A trajetoria do pensamento de McLuhan no contexto da pesquisa em comunicacao no Brasil.
Sousa, Janara ; Geraldes, Elen
The trajectory of McLuhan's thoughts on the context of
Brazilian communication
Oteorico canadense e professor de Literatura Marshall McLuhan
(1911-1980) foi, certamente, um dos mais importantes pensadores do
seculo XX. O autor teve sua obra traduzida para diversos idiomas e
trouxe definitivamente para a pesquisa em Comunicacao a preocupacao com
os meios. Como evidencia do prestigio desse pensador e da atualidade do
seu debate, no ano de 2011, por ocasiao do centenario de nascimento de
McLuhan, houve, em diversas universidades do mundo, eventos para
comemorar e continuar o debate proposto pelo autor.
A proposta desta pesquisa e discutir e tentar apontar alguns
aspectos da trajetoria, e de algum modo, o impacto da obra de McLuhan na
pesquisa em Comunicacao brasileira. A traducao para portugues e a
publicacao das principais obras do autor--como Understanding Media: the
extension of man e The Medium is the Massage: An Inventory of
Effect--aconteceram ainda na decada de 60, poucos anos depois da
publicacao dos originais. Certamente, essa traducao rapida,
especialmente, considerando o contexto historico da epoca (ditadura
militar), deveu-se ao grande encantamento que esse destacado autor
causou em todo mundo. No Brasil, assim como em diversos paises que
acolheram nas suas universidades a producao de McLuhan, a aproximacao a
esse pensamento provocou efeitos, que, seguramente, auxiliam na
compreensao dos rumos que a pesquisa em Comunicacao tomou.
Para compreender a trajetoria do pensamento desse teorico no
Brasil, cremos que e fundamental resgatar alem do historico da pesquisa
em Comunicacao, tambem, o proprio contexto social, politico e economico
da nacao brasileira. Como argumenta Maria Immacolata Lopes (2005), nao e
possivel compreender os caminhos da pesquisa na nossa area sem
considerar os contextos historicos, sociais e politicos, que
possibilitaram a producao do conhecimento. Neste artigo, apresentaremos
tres momentos que acreditamos que explicam a historia do pensamento
mcluhaniano no Brasil: ambiguidade, silencio e apropriacao.
A producao de McLuhan trouxe e traz uma significativa mudanca nos
rumos da pesquisa em Comunicacao em todo o mundo. Se resgatarmos o
esquema lasswelliano (Lasswell, 1948), e possivel que, ate a decada de
60, tenhamos como aspectos privilegiados desta pesquisa o interesse nos
estudos sobre os efeitos e o conteudo das mensagens. Ate essa decada, o
cenario mundial apontava para uma polarizacao, no que concerne aos
estudos da Comunicacao, entre a America do Norte e a Europa. Ou, mais
precisamente, Communication Research e Teoria Critica, as quais
compartilhavam, as vezes secretamente, as vezes abertamente, o mesmo
desejo de compreender o impacto da Comunicacao mediada pelos meios de
massa.
A pesquisa empirica sobre as comunicacoes de massa tradicionalmente
se dividem em tres dominios: estudo de publicos, estudo de conteudo,
estudos de efeitos, esta divisao valoriza de fato os estudos dos
efeitos. Certamente, a pesquisa sobre os conteudos partem da retorica da
mensagem ou da dimensao do publico atingido, mas ele desemboca
igualmente sobre o problema dos efeitos."
(Katz, 1999, p. 1)
O trabalho de McLuhan, como dito anteriormente, inaugura uma nova
fase da pesquisa em Comunicacao: a preocupacao com os meios. O estudo
sobre os efeitos, tao privilegiados ao longo de historia da pesquisa na
area ate a decada de 60, cede espaco para se pensar e compreender a
principal mensagem do processo de Comunicacao mediado: o canal (McLuhan,
1964). Certamente, o interesse pelos efeitos dos meios tambem perpassou
a obra do autor canadense, mas a centralidade de sua pesquisa foi
indubitavelmente voltada para os canais.
A decada de 60 tambem trouxe outra questao importante para a
pesquisa em Comunicacao. E exatamente nessa epoca que a polarizacao
America do Norte e Europa passa a ser vencida. Pouco a pouco, o mundo
comecava a se apropriar desses estudos e abrir novas e complexas frentes
de pesquisa (Miege, 2002). E nesse contexto que a pesquisa em
Comunicacao na America Latina e no Brasil comeca a desabrochar.
A pesquisa incipiente na America Latina, na decada de 60, revelava
aspectos culturais e politicos da epoca. A predilecao pelos efeitos e
conteudo da mensagem foi facilmente substituida por uma pesquisa
engajada compromissada em denunciar o imperialismo cultural e o massacre
das ditaduras latinas, amplamente apoiadas pelos Estados Unidos.
