Credit rating, corporate governance and performance of listed companies in BM&FBOVESPA/Rating de credito, governanca corporativa e desempenho das empresas listadas na BM&FBOVESPA/Rating de credito, governanza corporativa y rendimiento de las empresas alistadas en la BM&FBOVESPA.
Pereira, Lucyan Hendyo Max ; Martins, Orleans Silva
1. INTRODUCAO
Nas primeiras decadas dos anos 2000, uma serie de escandalos
envolvendo grandes corporacoes e fracas praticas de protecao aos
investidores, baixos niveis de transparencia e problemas relacionados a
veracidade das informacoes financeiras despertou discussoes sobre a
importancia da governanca corporativa. Nos Estados Unidos da America
(EUA), a Lei Sarbanes-Oxley consagrou-se como um marco legal pioneiro no
debate da governanca, sancionando normas e uma serie de conceitos
relacionados as boas praticas de governanca corporativa que acabaram
influenciando, mesmo que indiretamente, o advento de normas em outros
paises (BORGERTH, 2007).
Para o Instituto Brasileiro de Governanca Corporativa (IBGC, 2013),
foi exatamente pela inspiracao das discussoes levantadas nos Estados
Unidos, sobre questoes relacionadas inicialmente ao problema de agencia
(JENSEN; MECKLING, 1976), que surgiram iniciativas preocupadas com a
regulamentacao da atuacao dos administradores, com a prestacao de
informacoes pelas empresas e com a seguranca proporcionada aos
detentores dos direitos de propriedade das companhias.
Uma das representacoes institucionalizadas da governanca
corporativa no mercado brasileiro de capitais e o Indice de Governanca
Corporativa (IGC) da BM&FBOVESPA. Existente desde 2001, esse indice
tem como metodologia de formacao teorica a aceitacao apenas de acoes das
empresas que adotam boas praticas de governanca corporativa. Essas boas
praticas, por sua vez, sao requisitos preenchidos pelas empresas, que
permitem enquadra-las em niveis diferenciados, quais sejam: (i) Novo
Mercado, para as empresas que aderem aos requisitos mais elevados; (ii)
Nivel 2, para as empresas que aderem aos requisitos intermediarios de
governanca; e (iii) Nivel 1, para as empresas que adotam elementos
basicos de disclosure e normas mais elementares relacionadas a
governanca corporativa.
No que se refere a perspectiva de avaliacao do risco relacionado ao
credito para as empresas, ou rating de credito, verifica-se que se pode
tratar de um fator ligado a governanca corporativa, conforme Bhojraj e
Sengupta (2003), AshbaughSkaife, Collins e Lafond (2006), Silva et al.
(2010), Silva, Santos e Almeida (2012) e Aman e Nguyen (2013). A
classificacao da qualidade do credito das empresas, enquanto mecanismo
reconhecido pelo mercado para a avaliacao de oportunidades de
investimento ou especulacao sobre titulos de dividas e debentures, pode
influenciar a captacao de recursos junto a terceiros. E inerente a
classificacao proposta pelas agencias de classificacao de risco, nesse
sentido, que empresas que garantam maior seguranca aos seus credores
tenham, como contrapartida, melhores ratings e, por consequencia, maior
facilidade de captacao de recursos por meio de titulos de dividas.
Apos a crise economica de 2008, a harmonizacao das normas contabeis
com os padroes internacionais incentivados pelo International Accounting
Standards Board (IASB) e os debates constantes sobre a governanca
corporativa, no Brasil, levaram a agendas de pesquisa sobre a
importancia da governanca para o desenvolvimento do mercado brasileiro.
Nessa linha de analise, a relevancia das agencias de rating para o
mercado e a severidade das opinioes dos analistas de risco de credito
das empresas, por sua vez, tem se tornado tema de pesquisa, a exemplo
dos trabalhos de AshbaughSkaife, Collins e Lafond (2006), Silva et al.
(2010) e Aman e Nguyen (2013).
O presente estudo, portanto, buscou analisar quais sao os efeitos
das praticas de governanca corporativa sobre o rating de credito
atribuido pela Moody's as empresas abertas, nao financeiras, com
acoes negociadas na BM&FBOVESPA durante o periodo de 2008 a 2012.
Para atingir esse objetivo, foram utilizadas regressoes do tipo Probit
ordenado, tendo como variavel dependente o rating de credito e como
variaveis independentes seus indicadores de governanca corporativa e
desempenho. O rating adotado foi o determinado pela agencia
Moody's, pelo fato de ser a mais antiga entre as quatro maiores do
mundo e disponibilizar uma base de dados maior e mais acessivel. Ja os
indicadores foram obtidos no banco de dados da Economatica[R].
Os resultados gerais indicaram que a governanca corporativa, por
meio seja da proxy do IGC, seja dos niveis mais elevados (Novo Mercado e
Nivel 2), foi relevante na determinacao do rating atribuido pela
Moody's as empresas brasileiras no periodo de 2008 a 2012. Alem das
variaveis relacionadas a governanca corporativa, tambem foram
significantes a Alavancagem (relacao negativa) e o Retorno sobre o Ativo
(relacao positiva). Observou-se, de maneira adicional, que, durante esse
periodo de crise e recuperacao, as empresas que se situaram em niveis
mais elevados de governanca apresentaram desempenho financeiro superior
aquelas que estavam situadas em niveis mais baixos, indicando assim uma
possivel relevancia da governanca para a sobrevivencia em momentos de
crise financeira. Por fim, salienta-se que o presente trabalho pode
contribuir para a literatura com resultados sobre o papel da governanca
em momento de crise e seus impactos no desempenho e na confianca dos
investidores e credores, mensurados a partir de modelos estatisticos de
significancia tambem economica.
2. REVISAO DE LITERATURA
2.1. Agencias de Classificacao e Importancia do Rating para o
Mercado Financeiro
As classificacoes de risco de credito atribuidas por agencias
especificas, conhecidas como ratings de credito, sao instrumentos
utilizados por agentes financeiros desde o seculo XVIII. Entre os anos
1841 e 1909 surgiram as primeiras agencias de classificacao de credito
nos Estados Unidos da America. A primeira delas, a Moody's, foi
fundada em 1841; mais tarde, seriam fundadas a Standard &
Poor's (1916), a Fitch Investors Service (1922) e a Duff and Phelps
(1980), todas tendo como pais de origem os EUA e como enfase a
classificacao de titulos a partir de fatores que assegurassem a
qualidade da adimplencia, o retorno e a seguranca dos investimentos
(CANTOR; PACKER, 1994).
Dentre as principais agencias de classificacao de risco de credito,
segundo Reilly (2010) e Soares, Coutinho e Camargos (2012), estao a
Standard & Poor's, a Moody's, a Fitch e a Duff and Phelps.
Essas agencias emitem, por meio de notacoes e metodologias proprias,
graus de avaliacao do risco de credito das empresas e paises, entre eles
os emergentes, a exemplo do Brasil. A literatura da area indica,
contudo, que nao se observa, de maneira pragmatica, afastamentos
significantes entre os graus de risco atribuidos pelas diferentes
agencias (REILLY, 2010).
