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文章基本信息

  • 标题:Journalists and tecnoactors: the negotiation between professional cultures whitin on-line newsrooms/Jornalistas e tecnoatores: a negociacao de culturas profissionais em redacoes on-line.
  • 作者:Canavilhas, Joao ; Satuf, Ivan ; de Luna, Diogenes
  • 期刊名称:Revista Famecos - Midia, Cultura e Tecnologia
  • 印刷版ISSN:1415-0549
  • 出版年度:2016
  • 期号:September
  • 语种:Spanish
  • 出版社:Editora da PUCRS
  • 摘要:A crescente convergencia e hibridizacao midiatica verificada no ambiente digital (Manovich, 2001, 2013; Merrin, 2014) impoe uma serie de desafios ao jornalismo contemporaneo. Um desses desafios ocorre no interior das redacoes, local onde os jornalistas precisam agora estabelecer negociacoes com novos atores, dentre os quais se destacam os designers e os programadores informaticos, aqui denominados pelo neologismo "tecnoatores" (Canavilhas, Satuf, Luna e Torres, 2014). O termo ajuda a qualificar estes profissionais a partir do dominio tecnologico que condiciona sua atuacao e, ao mesmo tempo, permite distingui-los dos jornalistas.
  • 关键词:Electronic news gathering;Journalists;Online journalism

Journalists and tecnoactors: the negotiation between professional cultures whitin on-line newsrooms/Jornalistas e tecnoatores: a negociacao de culturas profissionais em redacoes on-line.


Canavilhas, Joao ; Satuf, Ivan ; de Luna, Diogenes 等


Introducao

A crescente convergencia e hibridizacao midiatica verificada no ambiente digital (Manovich, 2001, 2013; Merrin, 2014) impoe uma serie de desafios ao jornalismo contemporaneo. Um desses desafios ocorre no interior das redacoes, local onde os jornalistas precisam agora estabelecer negociacoes com novos atores, dentre os quais se destacam os designers e os programadores informaticos, aqui denominados pelo neologismo "tecnoatores" (Canavilhas, Satuf, Luna e Torres, 2014). O termo ajuda a qualificar estes profissionais a partir do dominio tecnologico que condiciona sua atuacao e, ao mesmo tempo, permite distingui-los dos jornalistas.

As transformacoes que atingem o jornalismo ganham evidencia quando se adota a perspectiva historica para promover a comparacao entre redacoes "pre-digitais" e o cenario atual. Num estudo pioneiro, Breed (1955) destacou que o controle social das redacoes envolvia basicamente a negociacao entre dois grupos: os "staffers" (reporteres, redatores e revisores) e os "executivos" (jornalistas no cargo de editor e proprietarios das empresas jornalisticas). Os reporteres mais novos aprendiam a reconhecer os limites profissionais e editoriais a partir de um intenso treinamento informal levado a cabo pelo "grupo de referencia", formado por jornalistas mais experientes que ja haviam conquistado a confianca dos "publishers"

O modelo tradicional de redacao observado por Breed (1 955) se apresenta como uma estrutura vertical de poder a partir da qual os jornalistas negociam uns com os outros para decidir os assuntos que serao abordados e as circunstancias de producao e publicacao do material. Estudos subsequentes, sobretudo inspirados na abordagem classica do newsmaking, reforcaram o papel central desempenhado pelos jornalistas como agentes de controle sobre a producao e a circulacao de informacao (Ericson, Baranek e Chan, 1987; Gans, 1979; Tuchman, 1978).

A atual presenca de tecnoatores nas redacoes apresenta potencial para alterar esta estrutura basica. Desde um ponto de vista instrumental, sao eles que possuem profundo dominio tecnico sobre linguagens de programacao e softwares de edicao que agem sobre o trabalho jornalistico, influenciando simultaneamente os procedimentos e os produtos. Designers e programadores conquistam proeminencia diante da carencia ou completa falta de expertise dos jornalistas em um momento de acelerada mudanca nas tecnologias. E nao se trata de uma questao meramente instrumental, pois poderemos estar perante um intenso choque entre culturas profissionais. Como observa Bell (2015), a relacao entre jornalistas e tecnoatores tende a criar zonas de tensao com implicacoes significativas no desenvolvimento do jornalismo: "Os engenheiros, que raramente pensam sobre jornalismo, impacto cultural ou responsabilidade democratica, todos os dias estao tomando decisoes que moldam a forma como as noticias sao criadas e disseminadas" (2) (2015, p. 36).