E no Brasil esse cenario nao foi diferente. O inicio da pesquisa em
Comunicacao no pais foi marcado pelo interesse pela cultura popular e
suas manifestacoes--a Folkcomunicacao. O grande expoente desta epoca foi
o pesquisador Luiz Beltrao, que inspirou outros diversos estudiosos.
Entretanto, esta linha de pesquisa foi interrompida por novos desafios.
A ditadura militar no Brasil, que durou de 1964 ate 1985, deu um novo
tom a producao cientifica e academica. A geracao dos pesquisadores dessa
epoca, perseguida e muitas vezes exilada, voltou seu foco para desvendar
a manipulacao que os meios de Comunicacao e suas mensagens poderiam
causar. O momento politico delicado deu contornos politicos a pesquisa
em Comunicacao.
A selecao dos tres momentos do pensamento de McLuhan no Brasil, que
desenvolveremos ao longo desse trabalho, e resultado de uma pesquisa que
vem se desenvolvendo ha quase cinco anos. O interesse inicial das
autoras pela obra desse pesquisador levou-as a mergulhar na leitura de
diversos comentadores brasileiros sobre o pensamento de McLuhan. Nesse
sentido, livros, artigos, jornais e dicionarios da Comunicacao foram as
principais fontes de consulta. A analise desses textos nos levou a
considerar que determinados periodos de tempo foram marcados por
caminhos de pesquisa, utilizacao e opinioes sobre a obra de McLuhan
bastante semelhantes. Isto possibilitou a criacao desses tres momentos,
que nao tem a intencao de fechar o debate, mas que pretendem observar um
pouco mais de perto e lancar questoes sobre a historia, alem do impacto
do pensamento mcluhaniano na pesquisa em Comunicacao brasileira.
Ambiguidade: McLuhan, ame-o ou deixo-o
Antonio Hohlfeldt e Maria Cristina Gobbi, dois eminentes
pesquisadores brasileiros, lancaram, em 2004, uma obra que reflete sobre
a historia da pesquisa em Comunicacao no Brasil. Essa obra unica e
destacada apresenta tres principais fases do pensamento comunicacional
brasileiro--geracao pioneira, geracao renovadora e geracao inovadora.
Trata-se, na verdade, do pensamento de pesquisadores (1) destacados no
Brasil que tiveram suas obras premiadas e reconhecidas. As duas
primeiras fases datam de logo apos a II Guerra Mundial ate,
aproximadamente, a decada de 80, a qual coincide quase totalmente com o
periodo de tempo da primeira fase do pensamento de McLuhan no Brasil: a
ambiguidade.
De acordo com Gobbi (2004), o pensamento comunicacional brasileiro
comeca com o surgimento das escolas superiores de jornalismo do pais.
Mas se consolidou somente na decada de 60 com a ampliacao dos cursos de
Comunicacao (jornalismo, cinema, publicidade e propaganda, relacoes
publicas e outros). Os estudos da primeira geracao focavam na
Folkcomunicacao e na Comunicacao popular. Esse periodo, anterior a
instalacao da ditadura militar, foi de crescimento economico do pais,
embora marcado por instabilidades politicas.
A partir da decada de 60, o cenario mundial e nacional muda muito.
Transformase, no que concerne a pesquisa em Comunicacao, ja que
finalmente se tem, alem da ampliacao das perspectivas tematicas, o
aumento dos paises e pesquisadores envolvidos nessa pesquisa.
Entretanto, mudam tambem os cenarios politicos, especialmente na America
Latina, na qual ditaduras militares se espalham como pestes virulentas e
sanguinarias. Nesse momento, o mundo tambem acompanha a forte corrida
armamentista provocada pela Guerra Fria. O clima de instabilidade
politica, de certo modo, imperava e apontava para construcao de um
cenario de disputas, polarizacao do poder economico e politico, mas
ainda de desenvolvimento tecnologico.
E nesse cenario que a obra de McLuhan chega ao Brasil, logo apos o
golpe militar de 1964. As publicacoes dessas obras aconteceram
justamente nessa decada marcada por repressao e perseguicao. O
acolhimento do pensamento mcluhaniano no Brasil refletiu a oscilacao
politica do momento. Portanto, a primeira fase--que inaugura a chegada
do trabalho do pesquisador no Brasil--, foi marcada por uma forte
ambiguidade que dividiu os autores da area. McLuhan foi visto, por
muitos teoricos brasileiros, como conservador e reacionario, ja que
tinha como preocupacao a questao tecnologica. Esses autores apontavam e
criticavam o carater determinista da producao do autor e se ressentiam
da ausencia do debate politico. Por outro lado, parte da comunidade
academica e dos intelectuais da epoca encantou-se com o trabalho de
McLuhan e se encarregou da traducao de suas obras.
