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文章基本信息

  • 标题:Uma analise sociologica das relacoes entre a midia e os intelectuais.
  • 作者:Pereira, Fábio Henrique
  • 期刊名称:Revista Famecos - Midia, Cultura e Tecnologia
  • 印刷版ISSN:1415-0549
  • 出版年度:2008
  • 期号:December
  • 语种:Spanish
  • 出版社:Editora da PUCRS

Uma analise sociologica das relacoes entre a midia e os intelectuais.


Pereira, Fábio Henrique


BUXTON, David & JAMES, Francis (orgs.). Les intellectuels de m��dias em France. Paris: L'Hamarttan, 2005

[ILUSTRACI��N OMITIR]

J�� faz algum tempo que onipresen?a de nomes como Bernard-Henry L��vy, Andr�� Glucykmann, Alain Finkielkraut, Luc Ferry e R��gis Debray no espa?o p��blico franc��s �� motivo de pol��mica. Eles integrariam o grupo dos intelectuais da m��dia - ou intelectuais midi��ticos numa acep??o mais pejorativa. Sobre essa nova intelectualidade, v��rios manifestos foram publicados. O mais famoso deles, Sobre a televis?o, escrito por Pierre Bourdieu se prop?s a desvendar as condi??es de interven??o dos fast thinkers no meio televisivo. �� an��lise bourdieusiana somamse as acusa??es de Serge Halimi em Os Novos c?es de Guarda e, mais recentemente, do dossi�� Intellectuels M��diatiques, penseurs de l'ombre ("Intelectuais midi��ticos, pensadores da sombra"), publicado em maio de 2006 pelo Le Monde Diplomatique.

Em comum, essas obras tendem a polemizar os efeitos negativos do intelectual midi��tico no debate p��blico, sem se proporem a analisar a emerg��ncia, a identidade e as condi??es de interven??o dessa categoria. Esse �� o grande m��rito de Les intellectuels de m��dias em France ("Os intelectuais da m��dia na Fran?a"). O livro, que combina discuss?es conceituais e estudos de caso, re��ne trabalhos de oito pesquisadores europeus, apresentados em junho de 2003, por ocasi?o de um semin��rio realizado na Universidade de Paris 10.

A necessidade de um esfor?o conjunto de an��lise se justifica pelas imprecis?es do objeto escolhido. J�� no texto de abertura (Un probl��me de d��finition, "Um problema de defini??o"), David Buxton explica que nem mesmo o intelectual "tradicional" pode ser facilmente enquadrado. "Os intelectuais", afirma, "n?o sendo uma classe ou uma categoria social objetivamente defin��vel, [disso resulta que] toda tentativa de defini??o torna-se funcional ou normativa, ou ainda os dois (1)" (p.14).

Por isso a necessidade de definir o intelectual midi��tico dentro de uma perspectiva hist��rica e sociol��gica, situando-a no conjunto de transforma??es que atinge os modos de exerc��cio dessa atividade na Fran?a. Em G��nese et ��volution d'une cat��gorie floue ("G��nese e evolu??o de uma categoria imprecisa"), Philippe Riutort busca justamente escapar de uma defini??o normativa desse objeto, o que daria "a ilus?o de uma novidade radical e confere de in��cio uma identidade global a um processo que precisa ser analisado e se liga ��s condi??es de transforma??o - sempre em curso - do exerc��cio da atividade intelectual (2)" (p. 29-30). Assim, o intelectual midi��tico encanaria os novos constrangimentos impostos �� produ??o cultural, decorrentes do crescimento dos p��blicos consumidores e do esfor?o de cria??o de uma cultura m��dia. O jornalismo tamb��m emerge como instancia maior de consagra??o desse novo intelectual, que se v�� obrigado a ajustar permanentemente sua imagem ��s demandas da audi��ncia.

Gerard Cornu inaugura a se??o dos estudos de caso com uma an��lise da revista L'Express. Na seq����ncia, Francis James, no texto Foucault, philosophe-journaliste (1926-1984), narra a atividade jornal��stica e o engajamento pol��tico do autor de Vigiar e punir. Ele explica as rela??es entre a filosofia de Michel Foucault, como um trabalho de diagn��stico do presente, e o seu projeto de intelectual espec��fico. Foucault, na verdade, busca romper com a figura prof��tica de intelectual, estilo Jean-Paul Sartre. Ele defende a necessidade de um engajamento restrito �� sua especialidade acad��mica, embora n?o descarte o uso de t��cnicas e procedimentos do jornalismo. Esse modelo seria uma forma de exortar os intelectuais-pesquisadores ao engajamento pol��tico, um espa?o que j�� estava sendo ocupado pelo discurso moralizante dos intelectuais midi��ticos.

