Analysis of housing cooperatives in light of the structuring factors of network society/Analise de cooperativas habitacionais a partir dos fatores estruturantes da sociedade em rede/Analisis de cooperativas habitacionales a partir de los factores estructurantes de la sociedad en red.
Giglio, Ernesto Michelangelo ; Gamba, Jose Roberto
1. INTRODUCAO
O objetivo do trabalho e analisar e apresentar exemplos do
argumento de que todas as organizacoes estao em rede, quer utilizem,
quer nao, suas conexoes. A partir da analise das convergencias de textos
sobre o tema, elegeram-se os fatores estruturantes das redes e criou-se
a proposicao orientadora de que e possivel investigar a
presenca/ausencia desses fatores em qualquer empresa, obtendo-se um
desenho da organizacao da rede na qual essa empresa esta imersa.
A proposta decorre do fato de que as redes de negocios, incluindo
as redes de cooperacao, constituem um tema de interesse atual, tanto no
que diz respeito ao formato das organizacoes, quanto pela indicacao de
alguns caminhos alternativos de desenvolvimento e competitividade de
organizacoes, fundados na acao coletiva, que os modelos tradicionais de
competicao isolada nao conseguem explicar adequadamente. Como esses
modelos de competicao isolada sao dominantes entre pesquisadores e
empreendedores do tema de redes (GIGLIO, 2010), e interessante e
justificado discutir e investigar o argumento de que todas as empresas
estao em rede, oferecendo uma alternativa a visao dominante. O trabalho
pretende contribuir para a compreensao e valorizacao da abordagem da
sociedade em rede, e investigar sua capacidade explicativa diante de
fenomenos de acao coletiva, como as cooperativas.
Como parte da argumentacao, foram analisadas as relacoes
interorganizacionais de cooperativas habitacionais, ja que estas
organizacoes sao muito caracteristicas, contando com funcoes e processos
tipicos de empresas que concorrem no mercado da construcao civil e, ao
mesmo tempo, com funcoes e processos tipicos de organizacoes de ajuda,
com apoio do governo, com incentivos e ausencia de objetivos de lucro.
A tarefa tambem se justifica porque existem sinais de que os ramos
de negocio que lidam com relacionamentos complexos na producao,
comercializacao e prestacao de servicos, caso da construcao civil, cada
vez mais se organizam em formas associativas como cooperativas,
consorcios, aglomerados locais e redes de negocios. Secundariamente, o
estudo pode oferecer algumas sugestoes de acoes gerenciais as
cooperativas habitacionais.
Como base teorica, utilizam-se os argumentos da sociedade em rede.
Para Castells (1999), a sociedade atual se caracteriza por seu formato
em rede, em substituicao a estrutura anterior, formada por pequenos
grupos, como familia e grupos de trabalho. Nesta nova estrutura
modificam-se os padroes de estrategia e de competicao das empresas,
agora definidos pela rede de relacoes em que a empresa esta imersa.
Outra base teorica encontra-se em Nohria e Ecles (1992), que afirmam que
todas as empresas estao em rede, quer utilizem, quer nao, suas conexoes.
A pesquisa se caracteriza como um estudo de casos multiplos,
considerando-se que se analisou mais de uma cooperativa e sua rede de
relacoes, e de multitecnicas, ja que se realizaram levantamentos
bibliograficos e coleta de dados secundarios e primarios, buscando as
convergencias das informacoes.
A escolha das cooperativas habitacionais e resultado de trabalhos
anteriores dos autores (referencias omitidas) e motivada pela
especificidade dessas organizacoes, que apresentam elementos comerciais
bem definidos e elementos sociais (a inclusao de pessoas sem capacidade
de comprar um imovel individualmente), nao sendo exclusivamente nem uma
organizacao de negocios nem uma cooperativa social. Dessa forma, as
relacoes sociais de aproximacao entre os atores, tais como as relacoes
de confianca e comprometimento, e as relacoes sociais de conflito, tais
como as relacoes de poder, estao inextrincavelmente unidas as relacoes
comerciais, numa intrincada teia. Neste caso, afirma-se que a funcao de
um gerente de rede e desenvolver as relacoes de aproximacao, resolver as
relacoes conflituosas e criar os mecanismos de acoes coletivas de
producao.
O trabalho esta estruturado da seguinte forma: inicia com esta
Introducao, apresentando a tarefa e sua justificativa; na secao 2
apresenta-se um painel de trabalhos sobre cooperativas, mostrando que a
abordagem de redes esta ausente; a secao 3 expoe as afirmativas da
abordagem da sociedade em rede, que fundamenta o argumento principal do
trabalho e a proposicao orientadora--nesta secao ja se apresentam os
fatores determinantes da organizacao em rede que serao utilizados na
pesquisa; a secao 4 discorre sobre a metodologia, seguida da secao 5,
que apresenta e analisa os dados; a secao 6 e dedicada aos comentarios
finais.
2. O CAMPO DE INVESTIGACAO DAS COOPERATIVAS
Neste item comenta-se a tendencia das pesquisas e artigos
brasileiros sobre cooperativas, especialmente as habitacionais, e a
lacuna no raciocinio de redes, o qual, conforme aqui se defende, seria
capaz de explicar o desenvolvimento, os limites e os problemas das
organizacoes envolvidas.
O cooperativismo surgiu da necessidade das pessoas de trabalhar em
conjunto, como forma de alcancar seus objetivos (HOJER, 2011). Segundo
Santos (2005), ha registros desde 1844, na Franca e na Inglaterra, de
sociedades com caracteristicas de cooperativas, baseadas no conceito de
ajuda mutua, igualdade, associativismo e autogestao. O nascimento de
cooperativas esta associado a procura de alternativas economicas a
existencia de grupos dominantes que criavam barreiras para os pequenos
empresarios e comerciantes, alem de oferecerem condicoes pouco adequadas
aos trabalhadores.
O cooperativismo evoluiu e conquistou um espaco proprio, definido
por uma forma alternativa de pensar o homem, o trabalho e o
desenvolvimento social. Com seus principios coletivos e sociais, o
cooperativismo e aceito pelos governos e reconhecido como formula
democratica para a solucao de problemas socioeconomicos, especialmente
nos ramos de cooperativas agricolas, de trabalho, de credito, de consumo
e habitacional.
