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文章基本信息

  • 标题:Science and technology in the imaginary of The Big Bang Theory: from archetypical images to updating of myths and stereotypes in the "Information Age"/Ciencia e tecnologia no imaginario de The Big Bang Theory: das imagens arquetipicas a atualizacao de mitos e estereotipos na "Era do Conhecimento".
  • 作者:Anaz, Silvio Antonio Luiz ; Ceretta, Fernanda Manzo
  • 期刊名称:Revista Famecos - Midia, Cultura e Tecnologia
  • 印刷版ISSN:1415-0549
  • 出版年度:2014
  • 期号:May
  • 语种:Spanish
  • 出版社:Editora da PUCRS
  • 摘要:(Howard Wolowitz, no episodio The Jerusalem Duality)
  • 关键词:Comedy programs;Stereotype (Psychology);Stereotypes (Psychology);Television comedies

Science and technology in the imaginary of The Big Bang Theory: from archetypical images to updating of myths and stereotypes in the "Information Age"/Ciencia e tecnologia no imaginario de The Big Bang Theory: das imagens arquetipicas a atualizacao de mitos e estereotipos na "Era do Conhecimento".


Anaz, Silvio Antonio Luiz ; Ceretta, Fernanda Manzo


"Os tempos mudaram desde quando eramos jovens. Smart is the new sexy."

(Howard Wolowitz, no episodio The Jerusalem Duality)

A presenca da ciencia e da tecnologia no imaginario da sociedade contemporanea ganhou novas dimensoes com as aceleradas transformacoes provocadas pelos avancos da informatica, novas tecnologias da comunicacao, nanotecnologia e genetica, entre outros campos do conhecimento, ocorridos a partir do final do seculo 20. Um dos indices desse fenomeno foi a ascensao a condicao de estrelas midiaticas e referencias no mundo dos negocios de inovadores no campo das tecnologias digitais, como Bill Gates (Microsoft), Steve Jobs (Apple), Mark Zuckerberg (Facebook) e Larry Page e Sergey Brin (Google). Nao so suas marcas, mas tambem suas trajetorias de vida tornaram-se iconicas na sociedade e atualizaram a imagem do jovem intelectualmente brilhante, dedicado ao conhecimento cientifico e tecnologico. Com eles no imaginario contemporaneo, o depreciativo conceito de nerd parece ter ganhado novas valoracoes e conotacoes.

A trajetoria do adolescente brilhante intelectualmente que parte da situacao de "perdedor" para se transformar na de "vencedor" tem sido ha algumas decadas o tema de varios produtos da industria criativa, especialmente de filmes para o cinema e a televisao nas criacoes norte-americanas. Varias dessas narrativas enfatizam o contraste entre a (extraordinaria) habilidade intelectual e a (falta de) habilidade social de personagens que priorizam a busca pelo conhecimento, a tecnologia e o discurso cientifico. De diferentes formas, essas producoes tratam de um dos temas mais caros a cultura norte-americana (e aquelas sob a influencia do soft power dos Estados Unidos): a meritocracia como um dos pilares do "sonho americano" (american dream). A recompensa aos mais bem dotados e esforcados intelectualmente e socialmente vista como justa e correta, e os sucessos empresariais dos fundadores de gigantes como Microsoft, Apple, Facebook e Google reforcam sobremaneira essa visao.

Um dos produtos da industria criativa que constroi um imaginario sobre ciencia e tecnologia que atualiza essas transformacoes e a serie televisiva The Big Bang Theory (1), lancada em 2007 nos Estados Unidos (2). O seriado insere-se numa tradicao de situation comedy (sitcom) (3) norte-americana bem-sucedida em varios paises, que surge na TV com a serie I Love Lucy, nos anos 1950, ao definir um formato de seriado televisivo que ganharia novos patamares esteticos e comerciais a partir da decada de 1990 com sucessos como Seinfeld e Friends.

The Big Bang Theory e um seriado comico que centra suas narrativas ficcionais no cotidiano de um grupo de quatro amigos, jovens cientistas intelectualmente brilhantes --sendo dois fisicos, um astrofisico e um engenheiro--, que trabalham na Caltech (Instituto de Tecnologia da California), em Pasadena. O mote central de boa parte dos episodios gira em torno do contraste entre a visao de mundo do grupo--pautada pelo racionalismo cientifico e pelo vasto conhecimento do universo da tecnologia, da ciencia, dos super-herois, da ficcao cientifica, dos games e de outros elementos da chamada cultura geek (4)--com o das pessoas "comuns" com que se envolvem representadas principalmente pela figura de uma jovem vizinha, sexy, aspirante a atriz em Hollywood, com um nivel intelectual bem inferior, mas com habilidades sociais bem superiores as do grupo de amigos.

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Uma das particularidades de The Big Bang Theory e trazer para o primeiro plano das narrativas o imaginario cientifico-tecnologico da sociedade contemporanea. O discurso do nucleo central dos personagens e os acontecimentos em boa parte dos episodios incluem fatos, metodos, principios filosoficos e personagens dos varios campos das ciencias--das naturais as humanidades--e da tecnologia.

