A propaganda politica na construcao do imaginario coletivo no cinema de resistencia: estudo de caso do filme Jango de Silvio Tendler.
Queiroz, Adolpho ; Vidal de Souza, Rose Mara
The construction of propaganda collective imagination in film
resistance: a case study of the film Jango by Silvio Tendler
Acontextualizacao historica do Brasil nas decadas de 1950 e 1960
ate o inicio da ditadura em 1964 e uma traducao de efervescencia
politica e economica. E neste cenario tao rico de anseios por mudancas
que e narrado o filme de Joao Goulart, uma personalidade enigmatica da
historia brasileira. Herdeiro do mito Getulio Vargas e vice-presidente
de outro tita, Juscelino Kubitschek, Jango utilizou o populismo como
mola propulsora para sua ascensao eleitoral, porem os fracos desempenhos
da sua propaganda politica e de seu espirito de lideranca fizeram-no
naufragar, culminando sua trajetoria no golpe militar de 1964.
Um dos documentos que permanece vivo sobre a imagem de Joao Goulart
e o documentario de Silvio Tendler, intitulado Jango--Como, quando e
porque se derruba um presidente, de 1984. O longa metragem de quase duas
horas (117 minutos) narra a carreira do rapaz que saiu dos pampas para
ser presidente do Brasil. Um percurso que comecou aos 28 anos, quando, a
convite e por insistencia de Vargas, concorreu a uma cadeira na
Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Ele foi eleito com 4.150
votos, tornando-se o quinto candidato mais votado, a frente de seu
cunhado Leonel Brizola (casado com sua irma Neusa ate a morte dela em
1993), outra estrela em ascensao do PTB.
A imagem publica de Jango para quem o desconhece e uma e a partir
do documentario de Tendler passa a ser outra. Um filme que remonta o
contexto historico politico da pre-ditadura, lancado durante o processo
de redemocratizacao do pais. O cinema, que e uma ferramenta poderosa da
propaganda politica, e analisado neste artigo como instrumento para um
imaginario coletivo.
O objetivo central deste estudo e entendermos como o cinema pode
contribuir para a disseminacao da propaganda politica e do imaginario
coletivo.Busca-se ainda analisar a imagem publica de Joao Goulart
retratada pelo filme Jango, de Silvio Tendler. Como o estudo foi
norteado do ponto de vista da comunicacao politica, analisamos as
estrategias da propaganda politica, ideologica e do imaginario coletivo
mostradas no filme e tambem utilizadas na construcao do roteiro do
mesmo.
Considerando que o estudo proposto busca obter informacoes de
natureza historica, a fim de poder identificar a imagem publica
refletida pelo documentario Jango, partindo do prisma do emissor, ou
seja, do diretor, foi adotado, por forca de suas caracteristicas
tipologicas e metodologicas, a pesquisa qualitativa como metodo. O
objetivo e verificar como a imagem de Joao Goulart aparece em cada cena
do referido filme, comparando com os embasamentos teoricos existentes.
Imaginario e politica
A palavra politica fomenta na cabeca do individuo, dependendo do
pais em que vive, um tipo de imaginario. Apesar de aparecer no
dicionario como: 1. arte ou ciencia de governar; 2. arte ou ciencia da
organizacao, direcao e administracao de nacoes ou Estados ou ainda 3. a
aplicacao desta arte nos negocios internos da nacao (politica interna)
ou nos negocios externos (politica externa); no Brasil, por exemplo, a
palavra 'politica' vem arraigada a corrupcao, desonestidade e
a outras conotacoes negativas.
Esse imaginario nao surge "do nada" na mente da pessoa,
mas literalmente brota. Para este conceito negativo desenvolver-se foi
semeado "algo" no inconsciente do individuo, cultivado com
muita intensidade. Quando se fala em imaginario se atrela ao falso, ao
fantasioso. Porem, o imaginario vai alemdisto e gera varias definicoes
por diferentes autores. Deleuze (1992) aponta autores como Bachelard que
afirma que o imaginario e nossa valvula de escape, nossa abertura para
outras sensacoes. Ja para Le Gof o imaginario, apesar de estar na area
da representacao, vai alem disto, pois cria, tangido poeticamente, dando
toques particulares a esta representacao.
Segundo Castoriadis (1995, p. 177) o imaginario se define pela
imagem que os individuos e os grupos sociais tem do mundo, dos objetos e
dos seres que compoem este mundo, bem como a imagem que fazem de si
mesmos, de suas necessidades, de suas finalidades e de seus valores.
A instituicao, conforme assinala Castoriadis, e uma rede simbolica
definida socialmente, que contem os componentes organizador e do
imaginario. O conceito de imaginario em Karl Marx explica, atraves da
nocao de alienacao, a autonomia das instituicoes economicas ou
religiosas como produtos independentes das acoes humanas, expressando as
contradicoes reais entre o produtor e o produto que passa a ser
reificado. O imaginario seria, entao, a solucao fantasiosa das
contradicoes reais (Laplantine; Trindade, 1996, p. 7).