Em suma, os reporteres e editores que mantinham o controle sobre a redacao agora precisam estabelecer mecanismos de negociacao com profissionais treinados em outras areas e que operam segundo logicas distintas para levar a cabo sua missao primordial. Jornalistas, designers e programadores pensam diferente e agem de acordo com outras referencias, mas, quando trabalham juntos em uma mesma redacao, passam a integrar um proposito comum: produzir informacao. Em disputa esta o controle das rotinas e dos produtos, bem como a propria nocao de noticia, antes dominio exclusivo do jornalista e agora, diretamente influenciado por outros profissionais.

A investigacao academica deve buscar elementos para responder a uma serie de questoes instauradas pelos tecnoatores a fim de compreender o presente e indicar os rumos do jornalismo. A este proposito, Royal (2012) apresenta algumas indagacoes pertinentes no campo do jornalismo: "Ao fundir essas culturas, o que emerge em termos de uma dinamica hibrida? De que forma os atores, suas origens e formacao, os seus processos e a cultura organizacional afetam o produto que eles distribuem?" (3) (2012, p. 8).

A negociacao entre culturas profissionais abrange o jornalismo como um todo, mas tende a ser ainda maior nas redacoes on-line. Nestes ambientes, praticamente todas as etapas de producao, bem como o produto final, sao diretamente afetados pelas tecnologias digitais, exigindo uma interacao permanente entre jornalistas e tecnoatores. O presente artigo tem como objetivo ampliar a compreensao sobre o fenomeno ao promover uma analise comparativa baseada em entrevistas com profissionais de seis redacoes on-line localizadas no Brasil e em Portugal.

Fundamentacao teorica

Algumas reflexoes atuais sobre o jornalismo, sejam elas ancoradas em dimensoes praticas ou teoricas, tem questionado os pressupostos essencialistas responsaveis por limitar o conhecimento sobre a atividade. Por "pressupostos essencialistas" estao subentendidas as abordagens de escopo conceitual restrito que fixam contornos rigidos para delimitar o que "e" e o que "nao e" jornalismo. Ao revisar o legado historico dos estudos sobre o jornalismo, Zelizer (2004) argumenta que o conhecimento academico se encontra fechado em um conjunto de premissas centrais imposto por determinadas disciplinas, sobretudo a sociologia, que conduzem a uma concepcao reduzida da area. Tais premissas estimulam uma visao limitada sobre o jornalismo e os jornalistas, afastando objetos que nao seriam jornalisticos porque sao incapazes de se ajustar as definicoes basicas.

De forma semelhante, Carlson (2015) se apoia na sociologia do conhecimento e nos estudos sobre ciencia e tecnologia para defender as investigacoes sobre as "fronteiras do jornalismo". Fronteiras sao construtos simbolicos que, quando questionados, lancam luz sobre temas e problemas que dificilmente sao abordados justamente porque os objetos de estudo estao fincados em solidos pressupostos. O autor desafia os investigadores a olharem mais para o que se move e menos para o que esta fixo: "O Jornalismo nao e uma coisa solida, estavel, mas uma definicao em constante mudanca que e aplicada de forma diferente dependendo do contexto. Tudo o que for diferente no jornalismo deve ser continuamente construido" (4) (Carlson, 2015, p. 2).

A partir da analise de um variado conjunto de exemplos do cotidiano jornalistico, Kovach e Rosenstiel (2010) juntam-se aos que defendem a necessidade de novas abordagens que aproximem a investigacao academica da realidade observada no seculo XXI. Os avancos tecnologicos e as alteracoes sociais subsequentes sao catalizadores que abrem novas perspectivas ainda pouco ou nada exploradas. Os autores sustentam que nao existe uma formula unica e imutavel, mas sim,"[...] diversos modelos distintos de produzir jornalismo na cultura contemporanea" (5) (Kovach e Rosenstiel, 2010, p. 9).

Portanto, a investigacao sobre os tecnoatores esta em sintonia com tais perspectivas e surge da necessidade premente de interrogar a reconfiguracao do jornalismo. A emergencia de novos atores nas redacoes, e a forma como os jornalistas interagem com estes profissionais, podem revelar novos modelos de jornalismo (Kovach e Rosenstiel, 2011) que ultrapassam fronteiras ate entao razoavelmente demarcadas (Carlson, 2015) por disciplinas que ajudaram a sedimentar determinadas concepcoes sobre a atividade (Zelizer, 2004).

Um ponto de partida para compreender a emergencia dos tecnoatores e a entrada massiva de computadores nas redacoes a partir dos anos 90 e a acelerada digitalizacao de praticas e processos jornalisticos (Pavlik, 2000). O dominio basico de ferramentas informaticas passou a ser uma exigencia no trabalho de apuracao e edicao, pratica largamente conhecida como "computerassisted reporting" (Garrison, 2001).

