINI, 2004, p. 88), como "[...] um conjunto de regioes heterogeneas de enunciados produzidos por praticas discursivas".

Em se tratando da discursividade oriunda dos rotulos, a sociedade tenta construir uma imagem homogeneizada, uma especie de padrao que rotula nao so seus produtos, mas pessoas. Esse sujeitoautor, a industria da beleza e estetica, tem seu discurso confirmado pela ciencia, quando preconiza no verso ou fundo da embalagem o que e tido como 'normal', 'sensivel', 'esponjado', 'frizz do cabelo', 'controlador', 'cor da pele' etc -adjetivacoes enunciadas pelos discursos racistas, ideologicos e constituidores de identidade, oriundos deste espaco. E pertinente dizer que a imagem de si, produzida pela sociedade, e a imagem do que esta posto no documento/monumento. E uma imagem que passa pelo branqueamento.

Confirmando Le Goff (1990), torna-se necessario comecar por desmontar, demolir esta montagem, desestruturar esta construcao e analisar as condicoes de producao e funcionamento dos documentos-monumentos. De Certeau (2010) aponta que nao basta dizer o Outro mediante o discurso, pois, assim, permaneceria seu discurso e o espelho de sua operacao. Inversamente, quando ele,

[...] o historiador, retorna as suas praticas e lhes examina os postulados para renova-las, descobre nelas imposicoes que se originaram bem antes do seu presente e que remontam a organizacoes anteriores, das quais, seu trabalho e o sintoma e nao a fonte (DE CERTEAU, 2010, p. 46).

Logo, ao tratar de a priori historico, arquivo e enunciado, outras categorias, como arqueologia e genealogia, sao impelidas pelo aparecimento, vez que, alem de serem dois dos principais conceitos de Foucault, estao interligadas e se traduzem em ferramentas basilares a analise e discussao, oferecendo subsidios para o entendimento da identidade singular, o padrao da brancura, que o sujeito-autor--a industria da beleza e estetica--tem construido na contemporaneidade. Por conta destas peculiaridades, retomamos alguns principios norteadores que podem elucidar ainda mais os estudos em foco.

E possivel dizer que a arqueologia de Foucault (2007) vem, de maneira decisiva, refutar todo e qualquer vestigio de praticas discursivas alheias e distantes a historia. Esta, para Foucault (2007, p. 156), e feita numa dinamicidade que carece de recortes para ser descrita.
   A descricao arqueologica e precisamente o abandono
   da historia das ideias, recusa sistematica de seus
   postulados e de seus procedimentos, tentativa de
   fazer uma historia inteiramente diferente daquilo
   que os homens disseram.


Entre elas, a analise arqueologica e historia das ideias, os pontos que as separam sao numerosos.

Considerando o mais pertinente a esta abordagem, a arqueologia nao trata o discurso como documento, como signo de outra coisa, mas como monumento que se deixa atravessar, para evidenciar sua opacidade importuna, e para reencontrar a profundidade do essencial. Ela, a arqueologia, se dirige ao discurso em seu volume proprio, na qualidade de monumento, bem como busca definir o discurso enquanto pratica que obedece a regras; a arqueologia nao espreita o momento em que, a partir do que ainda nao eram, tornaram-se o que sao. O problema dela e, pelo contrario, definir os discursos em sua especificidade; ela nao quer reencontrar o ponto enigmatico em que o individual e o social se invertem, pois o objetivo nao e reconstituir o que pode ser pensado, desejado, e visado pelos homens no momento em que proferiam o discurso, ou seja, nao tenta repetir o que foi dito, reencontrando-o em sua propria identidade. Enfim, nao e o retorno ao proprio segredo da origem: e a descricao sistematica de um discurso-objeto (FOUCAULT, 2007).

