Journalists and tecnoactors: the negotiation between professional cultures whitin on-line newsrooms/Jornalistas e tecnoatores: a negociacao de culturas profissionais em redacoes on-line.
Canavilhas, Joao ; Satuf, Ivan ; de Luna, Diogenes 等
Introducao
A crescente convergencia e hibridizacao midiatica verificada no
ambiente digital (Manovich, 2001, 2013; Merrin, 2014) impoe uma serie de
desafios ao jornalismo contemporaneo. Um desses desafios ocorre no
interior das redacoes, local onde os jornalistas precisam agora
estabelecer negociacoes com novos atores, dentre os quais se destacam os
designers e os programadores informaticos, aqui denominados pelo
neologismo "tecnoatores" (Canavilhas, Satuf, Luna e Torres,
2014). O termo ajuda a qualificar estes profissionais a partir do
dominio tecnologico que condiciona sua atuacao e, ao mesmo tempo,
permite distingui-los dos jornalistas.
As transformacoes que atingem o jornalismo ganham evidencia quando
se adota a perspectiva historica para promover a comparacao entre
redacoes "pre-digitais" e o cenario atual. Num estudo
pioneiro, Breed (1955) destacou que o controle social das redacoes
envolvia basicamente a negociacao entre dois grupos: os
"staffers" (reporteres, redatores e revisores) e os
"executivos" (jornalistas no cargo de editor e proprietarios
das empresas jornalisticas). Os reporteres mais novos aprendiam a
reconhecer os limites profissionais e editoriais a partir de um intenso
treinamento informal levado a cabo pelo "grupo de referencia",
formado por jornalistas mais experientes que ja haviam conquistado a
confianca dos "publishers"
O modelo tradicional de redacao observado por Breed (1 955) se
apresenta como uma estrutura vertical de poder a partir da qual os
jornalistas negociam uns com os outros para decidir os assuntos que
serao abordados e as circunstancias de producao e publicacao do
material. Estudos subsequentes, sobretudo inspirados na abordagem
classica do newsmaking, reforcaram o papel central desempenhado pelos
jornalistas como agentes de controle sobre a producao e a circulacao de
informacao (Ericson, Baranek e Chan, 1987; Gans, 1979; Tuchman, 1978).
A atual presenca de tecnoatores nas redacoes apresenta potencial
para alterar esta estrutura basica. Desde um ponto de vista
instrumental, sao eles que possuem profundo dominio tecnico sobre
linguagens de programacao e softwares de edicao que agem sobre o
trabalho jornalistico, influenciando simultaneamente os procedimentos e
os produtos. Designers e programadores conquistam proeminencia diante da
carencia ou completa falta de expertise dos jornalistas em um momento de
acelerada mudanca nas tecnologias. E nao se trata de uma questao
meramente instrumental, pois poderemos estar perante um intenso choque
entre culturas profissionais. Como observa Bell (2015), a relacao entre
jornalistas e tecnoatores tende a criar zonas de tensao com implicacoes
significativas no desenvolvimento do jornalismo: "Os engenheiros,
que raramente pensam sobre jornalismo, impacto cultural ou
responsabilidade democratica, todos os dias estao tomando decisoes que
moldam a forma como as noticias sao criadas e disseminadas" (2)
(2015, p. 36).
Em suma, os reporteres e editores que mantinham o controle sobre a
redacao agora precisam estabelecer mecanismos de negociacao com
profissionais treinados em outras areas e que operam segundo logicas
distintas para levar a cabo sua missao primordial. Jornalistas,
designers e programadores pensam diferente e agem de acordo com outras
referencias, mas, quando trabalham juntos em uma mesma redacao, passam a
integrar um proposito comum: produzir informacao. Em disputa esta o
controle das rotinas e dos produtos, bem como a propria nocao de
noticia, antes dominio exclusivo do jornalista e agora, diretamente
influenciado por outros profissionais.
A investigacao academica deve buscar elementos para responder a uma
serie de questoes instauradas pelos tecnoatores a fim de compreender o
presente e indicar os rumos do jornalismo. A este proposito, Royal
(2012) apresenta algumas indagacoes pertinentes no campo do jornalismo:
"Ao fundir essas culturas, o que emerge em termos de uma dinamica
hibrida? De que forma os atores, suas origens e formacao, os seus
processos e a cultura organizacional afetam o produto que eles
distribuem?" (3) (2012, p. 8).
A negociacao entre culturas profissionais abrange o jornalismo como
um todo, mas tende a ser ainda maior nas redacoes on-line. Nestes
ambientes, praticamente todas as etapas de producao, bem como o produto
final, sao diretamente afetados pelas tecnologias digitais, exigindo uma
interacao permanente entre jornalistas e tecnoatores. O presente artigo
tem como objetivo ampliar a compreensao sobre o fenomeno ao promover uma
analise comparativa baseada em entrevistas com profissionais de seis
redacoes on-line localizadas no Brasil e em Portugal.