A continua digitalizacao desencadeou uma serie de processos complementares que reconfiguram as redacoes, um dos quais e a criacao de uma interface decisiva entre o jornalismo e a ciencia da computacao (Anderson, 2013; Cohen, Hamilton e Turner, 2011). O encontro destes dois campos com origem diversa e responsavel por fomentar experiencias recentes com o intuito de estimular a formacao de profissionais hibridos, a exemplo dos "jornalistasprogramadores" capacitados a lidar com base de dados (Barbosa e Torres, 2013; Parasie e Dagiral, 2012; Royal, 2012; Trasel, 2014).

Se a digitalizacao impacta a formacao dos jornalistas, o mesmo se pode dizer da estrutura organizacional. Assim que os computadores das empresas jornalisticas passaram a estar todos ligados numa intranet, a tecnologia digital deixou de ser vista como elemento externo e permitiu integrar os diferentes setores em uma unica rede. Havia, pela primeira vez, um denominador comum a partir do qual era possivel trabalhar em fluxo continuo para aproveitar o melhor de cada area e criar novos produtos. Os computadores interligados sugeriam uma nova proposta de configuracao--a redacao convergente--em que multiplas equipes trabalham em conjunto para produzir conteudo multimidia e/ou multiplataforma (Quadros, Caetano e Larangeira, 2011).

Contudo, e preciso buscar novas perspectivas para melhor compreender a interface do jornalismo com a computacao, bem como a estrutura das redacoes convergentes. Conforme argumentam Charron, Damian-Gaillard e Travancas (2014), e preciso olhar alem dos jornalistas para retirar da sombra outros atores tornados invisiveis na maior parte dos estudos. Assim, a investigacao sobre os tecnoatores esta amparada por um conjunto de investigacoes que confere visibilidade a profissionais ligados a tecnologia, como designers multimidia e programadores informaticos, que interagem com os jornalistas em diferentes perspectivas.

Uma parte das investigacoes existentes sobre as culturas profissionais se foca em tecnoatores que atuam fora da redacao, como empresas startup e grandes conglomerados de Sillicon Valley (Ananny, 2012; Ananny e Crawford, 2015; Bell, 2015; Westlund, 2012). Apesar de oferecerem perspectivas importantes, estas analises focam mais nos atores tecnologicos propriamente ditos do que na negociacao que estes estabelecem com os jornalistas. Sem negar a importancia destes estudos, o presente trabalho prefere investigacoes que olham diretamente para a interacao entre jornalistas e tecnoatores nas praticas regulares dentro das redacoes (Canavilhas, Satuf, Luna e Torres, 2014; Nielsen, 2012; Parasie e Dagiral, 2012; Robinson, 2011).

Nielsen (2012) descreve a crescente relevancia de uma comunidade de tecnologos formada por profissionais nao-jornalistas, entre os quais estao os programadores e arquitetos da informacao (designers). A nocao de comunidade surge para reforcar as normas e valores partilhados pelos diferentes grupos durante a negociacao. A tensao emerge quando os jornalistas entrevistados dao enfase aos valores editoriais, ao passo que os tecnologos preferem ressaltar a realizacao de possibilidades tecnologicas.

Numa incursao etnografica, Robinson (2011) postula o deslocamento na hierarquia das redacoes demarcada pela ascensao dos programadores nos processos decisorios. A autora descreve um destes profissionais como "um homem que nao se considera um jornalista, mas cuja presenca era requisitada na maior parte das reunioes diretivas e cujos conselhos tendiam a prevalecer sobre outras relacoes hierarquicas" (6) (Robinson, 2011, p. 1129). O trabalho sugere uma relacao inversamente proporcional de autoridade: enquanto cresce o peso dos tecnoatores, os jornalistas, tanto os reporteres quanto os editores, tendem a ver sua autoridade reduzida.

Parasie e Dagiral (2012) avancam para um terreno ainda mais critico ao analisarem atores hibridos dentro das redacoes, e chegam a sustentar o possivel deslocamento dos principios epistemologicos do jornalismo diante da presenca de profissionais com diferentes backgrounds dentro das redacoes. A questao vai muito para alem de saber o que distingue os jornalistas dos tecnoatores, pois a epistemologia se vincula a um conjunto de principios e objetivos que podem deslocar a pratica ate um ponto em que a sua configuracao se torna completamente distinta das formas anteriores.