Sendo uma interessante resposta alternativa as pressoes de mercado,
era de esperar um relativo volume de investigacao e modelos gerenciais
de cooperativas, comparativamente a temas como associacoes, fusoes e
aquisicoes, mas nao e o que ocorre. A busca de trabalhos cientificos no
banco de dados do Proquest e no motor de busca do Google Academico
mostra a existencia de trabalhos de varias ciencias, entre elas a
Economia, o Direito, a Sociologia Critica, mas pouco material sobre a
cooperativa como organizacao de negocio (quando o foco tende mais para
os aspectos economicos e produtivos) ou como rede de cooperacao (quando
o foco tende mais para os aspectos das acoes coletivas). A expressao
cooperativa circunscrita ao titulo gera em torno de 8 mil referencias
nos dois modos de busca, e a expressao cooperativa e redes gera 55
referencias. A leitura dos titulos e dos resumos dessas referencias
indica um leque de temas sociais, de Informatica, de Pedagogia e alguns
poucos de Administracao, como em Oliveira e Goncalves (2011). A
expressao cooperativas habitacionais gera 24 resultados, com dominancia
de temas politicos (5) e economicos (5). As expressoes cooperativas
habitacionais e redes de negocios, ou rede de cooperacao, geram zero
resultados. Na pagina de busca da Anpad, que e a associacao que congrega
o maior contingente de trabalhos de pesquisa e gerencia em Administracao
no Brasil, a expressao cooperativa gera em torno de 120 referencias e as
outras combinacoes geram resultado zero.
Mesmo considerando a simplicidade da busca bibliografica, as
relacoes entre os numeros sao claras. Num universo de referencias em
dois motores de busca, a relacao entre trabalhos sobre cooperativas e a
perspectiva de redes e praticamente nula. Existe uma lacuna a ser
preenchida, ja que o tema do cooperativismo contem aspectos politicos,
economicos e sociais de grande interesse, particularmente na perspectiva
de redes e de acoes coletivas (OLIVEIRA, 2012). A propria palavra
cooperativa ensejaria trabalhos na perspectiva de redes e de acoes
coletivas.
Especificamente no caso de habitacao, as cooperativas habitacionais
brasileiras constituem um campo interessante de estudo, no aspecto de
analise das relacoes de cooperacao e no aspecto gerencial. Segundo
informacoes do censo divulgado pela Organizacao das Cooperativas do
Brasil, cerca de 53% das cooperativas compram o terreno com recursos
proprios e mais de 56% realizam a obra e disponibilizam imoveis por meio
do autofinanciamento. A maioria das cooperativas (84%) visa construir
exclusivamente moradias, enquanto as restantes (16%) se ocupam tambem da
manutencao e reformas dos imoveis ocupados (SESCOOP, 2011).
Ainda utilizando dados desse relatorio (SESCOOP, 2011), o Brasil
tem 226 Cooperativas Habitacionais inscritas e ativas, que geram 2.472
empregos diretos, seja na administracao, seja na gestao de obras, tendo
104.908 socios cooperados. Esses dados sugerem, por exemplo, estudos
comparativos entre as cooperativas.
Segundo Santos (2005), as cooperativas habitacionais do tipo
autogestionarias, ou seja, aquelas que nascem sem a interferencia direta
do governo, constituem uma alternativa de habitacao no Brasil, bem como
em varios paises de diversos niveis de desenvolvimento economico. Elas
estao inseridas numa nova forma de politicas publicas, na qual se unem
os interesses do governo, das empresas e da sociedade civil. Este tema
tambem e raramente desenvolvido no Brasil. Um dos trabalhos e o de
Bonduki (1997), que aplicou a perspectiva de redes ao tema de politicas
habitacionais.
Essa configuracao de um campo organizacional de instituicoes
conectadas sugere temas interessantes de pesquisa, praticamente ausentes
na producao cientifica brasileira, como a estrutura da cooperativa, a
posicao e importancia de uma cooperativa em suas relacoes com outras
instituicoes, os beneficios e limites de uma cooperativa em suas
ligacoes em rede. Uma possivel explicacao para a ausencia de trabalhos
sobre o tema e a dominancia do paradigma das formas de competicao
isolada. Como sera exposto na proxima secao, e possivel ver o campo
organizacional como uma teia de ligacoes, o que e mais do que um
conjunto de instituicoes competindo entre si. Dito de outra maneira e
utilizando o argumento da sociedade em rede, entende-se que os
participantes nao percebem a rede de relacoes na qual estao envolvidos e
que os pesquisadores reutilizam e reforcam essa lente perceptiva.
3. OS ARGUMENTOS DO PARADIGMA DA SOCIEDADE EM REDE
O fenomeno de redes tem gerado discussoes crescentes nas ultimas
decadas, principalmente sobre os fatores de nascimento, desenvolvimento,
resultados e governanca delas (NOHRIA; ECLES, 1992; EBERS; JARILLO,
1997-98; GULATI; GARGIULO, 1999; CASTELLS, 1999; VERSCHOORE; BALESTRIN,
2008). As teorias de redes desenvolveram-se basicamente a partir de tres
fenomenos: as aglomeracoes agroindustriais da Italia, o sistema Toyota e
as fusoes de empresas. Aos poucos, a area foi incorporando os conceitos
das redes sociais e criando as condicoes para a afirmativa de que todas
as organizacoes operam em rede (NOHRIA; ECLES, 1992). Nas duas ultimas
decadas, a visao se estendeu aos arranjos de coordenacao dos programas
do governo, principalmente na saude, turismo e habitacao. A nocao de
redes esta estreitamente vinculada a situacoes sociais, politicas e de
negocios que envolvem relacionamento entre muitas partes, as quais criam
uma interdependencia. Entende-se que esse e o caso das cooperativas
habitacionais.
Como as redes compreendem acoes colaborativas conscientes para
estabelecer e manter um grupo de organizacoes com objetivos comuns, elas
podem ser chamadas de redes de cooperacao (ANTONI; SABATINI, 2013). As
redes de cooperacao tem, portanto, a capacidade de facilitar a
realizacao de acoes conjuntas e a integracao de recursos para alcancar
objetivos comuns.
A teoria da sociedade em rede tem como base os escritos de Castells
(1999) e Nohria e Ecles (1992). Para Castells (1999), a sociedade atual
caracteriza-se por seu formato em rede, em substituicao a estrutura
anterior, formada por pequenos grupos, como a familia. Nesse formato, o
poder nao e centralizado, mas disseminado em inumeras ligacoes, e o
controle e minimo. A afirmativa principal da teoria da sociedade em rede
e que cada vez mais se torna inevitavel que cada pessoa se envolva em
conexoes com muitas outras, o mesmo ocorrendo com as organizacoes. Uma
empresa esta numa rede, mesmo que seus integrantes nao a reconhecam. O
fato basico da constituicao das redes e a existencia de
interdependencia, ja que atualmente uma empresa isolada nao consegue
realizar todas as complexas tarefas de planejamento, producao,
comercializacao, atendimento, adaptacao legal e ambiental, entre outras.
Nohria e Ecles (1992) afirmam que o termo redes tornou-se o modo atual
de descrever e investigar organizacoes, conforme se ve exemplificado em
Wang et al. (2013).
Alguns campos e temas da Administracao, tais como turismo, sistemas
financeiros e cadeias automotivas, ja contam com varias publicacoes
sobre a aplicacao do paradigma de redes. No campo de cooperativas
habitacionais, conforme se demonstrou na secao anterior, os estudos sao
raros, apesar de o campo oferecer temas muito interessantes na
perspectiva de analise (a cooperacao, a confianca, as formas de
controle, a construcao de objetivos coletivos comuns, as assimetrias
entre os associados) e na perspectiva gerencial (solucao de conflitos,
desenvolvimento da confianca, desenvolvimento de objetivos coletivos,
formas de incentivo e controle, competitividade no mercado).
