Como os jornais brasileiros dao visibilidade a temas publicos: uma analise comparativa sobre os assuntos que ocupam as manchetes de periodicos diarios de circulacao local, regional e nacional.
Cervi, Emerson Urizzi ; Hedler, Ana Paula
Os meios de comunicacao tem grande importancia nas sociedades
contemporaneas, principalmente com o avanco das novas tecnologias, como
por exemplo, a internet. Isso se deve ao fato de que as informacoes e as
noticias chegam ao publico quase sempre ao mesmo tempo em que estao
acontecendo. Alem disso, e a partir da midia que grande parte da
populacao se mantem informada e sao atraves dos meios de comunicacao que
fatos e pessoas se tornam visiveis em ambito local, regional, nacional e, por vezes, internacional. Para Luis Felipe Miguel, "a midia e,
nas sociedades contemporaneas, o principal instrumento de difusao das
visoes de mundo e dos projetos politicos [...]" (Miguel, 2002, p.
6).
Os espacos dos meios de comunicacao sao os grandes responsaveis
pelos processos de sociabilidade e, em especial, como promotores do
debate publico a respeito de temas de interesse comum. Como e grande a
quantidade de assuntos a serem noticiados pelos meios de comunicacao,
torna-se necessario o uso de criterios jornalisticos para selecionar os
fatos que serao veiculados pela imprensa. Logo, os jornalistas e os
editores fazem uso dos criterios de noticiabilidade, que podem ser
considerados como um conjunto de normas que ditam o que sera noticiado,
como por exemplo, a raridade do fato, a exclusividade da noticia, a
proximidade do fato com o publico-alvo do jornal e o proprio interesse
humano pelo acontecimento.
O estudioso e pesquisador Rogerio dos Santos comenta que "os
media atuam como instituicoes mediadoras entre a populacao e as
instituicoes responsaveis pelos processos de decisao publica"
(Santos, 2003, p. 1). Desse modo, alem de selecionar o fato a ser
publicizado, o editor deve levar em consideracao o local da pagina no
qual a noticia sera veiculada.
Isso e relevante, pois, cada local das paginas dos jornais tem
visibilidade distinta. Logo, so serao noticias de primeira pagina os
fatos que se encaixarem nos criterios de noticiabilidade e que forem
considerados mais importantes pelos editores. Isso porque cada periodico
segue sua linha editorial propria. Deodoro Jose Moreira lembra que
"a hierarquizacao das noticias (edicao) e uma forma do jornal
apontar o que considera mais importante em determinado dia, em que o
tamanho da letra define a importancia do assunto" (Moreira, 2004,
p. 34). E dessa forma, a primeira pagina pode ser considerada a vitrine
do jornal e assim, pode ser compreendida como um mapa que conduzira o
leitor indicando o caminho da leitura (Bezerra, 2006, p. 14).
Levando em consideracao os aspectos comerciais que giram em torno da producao dos jornais, cabe lembrar que "e a primeira pagina que
atrai ou nao o leitor. Sua decisao de ler depende do grau de
atratividade da capa" (Moreira, 2004, p.31). E isso acrescenta aos
criterios de selecao dos jornalistas o elemento do "apelo
comercial" que garante a manutencao dos indices de leitura e
circulacao dos veiculos impressos.
Assim sendo, dentre os espacos da capa dos jornais, destacam-se as
manchetes das edicoes diarias. Isso porque, de um lado elas identificam
os temas que vao ganhar maior destaque do dia e, por consequencia, terao
maior chance de entrar no debate travado na esfera publica. Por outro,
em funcao da importancia social dada as "manchetes do dia",
elas indicam o uso dos criterios jornalisticos no momento em que sao
elencados os temas sociais que farao parte da cobertura diaria em
espacos com elevado grau de destaque nos jornais.
Apesar disso, por conta de possiveis distincoes entre linhas
editoriais, nem sempre jornais de mesma abrangencia terao manchetes com
os mesmos temas. Isso acontece porque para que um assunto ganhe
visibilidade e necessario que ele seja aceito como detentor de tal
importancia, e para tanto e necessario que se leve em conta, tambem, o
publico a que ele se destina. Bezerra explica que "para construir
uma edicao diaria e preciso fazer escolhas e estas sao feitas segundos
criterios das editorias que certamente, obedecem a criterios instituidos
pelo jornal" (Bezerra, 2006, p. 12) (1).
A analise comparativa entre manchetes de jornais diarios
brasileiros com distintas areas de circulacao pode ajudar a entender se
existe mesmo uma logica propria dos veiculos de
comunicacao--considerando o publico mais imediato--ou se ha uma relacao
direta entre as opcoes de jornais de circulacao local e regional em
relacao a jornais de circulacao nacional.
Este trabalho relaciona as manchetes de dois jornais diarios de
circulacao local (Diario dos Campos e Jornal da Manha), com sede no
municipio de Ponta Grossa (centro-sul do Parana); um jornal de
circulacao regional (Gazeta do Povo), com abrangencia em todo o Estado do Parana; e dois jornais com circulacao nacional (Folha de Sao Paulo e
Estado de Sao Paulo). Ao selecionarem os assuntos que ganharao maior
destaque do dia, os meios de comunicacao estao colaborando para o
agendamento dos temas que serao discutidos ou nao pelo publico, mesmo
que essa nao seja a intencao do jornalista.
O estudioso McCombs explica que "no cenario da agenda publica,
os meios de comunicacao influenciam a saliencia ou a proeminencia de um
pequeno numero de assuntos que chegam a comandar a atencao publica"
(2) (McCombs, 1997, 433, traducao nossa). E, alem disso, "na maior
parte das sociedades democraticas os meios de comunicacao nao ajustam
intencionalmente e deliberadamente a agenda" (3) (McCombs, 1997, p.
433, traducao nossa). Mas os jornais determinam inadvertidamente a
necessidade de escolha de topicos que serao atencao das noticias de cada
dia.