Entendido o imaginario como o conjunto das atitudes imaginativas produzidas pelo homem (Durand, 1996), e como o "cimento social" que une os individuos ao coletivo (Maffesoli, 2001), ao falarmos de um imaginario cientifico-tecnologico em The Big Bang Theory nos referimos as imagens sobre esse tema que a serie cria, reproduz e compartilha com a sua audiencia. Sendo que "imagem" aqui deve ser entendida como "o modo de a consciencia (re)apresentar objetos que nao se apresentam diretamente a sensibilidade" (Barros, 2009, p. 6). Em uma obra audiovisual como The Big Bang Theory, as imagens sao construidas a partir dos elementos simbolicos presentes nos dialogos, cenarios, elementos de cena, trilha sonora e incidental, figurinos, expressoes corporais dos personagens e outros elementos que compoem esse tipo de narrativa. "Nao e a imagem que produz o imaginario, mas o contrario. A existencia de um imaginario determina a existencia de conjuntos de imagens. A imagem nao e o suporte, mas o resultado" (Maffesoli, 2001, p. 76).

Neste artigo, buscamos mapear o imaginario sobre ciencia e tecnologia no primeiro ano da serie The Big Bang Theory e analisar alguns de seus potenciais efeitos de sentido. Junto com outras qualidades, como a performance dos atores, direcao, producao, e, sem duvida, o imaginario um dos vetores do sucesso da serie. Mapear sua configuracao e entender os significados que ele potencialmente carrega contribui para retratar o ethos que permeia o seriado e que estabelece um processo de identificacao cultural da audiencia com esse imaginario.

Aqui, partimos da concepcao antropologica do imaginario desenvolvida por Durand e buscamos identificar as principais imagens arquetipicas, mitos (narrativas) e estereotipos atualizados pelo imaginario do seriado. Nesse sentido, em uma primeira visao ampla e geral percebemos nos varios niveis do imaginario de The Big Bang Theory indices que remetem a tres das grandes narrativas mitologicas e arquetipicas: Prometeu (auto-sacrificio em busca do conhecimento), Fausto (homem moderno nao temente a Deus) e Dionisio (alteridade, festa e caos). Mitos e arquetipos que estao nos fundamentos das forcas centrais que estabelecem a dinamica dramatica do seriado, como veremos a seguir.

Dos mitos fundadores aos estereotipos em The Big Bang Theory

Para Durand (1996), os mitos fundadores estao sempre circulando em todas as sociedades ao longo da historia. Durand (2004) entende o mito como a combinacao de simbolos e imagens e "um esboco de racionalizacao, dado que utiliza o fio do discurso, no qual os simbolos se resolvem em palavras e os arquetipos (matrizes de carater universal e nao ambivalentes) em ideias" (Durand, 2010, p. 63). Ele destaca que mesmo a tentativa do positivismo de destruicao do mito levou a instauracao de um mito positivista:

"Auguste Comte, como antes dele Saint-Simon na Religiao industrial, deseja depassar e destruir o obscurantismo do mito, mas atraves de um outro mito, de uma outra teologia que nao e nova [...] Existe entao um tipo de 'inversao' causal porque, para combater o obscurantismo da idade do mito e das imagens 'teologicas', acentuamos uma mitologia progressista onde triunfa o mito de Prometeu e, principalmente, onde entrevemos os 'amanhas que cantam' do reino final do Espirito Santo.

(Durand, 2004, p 10-11)

Em uma primeira e ampla observacao do imaginario da primeira temporada de The Big Bang Theory e possivel identificarmos duas forcas ou dois ethos antagonicos claros na narrativa. De um lado, o grupo de jovens cientistas--representados pelos personagens Sheldon Cooper, Leonard Hofstadter, Rajesh Kootrappali e Howard Wolowitz (5)--e do outro, pessoas "comuns"--representadas principalmente pela personagem Penny (garconete sexy vizinha de Sheldon e Leonard, que ate a setima temporada nao teve seu sobrenome revelado).

Nesse sentido, elementos da mitodologia (ciencia do mito), proposta por Durand (1993), como a mitocritica, contribuem para compreender as fundacoes do imaginario em produtos midiaticos e o papel de catalizador de processos de identificacao cultural que o imaginario exerce (e sua contribuicao no exito desses produtos). Barros (2009) explica que a mitocritica tem o objetivo de verificar temas ou metaforas obsessivas presentes em obras da cultura em geral. A importancia da mitocritica esta em colaborar na compreensao de uma obra a medida que:

"O mito seria, de alguma maneira, o 'modelo' matricial de todo discurso, estruturado por padroes e arquetipos fundamentais da psique do sapiens sapiens, a nossa. E preciso, pois, pesquisar qual--ou quais--mito mais ou menos explicito (ou latente!) anima a expressao de uma "linguagem" segunda, nao mitica. Por que razao? Porque uma obra, um autor, uma epoca--ou ao menos um 'momento' de uma epoca--e 'obsedado' (Ch. Mauron), de maneira explicita ou implicita, por um (ou mais) mito que, de maneira paradigmatica, toma consciencia de suas aspiracoes, seus desejos, seus medos, seus terrores ..."

