首页    期刊浏览 2024年09月20日 星期五
登录注册

文章基本信息

  • 标题:Imagens do inconsciente visivel em tramas de comunicacao e violencia.
  • 作者:Menezes Martins, Francisco ; Meimes, Lívia
  • 期刊名称:Revista Famecos - Midia, Cultura e Tecnologia
  • 印刷版ISSN:1415-0549
  • 出版年度:2008
  • 期号:August
  • 语种:Spanish
  • 出版社:Editora da PUCRS
  • 摘要:Das possibilidades de abordagem da alma humana e sua complexidade interpretativa e comunicativa, o presente artigo prop?e a alian?a nietzschiana com aspectos sociológicos da psicanálise freudiana e, a partir de perspectivas teóricas do atual e do cotidiano, do consumo e da cultura liberal.

Imagens do inconsciente visivel em tramas de comunicacao e violencia.


Menezes Martins, Francisco ; Meimes, Lívia


O sonho �� a tentativa de satisfazer um desejo (Freud) Aprenda a viver, descanse quando morrer. Tudo que voc�� precisa est�� dentro de voc�� (Tyler Durden; Clube da Luta)

Das possibilidades de abordagem da alma humana e sua complexidade interpretativa e comunicativa, o presente artigo prop?e a alian?a nietzschiana com aspectos sociol��gicos da psican��lise freudiana e, a partir de perspectivas te��ricas do atual e do cotidiano, do consumo e da cultura liberal.

Os verbos que conjugam a posse e a exist��ncia parecem, cada vez mais, indissoci��veis no ambito de uma cultura de mercado que tem como religi?o, seu pr��prio do modo de vida. A proposta �� enla?ar os conflitos surgidos no embate entre inconsciente e ego e sua exterioriza??o comunicacional. Em caminho inverso �� contornar os valores humanos como press?o exterior para a incorpora??o da moral, culpa, recalque e neuroses. Assim, entendese que a comunica??o ou a falta dela, problematizam as percep??es de mundo ao estarem em todo o processo. A medida dos movimentos �� visualizada na consci��ncia, levando em conta que:

a consci��ncia n?o faz parte realmente da exist��ncia individual do ser humano, mas antes naquilo que nele �� natureza comunit��ria e greg��ria (...) cada um de n��s, com toda vontade que tenha de entender a si pr��prio da maneira mais individual poss��vel, de 'conhecer a si mesmo', sempre traz �� consci��ncia justamente o que n?o possui de individual, o que nele �� 'm��dio' - que nosso pensamento mesmo �� continuamente suplantado, digamos, pelo car��ter da consci��ncia - pelo 'g��nio da esp��cie' que nela domina - e traduzido de volta para a perspectiva greg��ria (Nietzsche, 2004, pp.249-250).

Produ??es cinematogr��ficas como o "Clube da Luta", projetam seus discursos para al��m da grande tela e se convertem em "totens" (Maffesoli, 1995), permanecendo latentes no imagin��rio contemporaneo. Assim como "Laranja Mecanica", "Assassinos por Natureza", "Kill Bill" e "Um dia de f��ria", entre outras, s?o consideradas obras de culto da p��s-modernidade, que inscrevemse, aqui, no presente texto, como um estado de "p��s orgia": "O momento explosivo da modernidade, o da libera??o pol��tica, libera??o, sexual, libera??o das for?as produtivas, libera??o das for?as destrutivas, libera??o da mulher, da crian?a, das pulsa??es inconscientes..." (Baudrillard, 2004, p. 9).

Tratam de conflitos internos da alma humana e de sua rela??o externa com a sociedade: "a psican��lise tomou como tema a mente individual, mas, ao fazer investiga??es sobre o indiv��duo, n?o podia deixar de tratar da base emocional da rela??o dele com a sociedade" (Freud, 1974, p. 223).

Os filmes se sucedem, pois esses argumentos demonstram a quase impossibilidade de fuga do homem diante de seus pr��prios espelhos. "Vivemos na reprodu??o indefinida de ideais, de fantasmas, de imagens, de sonhos que doravante ficaram para tr��s e que, no entanto, devemos reproduzir uma esp��cie de indiferen?a fatal" (Baudrillard, 2004, p.10).

O presente artigo tem como objetivo explorar n?o apenas um filme, mas um imagin��rio que liga o interior da alma, neste caso, com uma forma??o tribal dentro da pr��pria obra, al��m de reverbera??es nas pr��ticas da cibercultura.