Assim, para a arqueologia, os discursos nao tem principios de unidade. Machado (2009) afirma que a ideia de analisa-los como dispersao surge deste fato. A arqueologia desrespeita o estabelecido, neutralizando as possiveis unidades. Sob estas assertivas, os discursos sao dispersos por nao estarem ligados a nenhum principio de unidade. O que leva Machado a dizer:

[...] a analise dos discursos sera a descricao de uma dispersao. Mas com que objetivo? Para estabelecer regularidades que funcionam como lei da dispersao, ou formar sistemas de dispersao entre os elementos do discurso como uma forma de regularidade. Em outras palavras, trata-se de formular regras capazes de reger a formacao dos discursos. A essas regras, que sao as condicoes de existencia de um discurso, e devem explicar como os discursos aparecem e se distribuem no interior de um conjunto, Foucault chama 'regras de formacao'. [...] A descoberta dessas regras, que disciplinam objetos, tipos enunciativos, conceitos e temas, caracteriza o discurso como regularidade e delimita o que determina uma 'formacao discursiva'. Em suma, um discurso, considerado como dispersao de elementos, pode ser descrito como regularidade, e portanto individualizado, descrito em sua singularidade, se suas regras de formacao forem determinadas nos diversos niveis (MACHADO, 2009, p. 146, grifos do autor).

Como se pode observar, numa visao foucaultiana, a passagem da dispersao para a regularidade implica na constituicao da formacao discursiva. Espaco de suma importancia a materializacao do discurso: e nele que as regras se apresentam como um sistema de relacoes entre objetos, tipos enunciativos, conceitos e estrategias. E neste universo que se torna possivel constituir o discurso como pratica. O que significa assumir como principio a descricao de acontecimentos discursivos, historicizando enunciados. Assim, os objetos emergirao. E nela, pois, na formacao discursiva, enquanto espaco de emergencia, que as regras sao construidas, fazendo aparecer um determinado enunciado e nao outro em seu lugar.

Diante dessas definicoes, se ha uma arqueologia dos rotulos que prima pela descontinuidade e dispersao do sujeito, ha, tambem, num sentido complementar e nao dicotomico, uma genealogia discursiva que, para Foucault (2007), tem como tarefa destruir a primazia das origens, das verdades imutaveis, porque sujeicao, dominacao e luta sao encontradas em toda a parte. Onde se presentifica significacao e valor, virtude e bondade, ele, Foucault, procura estrategias de dominacao. Em vez de origens, pura e simplesmente, significados escondidos ou intencionalidades explicitas, Foucault, o genealogista, ve relacoes de forca funcionando em acontecimentos particulares, que sao movimentos historicos (DREYFUS; RABINOW, 2010). Trazer a luz a fala dele mesmo, Foucault, influenciado por uma visao de genealogia nietzscheana, confirma a importancia desse conceito:

A genealogia e cinzenta: ela e meticulosa e pacientemente documentaria. Trabalha com pergaminhos embaralhados, riscados, muitas vezes reescritos. [...] Por que Nietzsche genealogista recusa, pelo menos em certas ocasioes, a pesquisa da origem (Ursprung)? [...] O que se encontra no comeco historico das coisas nao e a identidade ainda preservada de sua origem--e a discordia entre as coisas, o disparate. A historia ensina tambem a rir das solenidades da origem. A alta origem e o 'exagero metafisico que ressurge na concepcao de que no comeco de todas as coisas se encontra o que existe de mais precioso e de mais essencial. [...]. fazer a genealogia dos valores, da moral, do asceticismo, do conhecimento nunca sera, portanto, partir em busca de sua 'origem', [...] sera, ao contrario, meter-se nas meticulosidades e nos acasos dos comecos; [...] esperar para ve-los surgir, mascaras finalmente retiradas, [..]. a genealogia restabelece os diversos sistemas de submissao: nao absolutamente a potencia antecipadora de um sentido, mas o jogo casual das dominacoes (FOUCAULT, 2008, p. 264-268, grifos do autor).

Os discursos de rotulos e propagandas nao ficam estanques a esta realidade, pois, ao se materializarem, transcendem para um horizonte de relacoes de forca, empoderadas ora pela dominacao, ora pela resistencia. Assim, rotulo e propaganda procuram o recurso da imagem para confirmar o seu dizer: um dispositivo de poder que busca subsidio de reforco de ratificacao de uma identidade.