Fundamentacao teorica
Algumas reflexoes atuais sobre o jornalismo, sejam elas ancoradas
em dimensoes praticas ou teoricas, tem questionado os pressupostos
essencialistas responsaveis por limitar o conhecimento sobre a
atividade. Por "pressupostos essencialistas" estao
subentendidas as abordagens de escopo conceitual restrito que fixam
contornos rigidos para delimitar o que "e" e o que "nao
e" jornalismo. Ao revisar o legado historico dos estudos sobre o
jornalismo, Zelizer (2004) argumenta que o conhecimento academico se
encontra fechado em um conjunto de premissas centrais imposto por
determinadas disciplinas, sobretudo a sociologia, que conduzem a uma
concepcao reduzida da area. Tais premissas estimulam uma visao limitada
sobre o jornalismo e os jornalistas, afastando objetos que nao seriam
jornalisticos porque sao incapazes de se ajustar as definicoes basicas.
De forma semelhante, Carlson (2015) se apoia na sociologia do
conhecimento e nos estudos sobre ciencia e tecnologia para defender as
investigacoes sobre as "fronteiras do jornalismo". Fronteiras
sao construtos simbolicos que, quando questionados, lancam luz sobre
temas e problemas que dificilmente sao abordados justamente porque os
objetos de estudo estao fincados em solidos pressupostos. O autor
desafia os investigadores a olharem mais para o que se move e menos para
o que esta fixo: "O Jornalismo nao e uma coisa solida, estavel, mas
uma definicao em constante mudanca que e aplicada de forma diferente
dependendo do contexto. Tudo o que for diferente no jornalismo deve ser
continuamente construido" (4) (Carlson, 2015, p. 2).
A partir da analise de um variado conjunto de exemplos do cotidiano
jornalistico, Kovach e Rosenstiel (2010) juntam-se aos que defendem a
necessidade de novas abordagens que aproximem a investigacao academica
da realidade observada no seculo XXI. Os avancos tecnologicos e as
alteracoes sociais subsequentes sao catalizadores que abrem novas
perspectivas ainda pouco ou nada exploradas. Os autores sustentam que
nao existe uma formula unica e imutavel, mas sim,"[...] diversos
modelos distintos de produzir jornalismo na cultura contemporanea"
(5) (Kovach e Rosenstiel, 2010, p. 9).
Portanto, a investigacao sobre os tecnoatores esta em sintonia com
tais perspectivas e surge da necessidade premente de interrogar a
reconfiguracao do jornalismo. A emergencia de novos atores nas redacoes,
e a forma como os jornalistas interagem com estes profissionais, podem
revelar novos modelos de jornalismo (Kovach e Rosenstiel, 2011) que
ultrapassam fronteiras ate entao razoavelmente demarcadas (Carlson,
2015) por disciplinas que ajudaram a sedimentar determinadas concepcoes
sobre a atividade (Zelizer, 2004).
Um ponto de partida para compreender a emergencia dos tecnoatores e
a entrada massiva de computadores nas redacoes a partir dos anos 90 e a
acelerada digitalizacao de praticas e processos jornalisticos (Pavlik,
2000). O dominio basico de ferramentas informaticas passou a ser uma
exigencia no trabalho de apuracao e edicao, pratica largamente conhecida
como "computerassisted reporting" (Garrison, 2001).
A continua digitalizacao desencadeou uma serie de processos
complementares que reconfiguram as redacoes, um dos quais e a criacao de
uma interface decisiva entre o jornalismo e a ciencia da computacao
(Anderson, 2013; Cohen, Hamilton e Turner, 2011). O encontro destes dois
campos com origem diversa e responsavel por fomentar experiencias
recentes com o intuito de estimular a formacao de profissionais
hibridos, a exemplo dos "jornalistasprogramadores" capacitados
a lidar com base de dados (Barbosa e Torres, 2013; Parasie e Dagiral,
2012; Royal, 2012; Trasel, 2014).
Se a digitalizacao impacta a formacao dos jornalistas, o mesmo se
pode dizer da estrutura organizacional. Assim que os computadores das
empresas jornalisticas passaram a estar todos ligados numa intranet, a
tecnologia digital deixou de ser vista como elemento externo e permitiu
integrar os diferentes setores em uma unica rede. Havia, pela primeira
vez, um denominador comum a partir do qual era possivel trabalhar em
fluxo continuo para aproveitar o melhor de cada area e criar novos
produtos. Os computadores interligados sugeriam uma nova proposta de
configuracao--a redacao convergente--em que multiplas equipes trabalham
em conjunto para produzir conteudo multimidia e/ou multiplataforma
(Quadros, Caetano e Larangeira, 2011).
