Performance of Brazilian companies after their IPO: short and long term evidence/Desempenho de acoes de empresas brasileiras apos seu IPO: evidencias de curto e de longo prazo/Rendimiento de acciones de empresas brasilenas despues de su IPO: evidencias de corto y de largo plazo.
de Oliveira, Bruno Cals ; Kayo, Eduardo Kazuo
1. INTRODUCAO
O desempenho das acoes de empresas que fizeram a oferta inicial de
acoes (IPO--Initial Public Offering) e um tema muito debatido na
academia internacional. No ambiente academico brasileiro, ainda ha pouca
discussao sobre os retornos obtidos por investidores, seja no curto,
seja no longo prazo, com o investimento em IPOs.
Em geral, o desempenho dos IPOs e debatido com base no fenomeno do
underprincing e dos retornos de longo prazo das acoes ofertadas
inicialmente. O underpricing de um IPO e caracterizado pelos altos
retornos das acoes no inicio de sua negociacao. Isso significa que o
valor atribuido a empresa ficou abaixo de seu valor potencial,
possibilitando uma alta rentabilidade para investidores nos primeiros
dias de negociacao. Ja o desempenho de longo prazo e debatido no intuito
de se analisar se, em periodos de tempo maiores, os IPOs sao bons
investimentos.
A literatura internacional traz estudos que concluem que os
retornos de curto prazo em IPOs sao excessivamente positivos em alguns
paises (BOULTON; SMART; ZUTTER, 2011) e que esses retornos sao frutos
das imperfeicoes do mercado de IPO (BENVENISTE; SPINDT, 1989;
BENVENISTE; WILHELM, 1990; SPATT; SRIVASTAVA, 1991), do periodo em que
as empresas abrem o capital (LOUGHRAN; RITTER, 2002) e dos objetivos
especificos da empresa ofertante (CLIFF; DENIS, 2004; CHEN; CHOI; JIANG,
2008).
No que tange aos retornos de longo prazo, os resultados sao
diferentes: IPOs tendem a apresentar um fraco desempenho (muitas vezes
negativo) em periodos de tempo maiores. Ritter (1991) afirma que IPOs
tem fraco desempenho no longo prazo e que este desempenho esta
relacionado ao excesso de otimismo dos investidores em relacao aos
lucros futuros das empresas ofertantes. O excesso de otimismo em relacao
aos lucros futuros faz com que as acoes sejam sobreavaliadas; no longo
prazo, elas retornam ao valor justo, justificando um fraco desempenho de
longo prazo apos o IPO. Na mesma linha, Ritter e Welch (2002) defendem
que tal desempenho e fruto do excesso de otimismo de investidores de
varejo, enquanto Ljungqvist, Nanda e Singh (2006) afirmam que o fraco
desempenho de longo prazo de IPOs e fruto dos "investidores
exuberantes", que sao excessivamente otimistas diante do desempenho
das empresas ofertantes.
Alem do excesso de otimismo, outra razao para o fraco desempenho de
longo prazo de IPOs e a projecao dos analistas sobre os lucros futuros
das empresas. De acordo com Rajan e Servaes (1997), empresas em que os
analistas foram mais pessimistas em relacao aos lucros futuros tiveram
melhor desempenho de longo prazo em suas acoes. Por fim, o desempenho de
longo prazo das empresas que fizeram oferta inicial de acoes tambem e
determinado pela qualidade dos coordenadores da oferta (DONG; MICHEL;
PANDES, 2011), o alto underpricing, o tamanho da oferta e o desempenho
operacional das companhias (CHI; MCWHA; YOUNG, 2010).
Considerando-se esse contexto, o objetivo deste trabalho e
apresentar como se comportaram os retornos relativos de curto e de longo
prazo das 130 empresas brasileiras que fizeram o IPO entre os anos de
2004 e 2011. Dentre os objetivos especificos, pode-se destacar a analise
dos retornos de curto e longo prazo de acordo com o ano de abertura de
capital da companhia e com o segmento de listagem que as empresas
optaram por negociar suas acoes.