Deve-se assinalar que, no que tange as principais agencias de
rating, as pesquisas academicas tem sido realizadas principalmente com
base nas classificacoes atribuidas pelas agencias Standard &
Poor's eMoody's, conforme observado nos trabalhos de Silva et
al. (2010), Damasceno, Artes e Minardi (2008), Silva, Santos e Almeida
(2012), Katz (1974), Weistein (1977) e Steiner e Heinke (2001). Em todos
esses casos, os autores optaram por essas agencias pela facilidade de
coleta das informacoes e/ou influencia de seus ratings nos mercados
analisados.
A Standard & Poor's (2013) define o rating como uma
avaliacao da capacidade financeira global do devedor para pagar suas
obrigacoes financeiras. Para a Moody's (2013), o processo de rating
mede a perda total de credito esperada, em relacao ao tomador,
considerando assim sua probabilidade de inadimplencia. O que se observa,
nas metodologias dessas duas agencias, e que ambas levam em consideracao
aspectos que julgam suficientes para analisar a capacidade das empresas
de honrar compromissos financeiros (SILVA et al., 2010).
Os aspectos considerados pelas agencias de rating, em seus
procedimentos de analise, devem transmitir aos investidores seguranca
quanto aos ratings que estao sendo publicados e tomados como base para
decisoes de investimentos. A Moody's (2013), por exemplo, considera
aspectos como a qualidade da gestao, a posicao e a diversidade de
mercado, elementos legais inerentes a empresa ou ao pais, a dinamica
financeira, as capacidades globais de cumprimento de obrigacoes junto
aos credores e os parametros considerados pelas empresas que representem
maior seguranca para os investidores.
Na visao de Valle (2002), as classificacoes sao opinioes
especializadas sobre a capacidade das empresas de cumprir suas
obrigacoes financeiras, e sao avaliadas mediante metodologias proprias
das empresas, que levam em conta aspectos diversos que possam
influenciar o risco de inadimplencia. O autor explica, ainda, que a mais
alta classe de titulos representa os investimentos de alta probabilidade
de cumprimento das obrigacoes de dividas, enquanto a classe mais baixa
se refere a titulos de empresas com fortes chances de se tornarem
inadimplentes (ou ja o serem), que devem ser analisadas apenas enquanto
oportunidade de especulacao.
De acordo com Reilly (2010), os ratings sao positivamente
influenciados por variaveis relacionadas a lucratividade, ao tamanho e a
cobertura do fluxo de caixa, e negativamente por variaveis relacionadas
ao nivel de alavancagem e a instabilidade dos lucros. Outros autores, a
exemplo de Blume, Lim e McKinlay (1998), defendem a utilizacao de
variaveis financeiras, claramente advindas dos indicadores
contabilfinanceiros e de medidas de mercado, tendo em vista que
encontraram, em suas pesquisas, relacoes significantes,
estatisticamente, entre essas variaveis de mercado e os ratings. Isso
sugere, ate mesmo, que empresas maiores tendem a ter melhores
classificacoes, pois alem de possuirem mais ativos, sao geralmente mais
antigas e consolidadas nos mercados em que atuam.
Optou-se pela Moody's pelo fato de essa agencia disponibilizar
informacoes sobre os ratings de maneira facilmente acessivel (sendo
suficiente apenas o cadastro no site da agencia), alem do historico das
classificacoes para todas as empresas que estao na base de dados da
referida agencia. Esta escolha tambem tomou como base o fato de a
Moody's ser a agencia de rating mais antiga, de abrangencia global
e uma das quatro maiores do mundo.
As classes definidas pela Moody's sao: Aaa, Aa1, Aa2, Aa3, A1,
A2, A3, Baa1, Baa2, Baa3, Ba1, Ba2, Ba3, Caa1, Caa2, Caa3, Ca e C. Para
investimento, segundo a Moody's, os ratings de Aaa a Baa3 sao mais
adequados, pois se trata de titulos de empresas com boa capacidade de
honrar suas obrigacoes financeiras, enquanto as notacoes de Ba1 a C sao
adotadas para especulacao.
2.2. Governanca Corporativa: Suporte Teorico
As discussoes sobre governanca corporativa ganharam destaque
principalmente apos grandes escandalos relacionados a manipulacao de
informacoes contabeis e gerenciais sobre as empresas, a expropriacao de
direitos de acionistas e a falta de transparencia de informacoes
relevantes para os investidores. A area de pesquisa, geralmente, engloba
os mecanismos capazes de controlar e monitorar o cenario caracterizado
pelo problema de agencia, descrito por Jensen e Meckling (1976), no qual
beneficios podem ser adquiridos pela posse de informacoes assimetricas,
por parte dos administradores, que buscam maximizar seu bem-estar
proprio, expropriando a riqueza dos proprietarios das empresas. Isso
enfraquece os mecanismos de transparencia e qualidade atribuidos aos
ativos e, em consequencia, afeta o valor das empresas e seu desempenho
economico (LARKER; TAYAN, 2011; BAKER; ANDERSON, 2010).
De maneira complementar, La Porta et al. (1998) explicam que o
problema de agencia pode ocorrer de maneiras diferentes em diferentes
paises. Ainda segundo os autores, em alguns paises, o conflito entre os
interesses dos majoritarios e os interesses dos minoritarios e a
essencia dos problemas que os mercados enfrentam, sendo, portanto, papel
dos mecanismos de governanca mitiga-lo. Autores como Shleifer e Vishny
(1997), por sua vez, sugerem que um aspecto relevante do tema da
Governanca Corporativa e o reconhecimento das diferencas entre os
ambientes em que as empresas estao inseridas, isto e, os institutos
legais, as normas de governanca e os principios adotados em diferentes
paises, que por sua vez ampliam o escopo da governanca para aspectos
relacionados ao desempenho das empresas, a estrutura de decisoes
corporativas, aos valores empresariais, entre outros temas.
Para Brown e Caylor (2006), os anos 2000 levaram ao aumento da
atencao dada a governanca corporativa em razao do advento da Lei
Sarbanes-Oxley, em 2002, apos os escandalos envolvendo empresas como a
Adelphia, a Enron e a WorldCom. Esses escandalos, em consequencia,
impulsionaram os questionamentos sobre os mecanismos de governanca e sua
importancia economica e social (WEARING, 2005), o que incrementou o
interesse em pesquisas que tem como problematica a importancia da
governanca corporativa para questoes relacionadas as decisoes
financeiras. Nesse sentido, Shleifer e Vishny (1997) destacam que a
governanca corporativa compreende mecanismos que os provedores de
recursos utilizam para garantir que seus investimentos tenham o retorno
esperado.