Contudo, e preciso buscar novas perspectivas para melhor
compreender a interface do jornalismo com a computacao, bem como a
estrutura das redacoes convergentes. Conforme argumentam Charron,
Damian-Gaillard e Travancas (2014), e preciso olhar alem dos jornalistas
para retirar da sombra outros atores tornados invisiveis na maior parte
dos estudos. Assim, a investigacao sobre os tecnoatores esta amparada
por um conjunto de investigacoes que confere visibilidade a
profissionais ligados a tecnologia, como designers multimidia e
programadores informaticos, que interagem com os jornalistas em
diferentes perspectivas.
Uma parte das investigacoes existentes sobre as culturas
profissionais se foca em tecnoatores que atuam fora da redacao, como
empresas startup e grandes conglomerados de Sillicon Valley (Ananny,
2012; Ananny e Crawford, 2015; Bell, 2015; Westlund, 2012). Apesar de
oferecerem perspectivas importantes, estas analises focam mais nos
atores tecnologicos propriamente ditos do que na negociacao que estes
estabelecem com os jornalistas. Sem negar a importancia destes estudos,
o presente trabalho prefere investigacoes que olham diretamente para a
interacao entre jornalistas e tecnoatores nas praticas regulares dentro
das redacoes (Canavilhas, Satuf, Luna e Torres, 2014; Nielsen, 2012;
Parasie e Dagiral, 2012; Robinson, 2011).
Nielsen (2012) descreve a crescente relevancia de uma comunidade de
tecnologos formada por profissionais nao-jornalistas, entre os quais
estao os programadores e arquitetos da informacao (designers). A nocao
de comunidade surge para reforcar as normas e valores partilhados pelos
diferentes grupos durante a negociacao. A tensao emerge quando os
jornalistas entrevistados dao enfase aos valores editoriais, ao passo
que os tecnologos preferem ressaltar a realizacao de possibilidades
tecnologicas.
Numa incursao etnografica, Robinson (2011) postula o deslocamento
na hierarquia das redacoes demarcada pela ascensao dos programadores nos
processos decisorios. A autora descreve um destes profissionais como
"um homem que nao se considera um jornalista, mas cuja presenca era
requisitada na maior parte das reunioes diretivas e cujos conselhos
tendiam a prevalecer sobre outras relacoes hierarquicas" (6)
(Robinson, 2011, p. 1129). O trabalho sugere uma relacao inversamente
proporcional de autoridade: enquanto cresce o peso dos tecnoatores, os
jornalistas, tanto os reporteres quanto os editores, tendem a ver sua
autoridade reduzida.
Parasie e Dagiral (2012) avancam para um terreno ainda mais critico
ao analisarem atores hibridos dentro das redacoes, e chegam a sustentar
o possivel deslocamento dos principios epistemologicos do jornalismo
diante da presenca de profissionais com diferentes backgrounds dentro
das redacoes. A questao vai muito para alem de saber o que distingue os
jornalistas dos tecnoatores, pois a epistemologia se vincula a um
conjunto de principios e objetivos que podem deslocar a pratica ate um
ponto em que a sua configuracao se torna completamente distinta das
formas anteriores.
Metodologia
A investigacao foi realizada a partir de entrevistas
semiestruturadas realizadas em seis redacoes on-line, sendo tres no
Brasil (O Globo, Zero Hora e Diario do Nordeste) e tres em Portugal
(Correio da Manha, Expresso e Publico). Em cada redacao foram
entrevistados um jornalista, um designer e um programador, com excecao
de O Globo, onde foram entrevistados apenas um jornalista e um designer,
num total de 17 entrevistas.
E importante ressaltar que todas as redacoes pertencem a grupos de
comunicacao de referencia nacional ou regional. No caso portugues, os
tres veiculos possuem abrangencia nacional; no Brasil, O Globo alcanca
visibilidade nacional, enquanto Zero Hora e Diario do Nordeste sao
veiculos de referencia nas regioes Sul e Nordeste, respectivamente.
As entrevistas foram feitas em marco de 2015 com a presenca dos
investigadores nas redacoes, com excecao do Zero Hora, em que os
entrevistados foram contatados por videoconferencia (Skype). Quatro
perguntas-chave integraram a entrevista semiestruturada:
Q1: No contexto atual, ainda se pode afirmar que a rede de trabalho
dentro da redacao funciona em torno do jornalista?
Q2: Em que medida os designers e programadores podem interferir nos
mecanismos de producao jornalistica?