Metodologia

A investigacao foi realizada a partir de entrevistas semiestruturadas realizadas em seis redacoes on-line, sendo tres no Brasil (O Globo, Zero Hora e Diario do Nordeste) e tres em Portugal (Correio da Manha, Expresso e Publico). Em cada redacao foram entrevistados um jornalista, um designer e um programador, com excecao de O Globo, onde foram entrevistados apenas um jornalista e um designer, num total de 17 entrevistas.

E importante ressaltar que todas as redacoes pertencem a grupos de comunicacao de referencia nacional ou regional. No caso portugues, os tres veiculos possuem abrangencia nacional; no Brasil, O Globo alcanca visibilidade nacional, enquanto Zero Hora e Diario do Nordeste sao veiculos de referencia nas regioes Sul e Nordeste, respectivamente.

As entrevistas foram feitas em marco de 2015 com a presenca dos investigadores nas redacoes, com excecao do Zero Hora, em que os entrevistados foram contatados por videoconferencia (Skype). Quatro perguntas-chave integraram a entrevista semiestruturada:

Q1: No contexto atual, ainda se pode afirmar que a rede de trabalho dentro da redacao funciona em torno do jornalista?

Q2: Em que medida os designers e programadores podem interferir nos mecanismos de producao jornalistica?

Q3: Designers e programadores partilham o mesmo conceito de noticia dos jornalistas?

Q4: Ha espaco para profissionais hibridos nas redacoes, como o jornalistaprogramador ou o jornalista-designer? Ou prevalecera a divisao formal das atividades?

O formato semiestruturado abriu a possibilidade de inserir questoes contextuais relevantes a partir das respostas, estrategia que se mostrou muito util para detalhar os diferentes contextos profissionais e organizacionais. Ao final desta primeira etapa, todas as entrevistas foram transcritas para possibilitar uma analise comparativa das respostas (7). A partir do tratamento qualitativo desta base de dados, foram definidos quatro eixos para desenvolver a parte empirica: 1) processos de negociacao; 2) conceito de noticia; 3) distancia fisica versus distancia epistemica; 4) hibridismo profissional.

Processos de negociacao

Os processos de negociacao sao as interfaces existentes nas rotinas de trabalho que exigem o reconhecimento mutuo e a troca de conhecimentos entre os atores com diferentes origens profissionais. Este primeiro eixo de analise afeta diretamente as proximas etapas empiricas, visto que estrutura todas as relacoes no ambiente de trabalho.

Parte dos entrevistados ressaltou a manutencao de uma hierarquia profissional nas redacoes, com a primazia de reporteres e editores, mesmo reconhecendo o aumento do processo de producao e a valorizacao recente de um posicionamento mais horizontal:

Estes senhores [tecnoatores] tem uma participacao muito ativa na producao noticiosa, mas, na verdade, as principais ideias do trabalho, as principais diretrizes, a forma como a coisa vai funcionar, as fontes que serao contatadas ... isso sao os jornalistas que decidem. E mais horizontal do que antes, mas continua ainda muito inclinado ... (H.T., jornalista, Publico).

A horizontalizacao das redacoes e destacada por outro jornalista, desta vez no Brasil:

Eles participam da reuniao de pauta, eles opinam na producao de pauta, eles pedem coisas, eles vetam coisas. [...] todos os que trabalham aqui sao absolutamente informados sobre o noticiario, sobre o que estamos fazendo e, para mim, a coisa mais importante e o poder de veto. Nao temos uma relacao de dominacao e autoridade, e uma coisa discutida em pe de igualdade. Nao temos mais um protagonista (A.M., jornalista, O Globo).

As relacoes entre jornalistas, designers e programadores sao reestruturadas em busca de maior proximidade: "Isto e como um triangulo com lados iguais, entao o que pode acontecer e algo como: nao concordo, nao poe em pratica"(M.M., jornalista, Correio da Manha).

Apesar disso, um designer que atua num dos jornais portugueses sublinha uma horizontalidade ainda inclinada para o lado dos jornalistas: "Hoje em dia ja trabalhamos mais em conjunto, sobre como e que se pode chegar a alguma coisa, mas, na maior parte das vezes, a ideia parte deles [jornalistas]" (H.T., designer, Publico). Concepcao semelhante surge em outra redacao portuguesa: "Pela minha experiencia, ainda funciona totalmente em torno do jornalista" (J.B., jornalista, Expresso).

Alguns tecnoatores reforcam a sua importancia no dia a dia da redacao: "Somos nos que possibilitamos que eles consigam efetuar as operacoes, que efetuamos e fornecemos meios para que eles possam divulgar seus conteudos" (P.L., programador, Correio da Manha). Percebe-se uma vontade de reconhecimento, de tentar tornar o processo menos inclinado.