Luiz Costa Lima, um importante pensador da Comunicacao das decadas
de 60 e 70, publicou, em 1969, uma obra muito conhecida intitulada
Teoria da Cultura de Massa. Esse livro trazia textos de alguns
importantes teoricos da Comunicacao e comentarios de Lima sobre os
textos. Neste universo de 12 textos escolhidos, McLuhan figura como um
dos autores mais importantes da Comunicacao, entretanto, nos comentarios
sobre o pensamento do autor, Lima (1969) o considerou antiquado, atacou
suas teses, as quais considerou pouco defensaveis e evolucionistas.
Se teoricamente, portanto, McLuhan nao parece existir, sua obra, no
entanto, por outro lado, apresenta pelo menos uma sensivel qualidade: a
de, contra a direcao predominante na sociologia da comunicacao de massa,
insistir sobre o carater decisivo das analises sobre e a partir da
linguagem, isto e, sobre e a partir do proprio meio em que a mensagem se
formula."
(Lima, 2002, p. 151)
Lima tambem acredita que a entrada do pensamento de McLuhan no
Brasil foi marcada por uma forte ambiguidade. Segundo ele, em meados da
decada de 60 ja nao era raro ouvir o nome de McLuhan no meio
intelectual. "Aos poucos, a medida que suas obras foram sendo
digeridas, quebrou-se a unanimidade do assombro: a veemencia dos
admiradores passou a contar com a contraveemencia dos acusadores. Genio
ou mistificador, os dois clas nao fazem por menos" (Lima, 2002,
149).
O interessante e que embora o autor tivesse criticas contundentes
com relacao ao trabalho de McLuhan, tambem reconhecia a sua importancia.
Com efeito, a selecao do texto de McLuhan, intitulado Visao, Som e
Furia, para a composicao do livro sobre cultura de massa ja apontava que
o pensamento de McLuhan era considerado importante para compreender esse
fenomeno.
Costa Lima, em parceria com Chaim Samuel Katz e Francisco Antonio
Doria, publicou, em 1975, a obra Dicionario Basico de Comunicacao, um
dos primeiros trabalhos dessa natureza no Brasil. Neste dicionario o
nome de McLuhan consta como um verbete, no qual esta descrito brevemente
sua biografia, publicacoes e principais conceitos. Os autores ponderam
sobre a questao da ambiguidade que a obra de McLuhan causou e afirmam
que ate aquele momento nao se havia feito uma analise critica cautelosa
do pensamento desse autor. Nas paginas do livro a ambiguidade sobre
McLuhan e explicita. Ele e ora apontado como um pesquisador brilhante,
ora criticado pela fragilidade de seus exemplos.
O cenario das decadas de 70 e 80 e marcado por pesquisas que
denunciavam, por exemplo, o imperialismo cultural--notadamente
protagonizado pelos Estados Unidos sobre os paises da America Latina--,
o uso dos meios de Comunicacao pelo Estado e o capital estrangeiro na
midia brasileira. Por outro lado, esse momento e tambem de prosperidade
economica e de crescimento dos meios de Comunicacao no Brasil. Assim,
esse cenario deu o tom de uma tensao criativa, na qual a pesquisa
aumenta como reacao ao regime militar e tambem ao desenvolvimento
tecnologico nacional.
Pode-se dizer que entre uma e outra geracao (pioneira e renovadora)
permeia cerca de duas decadas em que o panorama da pesquisa em geral, no
Brasil, e em especial na area de comunicacao, sofreu sensivel
modificacao, ampliando-se e aprofundando-se. Isso se deveu nao apenas ao
imenso crescimento das redes de comunicacao quanto a necessidade da
reflexao critica sobre elas que se impos. Como consequencia, pode-se
observar que boa parte dos textos aqui selecionados preocupam-se ainda
com perspectivas historicas, de levantamento e fixacao de dados, ao lado
da reflexao teorica."
(Hohlfeldt, 2004, p. 12)
Seguramente, tambem havia o coro daqueles que se encantaram pela
obra de McLuhan e viram nela o carater revolucionario, quase magico dos
aforismos desse teorico. Tanto que no ano de 1969 tres livros do autor
foram traduzidos para o portugues: Understanding Media, The Medium is
the Massage e The Gutenberg Galaxy.
Mesmo com o cenario politico complicado, era impossivel passar
incolume pela popularizacao da televisao nas decadas de 60 e 70. Esse
fenomeno de massa tambem impressionou a nacao e os pesquisadores pela
sua rapida popularizacao e pela adesao dos brasileiros a programacao
desse meio de Comunicacao. A capacidade de McLuhan em falar sobre o
impacto dos canais atraves deles proprios, certamente, encantou muitos
pesquisadores e criou resistencias entre os mais conservadores.