Segundo Cornelius (2005:12), a governanca corporativa, de maneira
ampla, pode ser vista como:
[...] conjunto de regras interligadas pelas quais
as empresas, acionistas e gerentes governam seu
ambiente. Essas regras referem-se a atributos
individuais das firmas e fatores que permitem as
companhias manterem praticas de governanca
mesmo quando os institutos publicos sao
relativamente fracos. Entre esses fatores podem
estar incluidas a estrutura de propriedade, as
relacoes com os stakeholders, a transparencia
financeira e disclosure, assim como a
configuracao dos conselhos de administracao.
Cabe comentar, contudo, que autores como Shleifer e Vishny (1997) e
La Porta et al. (1998) sugerem um escopo maior para a governanca
corporativa, explicitando, em seus trabalhos, que o problema de agencia
nao e o unico plano de fundo para definir o objeto de estudo da
governanca.
No Brasil, uma iniciativa na area da governanca corporativa, sem
equivalente em outros paises latino-americanos, foi a
institucionalizacao de niveis diferenciados de governanca pela
BM&FBOVESPA: Nivel 1, Nivel 2 e Novo Mercado. Paralelamente a isso,
foi desenvolvido o Indice de Governanca Corporativa (IGC), que reune as
empresas que fazem parte desses segmentos especiais.
De acordo com a BM&FBOVESPA (2013), o objetivo do segmento Novo
Mercado e a valorizacao e o aumento da liquidez das acoes de empresas
que se comprometam com praticas diferenciadas de governanca,
relacionadas ao aumento da qualidade das informacoes prestadas aos
acionistas, a melhoria da seguranca dos investimentos realizados e ao
aprimoramento dos direitos concedidos aos investidores. As premissas dos
Niveis 1 e 2, respectivamente, sao a aceitacao de empresas cumpridoras
de premissas basicas de governanca corporativa e a prestacao de
informacoes mais transparentes aos investidores.
No que diz respeito a questao empirica, uma agenda de trabalhos
sugere temas como a qualidade da governanca e sua influencia no
desempenho (BAGHAT; BOLTON, 2008; THOMSEN, 2004; BROWN; CAYLOR, 2006),
os fatores determinantes da estrutura de propriedade, desempenho e sua
relacao com a governanca corporativa (SILVEIRA; BARROS; FAMA, 2008;
CAMPOS, 2006; BLACK; JANG; KIM, 2006; OKIMURA; SILVEIRA; ROCHA, 2007) e,
sob o prisma do risco de credito, a relacao entre a governanca
corporativa e o rating de credito, a exemplo dos trabalhos de
AshbaughSkaife et al. (2006), no mercado norte-americano, Aman e Nguyen
(2013), no mercado japones, e, no ambito do mercado brasileiro, Santos
et al. (2010), Silva, Santos e Almeida (2012) e Soares, Coutinho e
Camargos (2012), que investigaram a relacao entre a classificacao do
risco de credito de agencias globais e a governanca corporativa.
Com base no que foi apresentado, o presente estudo teve como
proposta investigar a relacao entre a governanca corporativa e o rating
de credito, diferenciando-se dos estudos existentes no mercado
brasileiro em virtude da base de dados utilizada--que no presente
trabalho e a da Moody's, do periodo de analise, que compreendeu os
anos de 2008 a 2012, um periodo mais recente que o utilizado nos
trabalhos anteriores--e em razao da proposta metodologica, que analisou
a governanca corporativa a partir de tres proxies: a participacao no
Indice de Governanca Corporativa (IGC), a listagem nos niveis mais altos
de governanca (Nivel 2 e Novo Mercado) e a emissao de American
Depositary Receipt (ADR).
2.3. Rating de Credito, Governanca Corporativa e Desempenho
Trabalhos que tem como objeto de pesquisa a influencia da
governanca corporativa nos ratings atribuidos pelas agencias de
classificacao de risco sao relativamente recentes na literatura.
Elencamse, nessa perspectiva, os trabalhos de AshbaughSkaife et al.
(2006), Bhojraj e Sengupta (2003) e Aman e Nguyen (2013), para mercados
internacionais, e Santos et al. (2010), Silva, Santos e Almeida (2012) e
Soares, Coutinho e Camargos (2012) para o mercado brasileiro.
Em pesquisas internacionais, Ashbaugh-Skaife et al. (2006)
investigaram se a adocao de boas praticas de governanca poderia
influenciar os ratings de credito, e observaram que caracteristicas
relacionadas as boas praticas de governanca podem aumentar a
probabilidade de as empresas receberem melhores classificacoes. Bhojraj
e Sengupta (2003), na mesma linha de pesquisa, investigaram a existencia
de relacao entre governanca corporativa e rating, em termos de
rendimento de titulos, e notaram uma relacao positiva entre boas
praticas de governanca e as classificacoes dos titulos.
Aman e Nguyen (2013) verificaram que as empresas com boas praticas
de governanca, no Japao, possuem melhores ratings; entretanto, a
importancia das variaveis nao foi a mesma, destacando-se uma
significancia positiva no modelo que apresentou como proxy para a
governanca um indice em vez de diversas variaveis de governanca.
Trabalhos relacionando as classificacoes de risco de credito das
empresas, mensurado pelo rating de agencias especializadas, e aspectos
como a governanca corporativa e o spread de debentures sao uma agenda de
pesquisa ainda relativamente recente no Brasil. Santos et al. (2010) e
Silva, Santos e Almeida (2012), por exemplo, examinaram a influencia das
praticas de governanca corporativa no desempenho das debentures
classificadas por agencias de rating.
Nos dois trabalhos, a relacao encontrada foi positiva apenas para a
concentracao de propriedade, sinalizando que esta pode influenciar de
maneira significativa para melhores classificacoes. Inesperadamente, no
entanto, o que se notou foi que a proxy de boa governanca apresentou
relacao negativa com o desempenho das debentures, ou seja, assinalou
menores ratings para empresas que adotaram boas praticas de governanca.
Em outra pesquisa nessa mesma linha, Soares, Coutinho e Camargos (2012),
investigando as determinantes dos ratings atribuidos pela Standard &
Poor's, encontraram significancia apenas das variaveis relacionadas
a governanca corporativa, ao indice de Cobertura de Juros e ao tamanho
dos ativos.
O que se observou nas pesquisas, no caso brasileiro, foram amostras
relativamente pequenas e cobrindo periodos relativamente curtos, muitas
vezes tendo como justificativa as limitacoes das bases de dados das
agencias ou mesmo a falta de informacoes economico-financeiras das
empresas. No trabalho de Santos et al. (2010), por exemplo, foi obtida
uma amostra final de 42 observacoes de empresas, compreendendo o periodo
de 2005 a 2010. Ja Soares, Coutinho e Camargos (2012) atingiram um total
de 72 observacoes de empresas, para os anos de 2009 e 2010. Por fim,
Silva, Santos e Almeida (2012) reuniram em seu estudo, no periodo de
2005 a 2007, uma amostra de 101 observacoes de empresas. Nos
supracitados trabalhos os modelos econometricos adotados foram o Probit
ordenado (SANTOS et al., 2010; SILVA; SANTOS; ALMEIDA, 2012) e o modelo
Logit ordenado (SOARES; COUTINHO; CAMARGOS, 2012).
3. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS
3.1. Amostra
A populacao selecionada consistiu em todas as empresas listadas na
BM&FBOVESPA que possuissem classificacao de risco de credito no
periodo de 2008 a 2012. A escolha desse periodo se deve as mudancas nas
normas contabeis, a partir da promulgacao da Lei no 11.638/2007, que
influenciam as variaveis analisadas neste estudo, tendo em vista a
utilizacao de indicadores economico-financeiros que podem ter
influenciado a severidade dos ratings.
Os criterios para a definicao da amostra do estudo foram: (i)
possuir ratings historicos de risco de credito na base de dados da Moody
's; (ii) possuir informacoes economico-financeiras necessarias para
a analise do periodo de 2008 a 2012; e (iii) nao estar listada na
BM&FBOVESPA como empresa financeira. Esta diferenciacao foi
necessaria em razao das divergencias de estrutura das demonstracoes
contabeis entre empresas financeiras e naofinanceiras, o que poderia
influenciar os resultados.
A escolha da agencia Moody's se deve ao fato de ela
disponibilizar informacoes sobre os ratings de maneira mais acessivel,
alem do historico das classificacoes para todas as empresas que estao na
base de dados da referida agencia. Tambem se considerou, como fator
determinante da escolha, o tempo de existencia da agencia.
Assim, os ratings utilizados nesta pesquisa refletem a
classificacao final em cada ano, coletada a partir do sistema Research
& Ratings, disponivel apos cadastro no site dessa agencia. Ja as
informacoes economico-financeiras foram coletadas no banco de dados da
Economatica[R], a partir das demonstracoes contabeis consolidadas em 31
de dezembro de cada ano. Com isso, a amostra final deste estudo inclui
41 empresas, ao longo do periodo analisado, totalizando 137 observacoes.
Saliente-se que esse total de observacoes se deve ao fato de que algumas
empresas nao fizeram parte de todos os anos do periodo (painel
desbalanceado), a exemplo de empresas que ainda nao possuiam rating em
determinados anos e empresas que deixaram de ser classificadas pela
agencia ao longo do periodo de analise. O Quadro 1 lista as empresas
integrantes da amostra.
3.2. Variaveis Adotadas
Com base nos principais trabalhos empiricos que investigaram o
rating de credito das empresas e sua relacao com fatores de origem
economica e financeira, definiram-se as variaveis independentes que sao
relacionadas ao rating, variavel dependente.
A variavel IGC, adotada no presente trabalho como principal proxy
para governanca, foi escolhida com base nos trabalhos brasileiros de
Silva et al. (2010) e Soares, Coutinho e Camargos (2012). Saliente-se
que, apesar de a pesquisa de Aman e Nguyen (2013) nao ter relacao com o
mercado brasileiro, adotou-se a perspectiva dos autores, segundo a qual
proxies para a governanca corporativa podem ser utilizados por meio de
indices que sejam amplamente aceitos no mercado. A variavel N2NM, por
sua vez, pode ser considerada uma alternativa ao IGC, com base no
trabalho de Barbedo, Silva e Leal (2009), que sugeriram, em sua
pesquisa, a utilizacao de uma variavel construida a partir dos niveis
mais elevados de Governanca Corporativa da BM&FBOVESPA.
A utilizacao da variavel American Depositary Receipts (ADR), por
sua vez, se justifica por sua importancia enquanto proxy para as
praticas diferenciadas de transparencia e disclosure do mercado dos
Estados Unidos. Esta variavel e justificada na pesquisa de Silveira et
al. (2008), que sugere a emissao de ADR como um das determinantes da
qualidade da governanca corporativa no Brasil, tendo em vista que as
empresas precisam se adequar as praticas de governanca de um mercado
mais desenvolvido. Saliente-se que, para compatibilizar a emissao de ADR
com os niveis de governanca corporativa no mercado brasileiro,
construiu-se a variavel a partir das empresas que estavam no Novo
Mercado ou Nivel 2.
A variavel Alavancagem pode ser entendida como o grau de
endividamento que as empresas tem junto a credores. Nessa perspectiva,
guardadas as consideracoes sobre a estrutura de capital, pode-se adotar
a perspectiva dos resultados da pesquisa de Damasceno, Artes e Minardi
(2008), em que foi encontrada relacao negativa com o rating. A variavel
Alavancagem difere, por sua vez, da variavel Estrutura de Capital
somente no fato de que esta ultima considera apenas o longo prazo.
As variaveis Cobertura de Juros, Liquidez Geral e Margem
Operacional foram escolhidas com base nos trabalhos de Blum et al.
(1998), Damasceno, Artes e Minardi (2008) e Silva et al. (2010). A
proposta dessas variaveis e de se adotarem proxies que reflitam os
indicadores que possivelmente serao utilizados pelas empresas de rating.
A liquidez, enquanto indicador, sugere a capacidade geral das empresas
para honrar suas dividas totais; a cobertura de juros sugere a
capacidade que as empresas tem de saldar suas despesas financeiras; e a
margem operacional mede a eficiencia operacional das empresas. Esse
conjunto de variaveis foi adotado, portanto, para evidenciar possiveis
inconsistencias em relacao a concepcao do rating (ou seja, se de fato o
rating evidencia a capacidade de honrar compromissos
economico-financeiros das empresas) e correlacoes, entre as variaveis do
estudo, que possam revelar informacoes importantes sobre a relacao entre
a governanca e indicadores de cunho financeiro.
No que se referiu aos indicadores ROA (Retorno sobre o Ativo) e Q
de Tobin, ambos foram utilizados como variaveis que pudessem representar
o desempenho empresarial, contabil e economico das empresas. Para sua
adocao foram utilizados, como referencias principais, os trabalhos de
Silva et al. (2010) e Ashbaugh-Skaife et al. (2006). Por fim, a variavel
Tamanho, conforme Minardi, Sanvicente e Artes (2006), foi utilizada para
evidenciar relacoes entre o porte das empresas, em termos de ativos
totais, e o rating.
Considerando-se as classes de rating utilizadas pela Moody's,
a variavel dependente deste estudo foi ordenada a partir da seguinte
categorizacao: "6" para a classe Aaa; "5" para Aa1,
Aa2 ou Aa3; "4" para A1, A2 ou A3; "3" para Baa1,
Baa2 ou Baa3; "2" para Ba1, Ba2 ou Ba3; "1" para B1,
B2 ou B3; e, finalmente, "0" para as empresas com ratings nas
classes Caa1, Caa2, Caa3, Ca ou C.
O Quadro 2 resume as variaveis independentes, de acordo com sua
fundamentacao teorica, demonstrando a formula de operacionalizacao de
cada variavel e a relacao esperada com o rating.
As variaveis listagem no IGC, listagem no N2NM e emissao de ADR
foram convencionadas como dummies; seus valores sao "1" para
presenca ou "0" para ausencia. As demais variaveis, ate mesmo
o "Tamanho", apresentado como logaritmo, sao operacionalizadas
como indices.