Os resultados encontrados na pesquisa sugerem que o desempenho de
IPOs brasileiros no curto prazo corrobora a literatura internacional,
embora os resultados encontrados no Brasil sejam significativamente
inferiores aos constados por Boulton, Smart e Zutter (2011) em diversos
paises do mundo. No que tange ao longo prazo, assim como a literatura
internacional, os resultados desta pesquisa indicam retornos de longo
prazo negativos e estatisticamente diferentes de zero, independentemente
da extensao do periodo considerado (1, 2 ou 3 anos).
Esta pesquisa contribui para a discussao academica a respeito de
IPOs no Brasil. Alem de abranger um periodo mais extenso de analise,
traz algumas importantes consideracoes sobre o desempenho das empresas
ofertantes no periodo em que as acoes sao ofertadas. Dependendo do
periodo de emissao das acoes, tanto os retornos de curto quanto os de
longo prazo podem ser diferentes, evidenciando um importante papel do
momento de mercado para o desempenho dos IPOs.
Alem desta introducao, o artigo e dividido em cinco outras partes:
a segunda secao envolve uma breve fundamentacao teorica a respeito dos
temas de retorno de curto prazo e retorno de longo prazo de IPOs; a
terceira secao apresenta a metodologia utilizada na pesquisa; a quarta
secao apresenta os resultados obtidos; e, por fim, a quinta e a sexta
secoes apresentam as consideracoes finais e as referencias
bibliograficas, respectivamente.
2. FUNDAMENTACAO TEORICA
2.1. Underprincing
O underpricing e caracterizado, em um IPO, pelos altos retornos das
acoes no inicio de sua negociacao. Isso pode significar que o valor
atribuido a empresa foi menor que seu valor potencial, o que possibilita
uma alta rentabilidade para investidores nos primeiros dias de
negociacao. O underpricing e encarado como um custo indireto para a
empresa, pois ela deixa de arrecadar uma parte do potencial da oferta,
uma vez que o valor pago foi menor que o valor potencial. Na literatura,
esse fenomeno e referido como "deixar o dinheiro na mesa"
(LOUGHRAN; RITTER, 2002: 413), definido pelo numero de acoes
multiplicado pela diferenca entre o preco de fechamento da acao no
primeiro dia de negociacao e o preco vendido na oferta.
Apesar disso, Loughran e Ritter (2002) argumentam que os
empresarios raramente ficam insatisfeitos por terem recebido menos que o
valor potencial da oferta. O estudo desses autores baseou-se em 3.025
IPOs americanos, entre 1990 e 1998, e descobriu que o valor que os
empresarios deixaram de receber foi de mais de US$ 27 bilhoes, quantia
aproximadamente duas vezes maior que o valor pago diretamente pelos
servicos dos bancos de investimento (comissoes). A razao de os
empresarios nao ficarem insatisfeitos com esse custo pode ser explicada
pela teoria do prospecto, que, neste caso, remete ao fato de que os
empresarios, apesar de descobrirem que receberam menos dinheiro do que
poderiam, simultaneamente descobrem que estao mais ricos do que
esperavam estar, uma vez que os precos subiram e o valor de seu
patrimonio aumentou. Dessa forma, apesar de serem vitimas do
underpricing, os empresarios ficam satisfeitos, em media, com o sucesso
obtido no IPO de sua empresa.
Boulton, Smart e Zutter (2011) estudaram o underpricing medio de
7.306 empresas de 34 paises, entre os anos de 2000 e 2006, e encontraram
um underpricing medio de 27,53%, conforme demonstrado na Tabela 1. Como
se pode observar, o menor underpricing medio do periodo foi encontrado
no Mexico (2,53%), mas a quantidade de empresas da amostra nao nos
permite fazer qualquer analise mais profunda a respeito do pais. Por
outro lado, o maior underpricing medio foi encontrado no Japao, com o
valor impressionante de 57,29%. De acordo com Kirkulak e Davis (2005), o
underpricing no Japao tem uma correlacao positiva e significante com a
reputacao do banco de investimento responsavel pela oferta, quando ha
uma alta demanda das acoes de uma determinada empresa.