E essa presenca em radios, televisoes e suplementos culturais dos
jornais que transformara as edicoes de textos academicos em best sellers
e seus autores em stars, familiares aos espectadores dos jornais
televisivos de fim de tarde. Marshall McLuhan sera um dos precursores
neste novo estrelato, encerrando uma tradicao marcada pela figura do
intelectual discreto e ate timido, como um Walter Benjamin. McLuhan e
filho dos meios de comunicacao, dos quais sera o primeiro grande
ufanista, mas tambem sera o primeiro grande star academico."
(Gastal, 2003, p. 47)
A ambiguidade que apontamos nesta primeira fase do pensamento do
teorico canadense no Brasil e tambem marcada por uma ambiguidade na
area, que traz a tona este novo vetor de analise (ou essa nova chave de
leitura)--o meio de Comunicacao--na politica, na economia e na cultura
dos brasileiros, que passam a dedicar boa parte do seu tempo a
assistencia da televisao.
Para se ter ideia das vozes que aclamavam o pensamento de McLuhan,
Anisio Teixeira, um importante pesquisador brasileiro responsavel por
varios projetos nacionais na area de Educacao, foi convidado para
escrever o prefacio do livro The Gutenberg Galaxy: The Making of
Typographic Man, lancado em portugues, em 1972. A apresentacao de
Teixeira a obra de McLuhan e emocionada. Logo no primeiro paragrafo, ele
aponta o autor como unico na sua capacidade de penetracao e imaginacao.
Afirma que McLuhan e um dos mais debatidos pensadores da decada de 60 e
que o diferencial esta no novo angulo que ele criou para desvendar as
razoes pelas quais se formou o espirito moderno.
"Para a nova era dessa civilizacao que esta indiscutivelmente
a anunciarse, ler e procurar penetrar o dificil, novo e original
pensamento de McLuhan nao e apenas um raro e alto prazer, mas dever e
necessidade de cada um de nos que sofremos as perplexidades e incertezas
da imensa transicao."
(Teixeira, 1972).
Certamente, essa citacao de Teixeira e emblematica do encantamento
que o trabalho de McLuhan causou no Brasil. O oraculo McLuhan (Tremblay,
2003) dividiu opinioes, as vezes radicalmente, mas, certamente nao
passou despercebido no Brasil. Num momento de decisoes radicais e
extremadas, como foram as decadas de 70 e 80, McLuhan nao foi percebido
como um apaziguador, e, sim, como provocador.
Silencio: e melhor nao falar mais sobre isso
A segunda fase do pensamento de McLuhan no Brasil foi marcada
predominantemente pelo silencio. A polemica e o frisson que autor causou
com a chegada de seus livros nao resistiram ao peso da ditadura. O
debate politico era imperioso, inclusive no ambito da Comunicacao. As
decadas de 80 e 90 marcam o fim da ditadura militar e tambem a abertura
para novas perspectivas de estudos, tanto no Brasil quanto na America
Latina. As tendencias desse periodo no Brasil foram as pesquisas
empiricas, especialmente a pesquisa-acao, que se tratava de compreender
e estimular a apropriacao dos meios de Comunicacao pela populacao (2).
Os primeiros anos da decada de 80 foram marcados, no pais, pelo
esgotamento do modelo economico adotado durante o regime militar. A
divida externa brasileira tinha sido exacerbada com a crise
internacional, as tentativas de negociacao foram continuamente
rejeitadas, a inflacao aumentou, o desemprego foi crescendo e o pais
estava mergulhando em recessao. A criacao do Partido dos Trabalhadores
(PT) e da campanha para as eleicoes diretas representou a resistencia
politica em um cenario de grande desequilibrio social. A eleicao
indireta de Tancredo Neves, um civil, para a presidencia da Republica,
em 1985, representou o resgate da esperanca. Sua morte antes de ser
investido no cargo, em 21 de abril de 1985, e a nomeacao do
vice-presidente, Jose Sarney, nao foram suficientes para conter a
demanda por uma Assembleia Nacional Constituinte. Tres anos depois, em
1988, uma nova Constituicao foi promulgada, apelidada como a
Constituicao Cidada.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatistica (IBGE), em 1980, 25% da populacao brasileira era analfabeta.
Se o semianalfabetismo for considerado, a taxa chegaria a 60%. O
desemprego, a miseria e a maior divida externa da historia contribuiram
para o saldo negativo do Regime Militar. No entanto, algum avanco
inegavel tambem foi registrado, principalmente no setor de energia,
infraestrutura, industria da aviacao e de comunicacoes. Os dois
Brasis--o da exclusao e o do desenvolvimento--coexistiram resistindo as
dificuldades.
Durante a ditadura militar, um movimento silencioso, mas muito
expressivo, foi evidenciado, o desenvolvimento do ensino superior
privado no pais. De 1965 a 1980, um aumento no numero de vagas foi
visto, principalmente de faculdades particulares, focadas,
essencialmente, no ensino, com pouco ou nenhum investimento em pesquisa
e extensao. Essas pequenas instituicoes testemunharam a diversificacao
de cursos e publicos com acesso ao ensino superior. Os cursos de
Comunicacao no pais, principalmente datados a partir da decada de1960,
foram multiplicados e se expandiram tambem fora das capitais.
