Quantitative methods in research on journalistic coverage: analysis of the 2012 municipal election in the Folha de S. Paulo/Metodologia quantitativa em pesquisas sobre cobertura jornalistica: analise da eleicao municipal de 2012 na Folha de S. Paulo.
Cervi, Emerson Urizzi ; Massuchin, Michele Goulart
O artigo apresenta a metodologia quantitativa como possibilidade
para as analises do conteudo produzido pela imprensa em periodos
eleitorais desde um estudo da cobertura da Folha de S. Paulo durante a
eleicao municipal de 2012, em Sao Paulo. O objetivo desta pesquisa e
observar as principais caracteristicas da cobertura jornalistica, tendo
como pressuposto que os jornais impressos influenciam o debate publico a
partir do processo de agendamento (1). A hipotese e de que as tecnicas
de analise quantitativa permitem identificar padroes distintos de
tratamento aos candidatos e a caracterizar a cobertura como um todo.
A corrente teorica com mais larga difusao no Brasil considera a
importancia dos veiculos de comunicacao na construcao da agenda publica,
em especial dos jornais impressos, que contemplariam um poder maior de
agendamento do que os meios eletronicos (McCombs, 2009) devido as
caracteristicas de visibilidade e solidez (Wolf, 2001). Na mesma linha,
pesquisas sobre cobertura politica tentam identificar como os assuntos
ganham espaco, visibilidade e sao tratados nos jornais impressos (2).
O monitoramento quantitativo da producao jornalistica durante o
periodo de campanha eleitoral permite acompanhar a elaboracao e discutir
a qualidade da informacao que os cidadaos recebem. Para tanto, as
analises partem de alguns indicadores que, na pesquisa quantitativa, sao
as representacoes simplificadas dos conceitos e teorias ja presentes na
literatura. Sao essas caracteristicas que, reunidas, contribuem para
explicar o papel que a midia ocupa nos periodos eleitorais e na formacao
da opiniao sobre temas sociais e politicos. Dessa forma, o artigo
apresenta uma proposta de analise quantitativa e faz um teste empirico
aplicando ao estudo da cobertura feita pela Folha de S. Paulo nas
eleicoes municipais de 2012, em Sao Paulo. Durante os meses de campanha
eleitoral de 2012 (de julho a outubro, o que compreende 17 semanas de
edicoes diarias do jornal), a Folha de S. Paulo publicou 1.482 textos
nos quais citava pelo menos um dos candidatos a prefeitura. A unidade de
analise aqui e o texto publicado e a singularidade de selecao e o nome
do candidato. Sao consideradas caracteristicas o numero de citacoes ao
longo do tempo, a localizacao e visibilidade dos candidatos no jornal e
a valencia da cobertura para os concorrentes a prefeitura.
Em 2012, a campanha para prefeitura de Sao Paulo nao contou com
candidatura a reeleicao, pois Gilberto Kassab (PSD) completava seu
segundo mandato consecutivo. Ao todo, foram deferidas 12 candidaturas,
porem apenas tres foram eleitoralmente relevantes. A candidatura de
continuidade do entao governo era representada por Jose Serra (PSDB),
que passou em segundo lugar para o segundo turno, mas foi derrotado por
Fernando Haddad (PT). A terceira forca eleitoral ficou com Celso
Russomano (PRB), que chegou a liderar a campanha no primeiro turno, mas
perdeu densidade na reta final. Alem desses tres, tambem se candidataram
Gabriel Chalita (PMDB), Soninha Francine (PPS), Carlos Gianazi (Psol),
Paulinho da
Forca (PDT), Levy Fidelix (PRTB), Ana Luiza (PSTU), Miguel (PPL),
Eymael (PSDC) e Anai Caproni (PCO).
No inicio da campanha, Jose Serra, ex-prefeito e ex-governador de
Sao Paulo, apresentava os mais altos indices de intencao de voto,
passando de 30%. Ele era seguido do deputado federal e apresentador de
programa de televisao Celso Russomano. Ambos muito conhecidos e
presentes no imaginario do eleitoral paulistano. A grande incognita da
disputa era Fernando Haddad, ex-ministro da Educacao do governo Lula,
apoiado pelo governo federal e que se apresentava como principal
opositor politico a gestao Kassab. No entanto, como se tratava da
primeira disputa eleitoral de Haddad, no inicio da campanha ele
apresentava baixos indices de intencao de voto. Ao longo de todo o
primeiro turno houve um crescimento continuo das intencoes de voto em
Haddad, enquanto Serra permaneceu estavel e Russomano teve crescimento
ate meados de setembro, quando comecou a apresentar declinio.
Para verificar como o jornal tratou os candidatos com desempenhos
tao distintos nas intencoes de voto, o texto esta dividido em tres
partes. Na proxima, apresentamos conceitos gerais sobre metodologia
quantitativa na analise de coberturas jornalisticas e as variaveis
empiricas. O topico seguinte expoe o teste empirico da aplicacao das
variaveis para a cobertura da campanha eleitoral em 2012, no municipio
de Sao Paulo. Por fim, sao apresentadas notas conclusivas sobre os
"achados" da aplicacao dessa metodologia para a cobertura
politica.
Metodologia quantitativa para analise de cobertura sobre temas
politicos
As pesquisas a que nos filiamos aqui e que analisam a producao
jornalistica tem como ponto de partida a teoria da agenda (McCombs;
Shaw, 1972) e o papel que os meios de comunicacao possuem no processo de
mediacao entre a esfera publica e a politica (Habermas, 1984). Na medida
em que a midia veicula noticias a respeito de assuntos de interesse
publico, ela contribui com o debate, estabelecendo temas na agenda
publica.