Q3: Designers e programadores partilham o mesmo conceito de noticia
dos jornalistas?
Q4: Ha espaco para profissionais hibridos nas redacoes, como o
jornalistaprogramador ou o jornalista-designer? Ou prevalecera a divisao
formal das atividades?
O formato semiestruturado abriu a possibilidade de inserir questoes
contextuais relevantes a partir das respostas, estrategia que se mostrou
muito util para detalhar os diferentes contextos profissionais e
organizacionais. Ao final desta primeira etapa, todas as entrevistas
foram transcritas para possibilitar uma analise comparativa das
respostas (7). A partir do tratamento qualitativo desta base de dados,
foram definidos quatro eixos para desenvolver a parte empirica: 1)
processos de negociacao; 2) conceito de noticia; 3) distancia fisica
versus distancia epistemica; 4) hibridismo profissional.
Processos de negociacao
Os processos de negociacao sao as interfaces existentes nas rotinas
de trabalho que exigem o reconhecimento mutuo e a troca de conhecimentos
entre os atores com diferentes origens profissionais. Este primeiro eixo
de analise afeta diretamente as proximas etapas empiricas, visto que
estrutura todas as relacoes no ambiente de trabalho.
Parte dos entrevistados ressaltou a manutencao de uma hierarquia
profissional nas redacoes, com a primazia de reporteres e editores,
mesmo reconhecendo o aumento do processo de producao e a valorizacao
recente de um posicionamento mais horizontal:
Estes senhores [tecnoatores] tem uma participacao muito ativa na
producao noticiosa, mas, na verdade, as principais ideias do trabalho,
as principais diretrizes, a forma como a coisa vai funcionar, as fontes
que serao contatadas ... isso sao os jornalistas que decidem. E mais
horizontal do que antes, mas continua ainda muito inclinado ... (H.T.,
jornalista, Publico).
A horizontalizacao das redacoes e destacada por outro jornalista,
desta vez no Brasil:
Eles participam da reuniao de pauta, eles opinam na producao de
pauta, eles pedem coisas, eles vetam coisas. [...] todos os que
trabalham aqui sao absolutamente informados sobre o noticiario, sobre o
que estamos fazendo e, para mim, a coisa mais importante e o poder de
veto. Nao temos uma relacao de dominacao e autoridade, e uma coisa
discutida em pe de igualdade. Nao temos mais um protagonista (A.M.,
jornalista, O Globo).
As relacoes entre jornalistas, designers e programadores sao
reestruturadas em busca de maior proximidade: "Isto e como um
triangulo com lados iguais, entao o que pode acontecer e algo como: nao
concordo, nao poe em pratica"(M.M., jornalista, Correio da Manha).
Apesar disso, um designer que atua num dos jornais portugueses
sublinha uma horizontalidade ainda inclinada para o lado dos
jornalistas: "Hoje em dia ja trabalhamos mais em conjunto, sobre
como e que se pode chegar a alguma coisa, mas, na maior parte das vezes,
a ideia parte deles [jornalistas]" (H.T., designer, Publico).
Concepcao semelhante surge em outra redacao portuguesa: "Pela minha
experiencia, ainda funciona totalmente em torno do jornalista"
(J.B., jornalista, Expresso).
Alguns tecnoatores reforcam a sua importancia no dia a dia da
redacao: "Somos nos que possibilitamos que eles consigam efetuar as
operacoes, que efetuamos e fornecemos meios para que eles possam
divulgar seus conteudos" (P.L., programador, Correio da Manha).
Percebe-se uma vontade de reconhecimento, de tentar tornar o processo
menos inclinado.
Contudo, designers e programadores entendem que o nivel de
conhecimento tecnologico do jornalista influencia o dialogo e destacam
uma componente geracional: "Felizmente, esses novos jornalistas
multimidia ja tem essa sensibilidade. O esforco esta a trazer frutos e
entao ja conseguimos ter bons trabalhos completos para digital"
(T.S., designer, Expresso). Alem de fatores ligados a idade dos
profissionais, tambem foi destacado que as redacoes on-line sao mais
afeitas ao estreitamento dos lacos entre diferentes profissionais quando
comparadas as redacoes de meios impressos:
Eu acho que a grande diferenca do que a gente faz para o que o
pessoal da redacao do jornal impresso faz e porque la e muito bem
dividido. O reporter vai para a rua, volta, chega para o diagramador e
fala: "esta aqui a materia para colocar na forma". Aqui nao,
aqui a gente tem uma reuniao de pauta e nos, diagramadores e designers,
participamos dessa reuniao para sugerir peca, para sugerir infografia.
[...] a gente realmente participa do processo de producao da informacao,
la na redacao do jornal impresso, nao (M.M., designer, Diario do
Nordeste).