Contudo, designers e programadores entendem que o nivel de conhecimento tecnologico do jornalista influencia o dialogo e destacam uma componente geracional: "Felizmente, esses novos jornalistas multimidia ja tem essa sensibilidade. O esforco esta a trazer frutos e entao ja conseguimos ter bons trabalhos completos para digital" (T.S., designer, Expresso). Alem de fatores ligados a idade dos profissionais, tambem foi destacado que as redacoes on-line sao mais afeitas ao estreitamento dos lacos entre diferentes profissionais quando comparadas as redacoes de meios impressos:

Eu acho que a grande diferenca do que a gente faz para o que o pessoal da redacao do jornal impresso faz e porque la e muito bem dividido. O reporter vai para a rua, volta, chega para o diagramador e fala: "esta aqui a materia para colocar na forma". Aqui nao, aqui a gente tem uma reuniao de pauta e nos, diagramadores e designers, participamos dessa reuniao para sugerir peca, para sugerir infografia. [...] a gente realmente participa do processo de producao da informacao, la na redacao do jornal impresso, nao (M.M., designer, Diario do Nordeste).

A digitalizacao parece ter obrigado os varios atores existentes na redacao a buscarem pontes de entendimento atraves da negociacao.

O conceito de noticia

Enquanto no passado bastava ao jornalista saber o que e noticia e como ela deve ser produzida e distribuida, no cenario atual esse conhecimento faz parte do conjunto de preocupacoes dos tecnoatores. Quando maior e a integracao de designers e programadores nas rotinas operacionais de captacao, tratamento e circulacao da informacao, mais importante se torna a nocao de producao partilhada nas empresas jornalisticas.

Apesar dos avancos tecnologicos, as respostas demonstram que o processo de "osmose" descrito por Breed (1955) ha cerca de seis decadas permanece importante na transmissao do conhecimento entre os profissionais: "Para quem ja esta numa redacao ha tanto tempo, sim, comeca a ganhar-se traquejo" (T.S., designer, Expresso). O processo e sobretudo informal e subliminar, raramente explicitado pelos agentes envolvidos na troca, mas fundamental para a criacao de interfaces laborais.

A dinamica informal pode ser percebida na semantica convocado pelos atores na hora de descrever a operacionalidade desta partilha tacita entre jornalistas e tecnoatores, como o uso da expressao "feeling": "O G.[designer] sempre trabalhou com redacao, entao como eu trabalho as vezes com ele, eu diria que sim,[...] acho que tem um 'feeling' muito bom nos infograficos dele, nas ideias dele, na pauta" (F.M., Jornalista, Zero Hora).

Por outro lado, ha entre os entrevistados aqueles que expressam desconfianca nesse tipo de transmissao informal, o que leva a divergencias conceituais: "Com o andar do tempo,podemos ser influenciados pelas linhas editoriais e por tudo o que aqui se passa. No entanto, acho que cada um tem a sua vertente e a sua visao acerca da atividade jornalistica" (P.L., programador, Correio da Manha). Uma das jornalistas demonstrou que o conceito de noticia pode se transformar em um obstaculo nas rotinas jornalisticas. Para ela, a solucao seria instituir mecanismos mais formais capazes de fazer convergir os conhecimentos:

De facto, o nosso conceito de noticia nao e o mesmo. Acho que todos os programadores e designers deviam ter formacao. De vez em quando deviam fazer workshops de jornalismo mesmo para terem uma sensibilidade maior, porque da mesma maneira que nos estamos muito fechados no fator noticia, na atualidade e nas nossas estorias, eles vivem muito fechados num lado tecnico (J.B., jornalista, Expresso).

Apesar das convergencias e divergencias conceituais, tanto os jornalistas quanto os tecnoatores admitem que aquilo que se denomina noticia e, cada vez mais, o resultado de multiplos olhares: "[...] ele [o reporter] conversa com a M. e com a V. [tecnoatores]. V. e M. interferem na producao do texto deles. Eles interferem na producao do design sugerindo alguma coisa" (D.P., jornalista, Diario do Nordeste). Os jornalistas comecam a perceber a acao de designers e programadores como uma necessidade laboral, e nao mais como uma interferencia indevida e perigosa: "Lanco a ideia para eles, eles rebatem dizendo se isso e possivel ou nao, ou eles dizem que seria melhor desmembrar a historia para poder empacotar dessa forma e entregar o produto final desse jeito" (F.M., reporter, Zero Hora).

E neste processo de transferencia de conhecimento cada vez mais complexo e participado por diferentes atores que a nocao de noticia vem sendo alterada por determinantes tanto profissionais como tecnologicas.