(Durand, 2012, p. 131)

Em The Big Bang Theory, o grupo de jovens cientistas protagonistas da serie traz elementos que remetem a dois mitos recorrentes na era moderna: Fausto e Prometeu. Mitos que racionalizam os arquetipos do sabio (6) e do mago (7) e figuram a imagem primordial da "luz", a mesma do Iluminismo, da razao que iluminou as trevas, e do fogo que Prometeu roubou dos deuses do Olimpo para iluminar a vida dos homens. As imagens e simbolos do progresso, do avanco tecnologico, da razao acima da religiao, do homem que se liberta da supersticao e nao teme mais a Deus, da dedicacao sobre-humana (sobrenatural e titanica) em busca do conhecimento sao alguns dos significados dessas narrativas mitologicas associados a trajetoria e aos valores desse grupo de jovens devotados a razao cientifica acima de tudo, ou quase acima de tudo, ja que ha forcas "irracionais" no grupo antagonico, como o amor e o sexo, que sempre estao a tenta-los.

O grupo de pessoas "comuns"--no qual esta Penny, e tambem personagens eventuais como Mary Cooper, mae de Sheldon, uma devotada crista do interior do conservador Texas (EUA), e os ex-namorados de Penny, que primam pela beleza e forca fisica e nao pela capacidade intelectual--formam uma forca antagonica ao primeiro grupo, que os percebe como "diferentes", caoticos e, especialmente, no caso de Penny, hedonista, caracteristicas derivadas do arquetipo do prazer (da "brincadeira"). Essas caracteristicas nos remetem a narrativa mitologica de Dionisio, deus grego dos excessos, festas, transgressoes e imperfeicoes (que caracterizam o mundo humano).

Assim, em um primeiro e amplo olhar, o que encontramos sao reminiscencias das mitologias de Fausto, Prometeu e Dionisio na narrativa de The Big Bang Theory. A presenca dessas narrativas mitologicas se da atraves de um processo de atualizacao dos mitos fundadores nos produtos midiaticos. E, alias, nos produtos midiaticos que se evidencia o processo de transformacao dos mitos originais, que, conforme observado por Durand (1996), podem resultar no seu desgaste, na sua distorcao, com a enfase em alguns de seus aspectos em detrimento de outros, e na sua institucionalizacao, sem os aspectos selvagens e contestatorios originais. Para Barros (2009), e nesse processo que ocorre tambem o nascimento dos estereotipos (8).

Um dos mais evidentes estereotipos em The Big Bang Theory e o do nerd. Definido de forma ambivalente como um especialista em tecnologia e uma pessoa tola e desprezivel sem habilidades sociais ou que e aborrecidamente estudiosa (9) (Oxford Dictionary, 2014), ou como uma pessoa convencional e desinteressante ou obsessivamente estudiosa, obcecada por maquinas e tecnicas (Houaiss, 2014), o nerd e um dos elementos simbolicos centrais do imaginario de The Big Bang Theory. Como estereotipo, a imagem iconica do nerd representaria a degeneracao dos mitos de Fausto e Prometeu, ainda que mantenha bem vivas as principais caracteristicas dos arquetipos do sabio e do mago. E em torno da imagem do nerd que se da a dinamica da narrativa e e nela que esta a raiz de boa parte das situacoes comicas, principalmente quando ha um choque dos ethos do grupo formado pelos jovens cientistas (os nerds) com o das pessoas "normais". Da mesma forma, o mito de Dionisio tambem se degrada em uma imagem iconica, a da loira sedutora e hedonista, estereotipo que se contrapoe ao do nerd.

Nossa percepcao e que, em The Big Bang Theory, os estereotipos e antagonismos sao pontos de partida para a construcao de um imaginario dialogico e densamente intertextual, principalmente no nucleo semantico associado a ciencia e a tecnologia. Para compreendermos esse imaginario cientifico-tecnologico que emerge da narrativa audiovisual do seriado, buscamos mapear e analisar alguns dos principais elementos simbolicos na primeira temporada da serie (2007-2008) que remetem a esse tema.

O imaginario cientifico-tecnologico em The Big Bang Theory

A medida que a imagem do nerd esta no centro da dinamica da narrativa audiovisual de The Big Bang Theory, a ciencia e a tecnologia assumem a parte central e predominante do imaginario do seriado. No mapeamento dos 17 episodios da primeira temporada encontramos um rico conjunto de elementos simbolicos associados a esse imaginario cientifico-tecnologico--incluindo nele imagens e simbolos relacionados ao universo da ficcao cientifica e tecnologia da cultura popular (filmes, seriados, quadrinhos, livros, jogos, eventos). Dentro desse recorte, alguns dos elementos mais redundantes nos episodios sao (Figura 2):

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Nesse conjunto estao imagens de lugares, instituicoes, personagens, atitudes, situacoes, teorias, entre outros objetos, que, para a finalidade deste estudo, agrupamos por similaridade semantica, com o objetivo tambem de analisar suas funcoes no imaginario. A reuniao dos elementos relacionados ao imaginario cientifico-tecnologico resultou em cinco grandes categorias (10), descritas a seguir:

* Teorias e praticas cientificas: agrupa imagens, simbolos, lugares, citacoes, personalidades, praticas, atitudes e pensamentos que remetem as teorias e praticas da ciencia moderna. Exemplos: mencoes das teorias do Big Bang (sobre a origem do universo e que tambem esta no titulo da serie), da gravidade, da evolucao das especies, do design inteligente (pseudocientifica), do paradoxo do "Gato de Schrodinger", sobre viagem no tempo; realizacao de experimentos e pesquisas; uso de explicacoes cientificas para as acoes cotidianas; campos e profissoes cientificas (fisicos, fisica quantica, astronomia, matematica); mencao de fenomenos cientificos; imagens de equacoes, calculos, estruturas moleculares; citacoes de grandes cientistas como Albert Einstein e Stephen Hawking.

* Ficcao cientifica: agrupa imagens, simbolos, citacoes, personagens, lugares, eventos e objetos de elementos de produtos da cultura popular (filmes, seriados, quadrinhos, livros) dos generos ficcao cientifica e fantasia. Exemplos: SuperHomem, Lois Lane, Star Trek, Star Wars, Battlestar Galactica, The Flash, Guerra dos Mundos, Captain Future, Senhor dos Aneis, Orcs, Klingon, Godzila, Planeta dos Macacos, Exterminador do Futuro, Skynet, Goblins, Millenium Falcon, maquina do tempo, viagem no tempo, Matrix, Hulk, Kripton, Princesa Leia, invisibilidade, Liga da Justica, ciborgues, robos, Comic-Con.

* Tecnologia: agrupa imagens, objetos, simbolos e referencias a elementos tecnologicos em geral, como as novas tecnologias da comunicacao, a robotica e a tecnologia aeroespacial. Exemplos: imagens e referencias aos robos, as leis da robotica e a inteligencia artificial; uso de computadores e smartphones; trabalho em laboratorios equipados com laser e outros recursos tecnologicos avancados; uso e mencao da internet, redes sociais (MySpace, Facebook, e-Harmony), apps, blogs; mencao a inventores (Alexandre Graham Bell, inventor do telefone); trabalho com tecnologia espacial (satelites, naves); uso de videogames (Wii); mencao a tecnologias avancadas (fertilizacao artificial, acelerador de particulas, CAT scan).

* Vocabulario cientifico: agrupa termos da linguagem cientifica (jargoes) utilizados pelos personagens centrais em seus dialogos. Exemplos: hipotese, metodo, pesquisa, efeito doppler, CAT scan, homo habilis, coito (interruptus), Bose-Einstein, positronium molecular, particulas de alta energia, materia escura, anos-luz, impacto subsonico, buraco negro, simposio.

* Instituicoes cientificas (11): agrupa imagens, simbolos e citacoes de instituicoes ligados a ciencia e a tecnologia. Exemplos: Massachusetts Institute of Technology (MIT), California Institute of Technology (Caltech), banco de esperma, laboratorio, Grande Colisor de Hadrons, revistas cientificas.

Cada uma dessas categorias exerce funcoes ora distintas ora similares no imaginario cientifico-tecnologico do seriado em relacao a producao de sentidos (12), pois ha uma convergencia dos elementos simbolicos agrupados nelas em direcao a determinados significados. Sem a pretensao de fazer uma investigacao exaustiva desse processo, neste estudo buscamos entender como essas categorias funcionam como mediadoras na dinamica da narrativa e apontar alguns dos potenciais efeitos de sentido que residem nelas. Antes de avancarmos, e preciso destacar que, como The Big Bang Theory e um sitcom, a analise dessas funcoes foi pautada pela ideia de que elas buscam primordialmente criar situacoes engracadas.

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No imaginario de The Big Bang Theory, os elementos simbolicos agrupados na categoria "teorias e praticas cientificas" tem principalmente a funcao de explicar o mundo. Fatos e coisas, incluindo as emocoes, crencas e acoes banais, sao explicados (ou procuram ser) quase sempre sob o ponto de vista do racionalismo cientifico, contrapondo-se ao senso comum ou a visao "superficial" das pessoas comuns sobre o mundo. Em todos os episodios da primeira temporada houve o uso de alguma teoria cientifica ou o recurso ao pensamento cientifico (metodico, logico) para explicar algum acontecimento ou comportamento banal. Alem das explicacoes teoricas, o experimento cientifico tambem esta sempre presente na narrativa. Ele aparece nao so como parte do trabalho dos quatro jovens cientistas que forma o nucleo central da serie, mas tambem como opcao de lazer para eles (controlar a distancia a iluminacao e os equipamentos eletronicos de uma casa usando um sistema de conexao via internet e satelite, por exemplo) e como forma deles realizarem algumas tarefas cotidianas (o tempo necessario para aquecer uma refeicao pronta usando raio laser, por exemplo). Esse tipo de recurso busca provocar o riso a partir da exposicao de um conhecimento fora do comum dos protagonistas e do exagero na sua aplicacao. Esse comportamento, que e uma das caracteristicas principais do estereotipo do nerd, e ridicularizado no seriado, muitas vezes, com a auto-percepcao pelos protagonistas do uso fora de proposito ou absurdo dessa categoria na sua mediacao com o mundo ao redor.