A digitalizacao parece ter obrigado os varios atores existentes na
redacao a buscarem pontes de entendimento atraves da negociacao.
O conceito de noticia
Enquanto no passado bastava ao jornalista saber o que e noticia e
como ela deve ser produzida e distribuida, no cenario atual esse
conhecimento faz parte do conjunto de preocupacoes dos tecnoatores.
Quando maior e a integracao de designers e programadores nas rotinas
operacionais de captacao, tratamento e circulacao da informacao, mais
importante se torna a nocao de producao partilhada nas empresas
jornalisticas.
Apesar dos avancos tecnologicos, as respostas demonstram que o
processo de "osmose" descrito por Breed (1955) ha cerca de
seis decadas permanece importante na transmissao do conhecimento entre
os profissionais: "Para quem ja esta numa redacao ha tanto tempo,
sim, comeca a ganhar-se traquejo" (T.S., designer, Expresso). O
processo e sobretudo informal e subliminar, raramente explicitado pelos
agentes envolvidos na troca, mas fundamental para a criacao de
interfaces laborais.
A dinamica informal pode ser percebida na semantica convocado pelos
atores na hora de descrever a operacionalidade desta partilha tacita
entre jornalistas e tecnoatores, como o uso da expressao
"feeling": "O G.[designer] sempre trabalhou com redacao,
entao como eu trabalho as vezes com ele, eu diria que sim,[...] acho que
tem um 'feeling' muito bom nos infograficos dele, nas ideias
dele, na pauta" (F.M., Jornalista, Zero Hora).
Por outro lado, ha entre os entrevistados aqueles que expressam
desconfianca nesse tipo de transmissao informal, o que leva a
divergencias conceituais: "Com o andar do tempo,podemos ser
influenciados pelas linhas editoriais e por tudo o que aqui se passa. No
entanto, acho que cada um tem a sua vertente e a sua visao acerca da
atividade jornalistica" (P.L., programador, Correio da Manha). Uma
das jornalistas demonstrou que o conceito de noticia pode se transformar
em um obstaculo nas rotinas jornalisticas. Para ela, a solucao seria
instituir mecanismos mais formais capazes de fazer convergir os
conhecimentos:
De facto, o nosso conceito de noticia nao e o mesmo. Acho que todos
os programadores e designers deviam ter formacao. De vez em quando
deviam fazer workshops de jornalismo mesmo para terem uma sensibilidade
maior, porque da mesma maneira que nos estamos muito fechados no fator
noticia, na atualidade e nas nossas estorias, eles vivem muito fechados
num lado tecnico (J.B., jornalista, Expresso).
Apesar das convergencias e divergencias conceituais, tanto os
jornalistas quanto os tecnoatores admitem que aquilo que se denomina
noticia e, cada vez mais, o resultado de multiplos olhares: "[...]
ele [o reporter] conversa com a M. e com a V. [tecnoatores]. V. e M.
interferem na producao do texto deles. Eles interferem na producao do
design sugerindo alguma coisa" (D.P., jornalista, Diario do
Nordeste). Os jornalistas comecam a perceber a acao de designers e
programadores como uma necessidade laboral, e nao mais como uma
interferencia indevida e perigosa: "Lanco a ideia para eles, eles
rebatem dizendo se isso e possivel ou nao, ou eles dizem que seria
melhor desmembrar a historia para poder empacotar dessa forma e entregar
o produto final desse jeito" (F.M., reporter, Zero Hora).
E neste processo de transferencia de conhecimento cada vez mais
complexo e participado por diferentes atores que a nocao de noticia vem
sendo alterada por determinantes tanto profissionais como tecnologicas.
Distancia fisica versus distancia epistemica
Quando os entrevistados sao estimulados a detalhar as rotinas de
trabalho, e possivel verificar que as negociacoes sofrem interferencia
de duas dimensoes associadas a nocao de distancia. Existe um primeiro
nivel de distanciamento imposto por conhecimentos particulares
adquiridos, sobretudo na etapa de formacao profissional. Tais
conhecimentos conformam uma estrutura cognitiva primaria, em geral
referida como "background", que molda o modo de raciocinar e a
acao de cada grupo.
Os jornalistas se descrevem e sao descritos como profissionais que
concebem a narrativa a partir das palavras, impondo a primazia do texto
verbal sobre outras formas comunicativas. Os designers citam esta
caracteristica basica da atividade jornalistica tanto para qualificar os
reporteres com os quais interagem quanto para ressaltar as diferencas
profissionais:"Eles querem sempre mais texto e nos queremos sempre
mais visual" (T.S., designer, Expresso); "O jornalista pode
distorcer com as palavras, a gente pode distorcer com a imagem"
(M.M., designer, Diario do Nordeste).