As analises de conteudo, portanto, sao baseadas nesses pressupostos
e uma das formas de analisar a cobertura jornalistica e por meio da
metodologia quantitativa, que possui instrumentos analiticos que permite
identificar padroes na cobertura realizada pelos jornais.
A utilizacao do metodo quantitativo nas pesquisas sobre cobertura
jornalistica tem por objetivo identificar como que determinados temas
aparecem nos jornais por meio de uma serie de caracteristicas que podem
ser medidas e contabilizadas. Existem outras formas de estudar as
caracteristicas da producao jornalistica, mas alguns fatores explicam e
tambem justificam a utilizacao dessa estrategia para este tipo
especifico de analise que tratamos neste artigo. A definicao do
procedimento nao depende das escolhas do pesquisador e nem do fato de um
ser melhor que outro - o que ainda tem sido motivo de embate entre
quantitativistas e qualitativistas -, mas sim do objeto que o individuo
pretende estudar e dos objetivos que a pesquisa possui. Ou seja, a
escolha do metodo esta relacionada com o objeto e nao com as
preferencias do pesquisador.
Para a utilizacao da metodologia quantitativa sao necessarias
algumas orientacoes, tais como a exigencia de um grande numero de casos
para a possibilidade de detectar diferencas significativas e poder fazer
inferencia na realidade (Davis, 1976). Como o monitoramento das eleicoes
reune um numero elevado de noticias, utiliza-se o metodo quantitativo
por proporcionar a analise de grande quantidade de casos e, tambem, para
poder identificar padroes das coberturas (Ragin, 1984).
Cada metodo engloba objetos, caracteristicas e objetivos
diferenciados, como aponta Ragin (1984), e da as pesquisas carater de
cientificidade, pois permite explicar de que forma que os resultados
foram alcancados. Isso justifica, tambem, a importancia do procedimento
estar de acordo com o tipo de objeto a ser analisado e os objetivos que
se tem com a pesquisa, pois como apontam Mahoney e Goertz (2006), ha
contrastes entre o que um metodo e o outro podem proporcionar para as
pesquisas, mesmo que esses sejam complementares.
A metodologia quantitativa tambem e adequada para pesquisas em que
o universo de analise engloba longos periodos, como e o caso de analises
comparativas de varios periodos eleitorais. Na analise quantitativa e
possivel pesquisar um grande numero de individuos (neste caso, os textos
jornalisticos), analisando muitas de suas caracteristicas, pois tal
metodo permite reduzir uma grande massa de informacoes em indicadores.
Pesquisas quantitativistas consideram que os fenomenos sociais
podem ser explicados a partir da representacao em numeros que permitem
algumas generalizacoes e indicam relacoes de causalidade que validam ou
rejeitam certas teorias (Cervi, 2009). Os metodos quantitativos permitem
relacionar os dados da realidade social - neste caso, a producao que os
jornalistas fazem sobre a esfera politica - com teorias ja existentes e
observar como elas se aplicam em casos especificos. O objetivo e
identificar como os conceitos se aplicam em realidades especificas com o
objetivo de caracterizar como se da a cobertura jornalistica sobre o
assunto e nao para tentar, por meio de um caso, refutar teorias gerais.
A pesquisa empirica, utilizando variaveis quantitativas e
qualitativas, nao esta distante dos estudos teoricos. As variaveis sao
indicadores que representam as caracteristicas dos textos analisados, ou
seja, cada variavel analisada num determinado texto e uma caracterizacao
que o pesquisador faz de acordo com conceitos ja existentes na
literatura. Dessa forma, as variaveis sao criadas a partir de conceitos
teoricos. Nas analises quantitativas, os conceitos sao transformados em
variaveis, pois para poder identificar como eles estao presentes no
mundo real e necessario encontrar uma forma de operacionalizar tais
caracteristicas. Os conceitos, por si so, nao podem ser encontrados na
realidade social, ou seja, e preciso algo que os defina e que possa ser
identificado com clareza nos objetos analisados.
O processo de coletas de evidencias, na realidade parte sempre de
ideias e conceitos resultantes de outros estudos, e que por meio de
tecnicas, podem ser medidas e contadas em objetos especificos (Cervi,
2009). Dessa forma, tenta-se compreender como as variaveis utilizadas na
coleta de dados representam os conceitos teoricos ja existentes e de que
maneira, quando correlacionadas, podem contribuir para explicar a
producao que os periodicos fazem sobre temas politicos.
Para a analise apresentada neste artigo trabalha-se com as
seguintes variaveis3: quantidade de citacoes, indice de visibilidade
(composto por formato, numero da pagina, tamanho, posicao na pagina) e
valencia. A primeira delas - numero de citacoes dos candidatos--e
identificada com o objetivo de saber quais candidatos apareceram mais na
cobertura durante os tres meses de campanha eleitoral. O numero de
entradas sobre determinado candidato, por exemplo, e o primeiro passo
para identificar o tipo de cobertura realizada pelos veiculos sobre as
eleicoes. A identificacao da quantidade de textos com citacoes de
candidatos esta relacionada com a Teoria do Gatekeeping, que considera
que os assuntos passam por diversos gates. Segundo Shoemaker e Vos
(2009), os assuntos sao escolhidos de acordo com interesses
organizacionais, politicos, economicos e sociais.