Distancia fisica versus distancia epistemica

Quando os entrevistados sao estimulados a detalhar as rotinas de trabalho, e possivel verificar que as negociacoes sofrem interferencia de duas dimensoes associadas a nocao de distancia. Existe um primeiro nivel de distanciamento imposto por conhecimentos particulares adquiridos, sobretudo na etapa de formacao profissional. Tais conhecimentos conformam uma estrutura cognitiva primaria, em geral referida como "background", que molda o modo de raciocinar e a acao de cada grupo.

Os jornalistas se descrevem e sao descritos como profissionais que concebem a narrativa a partir das palavras, impondo a primazia do texto verbal sobre outras formas comunicativas. Os designers citam esta caracteristica basica da atividade jornalistica tanto para qualificar os reporteres com os quais interagem quanto para ressaltar as diferencas profissionais:"Eles querem sempre mais texto e nos queremos sempre mais visual" (T.S., designer, Expresso); "O jornalista pode distorcer com as palavras, a gente pode distorcer com a imagem" (M.M., designer, Diario do Nordeste).

Artificio semelhante e usado pelos programadores para explicar sua funcao nas rotinas de trabalho e sustentar as diferencas em relacao a jornalistas e designers. Os informaticos tendem a reforcar a dimensao "logica" associada ao pensamento computacional, reivindicando um dominio especifico que nao pode ser ocupado pelos jornalistas nem pelos demais tecnoatores, visto que os designers sao profissionais que pensam e agem em outro dominio cognitivo:

Ser programador e uma questao exata, e mais facil do que ser de uma ciencia criativa. No caso do designer tem que existir muito mais criatividade e sensibilidade do que um programador. Um programador sao bits e bytes, zeros e uns, tem que ter um pensamento logico (P.L., programador, Correio da Manha).

Assim, e possivel localizar nas entrevistas marcas discursivas relacionadas a um primeiro nivel de distanciamento que exerce influencia sobre as negociacoes, que parece oportuno tratar por distancia epistemica. O carater epistemico engloba tudo aquilo que diz respeito as estruturas cognitivas e aos conhecimentos partilhados pelos profissionais que compoem cada grupo. Os entrevistados reforcam a distancia epistemica simultaneamente como marca identitaria para reforcar o reconhecimento mutuo e a partilha entre os pares, mas tambem como operador de alteridade na tentativa de evitar que seu espaco seja invadido pelos outros atores. Na maior parte das vezes, o distanciamento e explicitado pela contraposicao direta em proposicoes binarias bastante simplificadas: texto verbal (jornalistas) versus imagem (designers), arte (designers) versus logica (programacao).

As respostas tambem permitem verificar a importancia da linguagem como dimensao simbolica no estabelecimento das fronteiras: "[...] os tres falam linguas diferentes e eles vivem no mesmo planeta, portanto, tem que comunicar" (J.B., reporter, Expresso). Cada ator assume um papel e domina uma lingua que o define e o afasta dos demais. O jornalista e o narrador dos acontecimentos cotidianos por meio da linguagem verbal, o designer e o artista que ilustra a informacao pela linguagem visual e o programador e o profissional da logica com expertise sobre as linguagens computacionais.

Alem da distancia epistemica, os atores se referem a um segundo nivel de distanciamento associado diretamente ao espaco fisico das redacoes. Ao contrario do primeiro nivel, que apresenta certa uniformidade nas respostas, a distancia fisica tende a se apresentar como uma dimensao variavel. Em algumas redacoes, os profissionais trabalham de forma integrada enquanto noutras estao separados. Jornalistas, designers e programadores que atuam em ambientes distintos--seja em salas diferentes no mesmo piso ou em outros andares do mesmo predio--acentuam a interferencia das divisoes espaciais nas rotinas produtivas.

O ideal era que eu tivesse um programador a trabalhar comigo desde o principio no projeto, que compreendesse o tempo que eu demoro e estivesse a par do assunto. O que vai acontecer e que eu na proxima semana termino minha edicao e vou descer tres andares para ir ao espaco dele [...]. Nos ainda nao temos essa ligacao, era preciso uma ligacao fisica (J.B., jornalista, Expresso).

[...] um lado nao sabe muito bem tudo o que o outro sabe fazer, as vezes e por causa da distancia fisica mesmo: eles passam o dia inteiro num ambiente e nos em outro, isso ai distancia um pouco o trabalho. Acho que ainda ha a necessidade de contato fisico e de proximidade (G.M., programador, Zero Hora).