Acompanhando esse raciocinio, ao analisar os discursos dos rotulos e propagandas, torna-se perceptivel que o sujeito-autor se apropriou de manobras discursivas, taticas sutis para fazer funcionar seu discurso, utilizando-se de um espaco aparentemente inofensivo. Esta concepcao de espaco discursivo derruba a visao aparente de sujeicao do Outro, apenas. E fato que ela existe, nao como exclusividade, pois, para o genealogista, nao ha sujeito, nem individual e nem coletivo movendo a historia. O que existe e a nocao de intersticio, ou seja, um jogo de forcas que, em qualquer situacao historica particular, torna-se possivel pelo espaco que as define. No estudo em questao, os documentos/monumentos denominados rotulo e propaganda oferecem as condicoes para esse jogo discursivo, configurando-se em espacos de aparecimento de sujeitos nao mais donos de uma situacao, mas num campo de batalha que varou o tempo pela repetibilidade que os levaram a contemporaneidade. Dreyfus e Rabinow (2010), citando Foucault, dizem que

[...] 'a historia dos historiadores estabelece para si mesma um ponto de apoio fora do tempo; ela pretende julgar tudo segundo uma objetividade de apocalipse.' Ao contrario, a historia efetiva tenta colocar tudo em movimento historico. Todos os nossos ideais de verdade e beleza, nossos corpos, instintos e sentimentos deveriam estar alem da relatividade. O historiador eficaz busca dissolver essa confortavel ilusao de identidade, firmeza e solidez. Nao ha constante para o genealogista. [...] nada ao homem--nem mesmo seu corpo--e suficientemente fixo para compreender os outros homens e nele se reconhecer (DREYFUS; RABINOW, 2010, p. 147, grifos dos autores).

Entretanto, nunca e demais lembrar que Dreyfus e Rabinow (2010, p. 141) tambem chamam atencao para o fato de que "[...] a genealogia e complementada e suportada pela arqueologia", ou como diz Revel (2004, p. 69):
   Antes de ser genealogico, o pensamento foucaultiano
   e descontinuo--ou, mais exatamente, e a
   descontinuidade que torna inevitavel a assuncao da
   dimensao genealogica,


o que, para nos, significa analisar os discursos de rotulos e propagandas partindo de um pressuposto historico nao aparente, constituido por relacoes de forca e por sujeitos que se dispersam. Afinal, parafraseando Courtine (apud FERNANDES, 2010), as reconstrucoes historicas tornam-se veiculos para que as formas indefinidamente repetiveis, que sao os enunciados, possam ser descobertas. Sao os fios tenues e interdiscursivos, que atravessam imagens, tecem a tela, evidenciam palavras e tornam os discursos transversos, indefinidamente repetiveis, que permitem as enunciacoes mais dispersas. Quando entrevistado por Fernandes (2010), Courtine ressalta:

O fio 'interdiscursivo', que e aquele da propria formacao discursiva, esse paradigma da expressao que atravessa as textualidades da epoca classica, ligaos, ordena-os, assegura a passagem de um a outro, percebendo, ao mesmo tempo, a unidade e a dispersao de um leque inteiro dos saberes [...]. Sua configuracao de conjunto, a duracao de seu desdobramento no tempo, as unidades que a compoem e que correspondem a tantos tracos que ela deixa ao longo dos textos e das imagens, tudo isso deve ser construido. Agora, e somente agora, nos encontramos verdadeiramente no dominio do discurso, em sua arqueologia. Existem, desde entao, unidades minimas de discurso que se deixam descobrir, que se deixam deduzir dessa construcao, que se dissemina e se desloca como tantos tracos no interior desse vasto corpus. [...] essas formas indefinidamente repetiveis parecem ater-se a pouca coisa, mas e a sua simplicidade, seu proprio minimalismo que asseguram sua repetibilidade, sua surpreendente ubiquidade, que permitem seu deslizamento e sua transferencia de texto a texto, de uma instituicao a outra, de um locutor a outro (COURTINE apud FERNANDES, 2010).

E perceptivel que Courtine faz alusao as categorias do discurso enquanto pratica historica e social eminentemente foucaultianas, considerando que e Foucault quem trata da historia por um vies nao linear, nao tradicional, pensando as mudancas historicas como processo de dispersao e descontinuidade, em que todos os sujeitos estao envolvidos.