* Ficcao cientifica

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As imagens simbolicas do universo da ficcao cientifica, oriundas dos produtos da cultura popular (quadrinhos, filmes, series, livros, videogames), funcionam em The Big Bang Theory como elementos de diluicao das fronteiras entre o real e o ficcional, sob a perspectiva dos protagonistas. Ha uma valorizacao dos elementos da ciencia "ficcao" praticamente no mesmo patamar dos da ciencia "nao-ficcao", sendo os temas daquela tratados com a mesma seriedade dos desta. Assim, o desconhecimento que as pessoas comuns tem sobre a filmografia do Super-Homem e motivo de espanto para os protagonistas tanto quanto e o fato de elas nao conhecerem o paradoxo do "Gato de Schrodinger" (experimento teorico da fisica quantica). A diluicao das fronteiras leva, a nosso ver, a um transbordamento do real para o ficcional e vice-versa: nessa (con)fusao, o experimento do "Gato de Schrodinger" ou a teoria das cordas e universos paralelos flutuam entre o real e o ficcional tanto quanto a discussao sobre se e possivel, ao observar-se as leis da fisica, Lois Lane nao ser cortada em pedacos ao ser salva pelo Super-Homem durante uma queda de um helicoptero. Nesse sentido, tem tambem o mesmo valor na serie as aparicoes de cientistas do mundo real, como Stephen Hawking, e de atores consagrados em papeis de personagens da ficcao cientifica, como Leonard Nimoy (o vulcaniano Spock, de Star Trek).

* Tecnologia

[FIGURE 7 OMITTED]

A presenca da tecnologia em The Big Bang Theory reflete de uma forma exagerada o papel que ela assumiu na vida contemporanea. Os significados dos elementos simbolicos que remetem ao universo tecnologico vao muito alem do utilitarismo e do entretenimento--uso de computadores, smartphones, videogames e outros recursos para as atividades corriqueiras --e expressam a fascinacao dos protagonistas pelas possibilidades tecnologicas. A discussao do papel da tecnologia na vida dos protagonistas--um papel esperado dentro do que se consolidou como a imagem do nerd ou do geek--, embute tambem uma disputa --representada principalmente por Sheldon (fisico teorico) e Howard (engenheiro) sobre a maior importancia que a teoria nas ciencias tem sobre a pratica, o que remete as "disputas" entre as duas principais correntes filosoficas no nascimento da ciencia moderna: o racionalismo cartesiano e o empirismo.

* Vocabulario cientifico

[FIGURE 8 OMITTED]

O uso de terminologias cientificas no lugar da linguagem coloquial, como, por exemplo, coitus interruptus em vez de relacao sexual ou "transa", e de jargoes do mundo academico, como "hipotese" ou "metodo", operam na narrativa no sentido de reforcar o vasto conhecimento dos protagonistas--isto e, suas condicoes de sabios--em suas carreiras como cientistas e academicos e tambem de criar situacoes de exagero ao usa-las em situacoes coloquiais. Os termos cientificos funcionam tambem para dar um certo ar "pudico" a algumas das falas.

* Instituicoes cientificas

[FIGURE 9 OMITTED]

As instituicoes operam no imaginario de The Big Bang Theory principalmente nos sentidos de valorizarem (darem respeitabilidade e status) as praticas, posicoes e pontos de vistas dos protagonistas e tambem como "ancoras" da narrativa ao mundo real. Assim como os elementos simbolicos da categoria ficcao cientifica, os das instituicoes cientificas tambem funcionam na diluicao das fronteiras entre o real e o ficticio na narrativa.

As cinco categorias de elementos simbolicos que configuram o imaginario cientificotecnologico de The Big Bang Theory convergem para redundancias que dirigem os sentidos desse imaginario. Tambem contribui para isso a ampla riqueza intertextual que o imaginario da serie carrega, ao estabelecer dialogos com diversos lugares da cultura, expandindo o alcance das significacoes. A seguir analisamos as relacoes dessas categorias com imagens arquetipicas e narrativas miticas e de que forma o imaginario da serie as atualiza.

A atualizacao de mitos e estereotipos atraves da comedia

"[...] na Era do Conhecimento, Sheldon, eu e voce somos os machos alfa."

(Leonard Hofstadter, no episodio The Middle Earth Paradigm)

A visao cientifica (racionalista e metodica) do mundo, o "culto" a tecnologia, o valor supremo das instituicoes cientificas e a diluicao da fronteira entre o real e a ficcao sao algumas das principais significacoes que emergem do imaginario da primeira temporada de The Big Bang Theory. Com elas veem junto a valorizacao do progresso, do conhecimento cientifico, da sabedoria como iluminadora dos caminhos da humanidade e dos cientistas e inventores como os "herois" dos novos tempos. Esse conjunto de significados compoe um dos aspectos centrais do retrato que a serie busca tracar da influencia da ciencia e da tecnologia na sociedade contemporanea. Essa visao, ainda que atraves de construcoes estereotipadas, resgata imagens arquetipicas e atualiza narrativas miticas neste comeco de seculo 21.