Em uma ultima tentativa de apresentar esta gama de conceitos sobre
o imaginario e ao que vai a encontro dos nossos pensamentos, citaremos
Durand (1997, p. 14) que afirma que o imaginario e o "conjunto das
imagens e das relacoes de imagens que constitui o capital pensado do
homo sapiens", e a recriacao das relacoes inexistentes no mundo
real que e captada e estimulada neste imaginario. Durand discorda de
Lacan, que afirma que o imaginario resume-se a experiencias individuais
e fraudulentas, enquanto simbolico seria coletivo e cultural.
O imaginario nao so se manifestou como atividade que transforma o
mundo, como imaginacao criadora, mas sobretudo como transformacao
eufemica do mundo, como intellectus sanctus, como ordenanca do ser as
ordens do melhor (Durand, 1997, p. 432).
Este imaginario social e que da o tom na politica. Neste jogo
outros ingredientes se misturam para dar o tempero da disputa politica:
os mitos, os arquetipos, a propaganda persuasiva, a ideologia e a
exploracao do inconsciente coletivo.
Cinema e propaganda politica
Falar de cinema e falar de imaginario social se torna quase
verossimil. O cinema e uma fabrica de sonhos, desejos, buscas. Apesar
dos adventos da vida moderna, o cinema continua com seus adeptos
aficionados. Atraves da telinha magica a vida se torna palpavel e numa
pseudorrealidade conseguimos dar forma a olhares deste e de outros
mundos.
De acordo com Souza (1981), por incrivel que pareca o cinema chegou
ao Brasil um ano depois.A primeira exibicao de cinema em terras
tupiniquins aconteceu na rua do Ouvidor, no. 57, no Rio de Janeiro, em 8
de julho de 1896. No ano seguinte, inaugurou a primeira sala fixa,
tambem na rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro.
Nao demorou muito para o cinema ganhar adeptos mundo afora, o
cinema se tornou mais que uma opcao de entretenimento, se tornou uma
mercadoria. O cinema, ao contrario do DVD, Cd ou livro, e uma mercadoria
perecivel. Voce compra o ingresso utiliza ou nao e nunca mais vai usar
esse. Como se fosse um bilhete unico e intransferivel. Acoplado a esta
caracteristica, o cinema gera muito mais lucro, que o teatro, por
exemplo, pois e atraves da reproducao de copias que se expande
mundialmente. Os produtores da industria cinematografica, antes do fim
da primeira decada do seculo XX, ao inves de alugarem as copias dos seus
filmes aos exibidores, eles as vendiam. Os produtores perceberam que
teriam mais lucro recebendo porcentagem em cima do numero de vezes que o
filme fosse exibido.
Segundo Bernadet (1988, p. 12) na decada entre 1910 e 1930 os
filmes nacionais eram produzidos esporadicamente, sempre com historia em
atos e figuras "heroicas". O primeiro politico brasileiro a
utilizar o cinema como propaganda persuasiva, de forma mais consistente,
foi Getulio Vargas com os Cinejornais periodicos que exibia nas salas
por todo o pais.
A filmagem, a montagem, a musica e o discurso apresentados nos
cinejornais que traziam os comicios, veiculados nas salas de cinema
antes da exibicao dos filmes, eram minuciosamente articulados para que a
imagem de 'pai dos pobres' fosse fomentada, sendo que em todas
as producoes, inclusive na epoca em que a veiculacao dos cinejornais era
obrigatoria e coordenada pelo DIP (Departamento de Imprensa e
Propaganda), Vargas estava cercado pela populacao que o aplaudia e
gritava seu nome (Rocha e Franco, 2007, p. 35).
As imagens dos cinejornais exaltavam a emocao e gratidao do
candidato frente a sua aceitabilidade do povo, assim como a musica que
instigava o nacionalismo e o crescimento economico do Brasil, que
poderia se tornar um dos melhores lugares para se viver. Notamos ai a
semelhanca com outros filmes lancados no exterior, como o da campanha
nazista e algumas milhares de dezenas de filmes hollywoodianos.
Estes ultimos com mencoes de bandeiras e outros simbolos nacionais
em quase todos os filmes originarios dos EUA levando os espectadores a
um condicionamento da terra prometida, da "America perfeita".
Fator explicado pelo microbiologista russo Serge Tchakhotine que
relacionou o exito da propaganda nazista atraves da interpretacao da
teoria dos reflexos condicionados de Pavlov. Esta tecnica tambem foi
utilizada por Mussolini que dominava de longe um "condicionamento
das massas". Vale ressaltar que condicionamento, para que sempre
surta o efeito desejado, tem que ser repetido de tempos em tempos para
que nao caia no esquecimento.