Erwan Poiraud analisa as estrat��gias de relegitima??o do fil��sofo e escritor Bernard-Henry L��vy, nome freq��entemente associado ao ideal-tipo do intelectual da m��dia. "Seu an?nimo 'BHL' �� amplamente conhecido, seu traje de cena (camisa branca grande aberta facilmente identific��vel, seu estilo enf��tico e arrebatado) fazem dele um cliente procurado pelos jornalistas (3) (p. 136). O autor explica como a posi??o de Bernard-Henry L��vy no meio intelectual decorre de um conjunto de fatores: o uso da posi??o editorial e da notoriedade junto aos meios de comunica??o; a capacidade de adapta??o a diferentes formatos na m��dia e a mobiliza??o de redes sociais nos campos intelectual e midi��tico. Poiraud escreve, ainda, um artigo com Thierry Teboul, onde investigam a participa??o da intelectualidade francesa durante os debates no conflito na ex-Iugusl��via. Os autores revelam como a aceita??o das regras do jogo midi��tico por esse grupo de intelectuais resulta numa profissionaliza??o de suas interven??es, agora submetidas ��s injun??es do apresentador e �� l��gica de dramatiza??o do debate p��blico.

Na mesma linha, Antoine Schwartz (La publication du Rappel �� ordre et a la pol��miue sur les "nouveaux r��actionaires") e Thierry Teboul (L'affaire des nouveaux r��actionaires: le retour �� l'ordre) analisam os debates em torno da obra Rappel �� ordre ("Chamada �� ordem"). O livro, uma enqu��te sobre nos "novos reacion��rios" na Fran?a, foi publicado em 2002 pelo historiador e jornalista Daniel Lindenberg, Os artigos de Schwartz e Teboul evidenciam a maneira como a pol��mica em torno do livro �� conduzida e neutralizada pelo modus operandi dos meios de comunica??o. Eles determinam a estrutura das interven??es intelectuais: suas rotinas, conven??es e pr��ticas. Fecham o livro, as an��lises da trajet��ria individual de dois intelectuais da m��dia: Bernard Tapie, escrita por Philippe Riutort e Alain Minc, de autoria de David Buxton.

Apesar de terem sido extra��dos de um semin��rio, os artigos reunidos em Les intellectuels de m��dias em France partilham de uma unidade te��rica e anal��tica de matriz bourdieusiana. Nesse ponto, existe uma rela??o entre as trajet��rias individuais desses intelectuais da m��dia e as transforma??es na estrutura do espa?o p��blico e do campo de produ??o cultural na Fran?a. Percebe-se um verdadeiro esfor?o de uma an��lise da "economia dos bens simb��licos", sem que isso resulte em posi??es normativas ou polemistas. Por outro lado, ao adotarem preceitos comuns, esses autores reduzem o escopo de an��lise apenas ao que pode ser apreendido pela teoria bourdieusiana. De certa forma, o determinismo impl��cito ��s dinamicas de domina??o que marcam o campo reduzem a diversidade de posi??es e de identidades que podem ser encontradas num grupo heterog��neo como o dos intelectuais midi��ticos. Nesse sentido, talvez fosse interessante para os organizadores do Les intellectuels des medias em France abandonarem um pouco o bairrismo da escola bourdieusiana, abrindo a obra para outras contribui??es.

Cabe perguntar qual a aplica??o das an��lises sobre os intelectuais da m��dia ao contexto brasileiro. �� preciso levar em conta que o am��lgama franc��s do intelectual, ou seja, a forma como a sua identidade coletiva se consolida na Fran?a a partir do engajamento no Affaire Dreyfus �� totalmente diverso do intelectual �� brasileira. Isso explica a aus��ncia dessa pol��mica sobre os intelectuais midi��ticos no Brasil, exce??o feita talvez ao livro As Mis��rias do Jornalismo Brasileiro, de Juremir Machado da Silva.

Contudo, na medida em que sa��mos de uma an��lise centrada na figura do intelectual, para pensar em como ela remete a transforma??es mais amplas no mercado cultural e midi��tico, o estudo ganha uma nova dimens?o. Numa analogia ao caso franc��s, o livro ajuda a entender como certas vedetes da produ??o cultural e intelectual no Brasil devem sua posi??o a essa rede de rela??es com os jornalistas e tamb��m pela submiss?o das suas interven??es aos constrangimentos midi��ticos. Finalmente, ele disponibiliza ferramentas te��ricas e metodol��gicas aos pesquisadores da ��rea de comunica??o interessados na an��lise do campo midi��tico. O livro aplica com clareza e compet��ncia conceitos da sociologia de Bourdieu, que nem sempre s?o f��ceis de serem assimilados

F��bio Henrique Pereira

Professor do Insituto de Ensino Superior de Bras��lia lesb/DF/BR

fabiohpereira_unb@yahoo.com.br

NOTAS

(1.) Livre tradu??o de: "Les intellectuels n'��tant pas une classe ou une cat��gorie sociale objectivement d��finissable, toute tentative de d��finition devient fonctionnelle ou normative, voire les deux".

(2.) Livre tradu??o de: "donne l'illusion d'une nouveaut�� radicale et conf��re d'embl��e une identit�� globale �� un processus qui reste �� analyser et s 'apparente aux conditions de transformation - toujours en cours - d'exercice de l'activit�� intellectuelle"

(3.) Livre tradu??o de: "Son anonyme 'BHL' est largement connu, son costume de sc��ne (chemise blanche grande ouvert) facilement identifiable, son style emphatique et emport�� font de lui un client recherch�� par les journalistes"
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