Os novos cursos de Comunicacao apresentavam grande diversidade
teorica e metodologica. O ensino privado, como resultado da necessidade
de inclusao rapida do aluno para o mercado e o perfil nao muito
conhecido de suas estruturas, e caracterizado pelo dominio de conteudo
tecnico e profissional. Em um cenario em que faculdades adotam varias
teorias, mas nao se dedicam a analise profunda dos conhecimentos
teoricos, a Escola de Frankfurt ja nao era mais hegemonica. Apos o
enfraquecimento da ditadura e o movimento de democratizacao, os meios de
Comunicacao nao sao mais vistos como parte de um sistema de manipulacao
no regime capitalista. Outros temas comecam a ser analisados, entre
eles, o que se torna destaque no pais, a pesquisa sobre a recepcao.
O pensamento de McLuhan se tornou conhecido, mas ainda com algum
isolamento, por seu carater original. Se, durante os anos dourados da
ditadura militar houve ambiguidade com relacao ao pensamento
mcluhaniano, porque o autor canadense nao aceitou a perspectiva
pessimista sobre os meios de Comunicacao, nem endossou a preocupacao com
a sutileza das mensagens, durante os anos subsequentes, o interesse da
pesquisa brasileira em Comunicacao se voltou muito fortemente para os
estudos de recepcao. McLuhan foi se tornando o pesquisador deslocado, o
capitulo especifico, sem continuidade, exotico. O autor continuou a ser
rotulado como politicamente conservador e teoricamente ingenuo.
Para se ter uma ideia, nas decadas de 80 e 90, um dos livros mais
conhecido de Teoria da Comunicacao, usado nas instituicoes de ensino
brasileiras, chamado de Teorias da Comunicacao, escrito pelo italiano
Mauro Wolf, nao menciona a Escola de Toronto. Esse livro apresenta
diversas correntes de pesquisa em Comunicacao e foi traduzido para o
portugues no inicio dos anos 80. Wolf, em uma nota de rodape, explicou
que, mesmo considerando brilhante o pensamento mcluhaniano, o trabalho
de pesquisador nao pertencia a pesquisa em Comunicacao:
"Poder-se-ia inscrever nesta categoria um outro autor fecundo
e famoso na literatura dos mass media, cuja obra--para alem de
apaixonadas polemicas e discursos enternecidos--deixou, contudo,
pouquissimos vestigios na pesquisa. Trata-se de McLuhan, ensaista
brilhante cuja abordagem pode inserir-se numa perspectiva culturologica.
De facto, para este autor, o interesse pelos mass media--entendidos numa
acepcao bastante extensiva--esta ligado, essencialmente, as
transformacoes antropologicas introduzidas por cada inovacao
comunicativa, atraves de modalidades de percepcao que sao intrinsecas a
tecnologia de cada mass media."
(Wolf, 1995, p. 94)
Outra obra bastante conhecida, dessa epoca, nas escolas de
Comunicacao no Brasil foi Teoria da Comunicacao de Massa, dos
pesquisadores estadunidenses Melvin DeFleur e Sandra Ball-Rokeach,
publicado em portugues na decada de 80. O trabalho dos autores
praticamente nao menciona a obra de McLuhan. Nem mesmo, como fez Wolf,
para negar o pertencimento do autor a area de Comunicacao.
E preciso lembrar que essa fase comeca concomitante a morte de
McLuhan, que aconteceu no dia 31 de dezembro de 1980. Esse fato tambem
pode ter contribuido para que o debate sobre a obra do autor fosse
progressivamente silenciado.
Mas houve resistencia. As escolas que mais intensamente adotaram o
autor canadense em seu plano de estudos, durante os anos 80 e 90,
beneficiaram-se da oportunidade de aprofundar esse pensamento. Afinal, o
desenvolvimento das novas tecnologias comecou a desafiar intelectuais e
militantes, na perspectiva de considerar os meios de Comunicacao em sua
especificidade. Em um cenario de democratizacao, em que dois Brasis
tentam se aproximar um do outro, foi importante entender como a
televisao, o radio e a imprensa, por exemplo, poderiam cooperar.
Deslocando a analise da influencia dos meios de Comunicacao sobre a
opiniao publica para a discussao das possibilidades de cognicao,
estimulado por estes meios, McLuhan permitiu dialogos muito ferteis
entre Comunicacao e Educacao. E a internet ainda nao tinha mostrado o
seu poder.