O tema de redes teve um impulso cientifico mais forte na decada de
1980. Autores como Miles e Snow (1986), Jarillo e Ricart (1987),
Granovetter (1985), Nohria e Eccles (1992) e, mais recentemente, Rusbult
e Kubacka (2009) abordaram temas como vantagens obtidas nas redes,
estrategias de empresas nas redes, estrutura e gestao de redes,
interdependencia. Nesse periodo de valorizacao do tema de redes surgiram
os tres grandes paradigmas que orientam as pesquisas da area: (a) o
paradigma racional e economico, voltado para os ganhos de custos e
processos nas acoes coletivas; (b) o paradigma social-tecnico, voltado
para variaveis sociais tais como cooperacao, comprometimento e luta por
poder, caracterizando o equilibrio dinamico das redes; (c) o paradigma
da sociedade em rede, que parte da afirmativa de que esta em
desenvolvimento um novo formato social, fundado nas multiplas relacoes,
no poder disseminado e em sistemas nao hierarquicos de producao.
Sobre o paradigma racional economico encontram-se varios artigos
brasileiros de Logistica, tal como o de Borges (2004), e de Engenharia,
tal como o de Amato Neto (2005). Na linha social-tecnica encontram-se
trabalhos como os de Wegner e Dahmer (2004) e de Sacomano Neto e Truzzi
(2010), que discutem estrutura e governanca. Ja na linha da sociedade em
rede os artigos sao mais raros, como os de Giglio (2010) e Zaccarelli
(2005), este ultimo apresentando uma conceituacao de rede como unidade
competitiva.
Apesar da existencia de tres paradigmas, os trabalhos convergem nos
aspectos essenciais a serem considerados tanto para analise quanto para
gerencia, dentre os quais a coordenacao da rede, a solucao das
assimetrias (principalmente de capacidades e de objetivos), a aceitacao
e operacao da interdependencia entre as partes, os incentivos e
mecanismos de controle para incrementar a cooperacao e inibir
comportamentos oportunistas e o desenvolvimento de um fluxo de
informacoes tecnicas e sociais. Essas conjuncoes apontam para os fatores
estruturantes das redes.
3.1. Fatores Estruturantes de uma Rede
Neste item apresentam-se os fatores que caracterizam a formacao, o
desenvolvimento e a conducao das acoes gerenciais nas redes.
A teoria de redes esta fundada na ideia das inter-relacoes e esse e
o foco das pesquisas academicas e das acoes gerenciais. O objetivo
basico do pesquisador e do gerente e conhecer a forma e o conteudo das
trocas entre os participantes, considerando as trocas sociais (de
confianca, por exemplo) e as trocas tecnicas (de conhecimentos sobre um
processo, por exemplo). A quantidade e a qualidade dessas transacoes
caracterizam a natureza e o grau de organizacao e desenvolvimento de uma
rede.
A partir de reflexoes sobre pesquisa bibliografica previa, que
apontou as conjuncoes na literatura, conforme apresentado ao final da
secao anterior, afirma-se que os seguintes pontos merecem atencao do
pesquisador e do gerente:
a. Interdependencia. E a situacao que retrata a dificuldade de uma
organizacao em dominar todas as especialidades necessarias para o
negocio, surgindo a necessidade de uma troca, em que cada empresa busca
na outra o recurso necessario. A interdependencia exige a atitude de
acao coletiva e comprometida, ou seja, o objetivo coletivo deve
prevalecer (NOHRIA; ECLES, 1992; RUSBULT; KUBACKA, 2009).
b. Assimetrias. Sao as diferencas de objetivos, capacidades,
expectativas e recursos entre as organizacoes. Numa rede ideal, todos
disponibilizam seus recursos para que eles possam ser utilizados
coletivamente, diminuindo as assimetrias. E claro que, na realidade,
existem diferencas e resistencias entre os participantes, mas o que
importa e que essas diferencas nao ocasionem desconfiancas, ou
oportunismos, ou falta de comprometimento. Quando ha compartilhamento e
as assimetrias sao gradativamente resolvidas, a rede se desenvolve
(GRANDORI; SODA, 1995; HAKANSSON; FORD, 2003).
c. Estrutura. E o conjunto de relacoes cotidianas, repetitivas e
com papeis mais definidos dos atores. A estrutura pode ser formalizada
quando existe um documento que define funcoes, regras e punicoes dentro
do grupo (BURT, 2004; TICHY; TUSHMAN; FOMBRUN, 1979). A estrutura tambem
pode ser flexivel, quando as posicoes nao sao fixas, caso de pequenas
redes de artesanato.
d. Governanca. Sao as regras explicitas e implicitas para promover
o desenvolvimento da rede e restringir as acoes oportunistas. Os estudos
demonstram que, quanto mais confianca e comprometimento existem nas
relacoes entre os atores, mais facilmente sao resolvidas questoes de
grupo e menos necessario se torna elaborar regras formais e criar
controles (GRANDORI; SODA, 1995; JONES; HESTERLY; BORGATTI, 1997).
e. Formas de compartilhamento e dominancia de fluxos. As trocas tem
o objetivo de resolver as assimetrias e circular os recursos
necessarios. Associados aos fluxos tecnicos encontram-se os fluxos
sociais, que tambem contribuem para a solucao de conflitos, quando se
trata de relacoes de confianca e comprometimento, ou criam os conflitos,
quando as relacoes sao de poder e competicao interna. A natureza
(tecnica e social) e a forma dos fluxos (livre, controlada, entre
subgrupos) influenciam o desenrolar da rede e as decisoes dos
participantes (GULATI; GARGIULO, 1999; LATOUR, 2005).
f Resultados. Um grupo opera sempre buscando alcancar objetivos
coletivos e individuais. Em redes de negocios estes sao
predominantemente economicos, mas existem outros resultados possiveis,
tais como acesso a mercados, aprendizagem de novos processos, difusao de
marca coletiva. A obtencao de resultados positivos e fator importante na
motivacao do grupo em continuar na rede (MILES; SNOW, 1986).
Os fatores apresentados, com a indicacao de autores que se
dedicaram ao tema, somam-se a outros, como o numero de participantes,
formando a organizacao especifica daquele grupo. A observacao constante
do conteudo e da frequencia das trocas entre os atores indica a situacao
ou estagio de desenvolvimento de uma determinada rede. Conforme Larson
(1992), o desenvolvimento de uma rede segue alguns passos definidos, ate
adquirir um balanco estrutural e dinamico e ser nem muito estatico nem
extremamente volatil, mas apresentando um estado de
equilibrio-desequilibrio, conforme os seis fatores sao implantados.
Ser gerente de uma rede significa, basicamente, promover o
desenvolvimento do grupo ate esse estado de equilibrio dinamico,
alimentando as capacidades coletivas e controlando o comportamento
oportunista (MILES; SNOW, 1986).