"Clube da Luta", ou "Fight Club", com dire??o de David Fincher (1999) �� uma f��bula em que

O intenso sentimento de culpa, que domina tantas neuroses constitui uma modifica??o social da ansiedade neur��tica. Por outro lado, a psican��lise demonstrou plenamente o papel desempenhado pelas condi??es e exig��ncias sociais como causadores de neurose. As for?as que, operando desde o ego, ocasionam a restri??o e a repress?o do instinto devem fundamentalmente sua origem �� submiss?o ��s exig��ncias da civiliza??o (Freud, 1974, p. 224).

N?o h�� linha de fuga diante da press?o contemporanea. Em seus estudos sociol��gicos, Freud nos mostra uma psican��lise indissoci��vel das pr��ticas sociais. "O que hoje �� um ato de coibi??o interna foi outrora externa, imposto, talvez, pelas necessidades do momento. Da mesma maneira, o que hoje se aplica a todo indiv��duo em crescimento como uma exig��ncia externa da civiliza??o, poder�� um dia tornar-se uma disposi??o interna �� repress?o" (Freud, 1974, p. 224).

Al��m de neur��tico, o personagem Jack (vivido pelo ator Edward Norton) �� consumista ao extremo. Compra qualquer coisa ��til ou in��til, online ou por telefone, a qualquer hora do dia. Sofre de ins?nia por causa da impot��ncia existencial. Devora cat��logos de m��veis e utens��lios em geral. Coleciona objetos que nunca consome. O ato de comprar equivale ao prazer predat��rio. Acalma e soluciona temporariamente as frustra??es profissionais e, principalmente, interiores. De alguma forma, o prazer da conquista escapa da guerra e da ca?a e cai nas pr��ticas de consumo:

Comprar e vender s?o agora comuns, tal como a arte de ler e escrever; cada qual se exercitou nisso, mesmo n?o sendo comerciante e pratica diariamente essa t��cnica. Assim como outrora, os seres humanos eram mais selvagens, cada um era ca?ador e exercitava, dia ap��s, dia, a t��cnica da ca?a. (...) Ao deixar de ser necess��ria, torna-se luxo e capricho. O mesmo poderia suceder algum dia com a atividade de comprar e vender. Podemos imaginar condi??es sociais que n?o se compra e vende, em que �� gradualmente perdida a necessidade dessa t��cnica: talvez, ent?o, pessoas menos sujeitas �� lei das condi??es gerais permitam-se comprar e vender como um luxo da sensibilidade. S�� ent?o o com��rcio adquiriria nobreza, e os nobres talvez se dedicassem a ele de t?o bom grado como a guerra e �� pol��tica at�� o momento: enquanto a aprecia??o da pol��tica poderia ter mudado completamente. J�� agora ela est�� deixando de ser of��cio do homem nobre, e �� poss��vel que ela venha a ser considerada t?o comum, que seja posta sob a rubrica de "prostitui??o do esp��rito", como tudo o que se escreve para os partidos e jornais (Nietzsche, 2001, p.80).

�� quando uma gera??o abandona a voca??o guerreira e disponibiliza altas doses de energia pessoal e coletiva em cultuar o consumo no extremo da religiosidade servil, em plena "Servid?o Volunt��ria" (Baudrillard, 1995) ou formando uma "Gera??o de Senhoritos" (Ortega y Gasset, 1993).

Em outras palavras:

Da�� o paradoxo da era p��s-moralista: quanto mais se manifestam os desejos de autonomia individualista, mais as a??es morais de generosidade s?o impulsionadas, estimuladas pelo exterior. Quanto mais h�� exig��ncia de autogoverno, mais a vida moral �� tribut��ria de palavras, de imagens, de mensagens exteriores a n��s mesmos (Lipovetsky, 2003, p.29)

Da rela??o de poder e domina??o entre a nega??o da vida e vontade de afirma??o (Nietzsche, 2004) o personagem de Norton faz surgir, na visibilidade exterior de sua pr��pria neurose, um vendedor de sab?o feito com gordura humana, Tyler Duren (Brad Pitt), seu superego. Neste ponto vale ressaltar a quest?o do consumo de qualquer res��duo organico, social, industrial ou digital pela pr��pria sociedade das pr��ticas de consumo.

Reciclar a gordura extra��da de pacientes obesos que se submeteram �� cirurgia de lipoaspira??o, �� uma ��cida cr��tica ao canibalismo est��tico e consumista da cultura dos Estados Unidos, como p��lo de irradia??o, mas tamb��m de todo o Ocidente, que �� atingido por cont��gio. Pela "virul��ncia dos signos" (Baudrillard, 2004).

Nega??o cont��nua, ressentimento, recalque. Ao longo da pel��cula, o inconsciente se torna vis��vel, superego dissociado, mas incorporado como imagem. Tr��s pessoas dentro de um corpo. Triangulo da pr��pria alma.