Apropriacao: para alem do amor e do odio
A terceira fase do pensamento de McLuhan no Brasil e marcada por um
intenso resgate da obra deste autor. Mas os tons dessa vez sao outros. O
pais, com sua democracia restaurada e o forte crescimento economico,
consolidado a partir da decada de 90, abre e fortalece a sua pesquisa
cientifica, ampliando os cursos de graduacao e posgraduacao em
Comunicacao. O contexto socioeconomico mais estabilizado tambem permite
o forte investimento em tecnologias comunicacionais. Conglomerados de
Comunicacao surgem no Brasil e a decada de 90 e, certamente, a aurora de
um novo ciclo para a nacao.
Esse revival das teses de McLuhan no Brasil e fruto de intensas
transformacoes trazidas pela decada de 90 e, especialmente, pelos anos
2000. Os anos 90 trazem, como colocamos, alem da consolidacao da
democracia no pais, a ampliacao da pesquisa em Comunicacao. Novos
objetos entram em foco e a tecnologia ganha um lugar privilegiado,
provavelmente, por causa deste contexto nacional de investimento em
ciencia e tecnologia.
Neste cenario de ampliacao das perspectivas, a pesquisa em
Comunicacao passa a olhar para outros objetos. Entre eles, a internet. O
interesse nessa area auxiliou a consolidacao da terceira fase da
repercussao do pensamento de McLuhan no Brasil. O teorico, agora visto
de outro modo, e apropriado, revisitado e rememorado. Redes sociais
virtuais, blogs, cibercultura, cibersocialidade e portais da internet
sao alguns dos alibis para o regaste do pensamento de McLuhan na
pesquisa em Comunicacao brasileira.
Conforme Hohlfeldt (2004), a geracao inovadora de pesquisadores
brasileiros, que desponta justamente a partir dos anos 90, vem sob a
egide da internet e outros meios, que, entre outras possibilidades,
permitem e estimulam a diversidade da pesquisa na area:
"[...] foi necessaria a ampliacao e o aprofundamento das
reflexoes e das pesquisas, como a consequente variedade de preocupacoes.
Assim, vamos encontrar ja um conjunto de perspectivas extremamente
diversificadas, abrangendo multiplos campos em que a comunicacao social
se manifesta, cruzando-se com diferentes disciplinas e niveis de
conhecimento."
(Hohlfeldt, 2004, p. 13)
Esta ampliacao das perspectivas de pesquisa e o contexto de
pesquisa em Comunicacao mais favoravel liberaram os autores do
constrangimento de mergulhar sobre o tema da tecnologia. Os anos 90 e o
inicio do novo milenio trazem uma nova reacao a obra de Marshall
McLuhan. E muito provavel que, assim como no Brasil, nestas ultimas duas
decadas, em outros paises do mundo tenha acontecido o mesmo fenomeno de
reaproximacao do trabalho deste teorico, pelos pesquisadores da area de
Comunicacao.
De fato, o debate sobre o meio de Comunicacao, so floresce no
Brasil nesse periodo, o que explica essa reaproximacao com a obra de
McLuhan. Falar em meios e nao evocar o nome do autor, mesmo que as vozes
sejam discordantes, pode ser agora incorrer num erro grave. Para se ter
ideia da forte referencia que o autor se tornou, se voce for procurar o
verbete meio de comunicacao no dicionario de Comunicacao mais conhecido
do pais, que esta na sua 11a edicao, feito por dois pesquisadores,
Gustavo Barbosa e Alberto Rabaca (2001), encontrara uma mencao
importante ao trabalho de McLuhan.
Outra evidencia que podemos citar esta na tese de doutoramento do
pesquisador Richard Romancini sobre a questao da formacao do campo
cientifico da Comunicacao no Brasil, defendida em 2006. Romancini (2006)
afirma que, em 1977, McLuhan era pouco citado nos trabalhos defendidos,
no ambito dos programas de pos-graduacao brasileiros. Em 1983, dos cinco
autores estrangeiros mais citados, McLuhan era o quinto. Em 1990, ele
nao figurava mais na lista dos mais citados. Entre 1997 e 2004, o autor
estava entre os 20 teoricos mais citados nas teses e dissertacoes da
area de Comunicacao no Brasil.
Alem disso, associacoes de pesquisa em Comunicacao--como Associacao
Nacional dos Programas de Pos-Graduacao em Comunicacao (Compos) e
Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicacao
(Intercom)--trouxeram para o seio de seus debates a questao tecnologica,
com a consolidacao de grupos de trabalho permanentes. A Intercom, por
exemplo, em 2011, durante o seu principal evento nacional, realizou um
ciclo de debates, intitulado A Galaxia de McLuhan, para celebrar os 100
anos do autor. No ano do centenario, diversos programas de pos-graduacao
brasileiros tambem fizeram eventos voltados para o debate da obra de
McLuhan, como: a Faculdade de Comunicacao, da Universidade de Brasilia
(UnB); a Escola de Comunicacao e Artes, da Universidade de Sao Paulo
(USP); a Faculdade de Comunicacao, da Pontificia Universidade Catolica
do Rio Grande do Sul (PUCRS); e, o Programa de Pos-Graduacao em
Comunicacao, da Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo (PUC-SP),
entre outros.