A dinamicidade historica de rotulos e propagandas: por uma questao de analise

A Figura 1 nao e um rotulo, mas uma propaganda retirada de uma revista que data de 1914: Revista Occidente, Lisboa, revista ilustrada de Portugal e do estrangeiro. Sant'Anna (2005) adverte que a publicidade entre os anos de 1900 a 1930, em relacao a beleza e estetica da mulher, trilhou por um caminho em que produtos de beleza se confundiam com remedios no combate de diversos 'defeitos' femininos. Assim, existiam

[...] pomadas para afinar a cintura, branquear a pele, tirar peles ou escurecer os cabelos brancos. Do cansaco as cicatrizes, passando pelas rugas e feridas, um mesmo produto e, inumeras vezes, considerado polivalente e, por isso mesmo, eficaz (SANT'ANNA, 2005, p. 122).

Vejamos:

[FIGURE 1 OMITTED]

Os dizeres em negrito chamam atencao, em especial o 'branqueia' e 'pelle', pois, alem de negrito, estao em maiusculo. Os demais dizeres nao estao tao evidentes pelo tamanho da letra. Transcreve-lo, entao, e de suma importancia.

Cold-Creme Albert Simon, com sello Viteri. E o mais perfeito creme de Toilette. Branqueia, perfuma e amacia a pelle. Tira cravos, pontos negros, manchas, vermelhidao, panno borbulhas, cheiro, rugas, olheiras e espinhas. Alisa a pele rugosa e aspera dos joelhos e cotovellos. Da firmeza aos seios. Defende a epiderme da accao do vento e da poeira. Cura e impede assaduras nas criancas e pessoas gordas. Amacia a calosidade dos pes e maos e evita a formacao de callos. Torna os pes resistentes as longas marchas e refresca-os em seguida a estas. Combate o cheiro acre da transpiracao dos sovacos e pes. Deve-se usar em seguida ao barbear (GONCALVES, 2004, p. 55).

Nestas circunstancias, rotulo e propaganda, nao se diferenciavam muito. Boa parte dos rotulos de produtos como cremes e shampoos se assemelhava, inclusive por carregar imagens que se traduziam em uma especie de confirmacao dos dizeres. As Figuras 2 e 3, contemporaneas, ainda confirmam esta interdependencia: a imagem se mistura ao rotulo.

Nestas, a exemplo daquela, imagem e rotulo parecem fundir-se num so corpo, visando a uma discursividade em que os efeitos de sentido e efeitos de verdade imageticos preponderam para ratificar o dito e o nao dito: enquanto a imagem anterior traz evidencia de dizeres que explicitam a importancia de atingir a brancura da pele, estas, numa era de tecnologia avancada, busca vender nao so produtos, mas uma imagem fabricada e racionalizada por um fetiche simbolico do branqueamento: na Figura 2, o discurso e enfatico nao se trata apenas de alisar os cabelos, padronizalos, portanto, mas de conquistar a beleza da vida. Significa dizer que a vida so e bela para quem conquista cabelos lisos. Nao se trata de te-los, mas de conquista-los, esforcar-se para possui-los. Materialidades que fazem os dizeres da labuta para com os atributos, em especial os cabelos, retornar numa nova ordem discursiva: numa historicidade pos-moderna. Manusear o cabelo e lidar, e labutar. Gomes (2003), de maneira precisa, lembra que uma das formas de violencia dos senhores de escravos era a imposicao de raspar as cabecas, o que significava mutilacao. Assim, a raspagem se configurava como marca de negacao e anulacao. O cabelo era considerado, entao, marca de identidade e dignidade. O discurso em voga (Figura 2) nao esta conclamando o Outro a uma raspagem literal, mas o impele a tomar medidas para com o corpo: ontem, escravo do senhor de engenho; hoje, escravo do padrao de beleza. Ouvir Gomes (2003) e de suma importancia para o momento:

Estamos, portanto, em uma zona de tensao. E dela que emerge um padrao de beleza corporal real e um ideal. No Brasil, esse padrao ideal e branco, mas o real e negro e mestico. O tratamento dado ao cabelo pode ser considerado uma das maneiras de expressar essa tensao. A consciencia ou o encobrimento desse conflito, vivido na estetica do corpo negro, marca a vida e a trajetoria dos sujeitos. Por isso, para o negro, a intervencao no cabelo e no corpo e mais do que uma questao de vaidade ou de tratamento estetico. E identitaria (GOMES, 2003, p. 3).