A explicacao do fato de que os movimentos politicos atuais se
servem particularmente dos simbolos para seu recrutamento e sua acao nao
representa dificuldades. A historia nos fornece, alias, exemplos
magnificos do seu emprego eficaz: a progressao triunfal do simbolo
cristao--a Cruz; as letras S.P.Q.R., velho emblema do poder de Roma, o
Crescente do Isla, etc. Um exemplo de luta politica, por meio de
simbolos, nos da o passado: a luta entre a Cruz e o Crescente
(Tchakhotine, 1967, p. 259).
A propaganda politica e ideologica presente nos filmes permite
disseminar, de forma persuasiva, para toda a sociedade as ideias de
determinado grupo. Depois de emitida atraves de diversos meios e
suportes de comunicacao, elas passam a ser retransmitidas, direta ou
indiretamente, no seio das diversas instituicoes sociais, ampliando e
reforcando o processo de difusao.
A ideologia, dessa forma, se espalha e impregna todas as camadas da
sociedade. Na familia, na escola ou no trabalho, em todas as partes e
por todos os meios, todos passam a ser orientados para os mesmos fins e
enquadrados dentro dos mesmos principios (Garcia, 1992, p. 78).
O cinema, como dito anteriormente, faz essa juncao do audio, do
visual e da fascinacao. A luz baixa, o silencio, as pessoas reunidas e
como um ritual para aceitacao da mensagem. E a politica, onde o poder
esta intrinseco, se rodeia dessas representacoes coletivas, onde o
dominio
do imaginario e do simbolico e um importante lugar estrategico.
De acordo com Baczo (1985), exercer um poder simbolico nao consiste
meramente em acrescentar o ilusorio a um potencia "real", mas
sim em duplicar e reforcar a dominacao efetiva pela apropriacao dos
simbolos e garantir a obediencia pela conjugacao das relacoes de sentido
e poderio.
Mas nem sempre e a visao dos partidos que e repassada nos longas, a
visao do diretor ou da populacao tambem pode afetar a producao e a
construcao desses imaginarios coletivos. Os documentarios, por exemplo,
refletem muito o contexto e a visao do diretor sobre o tema. Que
Bernardet (1985) complementa dizendo que alem dos mecanismos que vimos
para significar o real, o filme se vale de outro: o encadeamento das
sequencias num raciocinio logico que mistura a analise do fenomeno com o
contexto inserido. O documentario e um genero cinematografico que se
caracteriza pelo compromisso com a exploracao da realidade. Mas dessa
afirmacao nao se deve deduzir que ele represente a realidade "tal
como ela e". O documentario, assim como o cinema de ficcao, e uma
representacao parcial e subjetiva da realidade.
A ideia e que, ao vermos um documentario, em geral temos um saber
social previo, sobre se estamos expostos a uma narrativa documental ou
ficcional. Como espectadores, fruimos a narrativa em funcao deste saber
previo, presenca do passado no presente imediato [...]. Na ampla maioria
dos casos, efetivamente, sabemos o que significa uma narrativa
documental, que tipo de imagens contem, e reagimos, enquanto
espectadores, a este saber. Socialmente, uma serie de procedimentos nos
informa o tipo de narrativa a que estamos tendo acesso (D'Almeida
apud Ramos, 2001, p. 199-200).
Ainda de acordo com D'Almeida (2006) existem seis modos de se
fazer documentarios: poetico, expositivo, observativo, participativo,
reflexivo e performatico. O filme Jango de Silvio Tendler pode ser
descrito como uma combinacao dos modos expositivo e participativo,
ressaltando este ultimo modo que caracteriza, segundo estudos de Bill
Nichols, os telejornais e as reportagens investigativas.
O modo expositivo "agrupa fragmentos do mundo historico numa
estrutura mais retorica ou argumentativa do que estetica ou
poetica", com legendas ou vozes que "propoem uma perspectiva,
expoem um argumento ou recontam uma historia"(Nichols, 2005, p.
142). Tambem de acordo com Nichols (2005), a voz do narrador e um show a
parte. Com discursos objetivos, prende a atencao do telespectador
combinando seu tom e volume da voz com as imagens. Semelhante aos
ancoras de noticiarios televisivos, o narrador do documentario
expositivo passa credibilidade, seguranca e neutralidade.
O modo participativo, por sua vez, deixa clara a interferencia do
cineasta na realidade que pretende registrar. O mundo historico e
representado por alguem que nele se engaja ativamente, colocando o
cineasta em cena. Esse estilo de filmar e o que Rouch e Morin
denominaram de cinemaverite.