Reunindo quatro variaveis--tamanho, posicao, numero da pagina e
formato cria-se o indice de visibilidade, que nada mais e do que uma
variavel composta que representa o agregado de distintas dimensoes de um
mesmo objeto de analise. Em formato das entradas, categorizam-se as
entradas desde "entrada de primeira pagina", que possui a
maior visibilidade, ate "coluna do leitor" e
"editorial", que representam formatos de menor visibilidade.
Segundo Ferreira Junior (2002), a capa e a expressao imagetica que
impacta o leitor e os temas presentes nesse espaco sao considerados
relevantes para chamar a atencao para o jornal.
A variavel espaco e a soma dos centimetros quadrados que os textos
ocupam no jornal. O objetivo dessa medicao e identificar como os temas
ganham espaco no jornal. Determinados assuntos podem ter um numero
grande de entradas, mas como aparece sempre no formato de nota, ocupa
pouco espaco e assim tera menos chances de ser lido se comparado com uma
reportagem que ocupa a parte superior da pagina. Outro assunto pode ter
um numero menor de entradas, mas como aparece sempre em reportagens,
ocupa mais espaco no jornal e ganham mais atencao dos leitores. Essas
relacoes mostram que varios indicadores contribuem para explicar a
visibilidade de um tema. A possibilidade de medir o espaco permite
posteriormente identificar o total de espaco que cada assunto ou
candidato ocupou com relacao aos demais, assim como identificar o
tamanho medio dos textos e suas variacoes. Esse indicador pode ser usado
tambem para categorizar os textos em grande, medio e pequeno, a atraves
da Formula de Sturges (4), o que permite identificar mais
especificadamente o tamanho dos textos, transformando uma variavel
continua em categorica, possibilitando posteriormente a comparacao entre
tamanho e temas. Essa variavel nova e usada no conjunto de indicadores
para a criacao do indice de visibilidade.
Para o indice de visibilidade observa-se tambem a numeracao da
pagina, partindo- se do pressuposto de que os leitores tendem a ler as
paginas iniciais do jornal. Segundo Weaver, McCombs e Spellman (1975), e
a forma de valorizacao dos temas pelos jornais, atraves da sua
localizacao em termos de paginacao, que define grande parte do impacto
no debate. As materias de primeira pagina tem duas vezes mais leitura do
que as que aparecem em suas paginas internas (McCombs, 2009). Ao abrir
os jornais, os leitores tendem a direcionar a leitura para as paginas do
lado direito, por isso que as entradas presentes neste espaco possuem
mais visibilidade. O mesmo tambem se da quando a variavel identifica os
cadernos em que os textos se encontram, pois as paginas do primeiro
caderno tem visibilidade maior que as dos outros cadernos.
Outra variavel que tambem ajuda a compreender a visibilidade que o
assunto recebe e a posicao do texto na pagina do jornal (tanto nos
quadrantes quanto nas dobras). A localizacao da noticia nos quadrantes
esta relacionada com as zonas de visualizacao, ja que intuitivamente
estamos condicionados a fixar a visao na direcao da esquerda para a
direita, sendo que a leitura dos jornais segue esta mesma logica (Silva,
1985). peso que cada quadrante possui esta baseado no metodo de leitura
ocidental, sendo que a posicao de um texto indica se ele tem potencial
para ser lido por um numero maior ou menor de pessoas (Cervi, 2003).
Alem desses indicadores, as pesquisas sobre acompanhamento das
eleicoes utilizam uma variavel especifica para medir a tendenciosidade
dos veiculos para com determinados candidatos. Para observar como eles
aparecem nos textos, sao analisados de acordo com a valencia.
Categorizada em positiva, negativa, neutra e equilibrada, a valencia
propoe a discussao sobre o papel do jornal na formacao da imagem. Desta
forma, o principal criterio para identificar a valencia da materia em
relacao a cada candidato procura esclarecer se o texto beneficia ou
prejudica sua candidatura. Classificam-se as valencias de acordo com o
efeito potencial para cada um dos candidatos citados no texto,
notando-se ou nao intencao de vies ou parcialidade jornalistica, segundo
a proposta do DOXA (Laboratorio de Pesquisa em Comunicacao Politica e
Opiniao Publica). Segundo Alde (2003), classificar se as materias sao
favoraveis ou prejudiciais aos candidatos e suas campanhas, mesmo sem
uma intencionalidade aparente por parte do veiculo de comunicacao,
permitenos identificar que mesmo pretendendo a objetividade, o proprio
processo de pautar o noticiario e a decisao de veicular determinadas
noticias ja representa um processo de escolha politica. Destaca-se que
em alguns momentos o proprio fato noticiado torna-se impreterivelmente
negativo para determinado candidato, no entanto, em outros momentos
indicam as tendencias editoriais e de modo mais ou menos explicito as
preferencias politicas dos veiculos.
Um teste empirico: aplicacao da metodologia para a eleicao de 2012,
em Sao Paulo
A cobertura feita pela Folha de S. Paulo sobre a eleicao municipal
de 2012, em Sao Paulo, contou com 1.428 textos ou imagens contendo a
citacao de pelo menos um dos candidatos a prefeitura, entre julho e
outubro daquele ano--periodo que compreende o primeiro e segundo turno.
Isso representa uma media diaria de 12 citacoes de candidatos por dia. A
primeira questao em termos quantitativos e que essa distribuicao das
insercoes na cobertura eleitoral nao foi equilibrada ao longo do
periodo. Ao contrario, ha um crescente numero de citacoes conforme se
aproxima a data da eleicao. Esse efeito de "acumulo" de
cobertura nas ultimas semanas da disputa, ja foi demonstrado pela
literatura e serve para indicar o padrao de cobertura factual, pautada
apenas nos acontecimentos cotidianos das campanhas. Assim, quanto mais
se aproxima o dia da eleicao, mais fatos sao produzidos pelas
candidaturas, maior a atencao e interesse dos eleitores e, por
consequencia, cresce o numero de citacoes dos candidatos nos jornais.