[FIGURE 2 OMITTED]

[FIGURE 3 OMITTED]

Ainda pelas afirmacoes de Gomes (2003), o discurso da lida remete a sofrimento, fadiga e labuta, incorporando, numa perspectiva racial, a ideia de trabalho forcado e coisificacao do escravo e da escrava, lembrando, tambem, as estrategias do regime escravista que visavam anular a cultura do negro. Dessa forma, compreendemos que a lida proposta pelos discursos pos-modernos dos rotulos e propagandas adquiriu contornos diferentes e diferenciadores, em que as imposicoes, agora, parecem naturalizar-se: o sujeito pode ou nao tingir os cabelos, tomando como referencia uma imagem simbolica branca, comportar cachos, controlar o volume, disciplinar o indisciplinado etc., compete a ele fazer escolhas. Todavia, estas escolhas nunca sao faceis, porque o cabelo no Brasil esta associado a uma simbologia de status social, de insercao no mercado de trabalho, de exclusao e inclusao em outros espacos sociais: o cabelo fala! Tornou-se um discurso que causa efeitos de sentido. O cabelo e um signo comunicador, identitario por excelencia. Entretanto, concordamos com Gomes (2003, p. 9):
   [...] o cabelo sozinho nao diz tudo. A sua
   representacao se constroi no amago das relacoes
   sociais e raciais. Pegar no cabelo e tocar no corpo.
   Cabelo crespo e corpo negro, colocados nessa
   ordem, sao expressoes de negritude. Por isso, nao
   podem ser pensados separadamente.


Assim, mesmo ao tratar da pele, no seculo XIX, ou tingir os cabelos, na pos-modernidade, e preciso atender a um padrao de imposicao, eminentemente controlado e cerceado, sutilmente, pela sociedade do discurso: a industria da beleza e estetica que utiliza rotulo e propaganda, marcados pela imagem, como veiculo de comunicacao. Confirma-se, aqui, o que Foucault (2007) aponta sobre as caracteristicas arqueologicas do discurso, em que as praticas discursivas sao produzidas no interior de coercoes. Sob esta otica, discurso e poder articulam-se para produzir verdades. E as verdades produzidas nos discursos dos rotulos e propagandas pesquisados constroem identidades que primam pelo padrao estetico singular, unico, como se alguns atributos fossem feios, portanto renegados, rechacados, e outros bonitos e cabiveis numa padronizacao.

Nas proximas figuras, e cabivel dizer que ha uma memoria discursiva ou um a priori historico que prima por um retorno de especificidades ja mostradas e evidenciadas como preponderantes pelos discursos da beleza e estetica. A equivalencia entre os conceitos nao e aleatoria, vez que e o proprio Courtine (2009, p. 105114) quem ressalta esta possibilidade ao afirmar que o termo 'memoria discursiva' (grifos do autor) e distinto de toda memorizacao psicologica dos psicolinguistas.

A nocao de memoria discursiva diz respeito a existencia historica do enunciado no interior de praticas discursivas regradas por aparelhos ideologicos (COURTINE, 2009, p. 105-106).

Ainda segundo este autor, o conceito de memoria discursiva visa ao que Foucault, em a 'Ordem do Discurso', levantou acerca dos textos religiosos, juridicos, literarios, cientificos etc.

Ademais, para esclarecer que a nocao de memoria discursiva esta atrelada a dinamicidade historica, traz uma citacao de Foucault que assim o diz acerca do entrelacamento entre memoria e praticas discursivas:

Discursos que originam um certo numero de novos atos, de palavras que os retomam, os transformam ou falam deles, enfim, os discursos que indefinidamente, para alem de sua formulacao, sao ditos, permanecem ditos e estao ainda a dizer (FOUCAULT apud COURTINE, 2009, p. 106).