Artificio semelhante e usado pelos programadores para explicar sua
funcao nas rotinas de trabalho e sustentar as diferencas em relacao a
jornalistas e designers. Os informaticos tendem a reforcar a dimensao
"logica" associada ao pensamento computacional, reivindicando
um dominio especifico que nao pode ser ocupado pelos jornalistas nem
pelos demais tecnoatores, visto que os designers sao profissionais que
pensam e agem em outro dominio cognitivo:
Ser programador e uma questao exata, e mais facil do que ser de uma
ciencia criativa. No caso do designer tem que existir muito mais
criatividade e sensibilidade do que um programador. Um programador sao
bits e bytes, zeros e uns, tem que ter um pensamento logico (P.L.,
programador, Correio da Manha).
Assim, e possivel localizar nas entrevistas marcas discursivas
relacionadas a um primeiro nivel de distanciamento que exerce influencia
sobre as negociacoes, que parece oportuno tratar por distancia
epistemica. O carater epistemico engloba tudo aquilo que diz respeito as
estruturas cognitivas e aos conhecimentos partilhados pelos
profissionais que compoem cada grupo. Os entrevistados reforcam a
distancia epistemica simultaneamente como marca identitaria para
reforcar o reconhecimento mutuo e a partilha entre os pares, mas tambem
como operador de alteridade na tentativa de evitar que seu espaco seja
invadido pelos outros atores. Na maior parte das vezes, o distanciamento
e explicitado pela contraposicao direta em proposicoes binarias bastante
simplificadas: texto verbal (jornalistas) versus imagem (designers),
arte (designers) versus logica (programacao).
As respostas tambem permitem verificar a importancia da linguagem
como dimensao simbolica no estabelecimento das fronteiras: "[...]
os tres falam linguas diferentes e eles vivem no mesmo planeta,
portanto, tem que comunicar" (J.B., reporter, Expresso). Cada ator
assume um papel e domina uma lingua que o define e o afasta dos demais.
O jornalista e o narrador dos acontecimentos cotidianos por meio da
linguagem verbal, o designer e o artista que ilustra a informacao pela
linguagem visual e o programador e o profissional da logica com
expertise sobre as linguagens computacionais.
Alem da distancia epistemica, os atores se referem a um segundo
nivel de distanciamento associado diretamente ao espaco fisico das
redacoes. Ao contrario do primeiro nivel, que apresenta certa
uniformidade nas respostas, a distancia fisica tende a se apresentar
como uma dimensao variavel. Em algumas redacoes, os profissionais
trabalham de forma integrada enquanto noutras estao separados.
Jornalistas, designers e programadores que atuam em ambientes
distintos--seja em salas diferentes no mesmo piso ou em outros andares
do mesmo predio--acentuam a interferencia das divisoes espaciais nas
rotinas produtivas.
O ideal era que eu tivesse um programador a trabalhar comigo desde
o principio no projeto, que compreendesse o tempo que eu demoro e
estivesse a par do assunto. O que vai acontecer e que eu na proxima
semana termino minha edicao e vou descer tres andares para ir ao espaco
dele [...]. Nos ainda nao temos essa ligacao, era preciso uma ligacao
fisica (J.B., jornalista, Expresso).
[...] um lado nao sabe muito bem tudo o que o outro sabe fazer, as
vezes e por causa da distancia fisica mesmo: eles passam o dia inteiro
num ambiente e nos em outro, isso ai distancia um pouco o trabalho. Acho
que ainda ha a necessidade de contato fisico e de proximidade (G.M.,
programador, Zero Hora).
A distancia fisica acaba por impor barreiras diretas a interacao e
alguns entrevistados fizeram referencia a processos de intermediacao que
acentuam as dificuldades na negociacao. Ao inves de agirem em planos
diferentes, as respostas indicam que existe uma vinculacao entre as
distancias epistemica e fisica. As redacoes que impoem uma divisao
fisica entre as equipes reforcam o carater invisivel dos tecnoatores na
relacao com os jornalistas (Charron, Damian-Gaillard e Travancas, 2014).
A negociacao sem contato direto estimula a emergencia de instancias
intermediarias que tendem a dificultar o estreitamento da distancia
epistemica.
A ausencia de uma interface direta favorece a lacuna nos dominios
do conhecimento e atrapalha a construcao de novos parametros para
favorecer o trabalho jornalistico. Cabe ressaltar que a distancia fisica
e imposta pelas organizacoes e foge ao controle direto de jornalistas e
tecnoatores. Isso quer dizer que as negociacoes sofrem a interferencia
de decisoes tomadas por agentes externos que detem controle sobre os
recursos financeiros das empresas, os executivos e proprietarios.