No Brasil, Boulton, Smart e Zutter (2011) encontraram um
underpricing medio de 8,96% para as empresas estudadas. No entanto, e
importante observar que os referidos autores estudaram apenas 28
empresas, entre 2000 e 2006, de forma que nao captaram um importante
periodo de IPOs no Brasil, principalmente no ano de 2007.
Alguns pesquisadores defendem que o underprincing e fruto das
imperfeicoes do mercado de IPO, o que o torna um custo inevitavel no
processo de abertura de capital. De acordo com esses estudiosos, a
assimetria da informacao entre investidores e uma imperfeicao constante,
apesar de a pratica do bookbuilding permitir aos underwriters a obtencao
de mais informacoes de investidores bem informados (BENVENISTE; SPINDT,
1989; BENVENISTE; WILHELM, 1990; SPATT; SRIVASTAVA, 1991).
A quantidade de informacoes obtidas no processo do bookbuilding
dependera do esforco empreendido pelos bancos de investimento no
processo. Para mensurar tal esforco, Bradley, Cooney Jr. e Singh (2004)
estudaram a diferenca de rentabilidade entre empresas que foram
ofertadas com precos redondos (exemplo: R$ 20,00) e empresas que foram
ofertadas com precos fracionados (exemplo: R$ 10,22) considerando que o
preco fracionado e mais refinado e preciso, o que requereu maior esforco
dos bancos de investimentos na precificacao do ativo. Bradley, Cooney
Jr. e Singh (2004) descobriram que, de fato, o retorno inicial medio de
ofertas com precos redondos foi de 25,5%, enquanto as empresas ofertadas
com precos fracionados valorizaram apenas 8,1%.
Outra corrente de estudo do underpricing foca o periodo em que
acontece o IPO. Loughran e Ritter (2002) afirmam que, na decada de 1980,
o retorno medio do primeiro dia de negociacao das acoes americanas foi
de 7%, aumentando para quase 15% entre 1990 e 1998 e atingindo o
surpreendente valor de 65% durante a bolha de empresas de internet entre
1999 e 2000. Loughran e Ritter (2002) dizem ainda que uma pequena parte
desse crescimento se deve as mudancas de risco de empresas que se tornam
publicas. No entanto, a maior parte desse crescimento deve-se ao
conflito de agencia entre as empresas ofertantes e os bancos de
investimento, uma vez que os underwriters passaram a ser compensados por
seus grandes clientes institucionais, caso eles obtivessem bons retornos
com as acoes advindas de um IPO.
A terceira e ultima corrente teorica tenta explicar o underpricing
por meio dos objetivos especificos da empresa ofertante. Algumas
empresas vendem uma pequena parcela do seu total de acoes para se
tornarem reconhecidas no mercado financeiro e determinarem mais
precisamente o valor da empresa. Com isso, elas realizam uma nova oferta
de acoes (follow-on) para vender uma parcela maior da empresa, obtendo
mais recursos para seu caixa (oferta primaria) ou para os acionistas
vendedores (oferta secundaria). No Brasil, os segmentos de listagem com
niveis diferenciados de governanca corporativa exigem o minimo de 25%
das acoes da empresa em circulacao no mercado. No entanto, a empresa tem
em torno de tres anos para atingir esse perfil. Dessa forma, algumas
empresas vendem uma parcela menor de suas acoes, para depois aproveitar
um momento oportuno e vender outra parte por meio de uma oferta
subsequente de acoes.