Acompanhando estas consideracoes foucaultianas, as Figuras 4 e 5, carregam marcas ja ditas que sao retomadas por uma inscricao posmoderna mais trabalhada e, consequentemente, mais valorizada por adjetivacoes que dizem e ainda estao a dizer. Passemos as figuras:

[FIGURE 4 OMITTED]

[FIGURE 5 OMITTED]

Pelas materialidades linguistica e discursiva, e perceptivel que o uso da imagem e garantia de um discurso que se estabelece como dominante, pois os dizeres estao eminentemente atrelados aos mecanismos que o comprovam, ou seja, ja no seculo XIX, o sujeito-autor buscava referendar-se numa imagem importada por um simbolo de beleza a ser alcancada. Santos (2000a) destaca que na falta do som e da fala, a linguagem do cinema construia sua narrativa atraves da imagem e da acao. A inteligibilidade dos personagens passava pela necessidade do reconhecimento quase que imediato, cujo carater transparecia pela sua representacao visual ou plastica. Segundo Domingues (2002), a Figura 4 foi veiculada como propaganda pelo Periodico A Cigarra, n[degrees] XIII, em 1915, considerada revista de maior circulacao no Estado de Sao Paulo, com um discurso bastante sugestivo: "Creme de Beaute Oriental. Pelas suas qualidades [...] embranquece, amacia e assetina a cutis, dando-lhe a transparencia da juventude. Preco 3$000." A formacao discursiva e constituida por um discurso que leva o Outro a se projetar como mais jovem e muito mais 'transparente'. Esta adjetivacao, somada ao ja dito explicitamente, ao 'embranquece', carrega em si uma discursividade ideologica: pele transparente e sinal de pele alva, portanto branca.

Conforme Domingues (2002), constituiu-se uma estetica do branqueamento, tornando-se um fetiche extremamente eficaz na alienacao do negro. O que reforca a ideia de que o reconhecimento e de suma importancia para a constituicao de identidades. Se o Outro nao me reconhece, se e necessario que eu me assemelhe a ele, certamente, terei que negar e desprezar o meu eu. Considerando a Figura 5, e perceptivel que, na Pos-Modernidade, os mecanismos nao sao tao diferentes daqueles do inicio do seculo XX: busca-se uma confirmacao do dito, mediante a imagem, claro que bem mais elaborada, levando o Outro a estabelecer uma interrelacao do discurso do produto para com a imagem. Uma pratica discursiva que faz circular um dizer que empodera a identidade, legitimadora per si, tendo em vista sua construcao historica e cultural. A imagem preponderante ainda e a imagem do branco.

Assim, dessas insercoes, infere-se que a industria da beleza e estetica ha muito vem trabalhando, construindo um discurso que busca mecanismos e estrategias para padronizar pessoas, reforcando a comunidade de dentro e rechacando a de fora--o nos e o eles (VAN DIJK, 2008). O primeiro e sempre sancionado como superior, cumprindo o papel de controlador nao so dos discursos, mas de atitudes. Sao as tecnicas de governo e tecnicas de si (FOUCAULT, 2006b) que se juntam para levar uma das partes a perceber que

[...] na ausencia de modelos positivos para se espelhar, o negro recusava sua propria natureza, desembocando, muitas vezes, em crise de identidade etnica, descaracterizando-se, na busca pela supressao dos tracos raciais afro (DOMINGUES, 2002, p. 581).

Somado a isso, essa postura parcial adotada historica e culturalmente pela industria da beleza e estetica se traduz "[...] em um conjunto de praticas discursivas que faz algo entrar no jogo do verdadeiro e do falso" (REVEL, 2004, p. 81). Lembrando que este algo nao um objeto ou uma coisa, mas um ser social que se constitui como estranho, tambem a si, para fazer aparecer aquele que preponderava, numa tentativa de superacao da inferioridade que a cor representava no imaginario social.