Hibridismo profissional
A medida que o trabalho nas redacoes se torna compartilhado, cresce
a demanda por profissionais que dominem conhecimento simultaneo de duas
ou mais areas correlatas a producao de noticias on-line. As entrevistas
permitiram verificar que ha uma demanda significativa por jornalistas
com dominio sobre interfaces graficas e codigos de programacao. De forma
analoga, essa demanda tambem ocorre na area de designers e programadores
que saibam executar pecas jornalisticas.
Em linhas gerais, pode dizer-se que o hibridismo profissional ganha
forca no discurso de jornalistas e tecnoatores: "Acho importante
essa ideia de o jornalista ter conhecimento de outras areas, [...]
porque facilita ate mesmo na hora dele escrever o texto. Ele vai pensar
tambem na forma da informacao e a conversa entre jornalista e design com
certeza melhora" (V.R., designer, Diario do Nordeste).
Contudo, os entrevistados sao cautelosos ao tratar a questao,
procurando deixar claro que e preciso estimular um conhecimento basico
que permita trabalhar em conjunto:
Se o papel esta a encolher e o online esta a aumentar, convem que
os jornalistas tenham uma nocao do que e programar, do que se pode
programar, o que nao pode. Pelo menos ter umas luzes. Nao quer dizer que
se termine com os programadores, mas o jornalista deve ter esse know-how
(N.C., designer, Correio da Manha).
Nesta afirmacao fica nitido que o profissional hibrido e concebido
mais como um mediador dos processos jornalisticos do que propriamente
como um substituto integral. Aos poucos, vem perdendo espaco a utopia de
que a noticia um dia poderia ser produzida por um unico profissional com
capacidades espetaculares para executar as tarefas mais complexas de
todos os dominios laborais. Ao inves disso, nota-se que a valorizacao do
conhecimento que perpassa as tres disciplinas--jornalismo, design e
programacao--e percebida como um componente central para a melhoria do
trabalho nas redacoes online.
Acho que tem lugar para os dois tipos de profissionais, tanto para
o especialista que sabe fazer o mais dificil num prazo menor, quanto
para o hibrido, porque ele melhora a comunicacao entre os dois [...],
melhorando, no final, o trabalho de toda a equipe. Ele e o
'lubrificante da engrenagem', ele sabe transportar a demanda
de um lado para outro com mais eficiencia. Alem de poder dar conta de
trabalhos menos complexos (G.M., programador, Zero Hora).
Portanto, a interpenetracao dos conhecimentos profissionais pode
ser vista como uma componente essencial nas rotinas produtivas das
redacoes on-line, pois reduz as significativas distancias que marcam
historicamente o trabalho nas hierarquias verticais das empresas
jornalisticas. Em outras palavras, o profissional hibrido pode se tornar
um fator-chave na reducao das distancias epistemicas.
Na ausencia de profissionais com dominio interdisciplinar, algumas
empresas vem adotando estrategias que reforcam a nitida dificuldade em
se estabelecer um plano comum para a comunicacao entre jornalistas e
tecnoatores. Na redacao on-line do Zero Hora foi criado um manual para
que os jornalistas tomem conhecimento das ferramentas disponibilizadas
pela equipe de designers e programadores. Batizado de
"Cardapio", o documento emprega termos da culinaria como
metaforas para explicar aos jornalistas o "modo de preparo", a
"harmonizacao" e "tempo de preparo" de cada item
(Figura 1).
[FIGURE 1 OMITTED]
O "Cardapio" materializa a dificuldade em se estabelecer
as negociacoes entre as culturas profissionais nas redacoes on-line,
problema que pode levar ao prejuizo da informacao jornalistica:
"Nos temos muitas possibilidades para oferecer e muitas eles nem
sabiam que nos tinhamos a expertise para fazer" (G.M., programador
Zero Hora).
Consideracoes finais
Apesar dos inegaveis avancos do jornalismo na web, ainda nao e
possivel dizer que as redacoes alcancaram o nivel desejavel de qualidade
na producao de noticias que explorem o potencial desta midia. A presente
investigacao demonstrou, por meio de entrevistas diretas com os
profissionais, a existencia de lacunas bastante significativas que
dificultam o desenvolvimento da atividade. O choque de culturas
profissionais entre jornalistas, designers e programadores e um destes
obstaculos dificeis de serem transpostos.