Adicionalmente, a cobertura dos analistas passou a ter maior
importancia do que uma alta avaliacao para as empresas ofertantes. A
atividade de analistas, que na decada de 1980 era nula ou muito pequena,
foi marcada na decada de 1990 pelo crescimento de sua importancia,
fazendo com que as empresas fossem incentivadas a buscar analistas bem
reputados para acompanhar e recomendar a compra de sua acao. Nao
obstante, Cliff e Denis (2004) comprovaram empiricamente que o
underpricing esta positivamente relacionado a cobertura de analistas e a
presenca, cobrindo a empresa ofertante, de um analista bem renomado no
mercado. Dessa forma, Cliff e Denis confirmaram a hipotese de que a
cobertura de analistas e "comprada" por meio do underpricing,
apesar de este fato nao ser explicito nas negociacoes entre empresas e
bancos de investimentos.
Por fim, outro motivo especifico que aparentemente pode explicar
parte do underpricing em IPOs e o possivel desvio de conduta de CEOs no
processo da abertura de capital. O presidente da empresa pode favorecer
a escolha de um determinado banco de investimento como coordenador lider
da operacao, caso este se comprometa a alocar uma quantidade
significativa de acoes para determinados investidores. Chen, Choi e
Jiang (2008) analisaram 1.213 empresas estatais e 167 empresas privadas
que realizaram IPO na China entre o periodo de 1990 e 2006, e
encontraram fortes evidencias de que CEOs de empresas estatais chinesas
foram promovidos dentro da hierarquia por incentivar o underpricing
desses empreendimentos e por incentivar a alocacao de acoes para pessoas
importantes do governo que poderiam influenciar no desenvolvimento de
suas carreiras. Neste estudo nao foram encontradas evidencias de
corrupcao em empresas privadas.
3. RETORNOS DE LONGO PRAZO EM IPOS
Ao contrario do que foi visto na secao de underpricing, em que os
IPOs de empresas de varios paises obtiveram altos retornos de curto
prazo, as pesquisas existentes (RITTER, 1991; RITTER; WELCH, 2002;
LJUNGQVIST; NANDA; SINGH, 2006; CAI; LIU; MASE, 2008; CHI; MCWHA; YOUNG,
2010) mostram um fraco desempenho de longo prazo das empresas que
fizeram o IPO.
O fenomeno do fraco desempenho em IPOs existe nao so em economias
desenvolvidas, como a dos Estados Unidos, mas tambem em economias em
desenvolvimento, como a da China (CAI; LIU; MASE, 2008) ou do Brasil,
conforme sera apresentado adiante. As pesquisas de retornos de longo
prazo de IPOs comecaram com Ritter (1991), que encontrou uma forte
evidencia de baixo desempenho de longo prazo, que, segundo o autor, se
deve ao excesso de otimismo em relacao ao potencial de geracao de lucros
das empresas.
Ritter e Welch (2002) afirmam que o excesso de otimismo de
investidores pessoas fisicas (investidores de varejo) e a causa de altos
retornos de curto prazo e baixos retornos de longo prazo; de igual modo,
para Ljungqvist, Nanda e Singh (2006), a causa dos retornos de curto e
longo prazo deve ser atribuida aos "investidores irracionalmente
exuberantes" (p.1693).
O excesso de otimismo e um importante vies comportamental
relacionado a uma "percepcao exageradamente positiva da
probabilidade de ocorrencia de eventos favoraveis" (Barros, 2005:
14). Por outro lado, quando se trata de eventos desfavoraveis, o excesso
de otimismo faz as pessoas subestimarem a probabilidade de sua
ocorrencia. Em razao desse vies, os gestores, assim como os
investidores, tendem a sobrestimar os fluxos de caixa associados aos
investimentos realizados com os recursos dos IPOs.
Alem do excesso de otimismo, outra causa do fraco desempenho de
longo prazo dos IPOs esta relacionada a manipulacao de lucros pelas
empresas e a manipulacao de previsoes de lucro pelos analistas. Empresas
que fazem o IPO manipulam seus lucros e, em razao dessa manipulacao,
acabam tendo um fraco desempenho apos o IPO (TEOH; WONG; RAO, 1998). Os
resultados encontrados por Teoh, Wong e Rao (1998) sao consistentes com
os resultados de Mikkelson, Partch e Shah (1997), que afirmam que o
crescimento dos lucros das empresas e menor apos o IPO.