Este tipo de estudo justifica-se pela relevancia das chamadas de
primeira pagina e, em especial, das manchetes para a definicao da agenda
de debates a respeito dos temas publicos. Em pesquisa sobre os efeitos
das noticias nas discussoes publicas, Iyengar e Kinder (1988)
constataram que as primeiras noticias dos telejornais tinham um poder de
agendamento significativamente superior as demais noticias. A hipotese
deles e que apos o primeiro contato com o noticiario aumenta a dispersao
da atencao do publico. Com isso, a capacidade de assimilacao e memoria para as tematicas torna-se reduzida.
Aqui, partimos do pressuposto de que e possivel transportar as
afirmacoes de Iyengar e Kinder (1988) do telejornal para as edicoes de
jornais diarios, adaptando os conteudos das capas e, nestas, os de maior
visibilidade, que sao as manchetes, ao papel desempenhado pelas
primeiras noticias dos telejornais, ou seja, aquelas que conseguem o
maior poder de agendamento em todo o noticiario.
Levando em consideracao todos os aspectos intrinsecos a producao
das chamadas de primeira pagina e suas manchetes, cabe perguntar o que
resulta em manchete em jornais diarios brasileiros? Temas de maior ou
menor relevancia social predominam nesse importante espaco de
visibilidade publica? E quanto a area de abrangencia dos jornais, ha
determinacao dela sobre as escolhas do que sera manchete a cada nova
edicao? Na tentativa de responder a esses questionamentos, a partir de
informacoes que integram pesquisas desenvolvidas pelo grupo de pesquisa
"Midia e Politica", vinculado ao Departamento de Comunicacao
da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), sao analisadas as
manchetes das primeiras paginas, predominantemente a partir da
utilizacao de metodos quantitativos de Analise de Conteudo.
No proximo topico sera apresentada a metodologia de pesquisa
utilizada, seguida pelos principais resultados comparativos, seja em
termos de tematica abordada pelos periodicos, ou ainda, em relacao a
area de abrangencia dos jornais, se local, estadual ou nacional. Em
seguida sao feitas breves consideracoes a respeito do tema, aplicadas
aos jornais tratados aqui. Nao se pretende, com isso, defender que as
conclusoes sirvam diretamente para inferencias a outros veiculos, mas
estimular outras pesquisas que possam verificar regularidades e
alteracoes nos padroes encontrados aqui.
Analise das caracteristicas das manchetes
Partindo da relevancia das manchetes como elemento identificador de
processos de selecao jornalistica, o grupo de pesquisa em "Midia e
Politica", da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), tem
coletado informacoes a respeito das primeiras paginas de cinco jornais
diarios brasileiros. Os periodicos analisados tem abrangencias
diferentes. Para este trabalho, estao sendo consideradas todas as
edicoes dos cinco jornais diarios entre 1 de agosto e 31 de outubro de
2007--esse periodo e delimitado em funcao de uma pesquisa mais ampla que
visa comparar as primeiras paginas em periodos eleitorais e
nao-eleitorais.
A metodologia de pesquisa adotada aqui e de Analise de Conteudo.
Wilson Correa da Fonseca Junior relata que "a analise de conteudo
(AC), em concepcao ampla, se refere a um metodo das ciencias humanas e
sociais destinado a investigacao de fenomenos simbolicos por meio de
varias tecnicas de pesquisa" (Fonseca Junior, 2005, p. 280). Ela
leva em consideracao a coleta quantitativa de dados ao mesmo tempo em
que permite a analise qualitativa e, dessa forma, Martin Bauer explica
que "no divisor quantidade/qualidade das ciencias sociais, a
analise de conteudo e uma tecnica hibrida" (Bauer, 2002, p. 190).
Atualmente, embora seja considerada uma tecnica hibrida por fazer a
ponte entre o formalismo estatistico e a analise qualitativa de
materiais (Bauer, 2002), a analise de conteudo oscila entre esses dois
polos, ora valorizando o aspecto quantitativo, ora o qualitativo, depen
dendo da ideologia e dos interesses do pesquisador (Fonseca Junior,
2005, p. 285).
A analise de conteudo foi aplicada as principais chamadas (manchete
de cada edicao) do jornal Diario dos Campos e Jornal da Manha, de
circulacao local, por serem os de maior veiculacao na cidade de Ponta
Grossa. Alem disso, o Diario dos Campos e o impresso mais antigo do
municipio e o Jornal da Manha passou por uma restauracao de sua linha
editorial durante o periodo de analise. Ambos tem circulacao diaria
(exceto as segundas-feiras) (4).
O jornal Gazeta do Povo e um veiculo de abrangencia regional, com
circulacao diaria, sediado em Curitiba, e e o periodico com maior
circulacao na capital paranaense, alem de importante penetracao no
interior do Estado. O jornal O Estado de Sao Paulo e a Folha de Sao
Paulo foram escolhidos por serem de circulacao nacional e veiculacao
diaria. O primeiro existe desde 1875, o que o torna o jornal mais antigo
ainda em circulacao. Ja o segundo, passou a ser o jornal mais vendido do
pais desde o inicio dos anos 90.
As variaveis analisadas foram divididas em identificadores das
caracteristicas fisicas, topograficas e de conteudo. Quanto as
caracteristicas fisicas e topograficas, encontram-se a localizacao na
pagina (que no caso de manchete sera sempre na primeira dobra), o espaco
ocupado em centimetros quadrados, alem do fato da manchete apresentar ou
nao fotografia ou ilustracao. Em relacao ao conteudo das manchetes, e
verificado se o texto apresenta expressamente a citacao de alguma fonte
externa ao jornal. Nos casos de presenca de fonte, elas sao
classificadas em relacao ao tipo (Habermas, 2006) e quanto a origem
(Molotch; Lester, 1993) (5).
Outra variavel analisada em relacao ao conteudo diz respeito a area
de abrangencia a que o tema manchetado diz respeito. Sao quatro
possibilidades: Abrangencia Local, quando o tema tratado fica restrito
ao municipio de origem do jornal; Abrangencia Regional, quando o tema
relaciona-se ao estado ou outro municipio que nao a sede do periodico;
Abrangencia Nacional, para temas que digam respeito a assuntos com
impacto difuso em todo o Pais; e Abrangencia Internacional, para temas
em que aparece algum tipo de relacao entre Brasil e outros paises ou
exclusivamente ocorrencias em outros paises. Com essa variavel espera-se
medir o grau de correlacao entre a area de abrangencia dos jornais e a
abrangencia dos temas que ganham as manchetes desses periodicos.