Trazida pela mao das tecnologias, a onda mcluhaniana nao ficou
somente nesse aspecto do debate. Varias teses do pesquisador sao
resgatadas e discutidas na tentativa de, muitas vezes, debater alem das
hipoteses secundarias, mas o nucleo duro do pensamento de McLuhan e,
certamente, tambem de Harold Adam Innis (3). Como evidencia, evoca-se
muito a argumentacao dele quando se trata dos fenomenos da internet,
mesmo sem que McLuhan nunca tenha escrito uma linha sequer sobre a rede
mundial de computadores.
Luiz Claudio Martino (2008), um destacado epistemologo brasileiro
da area de Comunicacao, defende que o nucleo duro da obra de Innis e
McLuhan sao mais que teorias do campo comunicacional. Eles, na verdade,
fundam essa area de pesquisa, na medida em que se debrucam sobre um
aspecto genuinamente comunicacional: meios de Comunicacao.
"Contudo, o importante neste momento e destacar que Innis e
McLuhan, ao contrario de outros autores e teses, normalmente importados
para o campo comunicacional, independente da avaliacao que tenhamos, nao
deixam duvidas quanto ao pertencimento ao campo da comunicacao stricto
sensu, pois enfatizam e desenvolvem abordagens nas quais os meios de
comunicacao assumem um papel central."
(Martino, 2008, p. 139)
A centralidade que esses autores dao aos meios de Comunicacao e,
segundo Martino, o subsidio determinante para que a Comunicacao tenha
uma contribuicao unica e genuina no ambito das Ciencias Sociais. Martino
(2008) argumenta que os estudos de Innis e McLuhan causaram muita
polemica e foram avaliados como fracos e inconsistentes, do ponto de
vista teorico e metodologico, porque os pesquisadores se apegaram a
hipoteses secundarias, que muitas vezes traziam exemplos equivocados e
mal elaborados. Todavia, quando se trata do ponto central da
argumentacao desses autores, o nucleo duro,--que pode ser resumido aos
dois principais aforismos de McLuhan "o meio e a mensagem" e
"os meios de Comunicacao como extensoes do homem"--que traz os
meios de Comunicacao como vetores explicativos, e, nao como elementos
constituintes do processo comunicacional, o cenario muda:
"Como matriz explicativa, a centralidade dos meios corresponde
a uma teoria, no sentido forte que se pode dar ao termo. Por outro lado,
para alem desse plano, que liga o discurso a realidade a ser explicada,
ela tambem passa a ter um valor epistemologico. A tese possui esta
virtude germinadora e pedagogica, presente na obra dos grandes
classicos, ja que nao apenas da conta de uma realidade particular (como
qualquer teoria deve fazer), a centralidade dos meios estabelece uma
forma de abordagem e eixos de investigacao a serem seguidos, assumindo
valor paradigmatico."
(Martino, 2008, p. 142)
O estatuto que Martino (2008) confere ao pensamento de Innis e
McLuhan vai muito alem de uma simples visita e reapropriacao de algumas
teses; o autor afirma que a obra deles se confunde com o proprio objeto
de estudo da Comunicacao. Ou seja, eles enfrentaram o amago da
problematica comunicacional. Fato que, ainda conforme Martino, geracoes
de pesquisadores nao conseguiram fazer, porque se seduziram pelo
conteudo dos meios e se debrucaram em torno de pesquisas
contextualizadas, que apontavam para cenarios circunstanciais,
passageiros e que pouco auxiliavam na construcao de um quadro mais
abrangente e analitico, sendo menos datado do processo de Comunicacao
mediado.
Logo, e possivel afirmar que esta ultima e mais recente fase do
pensamento de McLuhan no Brasil nao se trata exatamente de uma
reapropriacao, mas, seguramente, de uma apropriacao da obra deste autor,
na medida em que esse modo de recuperar o trabalho dele e inedito, mais
profundo, menos preocupado com a figura polemica de McLuhan e mais
voltado para a compreensao de suas teses.
Consideracoes finais
McLuhan, sem duvida, fulgura como um dos autores da Comunicacao
mais citados no mundo. A obra do teorico ja deu a volta ao mundo por
todos os continentes e, ainda no inicio da primeira decada deste novo
milenio, foi traduzida para mais de vinte paises (Gastal, 2003). A fama
do Oraculo da Comunicacao tambem chegou ao Brasil e marcou a pesquisa em
Comunicacao neste pais.
A chegada das obras de McLuhan ao Brasil causou muita polemica. Em
parte, porque o tema de pesquisa deste autor trazia um aspecto do
processo comunicacional mediado que a nacao nao estava pronta para
receber. Isto aconteceu muito por conta do conturbado momento politico
brasileiro, que influenciou os rumos da pesquisa na epoca. Mas, tambem,
em parte, porque McLuhan rompeu com o perfil de
pesquisadores/intelectuais da epoca--mais timidos e reservados--, e se
revelou com grande capacidade de falar dos meios atraves desses. A
personalidade marcante de McLuhan, certamente, causou desconforto entre
os pesquisadores brasileiros, que facilmente identificavam os problemas
das hipoteses secundarias do autor para rebater sua argumentacao.