O processo se d�� em tr��s fases:

1 A primeira fase est�� dividida. Na primeira parte do filme, o personagem est�� Perdido de si e do mundo. �� inferior e fraco. Seu padr?o de Consumo �� compulsivo ao extremo, atuando como religi?o. Ins?nia sem cura, culpado por si e por n?o ter prazer duradouro ap��s comprar tudo.

H��, ent?o, uma mudan?a na maneira de Jack lidar com o conflito de seu inconsciente com seu superego. Parte para um tipo de voyeurismo s��dico, intera??o com o inferno existencial de grupos de doentes perto da morte. Suic��dio em pot��ncia de si e de seu pr��prio recalque.

2 Na segunda fase, h�� a majorit��ria influ��ncia do superego na comunica??o existencial com o mundo exterior. Tyler diz que as coisas que nos pertencem acabam tomando conta de n��s. S�� depois de perder tudo �� que ficamos livres para fazer qualquer coisa (Tyler-Durden).

O inconsciente parece render-se �� for?a. O inverso de si mesmo predomina. Surge Tyler, o dominador, dogm��tico, l��der, superior, forte. O superego traz filosofia de for?a �� impot��ncia existencial de Jack:
   Voc�� abre a porta e entra
   Est�� dentro do seu cora??o
   Imagine que sua dor �� uma bola de neve que vai
   curar voc��
   Esta �� sua vida
   �� a ��ltima gota pra voc��
   Melhor do que isso n?o pode ficar
   Esta �� sua vida
   Que acaba um minuto por vez
   Isto n?o �� um semin��rio
   Nem um retiro de fim de semana
   De onde voc�� est�� n?o pode imaginar como ser�� o
   fundo
   Somente ap��s uma desgra?a conseguir�� despertar
   Somente depois de perder tudo, poder�� fazer o que
   quiser
   Nada �� est��tico
   Tudo �� movimento
   E tudo esta desmoronando
   Esta �� sua vida
   Melhor do que isso n?o pode ficar
   Esta �� sua vida
   E ela acaba um minuto por vez
   Voc�� n?o �� um ser bonito e admir��vel
   Voc�� �� igual �� decad��ncia refletida em tudo
   Todos fazendo parte da mesma podrid?o
   Somos o ��nico lixo que canta e dan?a no mundo
   Voc�� n?o �� sua conta banc��ria
   Nem as roupas que usa
   Voc�� n?o �� o conte��do de sua carteira
   Voc�� n?o �� seu cancer de intestino
   Voc�� n?o �� o carro que dirige
   Voc�� n?o �� suas malditas cal?as
   Voc�� precisa desistir
   Voc�� precisa saber que vai morrer um dia
   Antes disso voc�� �� um in��til
   Ser�� que serei completo?
   Ser�� que nunca ficarei contente?
   Ser�� que n?o vou me libertar de suas regras r��gidas?
   Ser�� que n?o vou me libertar de sua arte inteligente?
   Ser�� que n?o vou me libertar dos pecados e do
   perfeccionismo?
   Digo: voc�� precisa desistir
   Digo: evolua mesmo se voc�� desmoronar por dentro
   Esta �� sua vida
   Melhor do isso n?o pode ficar
   Esta �� sua vida
   e ela acaba um minuto por vez
   Voc�� precisa desistir
   Estou avisando que ter�� sua chance (Tyler Durden).


O conflito Jack/Tyler encontra na dor a forma de resolu??o, e no sangue, a forma de purifica??o. Em raz?o do pr��prio t��tulo, as luzes da m��dia e o pr��prio imagin��rio da "ap��s a orgia" centraram nesta parte da obra, suas maiores aten??es. O clube surge como exterioriza??o, imagin��rio tribal e organiza??o interna digna da Sociedade Disciplinar (Foucault, 1983). Em termos de pr��ticas da cibercultura nas redes sociais, como orkut ou my space, e potencializados pelas pr��prias cenas do filme no youtube.com, as cenas de luta, mas principalmente, as regras, como comando de voz em nome do segredo, s?o cultuadas:

As 8 regras do Clube da Luta

1. Voc�� n?o fala sobre o Clube da Luta

2. Voc�� n?o fala sobre o Clube da Luta

3. Quando algu��m gritar "p��ra!", ficar no ch?o ou desmaiar, a luta acaba

4. Somente duas pessoas por luta

5. Uma luta de cada vez

6. Sem camisa, sem sapatos

7. As lutas duram o tempo que for necess��rio

8. Se for a sua primeira noite no clube da luta, voc�� tem que lutar

Chama a aten??o a repeti??o das regras 1 e 2 como forma neur��tica de negar a exist��ncia interna de algum segredo a partir de sua comunica??o. A plenitude da cis?o entre oculto e revelado. O mundo interior, ainda que na fronteira da alma e da tribo, permanece intocado, escondido, intoc��vel em seus rituais e purificante como exorcismo coletivo.