O Grafico 1, a seguir, mostra a distribuicao das citacoes de
candidatos a prefeitura de Sao Paulo pela Folha de S. Paulo, por mes.
Percebe-se que a cobertura do segundo turno, que fica restrita ao mes de
outubro, representa quase metade de todas as citacoes da cobertura
(43,14%). Na outra ponta, no primeiro mes da corrida eleitoral, foram
feitas apenas 203 citacoes de concorrentes, representando 14,22%. Em
agosto, a cobertura manteve-se estavel, com 218 citacoes (15,27%), para
dar um salto em setembro, mais proximo do primeiro turno, com 391
citacoes no total, ou 27,38%.
Vale ressaltar ainda que, o fato da cobertura se concentrar
principalmente no segundo turno, quando apenas os dois mais votados
continuam na disputa, nos permite concluir que ela ficou muito
concentrada nas candidaturas de Fernando Haddad (PT) e Jose Serra
(PSDB). Ou seja, a concentracao da cobertura no segundo turno ou nas
semanas que antecedem a votacao mostra uma tendencia de concentracao nas
candidaturas consolidadas, com maiores chances de vitoria--indicadas
pelas pesquisas de intencao e voto--e nao uma cobertura plural, que de
visibilidade a proposta ou campanhas alternativas. Trata-se de um padrao
de cobertura que reforca as tendencias de intencao de voto ja presentes
na sociedade e nao atua como propagador de visoes distintas, que
oferecam subsidios para o eleitor comparar as alternativas existentes.
As diferencas nos totais de citacoes dos candidatos durante a
campanha eleitoral, indicadas, abaixo, no Grafico 2 (separadas entre
citacoes no primeiro turno e citacoes em toda a campanha), reforcam a
ideia de concentracao da cobertura nos principais concorrentes. Enquanto
Haddad e Serra ficam acima de 850 citacoes, no total, o terceiro
colocado, Celso Russomano (PRB), fica em terceiro lugar, com menos de
500 citacoes, ou seja, aproximadamente 40% a menos de citacoes que os
demais concorrentes. Depois de Russomano, os quatro outros candidatos
apresentam numeros de citacoes que chegam ao maximo de 20% das aparicoes
de Haddad e Serra. Portanto, no que diz respeito a cobertura geral, ha
um padrao de citacoes dividido em tres grupos distinto. Os mais citados:
Haddad e Serra; um intermediario, representado por Russomano; e o grupo
dos menos citados, formado pelos demais concorrentes.
Se considerarmos apenas o primeiro turno, quando todos os
candidatos estavam na disputa, percebe-se uma aproximacao no numero de
citacoes entre os tres principais concorrentes. A diferenca entre
Russomano e os dois primeiros diminui, criando um padrao distinto do
anterior, com apenas dois grupos: os mais citados (Haddad, Serra e
Russomano) e os demais recebem menos de 1/3 do total de citacoes dos
anteriores. Alem de reforcar a ideia de cobertura eleitoral pouco
democratizante, no sentido de nao oferecer visibilidade as candidaturas
alternativas, o jornal parece reforcar as tendencias indicadas pelas
pesquisas de intencao de voto e nao ao contrario. Ou seja, esses numeros
permitem sustentar a hipotese de que, ao inves de um agendamento da
imagem dos candidatos pelos jornais para o eleitor, o que acontece e um
agendamento inverso--a partir das intencoes de voto dos eleitores para
as decisoes editoriais do jornal.
Ao separarmos os dados sobre citacao dos candidatos na Folha de S.
Paulo por semana, da campanha eleitoral, percebemos algumas variacoes
que nao podem ser notadas a partir dos grandes numeros, apresentados
anteriormente. Aqui, serao apresentadas informacoes apenas sobre os tres
candidatos com maior numero de citacoes, visto que os demais tiveram
aparicao residual no periodico. A Tabela 1, a seguir, mostra os
resultados dos testes de diferenca de medias (Anova) para as aparicoes
por mes. O conteudo serve para indicar se houve mudanca significativa no
numero de citacoes dos concorrentes entre cada um dos meses analisados.
Na tabela, foram mantidos apenas os resultados considerados
estatisticamente significativos, ou seja, aqueles que indicam uma
mudanca significativa no numero de citacoes dos candidatos de um mes
para outro. O que se quer saber com este teste e se determinado
candidato apresentou uma diferenca significativa no numero de citacoes
entre dois periodos distintos. Aqui, no caso, entre dois meses. O
comportamento de Serra e Haddad e muito semelhante no jornal. Ambos
apresentam diferenca significativa e positiva apenas entre os meses de
agosto e setembro. Como as alteracoes medias sao positivas (0,084 para
Serra e 0,083 para Haddad), houve crescimento no numero de citacoes de
ambos em setembro, quando comparado a agosto. Nos demais meses as
diferencas nao foram significativas.
Como era de se esperar, no caso de Russomano as diferencas
significativas ficaram em outubro, visto que ele nao passou para o
segundo turno. Em relacao a outubro, Russomano teve mais citacoes no mes
de agosto e setembro, dado que os sinais das diferencas sao negativos
(-0,075 para agosto e -0,102 para setembro). O Grafico 3 ilustra as
diferencas no numero de aparicoes dos candidatos por semana e mes, alem
de mostrar a dinamica das distancias entre eles.