Escolhidos e explicitados os fatores, criou-se a proposicao
orientadora de que e possivel investigar sua presenca/ausencia em
qualquer empresa, obtendo-se um desenho da organizacao da rede na qual a
empresa esta imersa. No proximo item apresenta-se a metodologia
desenvolvida para responder a proposicao.
4. METODOLOGIA
Neste item apresentam-se as afirmativas sobre o plano, a coleta e
as formas de analise da pesquisa realizada.
A pesquisa caracteriza-se como estudo de casos multiplos,
considerando-se que se analisou mais de uma cooperativa e sua rede de
relacoes, e de multitecnicas, ja que se realizaram levantamentos
bibliograficos e coleta de dados secundarios e primarios, buscando as
convergencias das informacoes. O trabalho pode ser classificado como
exploratorio, ja que o paradigma da sociedade em rede e raramente
aplicado no campo de investigacao das redes (COLLIS; HUSSEY, 2003).
Como primeiro passo, realizou-se uma investigacao bibliografica
sobre os conceitos, os modelos e as teorias que buscam explicar o
associativismo, as cooperativas e, em especial, as cooperativas
habitacionais. A conclusao, relatada ao final da secao 2, e de que sao
raros os trabalhos que buscaram aplicar as afirmativas da sociedade em
rede ao tema e campo das cooperativas habitacionais, o que traz certo
ineditismo ao presente trabalho.
O segundo passo foi realizar uma investigacao bibliografica sobre a
convergencia de afirmativas relativas ao paradigma da sociedade em rede,
que pudesse fundamentar a escolha dos fatores que caracterizam a rede
nessa perspectiva. O resultado foi explicitado na secao 3.1, com os
fatores interdependencia, assimetria, estrutura, governanca, formas e
dominancia de fluxos e resultados. Para cada um indicou-se o conceito
dominante.
O terceiro passo foi planejar e realizar a coleta e analise de
dados secundarios e primarios. A partir dos fatores explicitados na
secao 3.1, criouse um roteiro de observacao sobre a presenca/ausencia
desses fatores. A proposicao orientadora e de que e possivel encontrar e
desenhar redes de relacoes a partir dos fatores estruturantes de uma
rede e iniciando a investigacao com qualquer empresa do ramo
selecionado. A proposicao e decorrente das afirmativas da sociedade em
rede, explicitadas na secao sobre a base teorica.
A coleta de dados secundarios reuniu documentos, atas e material
impresso sobre o cooperativismo habitacional. Esses dados foram
disponibilizados nas empresas visitadas, nos arquivos das prefeituras e
nos documentos de posse dos cooperados.
A coleta de dados primarios realizou-se com entrevistas
semiabertas. A orientacao basica das questoes referia-se a
presenca/ausencia dos fatores e a busca de exemplos que sustentassem as
respostas. Foram selecionados 11 sujeitos a partir de criterios
tecnicos, sendo 3 gerentes de bancos de financiamento habitacional, 4
presidentes de cooperativas, 2 tecnicos e 2 engenheiros das construtoras
parceiras, cada qual participante de uma das quatro redes investigadas.
O acesso a eles foi facilitado pelos contatos dos autores, atuantes
nessa area.
Os dados foram analisados conforme os preceitos da analise de
conteudo (BARDIN, 2007), especificamente da analise tematica. De acordo
com essa tecnica, os discursos, sejam escritos, sejam gravados, sao
analisados buscando-se o tema central presente nas frases.
5. APRESENTACAO E ANALISE DOS DADOS
Nesta secao apresentam-se e discutem-se os dados das fontes
secundarias e primarias, incluindo os dados da pesquisa bibliografica
relatada na secao 2. Os dados sao analisados a partir das afirmativas da
sociedade em rede, considerando-se os fatores selecionados.
Secundariamente, para servir de teste da capacidade desses fatores em
indicar acoes gerenciais, foram construidas sugestoes de acoes e
analisadas sua logica e operacionalidade.
Para iniciar a analise, serao apresentados os dados secundarios
sobre as caracteristicas e historia das cooperativas habitacionais.
5.1. Organizacao das Cooperativas Habitacionais
Na literatura especializada observam-se diversos conceitos para o
termo cooperativismo, dominando a ideia de vantagem economica
(EMELIANOFF, 1948; COSGROVE, 1994; GONZALEZ, 2001; BENINI, 2003;
ALMEIDA; BRIONES PENALVER; FERNANDES, 2012). Um ponto importante e que a
cooperativa e uma associacao voluntaria, na qual ha a presenca de
disposicao para a acao coletiva. Outro ponto importante e que, por
definicao, a cooperativa e de todos, o que implica a disseminacao do
poder, mesmo existindo um centro gestor.
A pesquisa de dados secundarios mostrou que o marco do surgimento
das cooperativas de habitacao no Brasil e a Lei no. 4.380/64, que criou
o chamado Sistema Financeiro Habitacional-SFH, o qual atribuiu as
cooperativas o papel de agentes promotores. Os agentes promotores do SFH
seriam entidades publicas, ou particulares, que associariam a execucao
de programas setoriais de construcao de habitacoes as atividades
financeiras referentes a sua comercializacao. Estao nessa categoria as
companhias de habitacao, as cooperativas habitacionais e outras
entidades.
No inicio do Plano Nacional de Habitacao, as cooperativas
habitacionais recebiam os recursos diretamente do Banco Nacional de
Habitacao (BNH) e elas proprias eram responsaveis pela captacao de
associados, elaboracao do projeto de construcao e orcamento das obras. O
Decreto no. 58.377/66 restringiu o credito do BNH somente as chamadas
cooperativas operarias, cujo funcionamento dependia de autorizacao
governamental. Essas cooperativas eram organizacoes fechadas, sem fins
lucrativos, com numero prefixado de associados, constituidas apenas de
trabalhadores sindicalizados e cujo objetivo exclusivo era a realizacao
de um plano habitacional para atendimento de seus associados mediante um
sistema de poupanca e amortizacao.
O mesmo Decreto criou os chamados INOCOOPs--Institutos de
Orientacao de Cooperativas Habitacionais, em ambito estadual, que
passaram a exercer funcoes de intermediarios na relacao entre as
cooperativas e o BNH, objetivando a eficiencia da engenharia financeira
dos investimentos.
Com essas regras, mais voltadas aos aspectos economicos, o BNH
passou a oferecer financiamento somente a obras de larga escala e baixa
qualidade, visando a quantidade de habitacoes construidas. Houve tambem
o uso politico desses financiamentos para a classe operaria. Assim, as
cooperativas habitacionais eram passivas nas relacoes entre o BNH, o
INOCOOP e as construtoras contratadas. Estas ultimas captavam a demanda,
faziam as inscricoes, dispunham do local para a sede da Cooperativa,
elaboravam projetos, incumbiam-se de todas as providencias
administrativas, bem como das construcoes, e solicitavam ao BNH o
financiamento do projeto.