A ultima caracteristica em relacao ao conteudo das manchetes
analisadas aqui e o tema principal a que elas se referem. Para tanto,
foram classificados 13 temas: Partidos politicos e pre-campanha
eleitoral (ja que o periodo analisado coincidiu com o fim do prazo para
mudancas partidarias para os politicos que pretendiam disputar as
eleicoes municipais de 2008); Politico Institucional, quando o tema
dizia respeito a orgaos publicos da esfera federal, estadual ou
municipal, dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciario, assim como
da relacao destes orgaos com a sociedade organizada; Economia, manchetes
sobre movimento da bolsa de valores, expectativa geral da economia
agricola, industrial, prestacao de servicos, comercio, salarios, emprego
ou desemprego.
Outro tema determinado foi Saude, onde foram escolhidas manchetes
com casos que envolviam o sistema publico ou privado de saude, tais como
falta de atendimento, filas ou melhorias nas condicoes de atendimento,
etc. Outros assuntos: Educacao, quando envolve assuntos relacionados
direta ou indiretamente ao sistema de educacao publico ou privado, em
todos os niveis; Atendimento a carentes ou minorias, que tratam sobre
politicas sociais, bolsas, auxilios oficiais, distribuicao de renda,
politicas especificas para grupos etnicos, culturais, de opcao sexual,
etc; Infra-estrutura urbana, quando trata de obras de desenvolvimento
urbano, crescimento industrial, sistema de transporte publico, moradia,
vias urbanas, etc.
Tambem entraram na pauta Meio-ambiente, para manchetes sobre
manutencao, preservacao ou devastacao ambiental, assim como descobertas
a respeito do impacto do homem sobre o meio-ambiente; Violencia e
seguranca, a respeito de indices de violencia, casos isolados, mortes,
sistema carcerario, investimentos em seguranca e combate ao crime;
Etico-moral, para temas que envolvem principalmente valores como
corrupcao, igualdade de direitos, comportamento socialmente esperado,
etc; Internacional, engloba assuntos relatados pelos jornais e que
aconteceram em outros paises; Variedades/Cultura, em casos de manchetes
sobre temas que envolvem estrelas do entretenimento, dos meios de
comunicacao de massa ou relacionada a producoes culturais; Esportes,
quando relacionado a esportistas, competicoes ou entidades do mundo do
esporte; e Outro, quando o tema da manchete nao se enquadra em nenhum
dos anteriores.
Principais resultados
A pesquisa considerou a presenca de apenas uma manchete por edicao.
Sendo assim, o numero de manchetes analisadas por jornal equivale ao
numero de edicoes publicadas no periodo. Os jornais Gazeta do Povo,
Folha de Sao Paulo e Estado de Sao Paulo tiveram 92 edicoes entre 1 de
agosto e 31 de outubro de 2007. Ja no Diario dos Campos, que nao circula
nas segundas-feiras e feriados, foram 75 manchetes publicadas no mesmo
periodo. Enquanto que o Jornal da Manha, reformulado e relancado a
partir de setembro de 2007, teve 48 edicoes entre 1 de setembro e 31 de
outubro do mesmo ano--nesse caso nao foi considerado o mes de agosto.
O total de manchetes analisadas e de 399, sendo que em todas elas
os textos apresentados sao de cunho informativo, o que mostra que a
opiniao do jornalista ou de fontes com grande visibilidade publica nao
ganha este espaco nos jornais. Em relacao aos espacos ocupados pelas
manchetes, a tabela 1 apresenta a media e total em [cm.sup.2] e
percentual do total da pagina por edicao.
A tabela acima demonstra uma relativa equivalencia a respeito dos
espacos ocupados pelas manchetes nos jornais. Em quatro deles, o
percentual ocupado pela manchete gira em torno de 23% do total de espaco
informativo de cada capa. No Estado de Sao Paulo o percentual ocupado
pelas manchetes fica em 25%. Considerando que em media, uma edicao de
jornal diario apresenta entre 10 e 20 chamadas em sua primeira pagina,
se uma unica delas, no caso a manchete do dia, ocupa cerca de um quarto do total noticioso, esta ganha relativo destaque, nao apenas quanto a
visibilidade, mas tambem em relacao aos demais temas noticiados na
primeira pagina. Logo, percebe-se a importancia e destaque que as
manchetes tem na primeira pagina dos jornais, visto que ela sozinha
ocupa aproximadamente 25% da pagina (6).
Tambem e possivel observar, atraves da analise que em todos os
jornais, o uso de fotografias nas manchetes nao foi preponderante (ver
tabela 2). Ao separar as manchetes entre aquelas acompanhadas por
fotogra fias das que nao tem imagens, percebe-se que o maior percentual
fica em manchetes sem fotos em todos os diarios. O jornal que mais
utilizou o recurso fotografico em suas manchetes foi o periodico
ponta-grossense Jornal da Manha, com 43,75%. O jornal Diario dos Campos
nao se diferencia muito de seu concorrente local quanto ao uso de
imagens nas manchetes (42%).
Ja a Gazeta do Povo e o jornal que apresenta o menor percentual de
manchetes com foto (23,9%), enquanto os dois periodicos de circulacao
nacional ficam entre 31% e 32% de foto nas manchetes. A partir desses
percentuais e possivel estabelecer um padrao. Os dois jornais de
circulacao local (Jornal da Manha e Diario dos Campos) apresentam os
maiores indices de manchete com foto, com mais de 40% do total; seguidos
dos dois periodicos de circulacao nacional (Folha de Sao Paulo e Estado
de Sao Paulo), pouco acima de 30%. Por ultimo, fica o jornal de
circulacao regional, com menos de 24% de manchetes com fotos.