E preciso ressaltar que no imaginario da "Era do Conhecimento" (13) o mito de Fausto ocupa um lugar central, lado a lado com Prometeu. A ciencia e a tecnologia e os cientistas e os inventores--personificacoes dos arquetipos do sabio, do mago e da luz --sao protagonistas neste principio de terceiro milenio. O mito faustico, que representa o homem moderno, que tenta superar Deus, dar significado a vida decifrando os misterios do mundo, atraves da ciencia, e controlar a natureza, atraves da tecnologia, ocupa nesse cenario um lugar de destaque. No mundo moderno, "o mito faustico transforma-se em um 'mito vivo', um relato que confere modelo para a conduta humana" (Heise, 2001, p. 48).

The Big Bang Theory desenvolve uma visao sobre a quase onipresenca do imaginario cientifico-tecnologico na sociedade contemporanea e as relacoes dele com uma vida ordinaria que se transforma, a medida que o universo cientifico, o academico e a tecnologia invadem o cotidiano. O seriado constroi um olhar sobre o protagonismo dos mitos faustico e prometeico e o antagonismo dionisiaco. Mas faz isso a partir de uma visao comica que busca o riso ao mostrar, principalmente, o exagero e o absurdo no uso da ciencia e da tecnologia no dia a dia e o conflito dos estereotipos do nerd e das pessoas comuns--o primeiro resultado de uma desmitologizacao de Prometeu e Fausto, e o segundo da degradacao do mito de Dionisio.

Tambem a imagem arquetipica do "heroi" e atualizada atraves das referencias intertextuais, como nas imagens iconicas dos elementos da ficcao cientifica (simbolo do Super-Homem, espada Jedi, fantasia do Flash, etc), nas cenas de disputa entre o novo "heroi" da Era do Conhecimento--o "heroi" faustico--e o antigo "heroi" detentor apenas da forca fisica (14) e, tambem, na "veneracao" aos grandes cientistas, como Stephen Hawking. E interessante notar que a missao do heroi na cultura grega (da qual a cultura ocidental e ciencia moderna sao herdeiras) e garantir a ordem do cosmos contra a volta do caos. Foi essa a missao de Heracles, filho de Zeus e seu representante no mundo dos homens, na luta daquele contra a ressurgencia das forcas do caos, herdeiras dos Titas (Ferry, 2012, p. 279). Em The Big Bang Theory, os elementos cientificos nao ficcionais e ficcionais assumem esse papel.

Do ponto de vista de sua estrutura de narrativa audiovisual, The Big Bang Theory possui duas qualidades principais que contribuem para o seu sucesso enquanto produto de comedia. Primeiro, a serie reproduz o formato tradicional do sitcom, cujos codigos fazem parte do repertorio dos espectadores ha mais de cinquenta anos, desde o esquema de tres cameras cruzadas na captacao (conhecido como three-headed-monster) ate a claque, que simula o riso de espectadores presentes em estudio. Alem disso, a serie parodia e satiriza contexto e personagens que se relacionam com o imaginario cientifico-tecnologico dos espectadores, que esta em pleno processo de enriquecimento neste inicio de seculo 21.

Ao construir a comedia, existe uma importancia da familiarizacao das audiencias com o universo retratado na ficcao. Nem todos riem das mesmas piadas. A causa para este fenomeno pode residir, segundo Propp (1992), em condicoes de ordem historica, social, nacional e pessoal. "Cada epoca e cada povo possui seu proprio e especifico sentido de humor e de comico, que as vezes e incompreensivel e inacessivel em outras epocas" (Propp, 1992, p. 32).

As pesquisas acerca da comedia antiga, segundo Ortolan, apontam para a utilizacao dos temas que mais afetam a sociedade na epoca em que cada texto era elaborado. Tanto o contexto das historias quanto as personagens eram baseados em politica, guerra, educacao, religiao, discriminacao sexual, etc. (Ortolan, 2004, p. 15). Bergson afirma que o nosso riso sempre tem um grupo implicito:

"O nosso riso e sempre o riso de um grupo. Ele talvez nos ocorra numa conducao ou mesa de bar, ao ouvir pessoas contando casos que devem ser comicos para elas, pois riem a valer. Teriamos rido tambem se estivessemos naquele grupo. Nao estando, nao temos vontade alguma de rir. [...] Por mais franco que se suponha o riso, ele oculta uma segunda intencao de acordo, diria eu quase de cumplicidade, com outros galhofeiros, reais ou imaginarios."