[...] Como cinema verdade, a ideia enfatiza que essa e a verdade de
um encontro em vez da verdade absoluta ou nao manipulada. Vemos como o
cineasta e as pessoas que representam seu tema negociam um
relacionamento, como interagem, que formas de poder e controle entram em
jogo e que niveis de revelacao e relacao nascem dessa forma especifica
de encontro (D'Almeida apud Nichols, 2005, p. 155).
Para dar mais credibilidade e a funcao de isencao, o cineasta
utiliza entrevistas para unir varios depoimentos numa unica historia.
Entao o documentario e contar uma historia, geralmente do passado, e ai
fica evidente a subjetivacao do cineasta e sua impressao ao remontar
esses fatos.
Analise e discussao do documentario Jango
O filme Jango e uma remontagem dos fatos que antecederam sua
deposicao pelo golpe de 1964. Silvio Tendler comeca o longa na viagem de
Jango a China, quando foi pego de surpresa pela noticia da renuncia do
presidente Janio Quadros. A partir dai vai-se desenrolando uma narrativa
exploratoria, entremeada de depoimentos de personalidades da epoca que
testemunharam seu governo.
O cerne do documentario esta cravado nas lutas sociais lideradas
por Joao Goulart. Relatando sua biografia desde o ingresso precoce na
politica do Rio Grande do Sul ate o desfecho tragico com sua morte no
Uruguai. A narrativa menciona a aproximacao de Jango com Getulio Vargas,
como seu articulador no segundo mandato e, posteriormente, como Ministro
do Trabalho do seu governo. Aqui e claro a interseccao da busca pelo
honorifico, citado por Veblen (1983), onde o homem persiste com muita
forca a distincao teorica arcaica do trofeu. Se ele nao o possui, e
vantajoso estar ao lado de quem o possui. Com relacao a ascendencia de
Goulart em ter uma familia abastarda oriunda do Rio Grande do Sul,
pode-se remeter ao pensamento de Veblen que pontua esta situacao como um
sinal especifico da classe ociosa, que por si ja nasce com o papel de
lideranca na sociedade e que servira de espelho para os mais pobres um
dia serem como eles.
Tanto o ocio como a propriedade sao elementos da estrutura social,
sao fatos convencionais.
[...] Nao se deve esquecer naturalmente que, numa comunidade em que
praticamente todos os bens sao de propriedade privada, a necessidade
deganhar a vida e um incentivo poderoso e onipresente para os seus
membros mais pobres. [...]. A propriedade surgiu e se tornou uma
instituicao humana sem relacao com o minimo de subsistencia. O incentivo
dominante desde o inicio foi a distincao odiosa ligada a riqueza; exceto
temporaria e excepcionalmente, nenhum outro motivo se lhe sobrepos em
qualquer estagio posterior de desenvolvimento (Veblen, 1983, p. 15-17).
Frases de efeito do narrador Jose Wilker, por exemplo: "Jango
propunha o fim da fome e da miseria num pais em que a injustica sempre
foi o lado obscuro da democracia" (Jango, 1984, 117min). Nesta
parte quase nao existe trilha sonora no filme, apenas narracao e imagens
que retratam o discurso de Jango em defesa da democracia e da justica
social. Esta imagem de "salvador da patria" e o arquetipo de
heroi e recorrente em todo o documentario. Segundo Jung (2008), dentro
do inconsciente coletivo existem estruturas psiquicas ou arquetipos que
funcionam como uma especie de canalizador do material psicologico. Como
formas pre-moldadas. Nosso inconsciente coletivo na area da politica,
principalmente quando o pais nao vai bem, "persegue" o
candidato que mais se assemelha ao que vai restabelecer a harmonia
economica e social para aquele povo. Assim aconteceu com Vargas e depois
com Goulart, que conseguiu a simpatia das massas operarias.
Os entrevistados do documentario em voga compoem uma historia
linear e subjetiva da visao do autor, ressaltando a imagem de Jango como
um possivel sucessor de Getulio Vargas e JK. Em quase todo o filme,
Jango aparece sorrindo com criancas em volta e ao lado da populacao
trabalhadora, com um discurso sempre voltado para os operarios. Somente
no penultimo take, quando comecam as imagens sobre o golpe e o inicio da
ditadura e que Jango muda sua feicao, passando a ter um rosto
compenetrado e triste. A partir dai nota-se a importancia da persuasao e
da propaganda ideologica aliada a retorica. "Desse modo e evidente
que se a politica necessite de uma ars ou techne--isto e, de uma
destreza que a auxilie na consumacao dos seus propositos, normalmente
nao recorre a poetica, mas a retorica". E mais civilizado resolver
os "problemas pela forca do discurso do que pela forca bruta"
(Gomes, 1995, p. 73).