Outra razao do fraco desempenho de longo prazo de IPOs e sugerida
por Rajan e Servaes (1997). De acordo com esses autores, no longo prazo,
os IPOs que tiveram melhor desempenho foram aqueles a que os analistas
atribuiram menor potencial de geracao de lucros, em vez de alto
potencial de lucros futuros.
Na Nova Zelandia, Chi, Mcwha e Young (2010) encontraram evidencias
de que o fraco desempenho de empresas que fizeram IPOs entre os anos de
1991 e 2005 se deveu ao alto underpricing, ao tamanho da companhia e ao
desempenho operacional. Na China, Cai, Liu e Mase (2008) afirmam que o
excesso de otimismo e o tamanho da oferta sao importantes fatores que
determinam o fraco desempenho de longo prazo das acoes chinesas.
Dong, Michel e Pandes (2011) examinaram a relacao entre a qualidade
dos underwriters das ofertas e o desempenho de longo prazo dos IPOs
ocorridos nos Estados Unidos entre os anos de 1980 e 2006. De acordo com
esses autores, a maior qualidade dos underwriters, medida pelo numero de
coordenadores da oferta, pela reputacao do underwriter e pelo preco
absoluto ajustado, esta relacionada a um melhor desempenho de longo
prazo dos IPOs.
No Brasil, Aggarwal, Leal e Hernandez (1993) analisaram o
desempenho de 64 IPOs entre os anos de 1980 e 1990 e encontraram que,
enquanto o retorno de curto prazo ajustado ao mercado foi de 78,5%, os
investidores que optaram por permanecer por tres anos com essas acoes
acabaram com apenas 67% do valor investido inicialmente, ajustados pelo
desempenho do mercado no periodo. Dessa forma, na decada de 1980 o
fenomeno de altos retornos de curto prazo e fraco desempenho de longo
prazo ja ocorria no Brasil.
Em um estudo mais recente, Leal (2004) analisou os IPOs ocorridos
no Brasil entre os anos de 1979 e 1992 e encontrou um alto retorno de
curto prazo, com uma media de 74,1% e mediana de 31,6%. No entanto, para
o periodo de tres anos, o autor concluiu que os investidores que
alocaram seu capital em IPOs obteriam, ao final do periodo, 31% do valor
que teriam obtido se tivessem investido no portfolio de empresas que
compunham o Ibovespa.
Por fim, Freitas, Savoia e Montini (2008) analisaram os IPOs
ocorridos entre os anos de 2004 e 2006 e encontraram resultados
diferentes. De acordo com os autores, a media do retorno de um ano dos
30 IPOs analisados foi de 14,3% e a mediana de 6,7%. No entanto, e
importante observar que o periodo analisado e pequeno e envolve apenas
30 companhias.
4. METODOLOGIA
Este artigo desenvolve uma pesquisa quantitativa que abrange 130
IPOs ocorridos no Brasil entre os anos de 2004 e 2011. A lista de
empresas que fizeram IPO no periodo foi coletada no site da Bolsa de
Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa).
Do total de 138 IPOs ocorridos no periodo, oito foram excluidos da
amostra: sete companhias foram excluidas em razao de insuficiencia e/ou
inexistencia de dados, e uma empresa (Nutriplant) foi excluida por estar
listada no Bovespa Mais e ter regime diferenciado de regras.
Das 130 empresas restantes, 100 sao listadas no Novo Mercado, 17 no
Nivel II, 8 no nivel I e 5 empresas sao classificadas como BDR
(Brazilian depositary receipt).
Os dados relativos as cotacoes de fechamento das empresas, assim
como do indice Ibovespa, foram coletados no software Economatica. As
cotacoes utilizadas sao ajustadas por proventos (dividendos, splits,
etc.).