A distancia fisica acaba por impor barreiras diretas a interacao e alguns entrevistados fizeram referencia a processos de intermediacao que acentuam as dificuldades na negociacao. Ao inves de agirem em planos diferentes, as respostas indicam que existe uma vinculacao entre as distancias epistemica e fisica. As redacoes que impoem uma divisao fisica entre as equipes reforcam o carater invisivel dos tecnoatores na relacao com os jornalistas (Charron, Damian-Gaillard e Travancas, 2014). A negociacao sem contato direto estimula a emergencia de instancias intermediarias que tendem a dificultar o estreitamento da distancia epistemica.

A ausencia de uma interface direta favorece a lacuna nos dominios do conhecimento e atrapalha a construcao de novos parametros para favorecer o trabalho jornalistico. Cabe ressaltar que a distancia fisica e imposta pelas organizacoes e foge ao controle direto de jornalistas e tecnoatores. Isso quer dizer que as negociacoes sofrem a interferencia de decisoes tomadas por agentes externos que detem controle sobre os recursos financeiros das empresas, os executivos e proprietarios.

Hibridismo profissional

A medida que o trabalho nas redacoes se torna compartilhado, cresce a demanda por profissionais que dominem conhecimento simultaneo de duas ou mais areas correlatas a producao de noticias on-line. As entrevistas permitiram verificar que ha uma demanda significativa por jornalistas com dominio sobre interfaces graficas e codigos de programacao. De forma analoga, essa demanda tambem ocorre na area de designers e programadores que saibam executar pecas jornalisticas.

Em linhas gerais, pode dizer-se que o hibridismo profissional ganha forca no discurso de jornalistas e tecnoatores: "Acho importante essa ideia de o jornalista ter conhecimento de outras areas, [...] porque facilita ate mesmo na hora dele escrever o texto. Ele vai pensar tambem na forma da informacao e a conversa entre jornalista e design com certeza melhora" (V.R., designer, Diario do Nordeste).

Contudo, os entrevistados sao cautelosos ao tratar a questao, procurando deixar claro que e preciso estimular um conhecimento basico que permita trabalhar em conjunto:

Se o papel esta a encolher e o online esta a aumentar, convem que os jornalistas tenham uma nocao do que e programar, do que se pode programar, o que nao pode. Pelo menos ter umas luzes. Nao quer dizer que se termine com os programadores, mas o jornalista deve ter esse know-how (N.C., designer, Correio da Manha).

Nesta afirmacao fica nitido que o profissional hibrido e concebido mais como um mediador dos processos jornalisticos do que propriamente como um substituto integral. Aos poucos, vem perdendo espaco a utopia de que a noticia um dia poderia ser produzida por um unico profissional com capacidades espetaculares para executar as tarefas mais complexas de todos os dominios laborais. Ao inves disso, nota-se que a valorizacao do conhecimento que perpassa as tres disciplinas--jornalismo, design e programacao--e percebida como um componente central para a melhoria do trabalho nas redacoes online.

Acho que tem lugar para os dois tipos de profissionais, tanto para o especialista que sabe fazer o mais dificil num prazo menor, quanto para o hibrido, porque ele melhora a comunicacao entre os dois [...], melhorando, no final, o trabalho de toda a equipe. Ele e o 'lubrificante da engrenagem', ele sabe transportar a demanda de um lado para outro com mais eficiencia. Alem de poder dar conta de trabalhos menos complexos (G.M., programador, Zero Hora).

Portanto, a interpenetracao dos conhecimentos profissionais pode ser vista como uma componente essencial nas rotinas produtivas das redacoes on-line, pois reduz as significativas distancias que marcam historicamente o trabalho nas hierarquias verticais das empresas jornalisticas. Em outras palavras, o profissional hibrido pode se tornar um fator-chave na reducao das distancias epistemicas.

Na ausencia de profissionais com dominio interdisciplinar, algumas empresas vem adotando estrategias que reforcam a nitida dificuldade em se estabelecer um plano comum para a comunicacao entre jornalistas e tecnoatores. Na redacao on-line do Zero Hora foi criado um manual para que os jornalistas tomem conhecimento das ferramentas disponibilizadas pela equipe de designers e programadores. Batizado de "Cardapio", o documento emprega termos da culinaria como metaforas para explicar aos jornalistas o "modo de preparo", a "harmonizacao" e "tempo de preparo" de cada item (Figura 1).

[FIGURE 1 OMITTED]

O "Cardapio" materializa a dificuldade em se estabelecer as negociacoes entre as culturas profissionais nas redacoes on-line, problema que pode levar ao prejuizo da informacao jornalistica: "Nos temos muitas possibilidades para oferecer e muitas eles nem sabiam que nos tinhamos a expertise para fazer" (G.M., programador Zero Hora).