As relacoes esperadas sao oriundas do aporte teorico sobre
investigacoes acerca dos fatores determinantes do rating do credito. Ao
todo, foram consideradas onze variaveis (constantes no Quadro 2): duas
variaveis dummies relacionadas a governanca corporativa (por estarem
listadas no IGC ou apenas nos niveis 2 e Novo Mercado) e uma terceira
dummy relacionada a emissao de ADR; as demais sao indicadores
economicofinanceiros definidos a partir da literatura existente.
3.3. Modelo Probit e Metodo Backward
O modelo Probit e um modelo multinomial que tem como proposta
modelar uma variavel dependente qualitativa e ordinal, caso dos ratings
(DAMASCENO; ARTES; MINARDI, 2008). A estimacao dos parametros desse
modelo e obtida segundo uma funcao de maxima verossimilhanca (GREENE,
2003). Na opiniao do autor supracitado, o potencial desse modelo reside
na habilidade de identificar os efeitos independentes de um conjunto de
variaveis sobre a variavel dependente, sendo uma modelagem robusta para
variaveis de respostas binarias.
Para investigar a relacao entre o rating, a governanca corporativa
e o desempenho das firmas, optou-se pela utilizacao de um modelo do tipo
Probit, que tem sido aplicado em pesquisas que tiveram como variavel
dependente o rating e como variaveis independentes indicadores e razoes
relacionadas ao desempenho e aos aspectos contabil-financeiros das
firmas (DAMASCENO; ARTES; MINARDI, 2008; SILVA et al, 2010; AMAN;
NGUYEN, 2013). A Equacao 1 apresenta a funcao geral que e modelada neste
estudo: Rating = f (Governanca Corporativa, Desempenho) (1) em que a
variavel dependente e o rating de credito atribuido pela Moody's a
cada empresa e as variaveis independentes sao os indicadores de
governanca corporativa e desempenho das empresas, conforme detalhado na
secao 3.2.
Para a determinacao das relacoes significantes entre essas
variaveis, foi utilizado o metodo backward, que, de acordo com Brooks
(2008), e um processo de selecao de variavel que se inicia com o modelo
completo, com todas as variaveis independentes, excluindo-se aquelas que
nao apresentem relacao estatisticamente significativa com a variavel
dependente, uma a uma, ate que restem apenas aquelas significantes, que
possuam p-valor inferior a 0,05.
Nesse sentido, para atestar a robustez do modelo estimado, foram
analisados a estatistica do teste da razao de verossimilhanca (LR) e os
criterios de informacao de Akaike (AIC) e de Schwarz (SBC), em cada
modelo, apos a omissao de cada variavel nao significante. Com isso,
podese verificar que a omissao das variaveis nao significativas nao
prejudicou o poder preditivo do modelo final.
4. ANALISE DOS RESULTADOS
A classificacao das empresas da amostra, pela metodologia da
Moody's, variou de "A2" a "Ca", nao sendo
observadas empresas com classificacao fora desse intervalo. Os ratings
foram obtidos atraves de pesquisa na base de dados da Moody's,
totalizando 137 observacoes de ratings de empresas brasileiras nao
financeiras, no periodo de 2008 a 2012. A Tabela 1 apresenta as
estatisticas descritivas dos indicadores economico-financeiros que foram
adotados como variaveis independentes do modelo Probit.
A analise exploratoria dos dados da amostra tambem forneceu
informacoes sobre o porcentual de empresas brasileiras nao financeiras
com ratings atribuidos pela Moody's no periodo do estudo, quais
sejam: A1 (5,84%), Baa (30,66%), Ba (37,96%), B (20,44%) e C (5,11%). No
que diz respeito aos porcentuais medios de empresas por nivel de
governanca na BM&FBOVESPA durante esse periodo, observou-se que:
48,90% das empresas estavam no Novo Mercado; 6,56% no Nivel 2; 11,67% no
Nivel 1; e 32,84% estavam no Mercado Tradicional. No que tange a emissao
de ADR, 32,00% das empresas nesse periodo possuiam ADR sendo negociadas;
contudo, no que se referiu as empresas do Novo Mercado ou Nivel 2, com
ADR emitidas, o porcentual representou apenas 11,67%.
Antes de serem executadas as regressoes atraves de modelos do tipo
Probit, foi realizada uma analise da correlacao, entre o rating, as
proxies de governanca corporativa e as variaveis economico-financeiras.
As relacoes lineares foram analisadas a partir de uma matriz de
correlacao, e, com base em Brooks (2008), verificou-se que nao
apresentam problemas para as analises de regressao subsequentes, porque
nao ultrapassam o valor de 0,8, como pode ser observado na Tabela 2.
A partir da analise da correlacao verificou-se que o rating das
empresas, para o periodo considerado, foi negativa e estatisticamente
correlacionado com a Alavancagem (-0,457), a Estrutura de Capital
(-0,375) e, inesperadamente, o IGC (-0,189). O rating apresentou, ainda,
correlacao positiva e significante com a Cobertura de Juros (0,634), a
Liquidez Geral (0,486), o Q de Tobin (0,434), o Tamanho (0,380) e a
emissao de ADR (0,511). A matriz de correlacoes sugere, tambem, a
inexistencia do problema da multicolinearidade.
Preliminarmente, portanto, acredita-se que o rating das empresas da
amostra, no periodo, foi moderadamente influenciado pelo grau de
endividamento (relacao negativa) e pelo desempenho da empresa (relacao
positiva).
4.1. Regressoes do Modelo Probit com Diferentes Especificacoes
Com o proposito de aumentar a robustez dos resultados, foram
regredidos oito modelos do tipo Probit com diferentes especificacoes. O
modelo geral e definido a partir da equacao 2:
[RTG.sub.it] = [[alpha].sub.0] + [[alpha].sub.1] [IGC.sub.it] +
[[alpha].sub.2][ADR.sub.it] + [[alpha].sub.3][ALAV.sub.it] +
[[alpha].sub.4][CJ.sub.it] + [[alpha].sub.5][ECP.sub.it] +
[[alpha].sub.6][LG.sub.it] + [[alpha].sub.7][MG.sub.it] +
[[alpha].sub.8][QT.sub.it] (2) +[[alpha].sub.9][ROA.sub.it] +
[[alpha].sub.10] [TAM.sub.it] + [[epsilon].sub.it]
em que [RTG.sub.it] e o rating de risco de credito, [IGC.sub.it] e
a listagem em algum dos indices diferenciados de governanca (Nivel 1, 2,
ou Novo Mercado), [ADR.sub.it] e a emissao de ADR, [ALAV.sub.it] e o
grau de alavancagem, [CJ.sub.it] e a cobertura de juros, [ECP.sub.it] e
a estrutura de capital, [LG.sub.it] e a liquidez geral, [MG.sub.it] e a
margem operacional, [QT.sub.it] e o Q de Tobin, [ROA.sub.it] e o retorno
sobre o ativo, [TAM.sub.it] e o logaritmo do ativo total e
[[epsilon].sub.it] e o termo de erro da equacao, todos da empresa i no
periodo t. Ainda, [[alpha].sub.1 ... n] sao os parametros estimados de
cada variavel.