O uso ou nao de fotografias e imagens nas manchetes pode dever-se
ao fato de que a manchete e diagramada de forma que sua tipologia e
posicionamento na pagina ja chamem a atencao do leitor e, desse modo, o
recurso fotografico passa a ser utilizado para destacar outra noticia,
com um apelo imagetico mais forte, funcionando como uma especie de
segunda manchete do dia. E possivel inferir que os temas manchetados nos
jornais diarios nao estao, necessariamente, relacionados a uma boa
imagem. A utilizacao da segunda manchete (com foto) deixa os editores um
pouco mais "livres" de interesses vinculados diretamente ao
mercado para definir o tema da manchete.
A seguir, passando a abordar os conteudos das manchetes, sao
apresentados resultados por temas. Para facilitar a interpretacao dos
resultados, os 13 temas relatados na secao anterior foram agrupados em
quatro grandes grupos. O primeiro e chamado de Temas Sociais e inclui
assuntos relacionados a economia, saude, educacao, atendimento a
carentes e minorias, infra-estrutura urbana, meio ambiente, violencia e
seguranca publica. O segundo e Institucional, reunindo assuntos
relacionados a pre-campanha eleitoral, politica partidaria, politica
institucional, e temas vinculados ao comportamento etico e moral. O
terceiro, chamado de Internacional, agrupa as manchetes a respeito de
outros paises. Existe ainda o grupo de Entretenimento, que reune
assuntos sobre variedades, cultura e esportes. Por fim, estao os Outros
temas, que nao puderam ser enquadrados em nenhum dos anteriores.
A tabela 3 acima mostra uma tendencia de reproducao das mesmas
escolhas tematicas nos jornais analisados. Em todos predomina o tema
social como manchete --em media 60,88%--, embora na Folha de Sao Paulo
percentual tenha ficado muito proximo da metade (53%). Outra
caracteristica importante e a similaridade entre os periodicos locais.
Sao eles que apre sentam os maiores indices de temas sociais nas
manchetes. Dentre os temas que integram o conjunto "Social",
no Diario a maior presenca ficou por conta de assuntos relacionados a
infra-estrutura urbana (22,7%) e violencia e seguranca (10,7%). O Jornal
da Manha seguiu a mesma logica que seu concorrente, mas com a ordem de
importancia dos assuntos trocada, sendo as noticias sobre violencia e
seguranca 22,9% e as sobre infra-estrutura urbana com 14,6% do total das
manchetes sociais. Na Gazeta do Povo, o tema social que mais apareceu em
manchete foi economia com 17,4% e infra-estrutura 14,5%.
A predominancia de economia como tema social mais presente nas
manchetes tambem se da nos dois jornais de circulacao nacional, com o
mesmo percentual para Folha de Sao Paulo e Estado de Sao Paulo (34,8% do
total). A tabela 4 a seguir mostra as relacoes percentuais entre grupos
de temas sociais por area de abrangencia do jornal e dia da semana,
separando o domingo dos demais dias. Em todos os cinco impressos, o
segundo grupo de temas que mais aparece nas manchetes e Institucional,
variando de 20% a 35% do total.
O jornal que mais trouxe temas relacionados a politica foi a Folha
de Sao Paulo, com aproximadamente 40% do total das manchetes. Desse
total, a Folha de Sao Paulo divulgou 20,7% de manchetes relacionadas a
politica institucional e 18,5% ligadas ao tema eticomoral, que diz
respeito a corrupcao e igualdade de direitos. O jornal Estado de Sao
Paulo seguiu a mesma logica e publicou 38% das manchetes sobre politica,
sendo que 21,7% sao sobre politica institucional e 16,3% sobre
etico-moral. Aqui, novamente, os jornais locais apresentam criterios
semelhantes de selecao de temas para as manchetes, o mesmo acontecendo
com aqueles que tem circulacao nacional, porem, nao ha relacao direta
entre periodicos de diferentes areas de circulacao.
Ja grupos de temas Internacional, Entretenimento e Outro
apresentaram percentuais pouco significativos, variando de nenhuma
aparicao em manchetes com a presenca em apenas cinco delas. Quanto a
abrangencia do tema, e possivel perceber que todos os jornais analisados
destinam as manchetes predominantemente ao publico alvo de sua area de
circulacao. Jornais de circulacao local, por exemplo, noticiaram
manchetes com assuntos de abrangencia local em mais da metade de suas
edicoes (ver tabela 4).
Para medir a forca da correlacao entre as duas variaveis foi
aplicado um teste de correlacao de Spearman, para variaveis categoricas,
entre area de circulacao dos jornais e abrangencia das manchetes. O
resultado foi um coeficiente de correlacao de 52,7%, com nivel de
significancia de 0,000, demonstrando uma consistente correlacao entre
elas.
Ainda em relacao a abrangencia das manchetes, o Diario dos Campos
teve 73% de suas manchetes relacionadas aos temas do municipio. Ja o
Jornal da Manha contou com 54,2%. Da mesma forma, a Gazeta do Povo, de
circulacao estadual, apresentou manchetes de abrangencia regional na
ordem de 55,4% do total. Os impressos nacionais seguiram a mesma linha,
sendo que a Folha de Sao Paulo publicou 78,3% de man chetes com
abrangencia nacional e o Estado de Sao Paulo o fez em 76% das vezes.
A tabela a seguir relaciona as duas variaveis ja analisadas, area
de circulacao do jornal com grupo de temas, acrescentando uma terceira
variavel, que e o fato da manchete ter sido publicada em uma edicao de
domingo ou em outro dia da semana.
O objetivo da identificacao de ocorrencias nas edicoes de domingo
justifica-se pelo fato dos jornais diarios apresentarem uma tiragem
muito superior aos demais dias da semana. A Tabela 5 acima mostra que
nos jornais de abrangencia local e nacional ha uma predominancia de
chamadas do grupo tema Social no domingo, maior que no jornal de
circulacao regional. Nos jornais locais, 80% das manchetes de edicoes
dominicais sao de temas sociais, contra 73,1% nos periodicos de
abrangencia nacional e, apenas, 46,2% do diario regional.