Em primeiro lugar, o Grafico 3 deixa claro como ha um padrao geral
de citacoes de candidatos em julho/agosto em relacao aos meses de
setembro/outubro. Os dois primeiros tem um numero menor para os tres
concorrentes analisados aqui. Percebe-se um salto no mes de setembro.
Enquanto em julho/agosto as citacoes semanais dos candidatos ficavam
abaixo de 100, em setembro elas passam de 150 e em outubro, para os dois
que chegam ao segundo turno, giram em torno de 200 citacoes semanais.
Outra diferenca entre os periodos analisados aqui diz respeito a
distancia entre Russomano e os demais. Em julho, Russomano aparece
abaixo dos outros, todas as semanas. Serra e o mais citado em duas
semanas (2 e 4) e Serra e Haddad ficam empatados no numero de citacoes
nas semanas 1 e 3. Em agosto as diferencas entre os tres candidatos sao
bem menores, com algumas semanas apresentando mudancas nas posicoes
deles. Na 5a semana, Russomano fica em segundo, sendo mais citado que
Serra. Na 6a, o mais citado e Haddad, com diferenca pequena. Ja na 7a,
8a e 9a Serra fica na dianteira. Em setembro ha um crescimento no numero
de citacoes de todos eles, portanto as distancias continuam curtas e as
pequenas variacoes indicam quem foi mais citado em cada semana. No final
de setembro (semanas 12a e 13a),
[GRAPHIC 3 OMITTED]
Russomano e o mais citado entre os candidatos.
Em outubro, ja no segundo turno, ha uma brusca queda de Russomano,
como era de se esperar, voltando aos niveis de citacoes de julho. A
primeira semana de outubro marca um empate entre Serra e Haddad. Serra e
o mais citado na primeira semana de outubro, mas depois e ultrapassado
gradativamente por Haddad. Na ultima semana de cobertura do segundo
turno, Haddad ja esta bem a frente de Serra em numero de citacoes.
Ate aqui, a descricao da cobertura feita pela Folha de S. Paulo da
campanha para prefeito de Sao Paulo, em 2012, nos permite dizer que
houve uma media de 12 citacoes de candidatos, por dia. Porem, essa media
e pouco representativa, pois a cobertura concentrou-se principalmente
nos meses de setembro e outubro, cabendo ao segundo turno quase metade
do total de citacoes de toda a campanha. Isso nos leva a segunda
constatacao: a cobertura eleitoral ficou centrada nos principais
candidatos, nao dando espaco aos demais concorrentes. No primeiro turno,
Haddad e Serra ficaram a frente dos demais, seguidos por Russomano (que
ganhou maior visibilidade em setembro). Ja, no segundo turno, Haddad
teve numero maior de citacoes do que Serra nas paginas da Folha de S.
Paulo.
No entanto, analisar apenas o numero de citacoes nao e suficiente
para entender o padrao de cobertura dado aos candidatos pelo jornal,
visto que dependendo do formato do texto, do tamanho, do numero da
pagina e da posicao na mesma, um texto tem maiores ou menores chances de
ser lido. Portanto, alem da quantidade de citacoes, a analise da
presenca dos concorrentes no jornal depende tambem da
"qualidade" dessas citacoes. Para uma analise dos diferentes
niveis de visibilidade dos textos no jornal, propomos a criacao de um
indice, chamado de Indice de Visibilidade, que reune informacoes sobre
diferentes dimensoes de visibilidade de um texto no jornal. O indice e
composto por quatro variaveis isoladas, que, juntas, identificam se
determinado texto tem alta, media ou baixa visibilidade no jornal (5). A
partir dai e possivel verificar se determinado candidato tende a
aparecer mais em textos de alta ou baixa visibilidade. A Tabela 2, a
seguir, sumariza os totais por tipo de visibilidade nos quatros meses de
campanha em 2012.
Percebe-se que os textos que citaram os candidatos a prefeitura
tenderam a apresentar baixa visibilidade (54,9%), seguidos de media
visibilidade (37,0%). Menos de 10% do total da cobertura eleitoral
apresentou alta visibilidade na Folha de SP. A analise ao longo do tempo
para os tipos de visibilidade tambem nao mostra grandes diferencas. A
partir do grafico abaixo e possivel perceber que o numero de textos com
alta visibilidade sempre e menor, apresentando um lento e gradual
crescimento conforme se aproxima o segundo turno. A visibilidade baixa
apresenta o maior numero de textos em praticamente todas as semanas.
Excecao feita a semana 14, na transicao do primeiro para segundo turno,
quando a visibilidade media tem numero maior de textos que a baixa. Por
fim, tambem e possivel perceber que o crescimento visto nas analises
anteriores no volume de citacoes dos candidatos ao longo do tempo e
explicado pelo maior numero de textos com baixa visibilidade, ou seja,
existe um aumento quantitativo da presenca dos candidatos nas paginas
dos jornais conforme a campanha se aproxima do fim, porem nao ha uma
melhora na qualidade da visibilidade. Os candidatos aparecem mais, porem
em textos pequenos e em formatos e paginas pouco lidas conforme mostra o
Grafico 4.