A partir dai a musica Coracao de estudante de Milton Nascimento, em
versao instrumental, e ouvida, sem narracao, apenas com as imagens de
Goulart em sua granja em Sao Borja (RS), com cabeca baixa, caminhando
sozinho numa estrada cheia de arvores em volta. Com base nesta
observacao, faz-se uma ponte entre esta cena do filme e a afirmacao de
Castoriadis (1995) que diz que em todas as sociedades existe uma
representacao de si mesma com "alguma coisa". A exemplo do
povo brasileiro que tem uma identidade hospitaleira e emocional.
Conforme esta cena descrita acima o imaginario coletivo e de melancolia
e de tristeza. A simbologia e em torno de um lider abandonado
injustamente por cuidar do povo (Cunha, 1997, p. 1).
A sequencia do longa metragem fica por conta de outros exilados e
mortos pela ditadura na America Latina, incluindo Che Guevara e o
senador chileno Salvador Allende. As cenas de Che morto tem a duracao de
quase 5 minutos. Apos isto, as imagens sao da violencia na ditadura,
estudantes espancados, passeatas e a historia dos atos institucionais
no. 2 e no. 5. A sensacao e de agonia e de injustica. O simbolismo
contido nestes takes e carregado de ideologia e referencias de dor e
angustia. O imaginario descrito neste filme nao e apenas a copia do
real, o seu vies simbolico amplia os sentidos em imagens expressivas.
"O real nao e so um conjunto de fatos que oprime, ele pode ser
reciclado em novos patamares" (Moraes, 1994, p. 39).
A rede imaginaria possibilita-nos observar a vitalidade historica
das criacoes dos sujeitos--isto e, o uso social das representacoes e das
ideias. Os simbolos revelam o que esta por tras da organizacao da
sociedade e da propria compreensao da historia humana. A sua eficacia
politica vai depender da existencia daquilo que Backzo chama de
comunidade de imaginacao ou comunidade de sentido. As significacoes
imaginarias despertadas por imagens determinam referencias simbolicas
que definem, para os individuos de uma mesma comunidade, os meios
inteligiveis de seus intercambios com as instituicoes. Em outras
palavras: a imaginacao e um dos modos pelos quais a consciencia apreende
a vida e a elabora. A consciencia obriga o homem a sair de si mesmo, a
buscar satisfacoes que ainda nao encontrou (Moraes, 1994, p. 39).
A seguir aparece Jango no exilio no Uruguai. O narrador diz:
"O presidente nao conseguia nem se animar com o aniversario da
propria filha". A cena e coberta por um close em uma foto de
aniversario de sua filha Denize Goulart. A camera sobe e mostra um Jango
novamente triste e com a cabeca baixa. Mais uma vez o filme chama a
atencao para o sofrimento do expresidente. Esta cena pode ser entendida
como artificios do marketing politico, misturando propaganda politica,
imaginario coletivo, persuasao e ideologia, todos unificados como o
magma dos arquetipos, da mitologizacao, do simbolismo e estereotipos.
Segundo Queiroz (2007), e atraves do marketing politico que os partidos
podem disseminar conteudos e emocoes atraves dos meios de comunicacao.
O filme ressalta ainda que o populismo de Getulio Vargas passou a
ser simbolo da politica de manipulacao de massas, e aqueles que herdaram
os principais aspectos do varguismo eram vistos com maus olhos por
grande parte da elite nacional, que tinha aversao a ampliacao da
democracia brasileira e a insercao da classe trabalhadora no jogo
politico. O simbolismo em torno do populismo e um fato consumado. Sao
dois imaginarios em torno dos governos populistas: o de paternalista e o
de estar ao lado do povo. A discussao e extensa e nao cabe nesta
pesquisa definir ou optar por esta ou aquela conceituacao. No entanto,
de acordo com o filme, o sentindo de populismo tem o sentido de
"estar ao lado do povo", conforme confirmado pelo proprio
diretor Silvio Tendler em entrevista concedida aos autores.
Apos seguir os passos de Vargas, as virtudes de Goulart seriam
reconhecidas. Ele foi eleito duas vezes para vice-presidente. No
documentario ha um grande destaque para a preocupacao com o povo, que o
filme afirma ser maior que a preocupacao pessoal. "Nao me importo
em cair, mas caio de pe. Eu preciso realizar essas reformas"
(Jango, 1984, 117min). A observacao das classes sociais em evidencia faz
parte da propaganda politica e ideologica. Segundo Garcia (1982), uma
classe social se constitui de pessoas que ocupam um mesmo espaco no
plano de producao economica.
No sistema capitalista a sociedade e dividida em dois blocos
fundamentais: os trabalhadores e os patroes. Os operarios entram com a
forca do seu trabalho e ganham apenas para sobreviver, enquanto os
patroes administram o dinheiro e o poder. Assim a classe menos
favorecida e apenas sujeita a decisoes tomadas pela segunda classe, onde
se enquadram tambem os orgaos governamentais. A vantagem do patronato e
deter o capital, as terras, as maquinas e as ferramentas, garantindo
assim o sucesso sobre esses orgaos e maior influencia sobre eles, ja que
os mesmos ajudam a financiar varios projetos.