Na outra ponta, jornais de circulacao local nao tiveram nenhuma
manchete com tema Internacional e nos jornais com abrangencia nacional
nao tiveram nenhuma edicao de domingo com manchete de tema Internacional
e Entretenimento. Para identificar a relacao entre abrangencia da
chamada e area de circulacao do jornal, a tabela 6 a seguir mostra os
cruzamentos entre manchete no domingo ou outro dia da sema na por
abrangencia do tema da chamada, dividido por circulacao dos jornais.
Os percentuais reafirmam a tendencia ja apontada anteriormente
sobre a importancia dada pelos jornais de circulacao local para
manchetes com abordagens locais e periodicos de circulacao nacional com
abordagens nacionais. Na menor esfera de circulacao dos jornais, a
local, 75% das manchetes de edicoes de domingos foram de tema com
abrangencia local, superior ao percentual dos demais dias da semana
(64,1%) para a mesma abrangencia. Da mesma forma, nos jornais de
circulacao nacional, 80% das manchetes de edicoes dominicais foram de
temas com abordagem nacional.
Ja no periodico de circulacao regional, a relacao entre abrangencia
da manchete de domingo e area nao foi tao significativa. As manchetes
dominicais com abrangencia regional, neste caso, ficaram em 34,6% do
total, um pouco abaixo das manchetes de domingo sobre temas com
abrangencia nacional (38,5%).
Alem da relacao direta entre area de circulacao e abrangencia do
tema, testes estatisticos de Analise de Correspondencia mostram uma
relacao altamente significativa entre a abrangencia dos grupos de temas
sociais e institucionais (que predominam nas manchetes) e a area de
circulacao dos jornais, como representado nos graficos de
correspondencia a seguir. A relacao entre abrangencia dos temas sociais
das manchetes e area de circulacao do jornal resulta em um coeficiente
de qui-quadrado de Pearson de 1.212,660, enquanto que para os temas
institucionais o coeficiente fica em 564,496.
Em ambos os casos o nivel de significancia e de 0,000, acima de 99%
de intervalo de confianca. Em outros termos, isso significa que quando
os jornais locais estao tratando de temas sociais como infra-estrutura
ou violencia em suas manchetes, isso se da em relacao a acontecimentos
restritos a area de circulacao deles. Esses dados apontam para uma
estreita relacao entre decisao dos jornalistas a respeito das manchetes
das edicoes e consideracoes a respeito das demandas e expectativas do
publico a que se destinam essas publicacoes.
[GRAFICO 1 OMITIR]
Outra caracteristica observada diz respeito as citacoes diretas de
fontes nas manchetes. O objetivo e identificar se os jornais
"dividem" com outros atores sociais a responsabilidade pelas
informacoes contidas nas manchetes diarias ou se nos espacos de maior
visibilidade ha uma "exclusividade da fala" do periodico. Em
todos eles predominam a ausencia de fontes nas manchetes. Em todos os
momentos da producao jornalistica, as fontes de informacao servem para
reforcar o que o jornalista diz em seu texto. Segundo Gaye Tuchman o uso
das citacoes serve para evitar a presenca do jornalista no relato e se
estende ate ao uso de aspas como um dispositivo que assinala certos
aspectos do texto (Tuchman, 1999, p. 7). Mas isso nao se mostra relevan
te nas chamadas de primeira pagina, que parece ser um espaco destinado a
producao de sentidos da propria comunidade de jornalistas, sem o recurso
do apoio das fontes.
Em quatro dos cinco jornais pesquisados, a nao utilizacao de
citacao dos entrevistados foi uma constante, variando de 73% a 97% (ver
tabela 7). Quem utilizou citacoes de entrevistados nas manchetes foi o
Jornal da Manha (97%). Ele citou apenas uma vez uma fonte classificada
como lobista, durante os dois meses de analise. Ja o impresso que mais
citou falas de entrevistados nas manchetes foi O Estado de Sao Paulo,
com o uso de fontes em 57,6% das manchetes.
No caso do Diario dos Campos, as fontes mais citadas em acordo com
a classificacao de Habermas (2000) se divide entre Especialista e
Defensor do Interesse Publico. Na Gazeta do Povo houve predominio de
Especialista como fonte. Na Folha de Sao Paulo houve uma citacao a mais
de Defensor do Interesse Publico; ja no O Estado de Sao Paulo, jornal
que mais citou fontes em suas manchetes, houve predominio de
Especialista. E preciso ressaltar que em todos os jornais o maior numero
de citacoes foi enquadrada como "outro", o que indica a
necessidade de melhorar as categorias utilizadas aqui. Uma
caracteristica comum aos cinco jornais e que nenhum deles usou falas de
intelectuais como fontes de informacoes nas manchetes (ver tabela 7).
Um criterio adicional que a pesquisa levou em consideracao foi a
origem das citacoes. Elas estao classificadas em oficial/habitual,
disruptiva social e outra, baseadas nos estudos de Molotch e Lester
(1993). Como se percebe na tabela 8 a seguir, todos os jornais
utilizaram mais vezes fontes oficiais do que disruptivas ou as
classificadas como outro, exceto pelo Jornal da Manha que na unica vez
em que usou citacao foi como disruptiva. O jornal que mais usou fontes
oficiais na manchete foi O Estado de Sao Paulo, em cerca de 50% do
total. As fontes disruptivas e outro praticamente nao aparecem nas
manchetes. O menor percentual entre os dois tipos de fontes ficou por
conta da Gazeta do Povo, que apresentou 13% de fontes oficiais em
relacao ao total de manchetes e 2,2% de fontes disruptivas. Ainda assim,
como se ve, uma diferenca significativa.
Portanto, no que diz respeito a presenca das fontes no espaco de
maior visibilidade dos jornais, o que ja era pouco significativo quando
ao tipo, tornou-se menos plural ao identificarmos a origem delas. Esse
padrao transforma em um reforco da visao oficialista a respeito dos
fatos sociais, em especial dos temas sociais --que predominam nas
manchetes. Isso ganha contornos ainda mais evidentes no Estado de Sao
Paulo, que cita fontes oficiais em 44 das 92 manchetes analisadas.