[GRAPHIC 4 OMITTED]
Agora que ja sabemos que a distribuicao das visibilidades dos
textos de cobertura eleitoral na Folha de S. Paulo nao e proporcional, e
preciso identificar se ha predominio de algum candidato em visibilidades
mais altas. Se houver, isso significa que determinado candidato, ainda
que em menor numero de citacoes, apareceu em espacos que permitem maior
visibilidade. A Tabela 3 mostra a distribuicao percentual das citacoes
dos tres principais candidatos por tipo de visibilidade. Na media, em
torno de 45% das citacoes deles foram de baixa visibilidade, cerca de
40% de media visibilidade e pouco menos de 15% de alta visibilidade. No
agregado, isso demonstra que os tres principais candidatos, juntos,
apresentaram uma visibilidade maior que o total da cobertura, quando
comparado com os percentuais da Tabela 2. A comparacao desses dois
grupos de percentuais nos permite inferir que alem de terem menos
quantidade de cobertura, os demais concorrentes foram os que mais
contribuiram para as entradas de baixa visibilidade, portanto
concentrando-se em espacos e formatos menos lidos, alem de citados em
numero bem menor de vezes.
Agora, em uma comparacao entre as distribuicoes percentuais dos
tres candidatos, percebe-se que Haddad e Serra apresentam exatamente os
mesmos percentuais de textos com baixa visibilidade (48,7%), enquanto
Russomano fica um pouco abaixo, com 43,7%. Serra e Haddad voltam a
empatar em termos de visibilidade media, em torno de 40%, com Russomano
ficando um pouco a frente (45,3%). Ja em relacao a alta visibilidade,
Haddad apresenta 11% do total de citacoes nessa categoria, contra 10% de
Serra e Russomano. Com isso, e possivel afirmar que, alem de ter mais
citacoes que Serra na cobertura eleitoral da Folha de S. Paulo, Haddad
tambem esteve presente em espacos de maior visibilidade do que seu
adversario--ainda que as diferencas sejam pequenas e estatisticamente
nao significativas.
Para concluir as analises sobre o tratamento dispensado pelo jornal
aos candidatos a prefeitura, propomos agregar as variaveis quantidade de
citacoes e visibilidade, a valencia dos textos. Cada texto jornalistico,
em funcao da maneira como e construido e dos termos utilizados pelo
autor, pode ter uma valencia positiva, negativa, neutra ou equilibrada
para o candidato (6). Para verificar a existencia de diferencas
estatisticamente significativas na presenca dos candidatos em textos com
valencia positiva e por indice de visibilidade serao usados dois tipos
de testes. Os residuos padronizados mostram o tipo de relacao entre cada
categoria das duas variaveis (presenca do candidato * visibilidade do
texto). Se o residuo padronizado for maior que [+ or -] 2,0 significa
que ha residuos acima da expectativa para aquela categoria. Por exemplo,
na Tabela 4, o residuo padronizado de 2,0 para presenca de Serra (coluna
sim) em textos com visibilidade media indica que e possivel encontrar
mais textos com valencia positiva de Serra em visibilidade media do que
nas demais categorias. O segundo teste e a diferenca de medias
qui-quadrado (sig.), que indica se as diferencas sao estatisticamente
significativas ou nao. Se o sig. ficar abaixo de 0,050, significa que ha
diferencas significativas entre as duas variaveis, portanto a relacao
entre uma ou mais categorias apresentara residuos acima de [+ or -] 2,0.
A tabela a seguir, com os resultados para a relacao entre valencias
positivas dos candidatos por tipo de visibilidade, indica que a relacao
mais forte e para Haddad com coeficiente de sig. de 17,821 (0,000),
indicando que as valencias positivas do candidato do PT tenderam a se
concentrar em um tipo de visibilidade. Olhando para os residuos
padronizados, percebe-se claramente que os residuos sao +2,3 para
visibilidade alta, +2,0 para visibilidade media e -2,5 para visibilidade
baixa. Ou seja, texto positivo de Haddad tende a aparecer em espacos de
visibilidade alta e media e a nao estarem em textos com baixa
visibilidade.
No caso de Serra, o coeficiente sig. tambem e significativo
(7,145), embora nao tao forte quanto o de Haddad. Os residuos mostram
que valencias positivas de Serra tendem a estar em textos com
visibilidade media (+2,0). Para o candidato Russomano nao e possivel
indicar tendencia de concentracao de valencias positivas por tipo de
visibilidade, visto que o coeficiente sig. fica em 0,697, com nivel de
significancia de 0,706. A partir dos dados acima, e possivel afirmar que
em relacao a valencia positiva, Haddad foi o maior beneficiado, pois
teve mais visibilidade alta para esse tipo de texto.
Aplicando o mesmo teste para a valencia negativa (Tab. 05),
percebe-se que o maior coeficiente de sig. e o de Serra, com 10,130
(0,006). Olhando para os residuos, percebe-se que textos com valencia
negativa para Serra tendem a nao aparecer em espaco de baixa
visibilidade (-2,0) e estao concentrados em visibilidade media (1,9). No
caso de Russomano, o coeficiente de sig. fica em 6,282 (0,043), sendo
estatisticamente significativo. Textos negativos de Russomano tendem a
estar em espacos com visibilidade media e a nao estar em visibilidade
baixa.
Haddad e o candidato que apresenta as valencias negativas menos
concentradas em um tipo de visibilidade, ficando com sig. de 6,006
(0,050). Ele tende a ter valencia negativa em media visibilidade e a nao
ter negativo nas categorias baixa e alta.
Se compararmos os sinais dos residuos, perceberemos que, para as
valencias positivas, os residuos sao negativos para os tres candidatos
na visibilidade baixa e positivos para as outras duas categorias. Ja no
caso das valencias negativas, os residuos sao negativos para baixa
visibilidade nos tres candidatos, porem na visibilidade alta existem
residuos positivos apenas para Serra. Haddad e Russomano tem residuos
negativos nessa categoria.