Esse foi o quadro durante alguns anos, num sistema hierarquico de
producao, no qual a cooperativa tinha uma posicao secundaria, sem os
sinais dos fatores estruturantes de redes.
Mudancas politicas e de mercado extinguiram o BNH. Como o governo
nao acenava com novos movimentos de instituicoes voltadas para a solucao
do problema habitacional, foram surgindo cooperativas habitacionais por
acoes voluntarias, com o principio cooperativo mais puro de os
associados contribuirem cada qual com um pouco para que o grupo todo
tivesse o suficiente para os projetos. Aqui surgiram os sinais da
organizacao em rede, entre eles a interdependencia entre os cooperados e
o comprometimento. As cooperativas habitacionais passaram a atuar como
sociedades empresariais sem fins lucrativos, com o objetivo de
comercializar unidades imobiliarias para seus cooperados a um custo
inferior ao das construtoras, com prazos de pagamento semelhantes e
formas distintas de entregar os produtos a cada associado.
Apesar da presenca desse principio voluntario e coletivo, as
cooperativas habitacionais brasileiras surgiram por decreto, por
intervencao estatal, o que deu uma caracteristica distinta a essa area.
Para serem percebidas como cooperativas de fato, foi necessario sair
dessa condicao de decreto para uma condicao de voluntariado. A
intervencao estatal, no entanto, nunca foi completamente eliminada,
porque a habitacao sempre foi um tema de intenso uso politico. Outra
caracteristica interessante e que o sistema cooperativo apresenta uma
condicao especial nas relacoes comerciais, que e o principio da
identidade (FRANKE, 1973). Nele, os proprietarios do servico sao os
proprios usuarios, o que, em teoria de rede, no fator comprometimento, e
uma condicao otima para o desenvolvimento de acoes coletivas.
Conforme a Lei no. 5.764/71, a formacao de uma cooperativa
habitacional se da por meio da uniao de, no minimo, 20 pessoas fisicas,
as quais sao donas e usuarias da cooperativa. A constituicao da
diretoria no primeiro momento e feita por votacao entre os cooperados, o
que implica a existencia de conhecimentos previos sobre o perfil,
reputacao e acoes dos candidatos. O processo de escolha da diretoria,
portanto, tem ligacao com as relacoes sociais anteriores dos
participantes.
Os cooperados decidem sobre o valor das contribuicoes a serem pagas
para a construcao das moradias, a compra do terreno e as despesas
administrativas, o que implica um alto grau de fluxo de informacoes,
pois assimetrias existentes (por exemplo, alguns bem informados, outros
nao; alguns com mais capital, outros com menos) podem comprometer a
discussao e decisao final. Alem dessas decisoes sobre questoes basicas,
os participantes tambem podem decidir sobre outras questoes financeiras
e administrativas, o que reforca a necessidade de intensa troca de
informacoes.
Outra regra interessante que deve ser aceita pelos cooperados,
semelhantemente ao sistema de consorcios, e que a entrega do produto e
feita por meio de sorteio durante as assembleias.
Como se percebe, na perspectiva das relacoes internas de uma
cooperativa encontram-se alguns sinais que caracterizam as redes, tais
como interdependencia (se alguem falhar, o sistema todo fica
prejudicado), objetivo comum acima dos interesses individuais, fluxo
intenso de informacoes para diminuir assimetrias e decisoes coletivas.
Na proxima secao examina-se a presenca, ou ausencia, dos seis
fatores estruturantes de redes em quatro exemplos de cooperativas
habitacionais do Estado de Sao Paulo, unindo dados secundarios e
primarios.
5.2. Analise de quatro cooperativas habitacionais do Estado de Sao
Paulo
As cooperativas habitacionais do Estado de Sao Paulo em sua
totalidade sao autogestoras, constituidas de acordo com a Lei no.
5.764/71, complementada pela Lei de Politica Estadual de Apoio ao
Cooperativismo--Lei no. 12226/06, de 11 de janeiro de 2006.
Presentes na Grande Sao Paulo, interior e litoral, as cooperativas
sao uma forma alternativa de aquisicao de casa propria, contam com
subsidios fiscais por parte do governo e tem como missao basica apoiar
tecnica, financeira e operacionalmente o cooperativismo no Estado de Sao
Paulo. Espera-se que as cooperativas promovam parcerias para o
desenvolvimento do sistema cooperativista, estimulando a forma
cooperativa de organizacao social, economica e cultural na habitacao.
Como tarefas complementares, as cooperativas habitacionais pretendem
estimular a inclusao do estudo do cooperativismo nas escolas, oferecendo
uma visao alternativa as formas de producao, consumo e trabalho e
divulgando as politicas governamentais para o setor.
Segundo a Organizacao das Cooperativas do Estado de Sao Paulo
(OCESP, 2012), o Estado de Sao Paulo possui 50 cooperativas
habitacionais, algumas delas localizadas no municipio de Sao Paulo e
atendendo bairros carentes como Jardim Marajoara, Butanta e Interlagos.
Considerando essa situacao organizacional, bem como os objetivos
das cooperativas e o universo delas em Sao Paulo, foram levantados dados
secundarios e primarios de quatro cooperativas na cidade de Sao Paulo em
documentos das instituicoes, informacoes publicas em enderecos da
Internet, informacoes de relatorios das associacoes como a OCEP, artigos
em revistas academicas e revistas especializadas e entrevistas com
sujeitos tecnicos. A seguir, apresentam-se os dados resumidos das quatro
instituicoes.
a) COOP--A. Esta cooperativa foi fundada em 1991 e esta localizada
no centro da cidade de Sao Paulo. Constituida somente de cooperados,
entregou ate o momento 4.630 moradias, que representam 95,7% das 4.835
unidades sob sua responsabilidade. A cooperativa construiu predios de
apartamentos em varios bairros do municipio.
b) COOP--B. Foi fundada em 1996 e esta localizada num bairro da
zona sul de Sao Paulo. Ate o momento a cooperativa entregou 5.697
moradias, o que representa 85,9% das 6.630 unidades sob sua
responsabilidade. Das 933 unidades a entregar, 504 foram repassadas a
cooperados. As 429 restantes estao a disposicao para adesao ou sao
permutas para o pagamento de servicos e do terreno.
c) COOP--C. Foi fundada em 2002 e suspendeu suas atividades
durantes alguns anos. Foi recentemente reativada para atender aos
projetos ja iniciados. Esta localizada na zona norte da cidade de Sao
Paulo e seu produto e uma casa. Para a retomada das atividades da
cooperativa foi necessario realizar uma nova eleicao entre os
cooperados, o que constitui um caso interessante de rearranjo das
relacoes comerciais e sociais da cooperativa.
d) COOP--D. Foi fundada em 2001, localiza-se na zona leste da
cidade de Sao Paulo e atua em varias regioes, inclusive no litoral, o
que mostra sua capacidade de criar e ampliar ligacoes geograficas e de
negocios. Seus produtos sao apartamentos e sobrados e os dados indicam
que o cronograma de entregas nao tem atrasos.