Para fins de analise da robustez dos modelos, sao apresentados o
McFadden [R.sup.2] (ou pseudo-[R.sup.2]), para avaliar o ajustamento
geral do modelo de regressao; os criterios de informacao de Akaike (AIC
ou Akaike Information Criterion) e de Schwarz (SBC), para comparacao de
modelos alternativos; o p-valor da estatistica LR (Likelihood Ratio ou
Razao de Verossimilhanca), para verificar a significancia global do
modelo; e, finalmente, a soma dos quadrados dos residuos da regressao
(SSR ou Sum Squared Residuals), para analisar o comportamento dos
residuos dos modelos. Tais estatisticas sao apresentadas na Tabela 3.
No tocante aos criterios de analise para capacidade explicativa do
modelo e robustez das regressoes, verificou-se que o modelo mais
adequado (VIII) apresentou um McFadden [R.sup.2] de 0,398, significancia
estatistica para todas as variaveis explicativas e significancia global
do modelo (LR < 0,05). Ainda, a partir da analise dos criterios de
informacoes, verificou-se que, na comparacao dos modelos, o Modelo VIII,
que tem como variaveis explicativas o IGC, a ALAV e o ROA, pelos
criterios de informacao de Akaike (AIC) e de Schwarz (SBC),
configurou-se como o mais parcimonioso.
Apesar de a soma dos quadrados dos residuos desse modelo
caracterizar maior variacao dos erros estimados, percebeu-se que esse
comportamento nao se afastou dos modelos regredidos com outras
estimacoes. A avaliacao do correlograma dos residuos, em nivel, indicou
que os residuos nao sao autocorrelacionados ou parcialmente
correlacionados. Executou-se, tambem, o teste de Kolmogorov-Smirnov, que
indicou que os residuos estao normalmente distribuidos.
As regressoes foram executadas enquanto houvesse variavel sem
relevancia na explicacao do rating, isto e, enquanto houvesse
coeficientes das variaveis sem significancia estatistica, sendo
retirada, a cada regressao, a variavel mais insignificante no
ajustamento. Ao final de um total de oito regressoes, apenas as
variaveis indice de governanca corporativa (IGC), alavancagem (ALAV) e
retorno sobre o ativo (ROA) foram mantidas no modelo. Ressalte-se que a
variavel IGC foi positiva e significante em seis das oito regressoes
executadas, a alavancagem foi negativa e significante em todos os
modelos estimados e o retorno sobre o ativo foi positivo e significante
apenas nas duas ultimas regressoes, apos a omissao das variaveis nao
significantes.
A relacao do rating com a governanca corporativa foi positiva,
indicando que as empresas tendem a ter melhores ratings quando possuem
melhores praticas de governanca, de acordo com as evidencias de Soares,
Coutinho e Camargos (2012). Isso sugere a importancia da governanca
corporativa para as avaliacoes de credito. De forma semelhante, o
retorno sobre o ativo apresentou relacao positiva com o rating, em
conformidade com as conclusoes de Minardi, Sanvicente e Artes (2006),
indicando que empresas com melhor classificacao de credito apresentaram
maior retorno. Por outro lado, a alavancagem apresentou relacao negativa
com o rating, ratificando Damasceno, Artes e Minardi (2008), sugerindo
que empresas com melhor rating sao menos dependentes do capital de
terceiros. As demais variaveis nao foram significantes, e por isso nao
se constituiram em objeto de analise.
4.2 Regressoes do Modelo Probit para os Niveis Diferenciados de
Governanca Corporativa
Com base na analise exploratoria da amostra, percebeu-se que as
empresas que fazem parte dos niveis mais elevados de governanca
corporativa (Nivel 2 e Novo Mercado) representaram cerca de 55,5% das
observacoes totais. Assim, com base em Barbedo, Silva e Leal (2009), a
amostra foi segregada em dois grupos, com uma variavel dummy. De um
lado, as empresas com padroes mais elevados de governanca (Nivel 2 e
Novo Mercado), assumindo valor "1"; de outro lado, aquelas com
menores padroes (Tradicional e Nivel 1), com valor "0".
Dessa forma, regrediram-se novamente os modelos, conforme equacao
3, substituindo-se a proxy de governanca utilizada na equacao 2 pela
variavel N2NM, para empresas listadas nos niveis de governanca
corporativa (Nivel 2 e Novo Mercado):
[RTG.sub.it] = [[alpha].sub.0] + [[alpha].sub.1] [N2NMIT.sub.it] +
[[alpha].sub.2][ADR.sub.it] + [[alpha].sub.3][ALAV.sub.it] +
[[alpha].sub.4][CJ.sub.it] + [[alpha].sub.5][ECP.sub.it] +
[[alpha].sub.6][LG.sub.it] + [[alpha].sub.7][MG.sub.it] +
[[alpha].sub.8][QT.sub.it] (2) +[[alpha].sub.9][ROA.sub.it] +
[[alpha].sub.10] [TAM.sub.it] + [[epsilon].sub.it]
em que [RTG.sub.it] e o rating de risco de credito, [N2NM.sub.it] e
a listagem nos segmentos diferenciados de governanca corporativa mais
elevados (Nivel 2 ou Novo Mercado), e as demais variaveis ([ADR.sub.it],
[ALAV.sub.it], [CJ.sub.it], [ECP.sub.it], [LGU.sub.it], [MG.sub.it],
[QT.sub.it], [ROA.sub.it] e [TAM.sub.it]) continuam com a mesma
representacao demonstrada na equacao 2.
De maneira analoga ao conjunto de regressoes da secao 4.1, os
modelos foram executados enquanto houvesse variavel independente sem
significancia no modelo (p-valor > 0,05).
Enquanto houvesse variaveis com coeficientes sem significancia
estatistica, retirou-se, a cada regressao, a variavel mais
insignificante no ajustamento. Novamente, apos oito regressoes, restou o
Modelo VIII, com as especificacoes apresentadas na Tabela 4. Optou-se
pela omissao dos demais modelos, tendo em vista que apenas o referido
modelo nao apresentou fraco ajustamento global e/ou baixa significancia
dos coeficientes das variaveis.
O ajustamento global do Modelo VIII, avaliado por meio do McFadden
[R.sup.2], demonstra que o modelo apresentado tem capacidade explicativa
global de 0,293. Por outro lado, o teste de razao de verossimilhanca
(LR) indica que o mesmo e significante (LR < 0,05). Com isso, o que
se observa, nesta fase da analise, e que novamente ha relevancia
estatistica das variaveis governanca corporativa, alavancagem e retorno
sobre o ativo em relacao aos ratings de credito das empresas, atribuidos
pela agencia Moody's.
De maneira semelhante aos resultados da secao 4.1, as relacoes
entre o rating e a governanca corporativa (N2NM) e o retorno sobre o
ativo (ROA) foram positivas e significantes, ao passo que a relacao com
a alavancagem (ALAV) foi negativa e significante. Esses resultados
ratificam as evidencias de Minardi, Sanvicente e Artes (2006),
Damasceno, Artes e Minardi (2008) e Soares, Coutinho e Camargos (2012).