Ainda de acordo com Garcia (1982), os limites que definem os
espacos das classes sociais nao sao estaticos, nem eternos. Uma classe
ou apenas um grupo contido nela pode ampliar seu campo de acao. O numero
de trabalhadores e um exemplo disto, o proprio sistema capitalista exige
uma maior demanda de mao-de-obra. Outro fator que interfere diretamente
nas classes sociais e a qualificacao profissional. Com os avancos
tecnologicos o mercado exige cada vez mais trabalhadores qualificados,
assim, consequentemente, o nivel intelectual da massa proletaria avanca
podendo compreender melhor sua situacao e perceber a contradicao entre o
baixo nivel salarial e os altos lucros das empresas. Com isso o dialogo
entre esta classe vai gerar um movimento organizado, dando origem a
sindicatos ou mesmo partidos politicos. Como pensou Marx:
Os comunistas diferenciam-se dos outros partidos proletarios apenas
em dois pontos: de uma parte, nas diversas lutas nacionais dos
proletarios, fazem prevalecer os interesses da nacionalidade; de outra
parte, nos diversos estagios de desenvolvimento da luta entre
proletariado e burguesia, representam sempre o interesse do movimento
geral (Marx, 1996, p. 75).
A percepcao de Goulart para esta classe de operarios foi vital para
sua consolidacao politica. As longas imagens contidas no filme
(analfabetos, trabalhadores rurais e operarios) sem narrativa e sem
trilha sonora se transformam em discurso ideologico.
A primeira delas e do comercial exibido pela televisao IPES
(Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais) fundado pelo general Golbery
do Couto e Silva, procer do golpe e ideologo do governo militar. Em
outra, sao inseridas cenas do filme Encouracado Potemkin, de Sergei
Eisenstein, com imagens da revolta dos marinheiros de 1964
(D'Almeida, 2006, p. 7)
O final do filme e dramatico. O enterro do estudante Edson Luis,
morto pela ditadura, a cena com a multidao pedindo justica e o
fechamento do Congresso e a proxima sequencia que daria espaco para o
fulminante ataque cardiaco de Joao Goulart no Uruguai. Novamente, agora
moca, a sua filha Denize Goulart, diz que o maior sonho do pai era
voltar ao seu pais. Os carros atravessando a ponte em direcao ao Brasil
sugerem que ele voltou, so que morto. O tumulo do ex-presidente encerra
o documentario com um poema do compositor Fernando Brant. Fernando
Brant, Milton Nascimento e Vagner Tiso estiveram entre as figuras da
campanha pela redemocratizacao no pais no inicio dos anos 1980.
Os acontecimentos daqueles dias
ainda estao claros na memoria:
fechado no escuro do quarto,
querendo fugir do mundo
que me chegava pelo radio,
eu, pouco mais que um menino,
chorava, como se fosse morte,
a viagem-fuga do Presidente Jango.
Os anos passados, a maturidade
e a visao diaria da injustica e do odio, da opressao, da mentira e
do medo,
me leva agora, adulto, em nome da verdade e da historia,
a reafirmar o menino:
as lagrimas derramadas em 64
continuam justas.
O filme de Tendler funcionou como instrumento de contrapropaganda
politica, conforme Domenach. Garcia compartilha esta ideia. "Quando
nao conseguem obter monopolio das informacoes atraves do controle
ideologico, os grupos procuram neutralizar as ideias contrarias atraves
da contrapropaganda" (Garcia, 1982, p. 60).
A discussao de um tema que incomodava o regime militar na epoca
funcionava como esclarecimento as novas geracoes e de estimulo cultural
aqueles que participavam intensamente dos movimentos politicos que
posteriormente acabariam com a ditadura militar no Brasil. Os numeros da
audiencia do documentario Jango, tanto no circuito comercialcomo em
cineclubes de estudantes, de diretorios academicos, confirmam a
oportunidade de realizacao do filme. O sucesso que obteve com o publico
o transformou num instrumento de contestacao e,especialmente, de
resistencia ao regime militar.
Consideracoes finais
Jango teve sua vida marcada por dois grandes mitos, trabalhou nos
governos de JK e Getulio Vargas. A heranca populista marcada e
enfatizada no filme de Silvio Tendler resgata a tentativa de torna-lo
tambem um mito. Assim como um produto, o candidato e apresentado ao seu
eleitorado. No caso de Goulart, mesmo depois de morto, sua imagem foi
reconstruida no filme, que bateu recordes de publico. O marketing
politico trabalha exaustivamente isso, conforme podemos verificar ao
longo deste artigo, desde os tempos da segunda guerra mundial ate a
industria cinematografica hollywoodiana.