(Bergson, 1983, p. 7)

Provavelmente apenas uma pequena parcela daqueles que assistem a The Big Bang Theory seja composta por cientistas, como fisicos, engenheiros ou biologos, mas a serie relata situacoes e personagens de facil identificacao. Amigos solteiros dividindo um apartamento, os desafios de socializar com outras pessoas (principalmente com garotas), disputas academicas e outras situacoes com as quais um jovem contemporaneo possa se relacionar, tudo isso em um universo de referencias geek bastante populares, sobretudo em uma epoca em que filmes de super-herois sao tao populares e lucrativos em Hollywood (Buchanan, 2013). Quando o cotidiano e situacoes retratadas no sitcom assemelham-se ao que vivemos ou projetamos nesses ambientes, estamos inseridos no grupo necessario para o riso sobre o qual falava Bergson.

The Big Bang Theory propoe uma rapida assimilacao das caracteristicas das personagens. Sheldon, Leonard, Penny, Howard e Raj possuem personalidades facilmente identificaveis e a serie busca explicar, ja nas entrelinhas dos dialogos e situacoes dos primeiros episodios, as inclinacoes e problemas de cada um deles. A identificacao maior do espectador supostamente e com Leonard, o desajustado que desperta interesse na vizinha bonita e popular.

O comportamento nerd do quarteto masculino, em geral, encontra maior afinidade com a audiencia atualmente do que em qualquer periodo anterior. Desde a virada do milenio, aparatos tecnologicos sofisticados estao cada vez mais presentes em toda e qualquer atividade do dia a dia das pessoas em paises desenvolvidos. Desta forma, o imaginario cientifico-tecnologico esta em constante enriquecimento atraves de nossas vivencias e interesses.

Como vimos nas funcoes assumidas pelas categorias de elementos simbolicos que operam no imaginario do seriado, seus sentidos emergem como resultado da tensao do universo cientifico-tecnologico com o cotidiano. Enquanto Fausto, Prometeu e os herois assumem o protagonismo, os elementos dionisiacos fazem o antagonismo que resulta na comicidade. Mas essa nao e uma tensao dualistica e sim dialogica (em que ha um dialogo entre interlocutores e entre visoes de mundo que seus discursos expressam), a medida que cada interlocutor e afetado e, as vezes, transformado pelos valores e atitudes do outro.

A partir desse imaginario cientifico-tecnologico, a comicidade exerce um papel fundamental no processo de producao de sentidos atraves do recurso aos excessos e absurdos da presenca da ciencia e tecnologia na visao de mundo dos protagonistas --como mostraram as redundancias dos significados das categorias de elementos simbolicos aqui mapeados--assim como na completa ausencia de raciocinio logico nos personagens dionisiacos, em algumas situacoes. As redundancias encontradas confirmaram as imagens arquetipicas inicialmente percebidas e acrescentaram outras operando no imaginario da serie--como as do sabio, da luz, do mago, do heroi e do hedonista--e tambem confirmaram a presenca de indices que remetem em maior ou menor grau a narrativas (mitos) como as de Prometeu, Fausto e Dionisio. Esses elementos que se constituem em imagens e narrativas universais, ainda que nao sejam percebidos imediatamente pelo espectador, podem contribuir de forma fundamental para o processo de identificacao cultural da audiencia com o imaginario do seriado (alias, esse e um ponto promissor a ser estudado em nossas futuras investigacoes--que incluam tambem o estudo da recepcao--sobre o papel do imaginario nos processos de identificacao cultural).

Vimos que o nerd em The Big Bang Theory tem a sua comicidade explorada de formas mais complexas, que vao alem do estereotipo do "cientista maluco" ou do "esquisito solitario". Afinal, na "Era do Conhecimento", todos precisamos ser um pouco nerds para nos relacionarmos com o mundo cientifico-tecnologico ao redor e, portanto, estamos mais propensos a rir com as situacoes apresentadas em The Big Bang Theory.

REFERENCIAS

BARROS, Ana Tais Martins Portanova. A saia de Marilyn: dos arquetipos aos estereotipos nas imagens midiaticas. E-compos--Revista da Associacao Nacional dos Programas de Pos-Graduacao em Comunicacao, Brasilia, v. 12, n. 1, jan.-abr. 2009.

BERGSON, Henri. O Riso: ensaio sobre a significacao do comico. Rio de Janeiro: Guanabara, 1983

BUCHANAN, Kyle. Why the Newest Superhero Movies Can't Seem to Make Their Actors Into Superstars. Vulture. Disponivel em: <http://www.vulture.com/2013/11/why-superhero-actors-arent-superstars-anymorethor-chris- hemsworth.html>. Acesso em: 18 mar. 2014.

DUARTE, Elizabeth Bastos. Sitcom: novas tendencias. Animus: revista interamericana de comunicacao, UFSM, v. 7, n. 13, jan.-jun. 2008.

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NOTAS

(1) The Big Bang Theory e uma criacao de Chuck Lorre e Bill Prady. E produzida em conjunto pela Warner Bros Television e a Chuck Lorre Productions e veiculada pela rede CBS.

(2) A serie esta em 2014 em sua setima temporada e ira pelo menos ate a decima temporada. A audiencia media saltou nos Estados Unidos de 8,3 milhoes de espectadores por episodio, na primeira temporada (2007/2008), para 19,8 milhoes de espectadores por episodio na setima temporada (Steinberg, 2014). Por suas seis primeiras temporadas, a serie recebeu 27 premios, entre elas, dois Emmy e um Globo de Ouro.