5. APONTAMENTOS CONCLUSIVOS
Por meio de analises de correlacao e de regressao, a presente
pesquisa buscou analisar quais sao os efeitos das praticas de governanca
corporativa sobre o rating de credito atribuido pela Moody's as
empresas de capital aberto, nao financeiras, listadas na BM&FBOVESPA
durante o periodo de 2008 a 2012. Para a realizacao desta proposta de
estudo, foi utilizado o modelo Probit ordenado. A partir da analise da
Correlacao, verificou-se significancia estatistica para as variaveis de
endividamento (correlacao negativa com o rating) e desempenho
(correlacao positiva com rating). A emissao de American Depositary
Receipt (ADR) teve correlacao positiva e significante, e,
inesperadamente, a participacao no Indice de Governanca Corporativa
(IGC) apresentou correlacao negativa e significante com o rating.
Por meio das analises de regressao, por sua vez, destacaram-se os
resultados significantes das variaveis Alavancagem e Retorno Sobre o
Ativo (ROA), enquanto proxies de desempenho, e das variaveis IGC e Nivel
2 e Novo Mercado (N2NM), enquanto proxies de Governanca Corporativa, na
explicacao dos ratings atribuidos pela Moody's no periodo
considerado pelo estudo. Destacam-se, sobretudo, as relacoes positivas e
significantes das duas proxies de governanca com o rating.
Como conclusao geral, as evidencias sugerem que a governanca
corporativa pode ser considerada um importante fator na determinacao do
rating de credito das empresas analisadas, quando consideradas, contudo,
as implicacoes do periodo investigado e a amostra utilizada para as
estimacoes. Concomitantemente, os aspectos conclusivos deste estudo
sugerem que nao apenas o desempenho economico-financeiro tem sido
observado para a atribuicao do rating das empresas, mas tambem, seguindo
as tendencias atuais das Financas Corporativas, tem se dado maior
relevancia aos aspectos de governanca corporativa, pois se verificou que
ela, pode estar sendo considerada para a classificacao do risco de
credito das companhias.
Com a intencao de expandir o campo de analise, comparativamente a
outros trabalhos, buscou-se um detalhamento mais aprofundado dos efeitos
da governanca corporativa nos ratings de credito, com base nos niveis de
governanca da BM&FBOVESPA. Assim, dentre as principais contribuicoes
deste estudo, podem ser destacadas a metodologia para a estimacao das
variaveis de governanca corporativa, que considerou a segregacao entre
maiores e menores graus de governanca, e a utilizacao de um metodo de
selecao de variavel, que possibilitou a identificacao das variaveis
relacionadas aos ratings atribuidos pela Moody's.
A utilizacao da base de dados dessa agencia de risco de credito,
por conseguinte, proporciona outro conjunto de evidencias para a analise
de ratings de credito no mercado brasileiro, tendo em vista a escassez
de trabalhos sobre este tema e que Soares, Coutinho e Camargos (2012),
em pesquisa recente sobre este tema, utilizaram a base de dados da
Standard & Poor's.
Por fim, pode-se realcar o periodo analisado por este estudo,
posterior a crise economica de 2008, e suas implicacoes para a analise
dos ratings atribuidos as empresas no Brasil. Decorre dos resultados
obtidos que, durante o periodo de crise financeira, as empresas que se
enquadravam em niveis mais elevados de governanca corporativa se
mostraram mais confiaveis diante dos ratings de credito atribuidos. Essa
evidencia pode corroborar estudos como o de Silva, Santos e Almeida
(2012) e Silva et al. (2010), que sugerem que a governanca no Brasil tem
efeitos positivos sobre o desempenho das empresas. A presente pesquisa
acrescenta a literatura, tambem, evidencias dos efeitos positivos das
praticas de governanca em momentos de crise financeira.
Como limitacoes deste estudo podem ser apontados a quantidade de
empresas que possuem rating de credito no mercado brasileiro e o periodo
analisado. Tais limitacoes, no entanto, alem de fugirem do controle dos
pesquisadores, nao invalidam o estudo. Sugere-se, nesse sentido, que
pesquisas futuras analisem outras agencias de classificacao,
confrontando os resultados estimados por meio de diferentes classes e
modelos econometricos com os resultados deste estudo.
DOI: 10.5700/rege559
Recebido em: 14/11/2013
Aprovado em: 2/3/2015
Lucyan Hendyo Max Pereira
Mestre em Administracao pela Universidade Federal da Paraiba (UFPB)
Joao Pessoa-PB, Brasil
E-mail: lucian_max@hotmail.com
Orleans Silva Martins
Professor do Programa Pos-Graduacao em Administracao (PPGA) da
Universidade
Federal da Paraiba (UFPB)--Joao Pessoa-PB, Brasil
Doutor em Ciencias Contabeis
E-mail: orleansmartins@yahoo.com.br
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Tabela 1 Estatisticas descritivas dos indicadores das
empresas 2008-2012
Variaveis Media Desvio-Padrao Mediana
Tamanho * 16,1138 1,3967 16,0842
Cobertura de Juros 2,6212 3,2909 2,0000
Alavancagem 0,3816 0,1299 0,3912
Retorno Sobre o Ativo (ROA) 0,6692 0,6064 0,5287
Q de Tobin 1,2005 0,7464 0,9699
Estrutura de Capital 0,3967 0,1190 0,3812
Margem Operacional 0,8188 2,2046 1,0982
Liquidez Geral 1,6520 1,0982 1,5896
Nota: * Logaritmo do ativo total.
Fonte: Elaboracao propria.
Tabela 2--Matriz de Correlacoes de Pearson das variaveis
utilizadas na pesquisa
RTG ALAV CJ ECP
RTG 1
ALAV -0,457 *** 1
CJ 0,634 *** -0,502 *** 1
ECP -0,375 *** 0,705 *** -0,368 *** 1
LG 0,486 *** -0,603 *** 0,352 *** -0,635 ***
MG 0,154 -0,181 *** 0,079 -0,086
QT 0,434 *** -0,172 ** 0,478 *** -0,232 ***
ROA 0,089 0,051 -0,008 -0,127
TAM 0,380 *** -0,379 *** 0,239 *** -0,143
ADR 0,511 *** -0,303 *** 0,169 ** -0,198
IGC -0,189 *** 0,041 -0,349 *** -0,013
LG MG QT ROA
RTG
ALAV
CJ
ECP
LG 1
MG 0,128 1
QT 0,194 ** 0,093 1
ROA -0,044 -0,008 0,144 1
TAM 0,327 *** 0,063 -0,065 -0,063
ADR 0,220 ** 0,140 0,123 0,194 **
IGC -0,042 -0,134 -0,277 *** 0,173 **
TAM ADR IGC
RTG
ALAV
CJ
ECP
LG
MG
QT
ROA
TAM 1
ADR 0,698 *** 1
IGC -0,044 0,015 1
Notas: RTG = rating; ALAV = alavancagem; CJ = cobertura de juros;
ECP = estrutura de capital; LG = liquidez geral; MG = margem
operacional; QT = Q de Tobin; ROA = retorno sobre o ativo; TAM =
tamanho; ADR = American Depositary Receipts e IGC = participacao do
IGC (Novo Mercado, Nivel 2 ou Nivel 1). Significante *** a 1%, ** a
5% e * a 10%. Fonte: Elaboracao propria.