Todas elas foram fundadas conforme as disposicoes legais e as
regras internas de cada cooperativa. Essas regras sao semelhantes nas
instituicoes e se referem a itens de administracao tais como eleicao de
diretoria, decisao sobre a contribuicao de cada um, acoes de controle
dos empreendimentos, entre outros. Tambem existe convergencia nas taxas
de administracao, que sao mais baixas que as taxas das construtoras e
empreendedoras. Conforme dados levantados em entrevista com um tecnico
financeiro, um imovel que e oferecido por uma construtora no valor de R$
136.787,96 reais, pela cooperativa e oferecido por R$ 97.858,64 reais.
As acoes das cooperativas sao orientadas e controladas por
entidades gestoras como o INOCOOP--Instituto de Orientacao de
Cooperativas Habitacionais; a OCB Organizacao das Cooperativas
Brasileiras; o SINDICOOPERATIVAS--Sindicato das Cooperativas do Estado
de Sao Paulo; o SINCOHAB--Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas e
Cooperativas Habitacionais e Desenvolvimento Urbano no Estado de Sao
Paulo; o SINDUSCON--Sindicato dos Trabalhadores na Construcao Civil; e a
OCESP--Organizacao das Cooperativas do Estado de Sao Paulo.
Considerando os fatores estruturantes descritos na secao 3.1 e os
dados coletados sobre as cooperativas, construiram-se as analises
descritas nos paragrafos seguintes. Para fins estritamente didaticos,
utiliza-se a expressao "rede interna" para indicar as relacoes
dos cooperados entre si e "rede externa" para indicar as
relacoes da instituicao cooperativa com outras organizacoes. Na logica
da sociedade em rede essa divisao nao tem muito sentido.
5.2.1. Sobre Interdependencia
As cooperativas so realizam suas funcoes se os cooperados fizerem
sua parte (o todo depende de cada um) e se ela, cooperativa, estabelecer
lacos de reciprocidade com agentes proximos, tais como construtoras,
bancos e governo local. Os dados coletados sugerem que a rede interna
das cooperativas pesquisadas esta funcionando de forma adequada, isto e,
com consciencia e atitude de acao coletiva, embora existam conflitos e
luta por poder, alem de ingerencia politica. Ja na rede de relacoes com
outras instituicoes nao se encontram sinais de reciprocidade e
consciencia de interdependencia. Na verdade, as cooperativas parecem se
posicionar num plano secundario e sao assim percebidas na perspectiva
das construtoras e do governo. Um sinal mais evidente que sustenta essa
conclusao e a falta de poder, de reputacao e de participacao nas
decisoes. Essa ausencia, conforme Rusbult e Kubacka (2009) e Burt
(2004), indica a dominancia de ligacoes fracas e poucas trocas da
cooperativa com outras instituicoes.
Como exercicio gerencial, uma acao que poderia modificar essa
situacao de posicao secundaria (e de assimetria de reputacao e poder)
seria a promocao mais frequente de eventos sociais em comunhao com
eventos comerciais, tais como a entrega de unidades, a assinatura de um
contrato com uma construtora, a obtencao de uma linha de credito. Essas
acoes poderiam ser capitalizadas para a cooperativa, fortalecendo seus
lacos.
5.2.2. Sobre Assimetrias
Na rede interna das cooperativas existem sinais de baixa
assimetria, ja que os cooperados tem um objetivo comum (a aquisicao do
imovel) e convergem em aspectos economicos, sociais e culturais. Nessa
situacao, nao existem conflitos relativos a diferencas a serem
resolvidas, o que e consoante com as afirmativas de Grandori e Soda
(1995) e Hakanson e Ford (2003). Ja na rede externa as assimetrias sao
fortes, com a cooperativa apresentando pouca forca de presenca quando
contrastada com interesses, capacidades e recursos de construtoras,
bancos e governo local. O quadro tende mais para conflitos de interesses
do que para cooperacao.
Numa linha gerencial, uma acao importante seria desenvolver a
valorizacao de um objetivo coletivo social (oferecer moradia para
pessoas) entre as instituicoes, colocando interesses economicos e
politicos em segundo plano. Nao e facil, mas e possivel argumentar para
as instituicoes que um objetivo coletivo social pode garantir resultados
economicos e politicos para os participantes. Em outras palavras, e o
esforco para colocar a palavra cooperativa em evidencia nas ligacoes
entre as instituicoes.
5.2.3. Sobre Estrutura
Embora as cooperativas tenham que seguir certas normas do governo,
sua estrutura (isto e, a posicao relativa de cada cooperado) e decidida
internamente, conforme afinidades e experiencias sociais previas. Ja na
rede externa a posicao das cooperativas analisadas e de lacos fracos e
de baixa frequencia, ou seja, as cooperativas nao fazem parte das
relacoes diarias de outras instituicoes, o que ocasiona fluxos
extemporaneos e basicamente tecnicos. A dominancia de lacos fracos
apresenta vantagens e problemas, conforme Granovetter (1985). Uma das
vantagens e a empresa usufruir de certo grau de liberdade para buscar
novas ligacoes, fora do grupo mais proximo, que tragam inovacoes. No
caso das cooperativas analisadas, seus lacos fracos nao apresentam as
vantagens afirmadas por Granovetter, incluindo a inovacao.
A Figura 1 ilustra o ideal de uma rede de relacoes fortes das
quatro cooperativas com outras instituicoes, incluindo elas mesmas. Nao
e o que se encontrou na pesquisa. Para tornar o exemplo mais claro, a
ilustracao desconsiderou as relacoes cruzadas entre as instituicoes que
nao sao cooperativas, mas e claro que essas relacoes tambem existem.
[FIGURE 1 OMITTED]
Numa linha gerencial, uma acao importante seria aumentar a presenca
da cooperativa nos fluxos de informacoes entre os participantes do
negocio. Rede social poderia ser um caminho para maior visualizacao
desses atores e sua proximidade com outras instituicoes (muitas das
quais tambem construiram suas redes sociais e de relacionamento com o
mercado).
5.2.4. Sobre Governanca
Conforme se viu nas secoes anteriores, existem varias regras a
serem seguidas para a constituicao e acoes das cooperativas. Imbricada
com as acoes tecnicas, a existencia de relacoes sociais foi indicada
pelos dados, por exemplo, na escolha de diretoria, na discussao de
problemas comuns do bairro, num certo controle social para evitar
oportunismos (nos mecanismos de sorteio das unidades, por exemplo), o
que indica a existencia de uma governanca informal. Na rede externa, as
relacoes sao estritamente tecnicas, sem sinais de governanca informal.
Conforme Grandori e Soda (1995), as relacoes formais e informais
apresentam-se lado a lado nas redes e criam uma especie de equilibrio
entre as relacoes tecnicas e sociais dos atores. A dominancia, ou fraca
presenca de uma delas, cria uma assinatura especifica para aquela rede
(DeLEON; VARDA, 2009). A assinatura da rede na qual as cooperativas
estao imbricadas e de dominio dos fluxos tecnicos.