(3) Situation comedy (comedias de situacao), mais conhecidas como sitcoms, sao "historias curtas e independentes, com personagens fixos, que utilizam como quadro de referencia o mundo exterior proprio de um determinado nucleo social, familiar ou profissional, colocando em cena a vida e/ou as atividades profissionais das pessoas pertencentes a esse grupo. Esses programas nao costumam ter data de encerramento pre-definida, podendo estender-se, no tempo, enquanto houver audiencia e, consequentemente, patrocinio e/ou publicidade" (Duarte, 2008, p. 1).

(4) Apesar de dicionarios como o Oxford Dictinary (2014) trazer uma definicao de geek muito similar a do nerd--alguem socialmente inapto e um entendido ou entusiasta obsessivo de um determinado assunto--o termo tem uma conotacao menos pejorativa. Experimento realizado pelo cientista de dados e engenheiro de software Blurr Settles mostrou que o termo geek esta relacionado a coisas, enquanto o termo nerd se mostrou mais proximo de ideias (Settles, 2013). Termos como quadrinhos, Instagram, colecoes e cosplay sao mais associadas a geek, enquanto seminario, neurociencia, fisica e biologia sao mais associadas a nerd.

(5) A partir da terceira temporada a esse grupo totalmente masculino juntaram-se duas personagens femininas, igualmente brilhantes intelectualmente e com carreiras academicas: Amy Farrah Fowler (como namorada de Sheldon Cooper) e Bernadette Rostenkowski (como namorada e depois esposa de Howard Wolowitz).

(6) O sabio arquetipico e aquele que busca o conhecimento para chegar a verdade, pois somente a verdade liberta. Ele faz isso atraves do uso da inteligencia, da capacidade analitica para entender o mundo, da autorreflexao e de processos para entender como funcionam os pensamentos.

(7) O mago arquetipico e um visionario busca entender as leis fundamentais do universo e fazer as coisas acontecerem, encontrar solucoes, desenvolver uma visao de mundo e viver de acordo com ela.

(8) Entendidos os estereotipos como "mitos desmitologizados" (Barros, 2009, p. 7), ou seja, o resultado de uma "visao supersimplificada e usualmente carregada de valores sobre as atitudes, comportamento e expectativas de um grupo ou de um individuo" (Edgar; Sedgwick, 2003, p. 107).

(9) A foolish or contemptible person who lacks social skills or is boringly studious; a single-minded expert in a particular technical field.

(10) As categorias foram definidas e nomeadas a partir do recenseamento dos elementos simbolicos mais frequentes nos episodios da primeira temporada. Alguns dos elementos simbolicos podem associar-se a mais de uma categoria em funcao de sua semantica.

(11) Referimo-nos a instituicoes em sua acepcao mais ampla, incluindo nao so universidades, institutos de pesquisa, orgao oficiais, mas tambem a linguagem e as praticas morais e culturais.

(12) Ainda que nao haja uma equivalencia entre os elementos simbolicos, no conceito de Durand sobre o imaginario, e o signo da semiotica peirciana, ha em nossa visao um processo similar em relacao a producao de sentidos por ambos. Baseado na relacao triadica do signo estabelecida por Peirce, e possivel ver em cada elemento simbolico o interpretante imediato, isto e, o potencial interpretativo que esta contido nele, e o interpretante dinamico, que e o efeito de sentido que ele efetivamente produz na mente do interlocutor.

(13) Fase historica em que ha uma valorizacao economica e social do conhecimento e do desenvolvimento de novas capacitacoes pelos individuos e organizacoes (Economia Baseada no Conhecimento), intensifica-se o processo de globalizacao e ha o acelerado desenvolvimento e disseminacao de novas tecnologias de informacao e comunicacao.

(14) A disputa entre a inteligencia e a forca fisica e representada, por exemplo, no primeiro e sexto episodios da primeira temporada quando Leonard tem de "enfrentar" Kurt, o atletico ex-namorado de Penny.

Recebido em: 20 mar. 2014

Aceito em: 15 maio 2014

Endereco dos Autores:

Silvio Antonio Luiz Anaz <silvioanaz@hotmail.com>

Fernanda Manzo Ceretta <fmceretta@gmail.com>

Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo (PUC-SP)

Programa de Pos-Graduacao em Comunicacao e Semiotical

Rua Monte Alegre, 984--Predio Bandeira de Mello--4 andar--Perdizes

05008-000 Sao Paulo, SP Brasil

SILVIO ANTONIO LUIZ ANAZ

Doutor em Comunicacao e Semiotica pela Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo. Pesquisador do Grupo de Pesquisa Comunicacao e Criacao nas Midias, Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo (PUC-SP).

<silvioanaz@hotmail.com>

FERNANDA MANZO CERETTA

Mestrado em Comunicacao e Semiotica na Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo. Integrante do Grupo de Pesquisa Comunicacao e Criacao nas Midias, Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo (PUC-SP).

<fmceretta@gmail.com>
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