A decada de 80 e parte da decada de 90, que apontamos como a
segunda fase do pensamento mcluhaniano, sao marcadas pela chegada e
consolidacao da democracia brasileira, alem de um longo silencio no que
concerne ao debate sobre o pensamento do autor. A recente estabilidade
politica e economica do pais trouxe objetos de pesquisa em Comunicacao
que ainda estavam preocupados com o contexto politico, social e
economico. Nesse sentido, colocar o acento na tecnologia ainda nao era
uma preocupacao dos pesquisadores da Comunicacao no pais.
Finalmente, a terceira e mais recente fase da repercussao do
pensamento de McLuhan no Brasil e marcada por uma efetiva apropriacao
das obras do autor. Por um lado, as impactantes inovacoes tecnologicas
do campo da Comunicacao despertam o interessem dos pesquisadores, cada
vez mais preocupados com o fenomeno do impacto das tecnologias. Por
outro lado, percebe-se o esforco de alguns autores, como Luiz Claudio
Martino (2008), para compreender McLuhan para alem de suas teses
secundarias, mas, sim, mergulhar no nucleo duro da sua obra.
Outro aspecto que vale a pena ser ressaltado, trata-se do pano de
fundo desta discussao, e que o tema da tecnologia tem efetivamente
ganhado centralidade no ambito das pesquisas na area das Ciencias
Humanas e Sociais. O debate sobre este tema parece figurar como a pauta
do dia da nossa epoca. Nesse sentido, e possivel incrementar o concurso
de explicacoes para a apropriacao da obra de McLuhan.
O centenario do nascimento de McLuhan tambem e comemorado no
Brasil, no ambito dos programas de graduacao e pos-graduacao em
Comunicacao. Essa personalidade vibrante marcou profundamente o
pensamento comunicacional brasileiro e trouxe definitivamente o problema
dos meios de Comunicacao para a pesquisa. Contudo, nao e possivel
finalizar este artigo afirmando que o pensamento de McLuhan
transformou-se em uma unanimidade para os pesquisadores brasileiros. Na
verdade, seria precipitado e pouco coerente afirmar que qualquer
pesquisador tenha alcancado tal patamar, ja que a vocacao da ciencia e a
manutencao do debate. Mas, certamente, e possivel afirmar que o
pensamento de McLuhan nunca esteve tao atual no Brasil.
As fases que descrevemos aqui nao tem a pretensao de encerrar o
debate sobre a repercussao do pensamento mcluhaniano no Brasil. Na
verdade, elas formam uma estrategia para tentar compreender a historia
desse pensamento no ambito da pesquisa em Comunicacao no pais, ja que
rever os quase 50 anos da entrada do trabalho de McLuhan no Brasil nao
se revelou uma tarefa facil. Embora compreendendo os limites da
categorizacao, o espaco de tempo e a grande repercussao do trabalho do
autor, demandaram esse esforco, que foi uma tentativa de agrupar vozes
comuns, mas tambem de compreender quando falas discordantes apareciam.
Para alem de encerrar o debate, a proposta e fomenta-lo e
aprofunda-lo. Tres decadas depois da morte de McLuhan, o que se pode ter
certeza e que ainda existirao outras fases de apropriacao do pensamento
deste autor na pesquisa em Comunicacao brasileira.
REFERENCIAS
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NOTAS
(1) Vencedores do Premio Luis Beltrao de Ciencias da Comunicacao,
instituido em 1997, no ambito da Sociedade Brasileira de Estudos
Interdisciplinares da Comunicacao - INTERCOM.
(2) O que explica essa acao e o fato de que o periodo da Ditadura
Militar no Brasil tenha sido marcado pela forte censura aos meios de
Comunicacao e a repressao dos usos de meios alternativos pela populacao.
(3) McLuhan e Innis sao, sem duvida, os pesquisadores da Escola de
Toronto mais conhecidos no Brasil. McLuhan e o mais debatido, mas,
especialmente nessas ultimas duas decadas (dos anos 90 ate hoje), a obra
de Innis tem ganhado bastante destaque no Brasil e ele tende a ser
reconhecido como o pioneiro dos estudos dos meios de Comunicacao
(Martino, 2008).
JANARA SOUSA
Professora do Programa de Pos-Graduacao em Comunicacao Faculdade de
Comunicacao--UnB <janara.sousa@gmail.com>
ELEN GERALDES
Professora do Programa de Pos-Graduacao em Comunicacao Faculdade de
Comunicacao--UnB <elenger@ig.com.br>