Numa linha gerencial, uma acao importante e manter e desenvolver
cada vez mais a rede social interna, pois ela joga um importante papel
na confianca no comportamento dos participantes e em seu controle. Na
rede externa, onde predominam as relacoes tecnicas, fica muito dificil
desenvolver governanca informal, mas isso ainda pode ser tentado
naquelas situacoes sociais ja comentadas na analise do item A, sobre
interdependencia, mediante a criacao de eventos sociais.
5.2.5. Sobre formas de compartilhamento e dominancia de fluxos
Os dados indicam que na rede interna da cooperativa existem
intensos fluxos de informacoes, com conteudos tecnicos e sociais, o que
proporciona certo equilibrio dinamico intraorganizacional, conforme
afirmativas de Gulati e Gargiulo (1999) e de Latour (2005). Na rede
externa, conforme ja comentado, os fluxos sao essencialmente tecnicos e
com acesso parcial, pois algumas informacoes nao chegam aos cooperados,
sendo recebidas e resolvidas pela diretoria.
Uma possivel acao gerencial, seguindo a logica das sugestoes
anteriores, seria criar formas de relacionamento social entre as
instituicoes. Esses vinculos, quando existentes, criam maior
comprometimento nas acoes (por exemplo, um banco nao colocar obstaculos
na liberacao de verba).
5.2.6. Sobre resultados
Os dados indicam que o resultado mais importante, a entrega da
moradia, ocorre com certa regularidade nas cooperativas. Resultados
secundarios, tais como ganhos de imagem e ganhos politicos, tambem foram
observados. Na rede externa, no entanto, mesmo com os resultados das
cooperativas, nao se observaram mudancas, ou satisfacao, ou resultados
sobre interesses particulares de outras instituicoes, que criassem maior
comprometimento e frequencia nas relacoes com as cooperativas, conforme
se esperava que ocorresse (MILES; SNOW, 1986).
Numa linha gerencial, alem das acoes cotidianas de comunicacao com
os cooperados, quando da entrega das unidades, seria interessante
realizar a mesma acao para a comunicacao com as instituicoes parceiras
e, se possivel, indicacao dos ganhos e resultados a esses parceiros.
Entre os possiveis ganhos, podem-se citar os ganhos politicos para o
governo, economicos para os bancos, sociais para a comunidade do bairro
e ganho de imagem para a construtora.
5.3. Resposta a proposicao orientador
As analises realizadas sustentam o argumento da sociedade em rede.
Nas quatro cooperativas foi possivel detectar a presenca dos seis
fatores estruturantes de redes, mesmo com a dominancia de lacos fracos
entre as cooperativas e outras instituicoes. Encontraram-se sinais de
interdependencia, assimetrias, estrutura, governanca, fluxos de trocas e
resultados.
Na chamada "rede interna" esses sinais foram mais
evidentes. Ja na chamada "rede externa" a percepcao que outras
instituicoes parecem ter do lugar e da importancia secundaria das
cooperativas inibe e esconde alguns sinais de redes, tais como os
referentes a interdependencia e aos fluxos de troca. No entanto, num
exame mais cuidadoso, percebe-se que as proprias regras do governo
criaram artificialmente a interdependencia (cada instituicao depende da
outra para realizar sua tarefa), obrigando organizacoes assimetricas a
trabalhar em conjunto. Ha uma estrutura formal, os fluxos sao
essencialmente tecnicos e os resultados sao pouco partilhados. A rede,
no entanto, esta la, so que pouco organizada, ou desenvolvida,
considerandose os seis parametros.
Essa posicao secundaria das cooperativas habitacionais e
interessante e polemica, uma vez que autores como Burt (2004) afirmam
que as organizacoes que se posicionam como intermediarias numa
rede--neste caso, entre as empresas construtoras, as instituicoes do
governo e os consumidores-cooperados--tem mais chances de se tornar
importantes, ou poderosas, ou referentes, porque funcionam como roots,
como pontes entre partes. No caso das cooperativas, interpreta-se que
lhes falta a consciencia de rede e, especificamente, do papel de
intermediarias nessa teia. Conforme dados apresentados, as
incorporadoras e construtoras acabaram assumindo parte das relacoes que
caberiam as cooperativas, tais como a captacao de consumidores e as
relacoes com os bancos. O problema habitacional e de tal importancia no
pais que a instituicao que melhor capitalizar as solucoes sera vista
como central na rede de relacoes, o que gerara mais procura e mais
centralidade, num movimento de retroalimentacao.
Entende-se tambem que falta o sentido coletivo entre as proprias
cooperativas, que atuam de forma mais isolada, como organizacoes que
competem entre si. Conforme Verschoore e Balestrin (2008), organizacoes
com a mesma missao e estrutura podem se unir, formando redes
horizontais, fortalecendo-se como elo de uma cadeia e incrementando as
trocas de informacoes.
Em outros trabalhos com a mesma linha de investigacao e ainda nao
publicados, os autores deste artigo perceberam a mesma lacuna de visao
de redes em gerentes de escolas e de panificadoras, mais dedicados aos
processos internos e nao desenvolvendo suas relacoes.
6. CONSIDERACOES FINAIS
O objetivo do trabalho foi analisar e apresentar exemplos do
argumento da sociedade em rede, resumido na afirmativa de que todas as
organizacoes estao em rede, quer utilizem, quer nao, suas conexoes. A
proposta de investigacao esta alinhada com as evidencias sobre a
crescente importancia do tema de redes, nas suas manifestacoes nos
negocios, nas politicas publicas, nas redes sociais (GIGLIO, 2010). A
expressao redes tem sido cada vez mais utilizada para a compreensao dos
novos arranjos institucionais (BORZEL, 1998); conforme Nohria e Ecles
(1992), e uma perspectiva teorica que apresenta vantagens na capacidade
explicativa e nos modos operacionais de investigar as instituicoes.
O trabalho, portanto, esta inserido nessa corrente de valorizacao
da abordagem da sociedade em rede. Reflexoes anteriores dos autores e
pesquisa bibliografica apresentada na secao 3 deste trabalho indicaram
que ha convergencia na literatura sobre quais fatores caracterizam a
existencia e configuracao de redes. Os fatores sao: interdependencia,
assimetrias, estrutura, governanca, formas de compartilhamento e
resultados. Considerando a afirmativa basica e a convergencia dos
fatores, criou-se a proposicao orientadora, segundo a qual e possivel
encontrar e desenhar redes de relacoes a partir dos fatores
estruturantes de uma rede, iniciando a investigacao com qualquer empresa
do ramo selecionado, isto e, a partir de qualquer no da rede.