Consideracoes finais
Considerando todas as informacoes apresentadas ate aqui e possivel
perceber que os jornais diarios em analise tendem a seguir, no que diz
respeito as escolhas inerentes as manchetes das edicoes, uma linha
editorial que apresenta coerencia com a area de abrangencia de cada
jornal. Ou seja, ha uma relacao entre tema mais destacado e proximidade
com o publico a que se destina o jornal. Por outro lado, a maior
similaridade entre todos os veiculos, independente da area de
circulacao, foi o espaco ocupado pelas manchetes nas capas. Em media,
cada manchete ocupa em torno de um quarto do total de espaco noticioso
das primeiras paginas dos jornais.
Tambem ha uma prevalencia de manchetes sem fotos, indicando uma
possivel distincao entre o tema de importancia para ocupar o principal
espaco da capa do jornal e o tema com a melhor imagem, ou ilustracao
mais "vendavel", para concorrer no livre mercado pela
preferencia do publico.
Das 399 manchetes analisadas, 266 delas abriram mao do recurso
grafico da imagem, o que significa mais de 66%, distribuidos
igualitariamente entre todos os jornais. Uma possivel explicacao para
isso talvez seja o fato de que a manchete ja chama mais atencao do
leitor por outros aspectos como: a posicao privilegiada que ela ocupa na
pagina--que esta sempre na primeira dobra da pagina e no canto superior
da mesma. Considerando que na primeira pagina cabem, em media, de dez a
vinte chamadas de textos informativos, percebe-se que apesar dos avancos
tecnologicos e adequacoes graficas dos veiculos impressos, as manchetes
continuam tendo importancia na composicao das capas dos jornais.
No que diz respeito a abrangencia dos temas das manchetes, nota-se
uma forte correlacao com a area de circulacao dos jornais, indicando uma
relacao direta entre temas de maior proximidade do publico e grande
visibilidade na primeira pagina. Em todos os jornais, a maioria das
manchetes recebe um tratamento, independente do tema, em que predomina
uma abordagem adequada a sua area de circulacao e, por consequencia, ao
seu publico alvo. Da mesma forma, a edicao de maior circulacao da
semana, no domingo, tende a apresentar manchetes majoritariamente
relacionadas com a sua area de circulacao.
Ja em relacao aos temas escolhidos como manchetes das edicoes, e
possivel perceber diferencas entre areas de circulacao, porem,
similaridades muito fortes entre jornais que sao concorrentes diretos.
Em todos os periodicos, os temas que predominaram nas manchetes foram
Sociais, seguidos de Institucionais. Juntos, eles somam mais de 80% do
total de manchetes do periodo analisado. Porem, nos jornais de
circulacao local, as manchetes sobre temas sociais sao em numero tres
vezes superior ao tema Institucional. Ja nos jornais de circulacao
regional e nacional, essa relacao fica abaixo de dois para um, entre
Social e Institucional.
Alem disso, nos jornais de circulacao local, os temas sociais que
predominam sao violencia, seguranca e infra-estrutura urbana. Ja nos
periodicos regionais e nacionais, o tema social predominante e Economia.
Por outro lado, o que permanece inalterado nas manchetes analisadas e a
baixa pluralidade de "vozes" nos textos. Com a excecao do
Estado de Sao Paulo, na imensa maioria das manchetes nao ha citacao de
fontes externas aos meios de comunicacao, o que demonstra um predominio
da visao de mundo do jornalista nas capas dos jornais. Mas, quando as
citacoes dos entrevistados aparecem, inclusive no jornal Estado de Sao
Paulo, elas sao predominantemente oficiais e, portanto, reforcam a visao
institucionalizada da realidade.
Esse uso de citacoes oficiais nao e o problema central, pois os
jornalistas precisam recorrer a elas para conseguir informacoes de dados
oficiais, a questao esta em nao equilibrar as fontes com a visao de
mundo do cidadao civil e daqueles que discutem e geram algum tipo de
confronto social, ao mesmo tempo em que sao influenciados pelos fatos
manchetados. O problema central esta em nao dar espaco para a
democratizacao das abordagens nas manchetes dos jornais. Em suma,
pode-se afirmar a partir destes resultados que os cinco diarios
analisados nesta pesquisa destacam a realidade social de seu
publico-alvo e temas politicos que afetam direta e indiretamente a vida
dos leitores, principalmente.
Os temas com maior visibilidade sao os mais proximos do cotidiano
do publico que procura cada um dos jornais. Percebe-se isso porque as
manchetes trazem noticias que estao ligadas principalmente a regiao de
distribuicao do diario
REFERENCIAS
AMARAL, Luis. Jornalismo: materia de primeira pagina. 2 ed. Rio de
Janeiro: Tempo Brasileiro; Brasilia, INL, 1978.
BAUER, Martin; GASKELL, George. (Orgs.). Pesquisa Qualitativa com
texto: imagem e som: um manual pratico. Traducao de Pedrinho A.
Guareschi. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.
BEZERRA, Heloisa Dias. Adversarismo Politico e Lugares Narrativos:
proposta de um modelo analitico. Trabalho apresentado no 2 Congresso da
Alacip: Campinas, 2006.
FONSECA JUNIOR, Wilson Correa. Analise de conteudo, p. 280-304.
(Org.) DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio. Metodos e Tecnicas de pesquisa em
comunicacao. Sao Paulo: Atlas, 2005.
IYENGAR, Shanto; KINDER, Donald R. News That Matters. University of
Chicago Press: Chicago-EUA, 1988.
McCOMBS, Maxwell. Building Consensus: The news media's
agenda-setting roles. University of Texas at Austin. Political
Communication, 1997, p. 433-443.
MIGUEL, Luis Felipe. Os meios de comunicacao e a pratica politica.
Lua Nova--Revista de Cultura e Politica, Sao Paulo, n. 55-56, 2002.
MOREIRA, Deodoro Jose. 11 de setembro de 2001: Construcao de uma
catastrofe nas primeiras paginas de jornais impressos.