Tabela 3--Modelos Probit para estimacao dos efeitos sobre o rating
de credito, pelo metodo backward
Especificacoes dos Modelos
Variaveis (I) (II) (III) (IV)
Explicativas
Painel A: Estatisticas das variaveis
Constante -3,504 1,010 7,580 *** 7,166 ***
IGC 3,776 3,634 3,011 *** 2,696 **
ADR -2,823 -1,672 -1,723 -1,601
ALAV -28,194 * -27,557 * -23,665 *** -22,622 **
CJ 0,250 0,339 0,361 0,343
ECP -2,458 - - -
LG -1,407 -1,779 -2,008 -1,751
MG 0,056 0,050 0,063 -
QT 10,03 8,454 6,184 6,220
ROA 2,515 2,259 2,383 1,744
TAM 0,730 0,431 - -
Painel B: Estatisticas dos modelos
McFadden 0,571 0,575 0,561 0,562
[R.sup.2]
AIC 1,021 0,939 0,855 0,859
SBC 1,443 1,322 1,242 1,143
LR (p-valor) 0,021 0,012 0,005 0,005
SSR 2,423 2,510 2,514 2,440
Especificacoes dos Modelos
Variaveis (V) (VI) (VII) (VIII)
Explicativas
Painel A: Estatisticas das variaveis
Constante 5,501 ** 3,153 * 5,246 ** 3,522 **
IGC 2,208 ** 2,177 ** 2,082 ** 1,961 **
ADR -1,402 -1,174 -0,841 -
ALAV -21,464 ** -19,432 ** -15,471 ** -11,387 **
CJ - - - -
ECP - - - -
LG -0,931 - - -
MG - - - -
QT 6,152 5,865 - -
ROA 1,788 2,055 2,078 * 2,029 *
TAM - - - -
Painel B: Estatisticas dos modelos
McFadden 0,540 0,497 0,477 0,398
[R.sup.2]
AIC 0,823 0,789 0,808 0,801
SBC 1,099 1,012 1,030 1,009
LR (p-valor) 0,003 0,002 0,002 0,003
SSR 2,800 2,909 2,904 3,341
Notas: IGC = participar do indice de governanca corporativa; ADR =
emissao de American Depositary Receipts; ALAV = alavancagem; CJ =
cobertura de juros; ECP = estrutura de capital; LG = liquidez
geral; MG = margem operacional; QT = Q de Tobin; RTG = Rating; ROA
= retorno sobre o ativo; TAM = tamanho; [R.sup.2] = coeficiente de
determinacao; AIC = criterio de informacao de Akaike; SBC =
criterio de informacao de Schwarz; LR = estatistica de
verossimilhanca e SSR = quadrados dos residuos. Significancia: ***
a 1%, ** a 5% e * a 10%. Fonte: Elaboracao propria.
Tabela 4--Modelo Probit para analise dos efeitos sobre o rating,
com variavel NMN2
Painel A: Estatisticas das variaveis
Modelo VIII Constante N2NM ALAV ROA
0,561 1,187 ** -3,527 * 1,957 **
Painel B: Estatisticas dos modelos
McFadden [R.sup.2] AIC SBC LR (p-valor) SSR
0,293 0,936 1,114 0,016 3,646
Notas: N2NM = listagem nos niveis diferenciados Novo Mercado e
Nivel 2; ALAV = alavancagem; ROA = retorno sobre o ativo; [R.sup.2]
= coeficiente de determinacao; AIC = criterio de informacao de
Akaike; SBC = criterio de informacao de Schwarz; LR = estatistica
de verossimilhanca e SSR = quadrados dos residuos. Significancia:
** a 5% e * a 10%. Fonte: Elaboracao propria.
Quadro 1--Empresas abertas que possuem classificacao de risco
de credito pela Moody's no Brasil
EMPRESAS
AES Tiete Cyrela Realt JBS Sid. Nacional
ALL America Eletropaulo JHSF Suzano papel
Latina L. Participacoes
Ambev Embraer Localiza Taesa
BR Malls Energias BR Lupatech Tegma
Participacoes
Brookfield Energisa Marfrig Ultrapar
Cemat Even Minerva Vale
Cemig Fibria OGX petroleo Valid
Coelba Ger Paranapanema Paranapanema Viver
Comgas Gerdau Petrobras
Copasa Gol Rede Energia
CPFL Energia Hypermarcas Rossi Resid.
Fonte: Elaboracao propria.
Quadro 2--Variaveis independentes relacionadas ao rating
de risco de credito das empresas
Variavel Fundamentacao teorica
IGC Aman e Nguyen (2013); Silva, Santos e Almeida
(2012); Silva et al. (2010); Soares, Coutinho e
Camargos (2012)
N2NM Barbedo, Silva e Leal (2009)
ADR Silveira et al. (2008)
Alavancagem Damasceno, Artes e Minardi (2008)
Cobertura Blum et al. (1998); Damasceno, Artes e Minardi
de Juros (2008); Silva et al. (2010)
Estrutura de Damasceno, Artes e Minardi (2008)
Capital
Liquidez Silva et al. (2010)
Geral
Margem Minardi, Sanvicente e Artes (2006); Damasceno,
Operacional Artes e Minardi (2008)
Q de Tobin Silva et al. (2010); Ashbaugh-Skaife et al.
(2006)
ROA Silva et al. (2010); Ashbaugh-Skaife et al.
(2006); Minardi, Sanvicente e Artes (2006)
Tamanho Minardi, Sanvicente e Artes (2006); Damasceno,
Artes e Minardi (2008); Silva et al. (2010)
Variavel Operacionalizacao Relacao
esperada
IGC Estar listada no Indice de Governanca Incerta
Corporativa
N2NM Estar listada no segmento diferenciado Incerta
Nivel 2 ou Novo Mercado
ADR Emissao de ADR (apenas empresas do Novo Incerta
Mercado ou Nivel 2 da BM&FBOVESPA)
Alavancagem Endividamento Total/Ativo Total Negativa
Cobertura EBIT/Despesa Financeira Positiva
de Juros
Estrutura de Endividamento de longo prazo/Ativo Negativa
Capital Exigivel de Longo Prazo
Liquidez Ativo total/divida total. Incerta
Geral
Margem EBIT/Receita liquida operacional Positiva
Operacional
Q de Tobin (Valor de Mercado das Acoes PN + ON + Positiva
Divida Total) / Ativo Total
ROA Lucro Operacional/Ativo Total Positiva
Tamanho Ln (Ativo total) Positiva
Fonte: Elaboracao propria.