Como campo de investigacao, escolheu-se a rede de relacoes de
cooperativas habitacionais. Esse campo apresenta caracteristicas
especiais, porque coexistem objetivos de negocios, como producao com
preco e qualidade, com objetivos sociais, como a inclusao de pessoas sem
recursos para obtencao de moradia. Alem do fato de os autores terem
facilidade de acesso a pessoas e documentos, essa escolha tambem se
justificou pela conclusao da analise bibliografica sobre o tema,
conforme se verifica na secao 2, que indicou a raridade de artigos sobre
cooperativas, apesar de sua importancia social e economica. Quando se
colocou o filtro de trabalhos na perspectiva especifica de redes, o
resultado foi zero.
Com essas informacoes e com os principios teoricos construiu-se o
plano da pesquisa, objetivando investigar dois pontos: (A) A presenca
dos fatores, sustentando a afirmativa de que todas as organizacoes estao
em rede; (B) A possibilidade de os dados indicarem acoes gerenciais, o
que poderia indicar a forca do modelo explicativo e a validade dos
instrumentos de pesquisa. O detalhamento metodologico encontra-se na
secao 4.
Foram levantados dados das redes nas quais participam quatro
cooperativas habitacionais do Estado de Sao Paulo.
Sobre o ponto (A), as analises indicaram a sustentacao da
afirmativa. Foi possivel verificar a presenca dos seis fatores na rede
de relacoes das cooperativas. Conforme os dados foram sendo coletados e
analisados, surgiu a possibilidade, estritamente academica, de separar
as relacoes "internas", isto e, entre os cooperados, das
relacoes "externas", isto e, da cooperativa com outras
instituicoes. Essa divisao artificial foi interessante porque deu origem
a um quadro de uma rede bem configurada das relacoes internas (todos os
seis fatores com fortes sinais de presenca) e um quadro de uma rede
pouco desenvolvida das relacoes externas (todos os fatores com sinais,
mas por vezes bem fracos).
Os resultados tambem possibilitaram o exercicio do objetivo
secundario do trabalho, o ponto (B). Foi possivel construir sugestoes de
acoes gerenciais, indicando que os fatores sao discriminantes para
compreender a situacao, ou estado, ou estagio de desenvolvimento da rede
na qual a cooperativa esta inserida. Uma das conclusoes interessantes
desse exercicio gerencial foi verificar que as cooperativas nao
aproveitam sua posicao de intermediarias nas relacoes com outros atores,
tais como construtoras, governo e sociedade, uma vez que autores (BURT,
2004) afirmam que a organizacao que ocupa uma posicao intermediaria tem
mais chances de se tornar um ator central na rede.
As conclusoes do trabalho estao alinhadas com os principios do
paradigma da sociedade em rede. Conforme Castells (1999) e Nohria e
Ecles (1992), a sociedade se organiza cada vez mais no formato em rede,
substituindo o padrao de pequenos grupos, fechados e com lacos
redundantes, como e o caso de grupos familiares e pequenas empresas. No
foco mais especifico dos negocios, modificam-se os padroes de producao e
estrategias das empresas, cada vez mais definidos pela rede de relacoes
em que a instituicao esta imersa. A pesquisa mostrou, no entanto, que as
cooperativas habitacionais investigadas ocupam posicao secundaria na
rede de relacoes, embora sejam as principais responsaveis pela producao
e entrega do imovel. Sinais oriundos das entrevistas possibilitam a
interpretacao de que faltam aos representantes das cooperativas a visao
e a consciencia de uma sociedade em rede, uma vez que seguem a trilha de
estrategias de competicao isolada.
O trabalho tem como um de seus limites a discussao teorica, ja que
os autores optaram por apresentar diretamente os argumentos da sociedade
em rede, sem discutir os outros dois paradigmas existentes, o paradigma
racionaleconomico de redes e o paradigma social-tecnico. Esse trabalho
comparativo ensejaria um ensaio completo. Um segundo limite refere-se ao
painel de cooperativas escolhidas. O acesso aos dados foi possibilitado
principalmente pelos contatos dos pesquisadores, mas subsiste a duvida
sobre se esses casos poderiam ser representativos do que ocorre com o
universo das cooperativas, seja no Estado de Sao Paulo, seja no Brasil.
Como o objetivo principal era discutir uma afirmativa, aceita-se o
limite, mas se entende que ele nao prejudica a discussao apresentada. Na
verdade, o limite apresenta um incentivo para novas pesquisas.
Sobre os beneficios, o primeiro deles refere-se a colocar em pauta
o tema das cooperativas habitacionais na perspectiva de redes, dentro do
campo da Administracao, uma vez que predominam trabalhos de Direito e
Politicas Publicas. Em trabalhos anteriores dos autores (referencias
omitidas) o tema das redes na construcao civil, nos servicos
imobiliarios e nas politicas publicas de habitacao ja havia sido
tratado. A conclusao comum nesses estudos e de que sao raros os
trabalhos na perspectiva de redes, apesar da complexidade do negocio, o
que indica que esta lente teorica tem competencia para explicar o
fenomeno.
Outro beneficio, resultado do exercicio de construcao de acoes
gerenciais, e mostrar uma linha alternativa de desenvolvimento de
organizacoes, no caso, as cooperativas, a partir de suas conexoes,
diferentemente do padrao de utilizar os chamados recursos internos. A
analise demonstrou que um dos problemas das cooperativas e sua posicao
secundaria na rede de relacoes, com as consequencias que isso implica em
sua reputacao, poder e legitimidade. As construtoras estao assumindo
funcoes das cooperativas, levando a fama, a responsabilidade e a
visibilidade.
Concluindo, pode-se afirmar que o argumento da sociedade em rede
encontrou sustentacao na analise das relacoes das cooperativas
habitacionais com outros atores. As cooperativas estao imersas numa
trama de relacoes com inumeras organizacoes, e os dados indicam que seus
gestores nao veem essa rede, atuando no padrao tradicional de mercado.
Afirma-se que a consciencia do formato em redes poderia trazer
beneficios as cooperativas, pois indica um caminho alternativo de
aproximacao com as organizacoes, ao inves de relacoes estritamente
comerciais. Tecnicamente, afirma-se que as cooperativas estao imersas em
redes num estado de latencia, isto e, as redes existem, mas nao se
organizaram e nao se desenvolveram.
Na perspectiva metodologica, o trabalho modestamente indica um
campo de pesquisas promissor, utilizando um conjunto de fatores que pode
ser aprimorado e utilizado num instrumento de pesquisa.
DOI: 10.5700/rege548
Recebido em: 17/12/2012
Aprovado em: 22/9/2014
Ernesto Michelangelo Giglio
Professor e Pesquisador do Programa de Mestrado em Administracao da
Universidade Paulista (UNIP)--Sao Paulo-SP, Brasil
Doutor em Administracao pela Universidade de Sao Paulo
E-mail: ernersto.giglio@gmail.com
Jose Roberto Gamba
Professor de Administracao do Grupo Drummond--Sao Paulo-SP, Brasil
Mestre em Administracao pela Universidade Paulista (UNIP)
E-mail:jose.roberto335@gmail.com
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