(Dissertacao)--Mestrado. Disponivel em: http://www.bocc.ubi.pt/_esp/
autor.php?codautor=825, acesso em 06 de marco de 2008, as 20h40. 2004.
SANTOS, Rogerio. Teorias da Comunicacao: Leituras e praticas em
torno da Comunicacao. 2003. Disponivel em:
<http://teorias-Comunicacao.blogspot.com/
2003_10_05_archive.html>. Acesso em: 20 set. 2007.
Emerson Urizzi Cervi
Professor do Departamento de Comunicacao Social da UEPG e do
Departamento de Ciencias Sociais da UFPR/PR/BR eucervi@ufpr.br
Ana Paula Hedler
Mestranda do Programa de Pos-Graduacao em Ciencia Politica da
UFPR/PR/BR ana_hedler@hotmail.com
NOTAS
(1) Ela refere-se as manchetes como um dos cinco lugares narrativos
do jornal, que sao definidos por espacos nos quais encontram-se
fragmentos da realidade selecionados e publicados nas paginas dos
jornais que "possuem um sentido de todo para os atores e
espectadores daquele evento". As manchetes promovem um jogo de
esconde-esconde porque ao colocar em destaques com letras grandes e no
alto da primeira pagina algum assunto, o jornal esta hierarquizando as
noticias. Assim, "as manchetes sao entendidas como as chaves
mestras que abrem a pagina do jornal" (Bezerra, 2006, p.15).
(2) "In setting the public agenda, the news media influence
the salience or prominence of that small number of issues that como to
command public attention". (McCombs, 1997, p. 433).
(3) "For the most part, news media in democratic societies do
not consciously and deliberately set the agenda". (McCombs, 1997,
p. 433).
(4) Como em 2007 o Jornal da Manha passou por uma profunda
reformulacao grafica e de linha editorial que so terminou no inicio de
setembro, para este jornal o periodo de coleta foi restrito aos meses de
setembro e outubro, diferenciando-se dos demais, que comecam a ser
analisados desde as edicoes de agosto daquele ano.
(5) Em relacao ao tipo, utiliza-se uma adaptacao da classificacao
apresentada por Habermas, dividido em cinco categorias: a) lobista:
quando defende grupos ou interesses especificos, ligados ao setor
privado ou publico; b) especialista/intelectual: ouvido por ter
conhecimento cientifico ou profissional em determinada area; c) defensor
de interesse publico: defende interesses gerais da sociedade, ainda que
nao seja um especialista na area em questao; d) Porta-voz de temas
marginais: expressam opiniao sobre temas negligenciados e nao abordados
no debate publico; e) outro: todas as demais fontes que nao se enquadram
nas definicoes anteriores. Quanto a origem, utilizouse a classificacao
apresentada por Molotch e Lester, que e: a) Oficial/habitual:
originariamente representantes de instituicoes publicas ou privadas e
que nao falam apenas em seu proprio nome, mas institucionalmente; b)
disruptiva social: fontes ouvidas por fazerem parte de eventos ou crises
sociais que geram algum tipo de confronto ou instabilidade social; c)
cidadao individualizado: todas as demais fontes que nao se originam em
representacoes de instituicoes publicas ou privadas e que nao estejam
envolvidas em nenhum confronto ou instabilidade social.
(6) As diferencas nos totais de [cm.sup.2] por capa de jornal se
deve ao fato de que nesta pesquisa foram considerados apenas os espacos
noticiosos, desprezando os espacos institucionais e comerciais das
primeiras paginas.
Tabela 1--Espacos ocupados pelas manchetes nos jornais analisados
Indicadores Diario dos Jornal da
Campos Manha
Media [cm.sup.2] da manchete/edicao 251,5 273,2
Total [cm.sup.2] das manchetes 18.866,80 13.116
% de [cm.sup.2] ocupado pelas manchetes 23,5 23
No de edicoes no periodo 75 48
Indicadores Gazeta do Folha de
Povo Sao Paulo
Media [cm.sup.2] da manchete/edicao 260,6 237,1
Total [cm.sup.2] das manchetes 23.980,70 21.819,80
% de [cm.sup.2] ocupado pelas manchetes 23,9 23,7
No de edicoes no periodo 92 92
Indicadores Estado de
Sao Paulo
Media [cm.sup.2] da manchete/edicao 258,9
Total [cm.sup.2] das manchetes 23.819,10
% de [cm.sup.2] ocupado pelas manchetes 25
No de edicoes no periodo 92
Fonte: Grupo de Pesquisa em Midia e Politica (UEPG)
Tabela 2--Formato das manchetes por jornal
Tipo de manchete Diario dos Jornal da Gazeta do Folha de
Campos Manha Povo Sao Paulo
Manchete com foto 31 (41,33) 21 (43,75) 22 (23,91) 30 (32,60)
Manchete sem foto 44 (58,66) 27 (56,25) 70 (76,08) 62 (67,39)
Total 75 (100) 48 (100) 92 (100) 92 (100)
Tipo de manchete Estado de
Sao Paulo
Manchete com foto 29 (31,52)
Manchete sem foto 63 (68,47)
Total 92 (100)
Fonte: Grupo de Pesquisa em Midia e Politica (UEPG)