As demais regras dizem respeito �� regula??o interna do clube. S?o geradoras de imagin��rio hooligan e espalham a id��ia de que o filme �� n?o apenas violento, mas plataforma de lan?amento para casos ocorridos de viol��ncia f��sica e social, como nos Estados Unidos e no Brasil, quando um jovem que assistia ao filme em um shopping center de S?o Paulo, tornou-se um serial killer de apenas uma cena, quando come?ou a disparar com uma metralhadora dentro da sala escura. O detalhe da dissocia??o hipod��rmica argumentada �� que n?o aparecem armas de fogo ao longo do filme. Seria um s��mbolo f��lico dispens��vel, avan?ando nas hip��teses freudianas, dado que o superego de Jack era pr��digo neste aspecto, o filme traz um triangulo amoroso imagin��rio entre uma mulher, mais o inconsciente e o superego de um mesmo homem. Jack sofria de ci��mes de si mesmo e via a si mesmo, na imagem de Tyler, enquanto fazia sexo com sua namorada.

3 A terceira fase �� definitiva:

"Somente ap��s uma desgra?a conseguir�� despertar Somente depois de perder tudo, poder�� fazer o que quiser
   Nada �� est��tico
   Tudo �� movimento
   E tudo esta desmoronando
   Esta �� sua vida
   e ela acaba um minuto por vez"
   (Tyler Durden)


Com o processo crescente, que culmina com o ego implodindo como os edif��cios da cena final.

Desde que se pensa, se enfrenta necessariamente uma linha onde est?o em jogo a vida e a morte, a raz?o e a loucura, e essa linha nos arrasta. S�� �� poss��vel pensar sobre esta linha de feiticeira, e digase, n?o �� for?osamente perdedor, n?o se est�� obrigatoriamente condenado �� loucura ou �� morte (Deleuze, 2004, p.129).

O clube da luta �� uma zona da alma onde os dem?nios interiores se enfrentam quase at�� a morte. Pot��ncia da puls?o de morte. Simulacro de destino. As regras impedem a morte, assim como sua revela??o enquanto imagin��rio de grupo e como met��fora da rela??o com o inconsciente e o superego.

S��ntese do Processo silencioso e invis��vel que acompanha o personagem desde o in��cio do filme. A viol��ncia do conflito acompanha as fases de voyeur do mundo por meio do consumo, intera??o com a dor de outros e a funda??o do clube como solu??o para a guerra interior que se torna tribo de rituais. Sangue e ferimentos como purifica??o e al��vio

REFER��NCIAS

BAUDRILLARD, J. A Transpar��ncia do Mal. S?o Paulo. Papirus. 2004.

--. El Cr��men Perfecto. Barcelona. Anagrama. 1995.

DEBORD, G. A Sociedade do Espet��culo. Rio de Janeiro. Contraponto. 1997.

DELEUZE, G. Conversa??es. S?o Paulo. Editora 34. 2004.

FOUCAULT, M. Vigiar e Punir. Petr��polis. Ed. Vozes. 1983.

FREUD, S. O Futuro de Uma Ilus?o, O Mal Estar na Civiliza??o e outros trabalhos. Rio de Janeiro. Imago Editora. 1974.

--. Totem e Tabu e outros Trabalhos. Rio de Janeiro. Imago Editora. 1974b.

LIPOVETSKY, G. Metamorfoses da Cultura Liberal. Porto Alegre. Sulina. 2003.

MAFFESOLI, M. A Contempla??o do Mundo. Porto Alegre. Artes & Of��cios. 1995.

--. O Conhecimento Comum. Porto Alegre. Sulina. 2007.

NIETZSCHE, F. A Gaia Ci��ncia. S?o Paulo. Cia das Letras. 2004.

ORTEGA Y GASSET, J. La rebeli��n de las Masas. Madrid. Espasa Calpe, 1993.

Francisco Menezes Martins

Professor e pesquisador do mestrado em Comunica??o e Linguagens da

UTP/PR/BR e Professor do Curso de Comunica??o/Feevale/RS/BR

frqnciscomenezes2004@yahoo.com.br

L��via Meimes

Mestrando do Programa de P��s-Gradua??o em Comunica??o Social da

PUCRS/RS/BR

livia_meimes@yahoo.com.br
联系我们|关于我们|网站声明
国家哲学社会科学文献中心版权所有