Consideracoes finais

Apesar dos inegaveis avancos do jornalismo na web, ainda nao e possivel dizer que as redacoes alcancaram o nivel desejavel de qualidade na producao de noticias que explorem o potencial desta midia. A presente investigacao demonstrou, por meio de entrevistas diretas com os profissionais, a existencia de lacunas bastante significativas que dificultam o desenvolvimento da atividade. O choque de culturas profissionais entre jornalistas, designers e programadores e um destes obstaculos dificeis de serem transpostos.

Um problema claramente delimitado e a dificuldade em se encontrarem os pontos de tangencia entre as diferentes areas, situacao que poderia estimular as trocas de conhecimento. As barreiras estao presentes em diferentes niveis, sendo o primeiro a propria linguagem. Conhecer a semantica de cada grupo para trabalhar em equipe e um pilar estruturante da convergencia jornalistica. Entra neste campo a propria nocao de noticia, um dos pilares da pratica jornalistica, que deixa de ser dominio exclusivo de reporteres e editores para se transformar no objeto de trabalho dos tecnoatores. Apesar dessas dificuldades, e claro que a participacao dos tecnoatores no processo produtivo tem levado o jornalismo na web a produzir novos formatos, esperando-se que a necessidade de os integrar aos generos jornalisticos permita igualmente a criacao de uma linguagem comum a todos os atores.

As respostas dos entrevistados deixaram transparecer, ainda, a dupla dinamica envolvida na concepcao de distancia quando o termo se relaciona com as negociacoes profissionais. Por um lado, cada profissional se inscreve numa representacao singular para desempenhar papeis razoavelmente bem definidos. Esta distancia epistemica se relaciona com a distancia fisica fortemente ligada a organizacao espacial das redacoes. Quando analisadas em conjunto, estas distancias estabelecem parametros de analise para investigar as diversas configuracoes das redacoes on-line.

Apesar dos grandes desafios apresentados neste trabalho, a investigacao empirica permite vislumbrar algumas possibilidades de resolucao. Aquela que se apresenta com mais forca no discurso dos entrevistados e a constituicao de um profissional hibrido capaz de agir como um mediador das praticas jornalisticas. Futuras pesquisas devem aprofundar a questao para ajudar a constituir uma compreensao pormenorizada do hibridismo no jornalismo online nesta vertente da mediacao entre os varios tecnoatores.

DOI: http://dx.doi.org/10.15448/1980-3729.2016.3.24292

Referencias

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Recebido em: 14/6/2016

Aceito em: 14/6/2016

Endereco dos autores:

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Joao Canavilhas

Professor Associado no Departamento de Comunicacao e Artes da Universidade de Beira-Interior (UBI), Portugal.

<ic@ubi.pt>

Ivan Satuf

Doutor em Ciencias da Comunicacao na Universidade da Beira-Interior (UBI), Portugal.

<ivsatuf@gmail.com>

Diogenes de Luna

Doutorando em Ciencias da Comunicacao na Universidade da Beira-Interior (UBI), Portugal, e professor na Universidade Federal do Cariri. <diogenes.luna@ufca.edu.br>

Vitor Torres

Doutorando no Programa de Pos-Graduacao em Comunicacao e Cultura Contemporaneas da Universidade Federal da Bahia.

<vitortorres.mid@gmail.com>

Alciane Baccin

Doutoranda no Programa de Pos-Graduacao em Comunicacao e Informacao da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

<alcianebaccin@gmail.com>

Alberto Marques

Doutorando no Programa de Pos-Graduacao em Comunicacao da Universidade de Brasilia e professor na Universidade Catolica

de Brasilia. <alberto.marques@gmail.com>

(1) Pesquisa financiada por FCT; CNPq e CAPES.

(2) No original: "Engineers who rarely think about journalism or cultural impact or democratic responsibility are making decisions every day that shape how news is created and disseminated".

(3) No original: "By merging these cultures, what emerges in terms of a hybrid dynamic? How do the actors, their backgrounds and training, their processes and the organizational structure affect the products they deliver?"

(4) No original: "Journalism is not a solid, stable thing to point to, but a constantly shifting denotation applied differently depending on context. Whatever is distinct about journalism must be continuously constructed".

(5) No original: "[...] several distinct models of producing journalism in the contemporary culture"

(6) No original:"[...] a man who did not consider himself a journalist, but whose presence was requested at most policy meetings and whose counsel tended to trump other authoritative relationships."

(7) Seguindo normas eticas na pesquisa cientifica, os entrevistados sao identificados pelas iniciais do primeiro nome e do sobrenome.
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