Consideracoes finais
O artigo teve por finalidade apresentar a metodologia quantitativa
como uma ferramenta para analise de jornais impressos e que tem como
objetivo identificar a cobertura da imprensa durante periodos
eleitorais. Para exemplificar a aplicacao dessa metodologia,
apresenta-se uma analise da cobertura das eleicoes municipais, de Sao
Paulo, em 2012, na Folha de S. Paulo. A pesquisa parte da importancia
que os veiculos de comunicacao possuem no debate publico como mediadores
das informacoes entre a esfera publica e o poder politico. A partir da
metodologia quantitativa de analise de conteudo e possivel dar, por meio
de alguns indicadores, atencao aos aspectos da producao dos jornais
neste caso, a Folha de S. Paulo--que podem responder a pergunta de
pesquisa: Como foi a cobertura eleitoral de 2012 sobre os candidatos a
prefeitura de Sao Paulo?
Do ponto de vista empirico, foi possivel aferir os principais
aspectos do padrao de cobertura da Folha de S. Paulo. Em primeiro lugar,
nao se trata de uma cobertura equilibrada ao longo de todo o periodo,
pois depende dos fatos produzidos pelas campanhas, fatos estes que se
multiplicam conforme se aproxima o dia da votacao. Por consequencia, ha
um crescimento quase constante do volume de cobertura ao longo do tempo.
Uma segunda caracteristica da cobertura geral e que ela se concentra nos
candidatos de maior expressao, nao dando espaco equivalente ou
minimamente proporcional a grande maioria dos concorrentes de partidos
nanicos. A cobertura concentrou-se em Haddad, Serra e Russomano. Com
isso, e possivel afirmar que o jornal nao contribui para a pluralizacao
do debate publico a respeito da disputa eleitoral, pois alem de depender
das agendas dos candidatos, concentra sua atencao apenas naqueles que ja
tem projecao na memoria do eleitorado ou contam com partidos politicos
estruturados e fortes redes de apoios sociais.
A respeito da cobertura dos principais candidatos, pode-se perceber
um favorecimento ao candidato do PT, que teve um numero maior de
entradas no jornal que os demais candidatos (948). Jose Serra ficou um
pouco atras de Haddad, com 866 citacoes no jornal, considerando os dois
turnos da disputa. Alem disso, Haddad apareceu mais em textos de media e
alta visibilidade do que Jose Serra. Por fim, as entradas com valencia
positiva de Haddad tenderam a estar em espacos de maior visibilidade do
que as de Serra, enquanto a valencia negativa de Serra predominou em
espacos de media visibilidade.
As analises a partir de um estudo de caso nao nos permitem
generalizar as conclusoes para demais veiculos de comunicacao. Para
tanto, seria necessario replicar a metodologia utilizada aqui em outros
jornais e/ou disputas eleitorais. O objetivo aqui foi demonstrar as
potencialidades e limitacoes do uso dos metodos quantitativos na analise
de conteudo jornalistico em meios tradicionais. Para tanto, fizemos um
teste empirico sobre a cobertura da Folha de S. Paulo nas eleicoes
municipais de 2012. Espera-se que outros trabalhos na linha de analises
empiricas da producao jornalistica sejam produzidos para que as
conclusoes possam ser comparadas com o que apresentamos aqui.
REFERENCIAS
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NOTAS
(1) O processo de agendamento abordado neste texto se refere a
hipotese da agenda setting (McCombs e Shaw, 1972), em que os meios de
comunicacao teriam o poder de agendar os temas a serem discutidos na
sociedade.
(2) O grupo de pesquisa em Midia, Politica e Atores Sociais da
Universidade Estadual de Ponta Grossa e de Comunicacao Politica &
Opiniao Publica da Universidade Federal do Parana realizam o
monitoramento da cobertura eleitoral desde 2002 em jornais nacionais,
regionais e locais. Dentre eles se destacam a Folha de S. Paulo, o
Estado de Sao Paulo, a Gazeta do Povo, o Estado do Parana e jornais
regionais do interior do estado como Folha de Londrina, Diario dos
Campos e Jornal da Manha.
(3) As pesquisas que fazem monitoramento da cobertura eleitoral
possuem um conjunto maior de variaveis que representam conceitos
teoricos, no entanto, aqui se discute somente aquelas utilizadas na
analise apresentada.
(4) Por meio da Formula de Sturges e possivel categorizar a
variavel espaco, tendo como ponto de partida a nao variancia da
amplitude entre as classes.
(5) As variaveis que compoem o indice sao as seguintes: i) formato:
alta visibilidade para chamada de primeira pagina, media visibilidade
para reportagens, charges, fotos, ilustracoes e colunas assinadas, baixa
visibilidade para artigo assinado, editorial e carta do leitor; ii)
Posicao na pagina: alta visibilidade para pagina inteira, media
visibilidade para meia pagina e baixa visibilidade para quadrante de
pagina; iii) numero da pagina: alta visibilidade para primeira pagina;
media visibilidade para paginas impares e baixa visibilidade para
paginas pares; e iv) Tamanho do texto: a partir de uma divisao em tres
grupos iguais, definiu-se que textos com alta visibilidade tem mais que
222,8 [cm.sup.2], media visibilidade entre 56,1 [cm.sup.2] e 222,7
[cm.sup.2] e baixa visibilidade para textos com menos de 56 [cm.sup.2]
de tamanho. Por se tratar de um indice aditivo, a soma dos codigos de
cada categoria define a posicao que o texto estara no indice agregado.