A propaganda politica usada no cinema nas decadas de 1930 a 1960
destacou os arquetipos do "heroi". Era comum o cinema nazista,
fascista e norte-americano utilizaros longas metragens para persuadir e
disseminar a ideologia partidaria.
Durante a Segunda Guerra Mundial foram produzidos diversos filmes
dedicados a glorificacao do soldado e a exaltacao da preparacao belica
das forcas armadas: Squadrone bianco (1936), de Augusto Genina, tinha
como protagonistas os soldados italianos que lutavam na Libia; Luciano
Serra pilota (1938), de Goffredo Alesandrini e Vittorio Mussolini,
exaltava heroismo dos aviadores italianos atraves das aventuras do
piloto Luciano que, durante quase 15 anos apos o final da Primeira
Guerra Mundial, desafiando o desejo dos seus pais, vive como um
aventureiro da aviacao, atuando em numeros aereos circenses na America
do Sul (Pereira, 2003, p. 108).
Estas formulas foram reaplicadas em diversos governos ao redor do
mundo. Mas salientamos que nao foi exclusividade dos paises
participantes da Segunda Guerra, como sabemos desde os tempos de apogeu
da civilizacao egipcia, passando pelo imperio romano e caindo no reinado
de Luis XIV, que a propaganda politica utiliza imagens. "Julio
Cesar fazia afixar certas noticias nas paredes do Forum, mas circulava
uma versao bem diferente entre os membros da classe governante"
(Brown, 1976, p. 17).
Peter Burke (1994), em seu livro "A fabricacao do rei",
explica o funcionamento da maquina de propaganda de Luis XIV, que foi
surpreendente para sua epoca (seculo XVII). Burke narra como a
construcao da imagem publica e oriunda da juncao da arte e do poder para
aquele rei e da manipulacao dos canais de comunicacao (oral, visual e
escrito) e seus codigos (literarios e artisticos), alem do publico alvo
e sua reacao a tal massacre publicitario. "As grandes somas de
dinheiro e os cuidados empregados na fabricacao da imagem publica de
Luis XIV o transformaram numa criatura dotada de poderes divinos"
(Burke, 1994, p. 21). A propaganda politica fomentou o imaginario
coletivo que o "Rei Sol" ocupa ate hoje.
Os politicos desde outrora sempre desejaram isto e nao se importam
em serem produtos. A comunicacao, quando destinada a produto, faz valer
sua condicao de producao simbolica por excelencia, pois agrega a um bem
material valores, sentimentos, sonhos, fantasias, enfim, a dimensao
imaterial que promove a diferenciacao. Como sugere Claude Hopkins (1966,
p. 110):
Tentamos dar a cada anunciante um estilo apropriado. Tornando-o
distinto, talvez nao em aparencia, mas em maneira e tom. E lhe dada uma
individualidade que melhor convenha as pessoas a que se dirige.
E isso e exatamente o que ocorre na pratica do marketing politico e
na propaganda politica.A populacao precisa ver o candidato como um
benfeitor que esteja atento as suas angustias e desejos. Veblen (1983)
discorre sobre isso em seus estudos, dizendo que o homem sempre persegue
o honorifico, mesmo que esse nao o detenha; ele quer estar sempre ao
lado de quem possui o honorifico--o vencedor, o guerreiro, o heroi, aqui
representado pelo candidato mais forte/qualificado. Essas simbologias,
conceituadas por Jung como arquetipos, vivem no nosso inconsciente e nos
remetem aos anseios mais profundos. O marketing apropria-se dessa
condicao como mola propulsora para determinar nossas satisfacoes. Quem
nao quer eleger um candidato que vai amparar e proteger a todos? Isso
contempla o arquetipo do grande pai, aliado ao do heroi, que remete ao
modelo mental tornando visivel, real e factivel.
A aproximacao de Goulart com os sindicatos de trabalhadores
urbanos, que era uma orientacao de Vargas, garantiu-lhe uma base solida
de sustentacao tanto para conferir-lhe legitimidade na arena politica,
quanto serviam como foco irradiador de propaganda e aliciador de
militantes. Os trabalhadores foram o grande alvo das iniciativas
persuasivas em todos os ambitos da comunicacao -midiatica massiva e/ou
interpessoal.
No Brasil do seculo XX, ocorreram pelo menos tres momentos de
aproximacao entre as tecnicas da propaganda politica fascista e
governos/governantes dos respectivos periodos: no Estado Novo, com
Getulio Vargas; na ditadura de 1964-1985, com os governos militares; e,
mais recentemente, no anos 1990, com Fernando Collor de Melo.