Um problema claramente delimitado e a dificuldade em se encontrarem
os pontos de tangencia entre as diferentes areas, situacao que poderia
estimular as trocas de conhecimento. As barreiras estao presentes em
diferentes niveis, sendo o primeiro a propria linguagem. Conhecer a
semantica de cada grupo para trabalhar em equipe e um pilar estruturante
da convergencia jornalistica. Entra neste campo a propria nocao de
noticia, um dos pilares da pratica jornalistica, que deixa de ser
dominio exclusivo de reporteres e editores para se transformar no objeto
de trabalho dos tecnoatores. Apesar dessas dificuldades, e claro que a
participacao dos tecnoatores no processo produtivo tem levado o
jornalismo na web a produzir novos formatos, esperando-se que a
necessidade de os integrar aos generos jornalisticos permita igualmente
a criacao de uma linguagem comum a todos os atores.
As respostas dos entrevistados deixaram transparecer, ainda, a
dupla dinamica envolvida na concepcao de distancia quando o termo se
relaciona com as negociacoes profissionais. Por um lado, cada
profissional se inscreve numa representacao singular para desempenhar
papeis razoavelmente bem definidos. Esta distancia epistemica se
relaciona com a distancia fisica fortemente ligada a organizacao
espacial das redacoes. Quando analisadas em conjunto, estas distancias
estabelecem parametros de analise para investigar as diversas
configuracoes das redacoes on-line.
Apesar dos grandes desafios apresentados neste trabalho, a
investigacao empirica permite vislumbrar algumas possibilidades de
resolucao. Aquela que se apresenta com mais forca no discurso dos
entrevistados e a constituicao de um profissional hibrido capaz de agir
como um mediador das praticas jornalisticas. Futuras pesquisas devem
aprofundar a questao para ajudar a constituir uma compreensao
pormenorizada do hibridismo no jornalismo online nesta vertente da
mediacao entre os varios tecnoatores.
DOI: http://dx.doi.org/10.15448/1980-3729.2016.3.24292
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Recebido em: 14/6/2016
Aceito em: 14/6/2016
Endereco dos autores:
Joao Canavilhas <jc@ubi.pt>
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Beira-Interior (UBI), Portugal
Av. Marques dAvila e Bolama
6201-001-Covilha-Portugal
Ivan Satuf<ivsatuf@gmail.com>
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Departamento de Comunicacao e Artes da Universidade de
Beira-Interior (UBI), Portugal
Av. Marques dAvila e Bolama
6201-001-Covilha-Portugal
Diogenes de Luna <diogenes.luna@ufca.edu.br>
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Universidade Federal do Cariri
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Jornalismo-Bairro Cidade Universitaria
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40110-100-Salvador-Bahia-BA-Brasil
Alciane Baccin <alcianebaccin@gmail.com>
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Universidade Catolica de Brasilia
Campus I-QS 07-Lote 1-Aguas Claras
71966-700-Brasilia-DF-Brasil
Joao Canavilhas
Professor Associado no Departamento de Comunicacao e Artes da
Universidade de Beira-Interior (UBI), Portugal.
<ic@ubi.pt>
Ivan Satuf
Doutor em Ciencias da Comunicacao na Universidade da Beira-Interior
(UBI), Portugal.
<ivsatuf@gmail.com>
Diogenes de Luna
Doutorando em Ciencias da Comunicacao na Universidade da
Beira-Interior (UBI), Portugal, e professor na Universidade Federal do
Cariri. <diogenes.luna@ufca.edu.br>
Vitor Torres
Doutorando no Programa de Pos-Graduacao em Comunicacao e Cultura
Contemporaneas da Universidade Federal da Bahia.
<vitortorres.mid@gmail.com>
Alciane Baccin
Doutoranda no Programa de Pos-Graduacao em Comunicacao e Informacao
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
<alcianebaccin@gmail.com>
Alberto Marques
Doutorando no Programa de Pos-Graduacao em Comunicacao da
Universidade de Brasilia e professor na Universidade Catolica
de Brasilia. <alberto.marques@gmail.com>
(1) Pesquisa financiada por FCT; CNPq e CAPES.
(2) No original: "Engineers who rarely think about journalism
or cultural impact or democratic responsibility are making decisions
every day that shape how news is created and disseminated".
(3) No original: "By merging these cultures, what emerges in
terms of a hybrid dynamic? How do the actors, their backgrounds and
training, their processes and the organizational structure affect the
products they deliver?"
(4) No original: "Journalism is not a solid, stable thing to
point to, but a constantly shifting denotation applied differently
depending on context. Whatever is distinct about journalism must be
continuously constructed".
(5) No original: "[...] several distinct models of producing
journalism in the contemporary culture"
(6) No original:"[...] a man who did not consider himself a
journalist, but whose presence was requested at most policy meetings and
whose counsel tended to trump other authoritative relationships."
(7) Seguindo normas eticas na pesquisa cientifica, os entrevistados
sao identificados pelas iniciais do primeiro nome e do sobrenome.