Por exemplo, um texto com alta visibilidade deve ser chamada de primeira
pagina, em meia pagina e acima de 222,7 [cm.sup.2]. Ja um texto com
baixa visibilidade tem menos de 56 [cm.sup.2], encontra-se em um
quadrante de pagina par e e um artigo assinado.
(6) Entende-se por valencia positiva textos que fazemmencao a
alguma caracteristica do candidato usando termos positivos que indiquem
forca, competencia, coragem, etc. As valencias negativas ocorrem quando
sao expressos valores negativos em relacao ao candidato. Valencia neutra
esta presente em textos onde nao ha juizo de valor a respeito do
candidato, apenas informacoes factuais, como agenda de campanha, etc.
Valencia equilibrada para os casos em que ha conotacao positiva e
negativa no mesmo texto. A variavel Valencia utilizada aqui e uma
variacao da que foi proposta originalmente pela equipe de pesquisa do
Doxa/Iesp em 1998.
Endereco dos autores:
Emerson Urizzi Cervi <ecervi7@gmail.com>
Universidade Federal do Parana--Departamento de Ciencias Sociais
Rua General Carneiro, 460, sala 907--Centro
CEP 80060-150, Curitiba, PR, Brasil
Michele Goulart Massuchin <mimassuchin@gmail.com>
Universidade Federal do Parana
Rua XV de Novembro, 1299
CEP 80060-000, Curitiba, PR, Brasil
Emerson Urizzi Cervi
Professor do Departamento de Ciencias Sociais, da Pos-Graduacao em
Ciencia
Politica e da Pos-Graduacao em Comunicacao
da Universidade Federal do Parana (UFPR)--Curitiba, PR, Brasil.
<ecervi7@gmail.com>
Michele Goulart Massuchin
Doutoranda em Ciencia Politica da Universidade Federal de Sao
Carlos (UFSCar)--
Sao Carlos, SP Brasil.
<mimassuchin@gmail.com >
Tabela 1--Presenca dos candidatos nos meses de campanha
Candidato (I) mes (J) mes Diferenca media (I-J) Sig.
Serra Agosto Setembro 0,084 * 0,028
Haddad Agosto Setembro 0,083 * 0,034
Russomano Outubro Agosto -0,075 * 0,005
Setembro -0,102 * 0,000
* Significativo a 0,05.
Fonte: Grupo de Pesquisa em Midia, Politica e Atores Sociais (UEPG).
Tabela 2--Distribuicao da visibilidade dos textos sobre campanha
eleitoral
Frequencia Percentual
Baixa 784 54,9
Media 528 37,0
Alta 116 8,1
Total 1428 100,0
Fonte: Grupo de Pesquisa em Midia, Politica e Atores Sociais (UEPG).
Tabela 3--Indice de visibilidade para os tres principais candidatos
Candidato Indice de visibilidade
Baixa Media Alta Total
Serra 422 48,7% 352 40,6% 92 10,6% 866 100,0%
Haddad 462 48,7% 381 40,2% 105 11,1% 948 100,0%
Russomano 216 43,7% 224 45,3% 54 10,9% 494 100,0%
Fonte: Grupo de Pesquisa em Midia, Politica e Atores Sociais (UEPG).
Tabela 4--Relacao entre valencia positiva e visibilidade dos
candidatos
Residuos Padronizados Serra Haddad
Valencia Positiva
Nao Sim Nao Sim
Baixa 0,5 -1,7 0,9 -2,5
Indice de Media -0,6 2,0 -0,7 2,0
Visibilidade Alta 0,0 0,2 -0,8 2,3
Qui-quadrado 7,145 (0,028) 17,821 (0,000)
(sig.)
Residuos Padronizados Russomano
Valencia Positiva
Nao Sim
Baixa 0,1 -0,5
Indice de Media -0,1 0,6
Visibilidade Alta 0,0 0,2
Qui-quadrado 0,697 (0,706)
(sig.)
Fonte: Grupo de Pesquisa em Midia, Politica e Atores Sociais (UEPG).
Tabela 5--Relacao entre valencia negativa e visibilidade dos
candidatos
Residuos Padronizados Serra Haddad
Valencia Negativa
Nao Sim Nao Sim
Baixa 0,7 -2,0 0,4 -1,2
Indice de Media -0,7 1,9 -0,6 1,8
Visibilidade Alta -0,4 1,1 0,3 -0,9
Qui-quadrado 10,130 (0,006) 6,006 (0,050)
(sig.)
Residuos Padronizados Russomano
Valencia Negativa
Nao Sim
Baixa 0,3
Indice de Media -0,4 1,9
Visibilidade Alta 0,1 -0,6
Qui-quadrado 6,282 (0,043)
(sig.)
Fonte: Grupo de Pesquisa em Midia, Politica e Atores Sociais (UEPG).
Grafico 1--Distribucao das
citacoes dos candidatos
mes
7 203
14,22%
8 218
15,27%
9 391
27,38%
10 616
43,14%
Fonte: Grupo de Pesquisa em Midia, Politica e Atores Sociais
(UEPG/UFPR).
Nota: Tabla derivada de grafico barra.
Grafico 2--Diferenca no numero de
citacoes durante a campanha
Primeiro Turno Toda Cobertura
haddad 486 948
serra 464 866
russomano 351 494
chalta 149 209
soninha 83 100
paulinho 52 64
giannazi 25 35
Fonte: Grupo de Pesquisa em Midia, Politica e Atores Sociais
(UEPG/UFPR).
Nota: Tabla derivada de grafico barra.