Ao evidenciar as figuras supracitadas, o objetivo nao e evidenciar a origem historica pura e simplesmente, vez que Foucault (2007, p. 162) afirma que "[...] nao e legitimo, pois, indagar a queima-roupa, aos textos que estudamos, sobre o seu valor de originalidade e sobre os fragmentos que se medem aqui na ausencia de ancestrais." Com certeza, quem as construiu bebeu em muitos outros discursos: ha um atravessamento de vozes que perpassam seu aparecimento discursivo. A visao europeia de normalidade e uma delas. A razao e proporcao ressoavam no discurso eurocentrico: normal estava para semelhante, assim como semelhante para normal. Os efeitos de sentido oriundos desta aparente simplicidade eram, no minimo, perversos, pois preconizavam o apagamento do Outro, ao partir do principio de que normal era o branco. Esta foi a imagem construida para descartar e macular o que ressoava como estranho, que, por se achar diminuido e relegado a um segundo plano, renegava sua imagem. Munanga (2006a), ao tratar de raca e identidade, destaca que um dos principais entraves a aceitacao e a falta de reconhecimento do proximo. O fato de o convivente social nao aceitar o que lhe aparenta como diferente, leva o relegado a uma estranheza e a vontade de mudanca para adaptacao. Se a imagem de si e depreciada, o Outro se apaga. E, neste apagamento, passa a construir a imagem aceitavel para nao fugir a regra, ao que e normal.

As relacoes, no entanto, sao permeadas de poder e, por mais violentas que sejam, do eminentemente natural, vaza a resistencia. Varando o tempo, as estrategias do branqueamento chegaram a posmodernidade mediante um documento/monumento que se repete, nao pela mesma via, ja que o lugar deixado vazio e ocupado e modificado por outros sujeitos, por ser historico, signico e cultural. Cumprindo nosso papel, so estamos acordando-os da sombra onde reina, ou dos limbos resistentes (FOUCAULT, 2007). Esta e uma das funcoes do arquivo: buscar na historicidade a dinamica dessa construcao, mediante as analises de objetos--praticas discursivas--que se aparentam vazios e inocuos de sentido. Falar de descontinuidades e rupturas, entao, e suscitar caracteristicas de uma arqueologia e genealogia foucaultianas.

Consideracoes finais

Considerando as assertivas foucaultianas, e cabivel dizer que, para uma arqueologia do saber, os fenomenos comecam em pontos historicos particulares, nao havendo, contudo, o lugar proprio da verdade, mas um sujeito que se dispersa e problematiza a descontinuidade arqueologica. Assim, antes de fonte de discursos, o sujeito e apenas uma posicao ocupada por aquele que enuncia. Neste caso, os enunciados partem da mesma cadeia discursiva: a industria da beleza e estetica, que marca seu territorio como sujeito-autor. As materialidades linguistica e discursiva, constituidoras do discurso, parecem ser marcadas por comecos pos-modernos. Entretanto, guarda uma historicidade que se irrompe, para se mostrar como pratica discursiva nova, dizendo o dito com ferramentas do novo, aparelhando-se, embrechando-se em diferentes circunstancias, porque tambem sao diferentes os sujeitos que a dizem, assim como os valores desses sujeitos. Aqui, o dito e o nao dito se entrelacam para dizer de novo. Vale o velho ditado 'Vinho velho em garrafa nova'? Acreditamos que mudaram as embalagens, os entornos para enunciar, os mecanismos mais ou menos explicitos e implicitos, mas ha, sim, uma ordem discursiva, resguardada e vigiada, controlada inclusive pelo discurso midiatizado, no universo da estetica e beleza, produzida para constituir uma estetica de si e do Outro cada vez mais branca e preconceituosa.

Assim, rotulos e propagandas se tornaram monumento/documento por seu carater historico. Afinal, na esteira de Veyne (2011, p. 23-25),
   a cada epoca seu aquario. [...] A originalidade
   foucaultiana esta em trabalhar a verdade no tempo. [...]
   o passado antigo e recente da humanidade nao passa de
   um vasto cemiterio de grandes verdades mortas.


Compete ao analista, investigar esse cemiterio, mesmo que as verdades se destituam e se constituam em outras possibilidades tambem possiveis de serem investigadas.

Doi: 10.4025/actascilangcult.v35i4.20279

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Received on March 27, 2013.

Accepted on May 29, 2013.

Mirian Ribeiro de Oliveira

Colegiado de Letras, Universidade do Estado da Bahia, Av. Contorno, s/n, 46400-000, Caetite, Bahia, Brasil. E-mail: olivermirian@yahoo.com.br ///
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