Se, por um lado, Getulio Vargas criou a figura do
'marmiteiro', trabalhador que levava de comida de casa para o
trabalho, e atraves desta imagem mandou cunhar milhares de broches de
lapela para distribuir em suas campanhas eleitorais.[...] A exploracao
de simbolos abstratos e fortes, como 'marmiteiros' e
'marajas', surge na esteira de criacoes das imagens do
fascismo, como se fossem os camisas-pretas a servico de Mussolini para
espancar, inspirar odio pelo diferencial que representavam (Queiroz,
2004, p. 66).
Outra estrategia de simbologia do governo de Joao Goulart foi
liga-lo as reformas de base. Como o sucesso das leis trabalhistas,
enquanto estava como Ministro do Trabalho no governo de Vargas, que deu
impulso a Jango continuar a luta por essa bandeira. O grande problema,
segundo o filme de Tendler, e que Goulart nao tinha espirito de
lideranca, nem era tao forte politicamente como JK e Vargas. E um mito
se constroi com varios ingredientes que ele acabou nao tendo.
Os ataques constantes de seus adversarios surtiram efeito e Jango
nao teve "pulso" o suficiente para manter a postura de
"heroi" e "pai dos pobres", imagem esta que o
ex-presidente da Republica Luiz Inacio Lula da Silva incorporou tao bem.
O propagandista frequentemente procura influenciar seu publico pela
substituicao de termos favoraveis ou desfavoraveis, com uma conotacao
emocional. Ao inves de serconhecido como o sucessor do "pai dos
pobres", os adversarios de Jango divulgavam o nome de
"vermelho" para comunista e subversivo.
A deducao dessas diferencas nao-existentes e o exagero do
significado de pequenas diferencas de fatos existentes culminaram no
fracasso politico de Jango e o filme sobre sua vida politica, apesar de
tentar mistificar, apresenta estes fatores.
O documentario de Tendler e uma prova importante da reconstrucao de
uma imagem politica e sua tentativa de transforma-la em um mito. A luta
de classes, o bem contra o mal, arquetipos e estereotipos que envolvem
todo o processo do cinema e da politica. A compreensao e a apreensao
dessas contribuicoes teoricas ampliam o poder de persuasao, envolvimento
e seducao marcado nas mensagens emitidas sobre os eleitores, confirmando
suas identificacoes com os candidatos. Afinal, o processo de
personificar candidatos/produtos, como reflexo de nossos proprios
desejos, responde as nossas incertezas e cria vinculos emocionais nao so
na area material, mas tambem na area psiquica, por meio da mitologizacao
do candidato.
Apesar de Joao Goulart nao ter conseguido a mistificacao, o
documentario de Tendler demonstra que os filmes refletem as correntes e
atitudes existentes numa determinada sociedade. O cinema e afetado pelo
contexto politico, social e economico da epoca e a visao do seu diretor
e inconsciente ou consciente, exposta ou escondida no roteiro do longa
metragem sobre vida e obra do homenageado.
O cineasta Silvio Tendler insere-se no panorama contemporaneo da
producao de reflexao sobre a politica no Brasil com um conjunto de obras
que perpassa os ex-presidentes Joao Goulart, JK e Janio
Quadrosabsolutamente necessario a todos aqueles que se interessem pelo
desenvolvimento e aperfeicoamento do Marketing Politico no Brasil. Visto
com os olhos de hoje 0 filme Jango e o retrato objetivo de uma epoca de
lutas que culminaram com a consolidacao do processo democratico no
Brasil e deixaram para tras as longas noites de uma ditadura que nao se
deseja mais, mas cujas contradicoes nao podem ser deixadas de lembrar.
Com narrativa detalhada daquele periodo,Tendler prenuncia a chegada dos
novos tempos do Brasil democratico.
Com a leitura critica que desenvolvemos a partir deste filme,
deixamos mais estacontribuicao ao projeto de pesquisa Propaganda
Politica no Brasil Republicano da UMESP, com a expectativa que outros
autores enxerguem no cinema uma forma de manifestacao igualmente
importante como tem sido ate aqui o jornalismo impresso, o radio, a
televisao e, mais recentemente, a internet. O cinema tem uma
contribuicao historica relevante para a difusao da propaganda politica
no Brasil contemporaneo.
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FILMOGRAFIA
JANGO: como, quando e porque se depoe um presidente da Republica.
Direcao de Silvio Tendler. Roteiro de Silvio Tendler. Texto de Mauricio
Dias. Producao de Denize Goulart e Helio Paulo Ferraz. Rio de Janeiro:
Caliban Producoes, 1984. DVD (117 min).
Adolpho Queiroz
Professor no Programa de Pos-Graduacao em Comunicacao da
UMESP/SP/BR. adolpho.queiroz@metodista.br
Rose Mara Vidal de Souza
Mestre em Comunicacao Social pela UMESP/SP/BR.
rosevidal@yahoo.com.br
NOTA
(1) Dissertacao de Mestrado defendida no curso de Comunicacao
Social da Universidade Metodista de Sao Paulo.