Tabela 3--Tipo de tema nas manchetes dos jornais
Tipo de tema Diario dos Jornal da Gazeta do Folha de
Campos Manha Povo Sao Paulo
Social 51 (68) 31 (64,5) 54 (58,7) 49 (53,3)
Institucional 21 (28) 10 (20,8) 33 (36) 36 (39,1)
Internacional 0 0 1 (1,1) 2 (2,2)
Entretenimento 3 (4) 2 (4,2) 1 (1,1) 4 (4,3)
Outro 0 5 (10,5) 3 (3,1) 1 (1,1)
Total 75 (100) 48 (100) 92 (100) 92 (100)
Tipo de tema Estado de
Sao Paulo
Social 55 (59,8)
Institucional 35 (38)
Internacional 2 (2,2)
Entretenimento 0
Outro 0
Total 92 (100)
Fonte: Grupo de Pesquisa em Midia e Politica (UEPG)
Tabela 4--Abrangencia das manchetes
Abrangencia Diario dos Jornal da Gazeta do Folha de
das manchetes Campos Manha Povo Sao Paulo
Local 55 (73) 26 (54,2) 14 (15,2) 3 (3,3)
Regional 17 (23) 15 (31,3) 51 (55,4) 2 (2,2)
Nacional 3 (4) 4 (8,3) 26 (28,3) 72 (78,3)
Internacional 0 3 (6,3) 1 (1,1) 15 (16,3)
Total 75 (100) 48 (100) 92 (100) 92 (100)
Abrangencia Estado de
das manchetes Sao Paulo
Local 2 (2,2)
Regional 4 (4,3)
Nacional 70 (76,1)
Internacional 16 (17,4)
Total 92 (100)
Fonte: Grupo de Pesquisa em Midia e Politica (UEPG)
Tabela 5--Temas das manchetes por abrangencia do jornal e dia da
semana
Circulacao Dia da semana
do jornal Outro dia Domingo
Local Tema Social 66 (64,1) 16 (80)
Institucional 29 (28,2) 2 (10)
Entretenimento 4 (3,9) 1 (5)
Outro 4 (3,9) 1 (5)
Total 103 (100) 20 (100) 123 (100)
Regional Tema Social 103 (65,2) 12 (46,2)
Institucional 40 (25,3) 12 (46,2)
Internacional 0 1 (3,8)
Entretenimento 1 (0,6) 0
Outro 14 (8,9) 1 (3,8)
Total 158 (100) 26 (100) 184 (100)
Nacional Tema Social 85 (53,8) 19 (73,1)
Institucional 65 (41,1) 6 (23,1)
Internacional 4 (2,5) 0
Entretenimento 4 (2,5) 0
Outro 0 1 (3,8)
Total 158 (100) 26 (100) 184 (100)
Circulacao Total
do jornal
Local Tema Social 82 (66,7)
Institucional 31(25,1)
Entretenimento 5 (4,1)
Outro 5 (4,1)
Total 103 (100)
Regional Tema Social 115 (62,5)
Institucional 52 (28,3)
Internacional 1 (0,5)
Entretenimento 1 (0,5)
Outro 15 (8,2)
Total 158 (100)
Nacional Tema Social 104 (56,5)
Institucional 71 (38,6)
Internacional 4 (2,2)
Entretenimento 4 (2,2)
Outro 1 (0,5)
Total 158 (100)
Fonte: Grupo de Pesquisa em Midia e Politica (UEPG)
Tabela 6--Circulacao do jornal, abrangencia da chamada por dia
de publicacao
Circulacao Dia da semana
do jornal Outro dia Domingo
Local Abrangencia Local 66 (64,1) 15 (75)
da chamada Regional 28 (27,2) 4 (20)
Nacional 6 (5,8) 1 (5)
Internacional 3 (2,9) 0
Total 103 (100) 20 (100) 123 (100)
Regional Abrangencia Local 30 (19) 6 (23,1)
da chamada Regional 68 (43) 9 (34,6)
Nacional 59 (37,3) 10 (38,5)
Internacional 1 (0,6) 1 (3,8)
Total 158 (100) 26 (100) 184 (100)
Nacional Abrangencia Local 3 (1,9) 2 (7,7)
da chamada Regional 4 (2,5) 2 (7,7)
Nacional 121 (76,6) 21 (80,8)
Internacional 30 (19) 1 (3,8)
Total 158 (100) 26 (100) 184 (100)
Circulacao Total
do jornal
Local Abrangencia Local 81 (65,9)
da chamada Regional 32 (26)
Nacional 7 (5,7)
Internacional 3 (2,4)
Total 103 (100)
Regional Abrangencia Local 36 (19,6)
da chamada Regional 77 (41,8)
Nacional 69 (37,5)
Internacional 2 (1,1)
Total 158 (100)
Nacional Abrangencia Local 5 (2,7)
da chamada Regional 6 (3,3)
Nacional 142 (77,2)
Internacional 31 (16,8)
Total 158 (100)
Fonte: Grupo de Pesquisa em Midia e Politica (UEPG)
Tabela 7--Tipo de Fonte nas manchetes dos jornais
Tipo de fonte Diario dos Jornal da Gazeta do
Campos Manha Povo
Lobista 2 (2,7) 1 (2,1) 3 (3,3)
Especialista 4 (5,3) 0 4 (4,3)
Defensor de Interesse Publico 4 (5,3) 0 2 (2,2)
Porta-voz de temas marginais 0 0 0
Intelectual 0 0 0
Outro 5 (6,7) 0 5 (5,4)
Nao utilizou fonte 60 (80) 47 (97) 78 (84,8)
Total 75 (100) 48 (100) 92 (100)
Tipo de fonte Folha de Estado de
Sao Paulo Sao Paulo
Lobista 5 (5,4) 9 (9,8)
Especialista 0 15 (16,3)
Defensor de Interesse Publico 6 (6,5) 5 (5,4)
Porta-voz de temas marginais 0 1 (1,1)
Intelectual 0 0
Outro 13 (14,1) 23 (25)
Nao utilizou fonte 68 (73,9) 39 (42,4)
Total 92 (100) 92 (100)
Fonte: Grupo de Pesquisa em Midia e Politica (UEPG)
Tabela 8--Origem das fontes citadas em manchetes dos jornais
Origem das fontes Diario dos Jornal da Gazeta do Folha de
Campos Manha Povo Sao Paulo
Oficial 14 (18,7) 0 12 (13) 17 (18,5)
Disruptiva 0 1 (2,1) 2 (2,2) 3 (3,3)
Outro 1 (1,3) 0 0 4 (4,3)
Nao utilizou 60 (80) 47 (97) 78 (84,8) 68 (73,9)
Total 75 (100) 48 (100) 92 (100) 92 (100)
Origem das fontes Estado de
Sao Paulo
Oficial 44 (47,8)
Disruptiva 4 (4,3)
Outro 5 (5,4)
Nao utilizou 39 (42,4)
Total 92 (100)
Fonte: Grupo de Pesquisa em Midia e Politica (UEPG)