O underpricing e os retornos de longo prazo sao calculados de forma
semelhante. O underpricing e calculado pelo preco de fechamento da acao
no primeiro dia, dividido pelo preco da oferta menos um (Eq. 1). O
retorno de um mes e calculado pelo preco de fechamento da acao no
21[degrees] dia de negociacao, dividido pelo preco da oferta menos um
(Eq. 2). O retorno de dois meses e calculado pelo preco de fechamento da
acao no 42[degrees] dia de negociacao, dividido pelo preco da oferta
menos um (Eq. 3). E assim por diante. Um mes equivale a 21 dias uteis de
negociacao, um ano a 252 dias de negociacao, conforme comunicado no
7.818 do Banco Central do Brasil.
Underpricing = ([P.sub.i1]/[P.sub.ipo] - 1)1 Eq.1
Underpricing = retorno do primeiro dia
[P.sub.i1] = Preco de fechamento da acao i no tempo t=1
[P.sub.ipo] = Preco do IPO da acao i
RET1mes = ([P.sub.i21]/[P.sub.ipo] - 1) Eq. 2
RET1mes = retorno do primeiro mes
[P.sub.i21] = Preco de fechamento da acao i no tempo t=21 (21
pregao apos o IPO da acao i)
[P.sub.ipo] = Preco do IPO da acao i
RET2meses = ([P.sub.i42]/[P.sub.ipo] - 1) Eq. 3
RET2meses = retorno do segundo mes
[P.sub.i42] = Preco de fechamento da acao i no tempo t=42 (42
pregao apos o IPO da acao i)
[P.sub.ipo] = Preco do IPO da acao i
Os dados foram coletados para os periodos de 1 mes, 2 meses, 3
meses, 4 meses, 5 meses, 6 meses, 7 meses, 8 meses, 9 meses, 10 meses,
11 meses, 1 ano, 2 anos e 3 anos. Com isso, foi possivel observar o
periodo exato em que houve modificacao de sinal dos retornos das acoes
das companhias estudadas.
Para o calculo do retorno ajustado das acoes em relacao ao
Ibovespa, foi utilizada a tecnica de buy-and-hold abnormal return,
definido como a diferenca entre o retorno do periodo da acao
'i' e o retorno do indice no mesmo periodo, conforme
demonstrado abaixo:
BHAR = ([P.sub.it]/[P.sub.ipo] - 1) -
([P.sub.ibovt]/[P.sub.ibovipo]) Eq. 4
[P.sub.it] = Preco de fechamento da acao i no tempo t
[P.sub.ipo] = Preco do IPO da acao i
[P.sub.ibovt] = Preco de fechamento do Ibovespa no tempo t
[P.sub.ibovipo] = Preco de fechamento do Ibovespa no dia do IPO da
companhia i
Para a analise conjunta das empresas, e necessario calcular a media
do buy-and-hold abnormal return, conforme abaixo (Eq. 5):
[bar.BHAR] = 1/n [[SIGMA].sup.n.sub.i=1] iBHAR it Eq. 5
BHA[R.sub.it] = Retorno anormal da acao i no tempo t n = numero de
empresas da amostra.
Apos os calculos dos retornos anormais ajustados e acumulados, o
teste t de Student foi processado para testar a hipotese de que a media
(ou mediana) dos retornos nos diversos periodos analisados e diferente
de zero. Entretanto, em funcao da natureza dos dados e da quantidade
relativamente reduzida de IPOs, deve-se ressaltar a preocupacao com a
premissa de normalidade necessaria para processar o teste t. Por isso,
para cada periodo de analise, o teste de Shapiro-Wilk foi utilizado para
checar a normalidade dos dados. Uma vez que os testes rejeitaram a
hipotese nula de normalidade para a grande maioria dos periodos, foi
tambem utilizado o teste nao parametrico de Wilcoxon, para testar se as
medianas eram estatisticamente diferentes de zero. Dessa forma,
genericamente, as hipoteses nula ([H.sub.0]) e alternativa ([H.sub.1])
testadas neste artigo sao apresentadas como:
[H.sub.0]: Media (ou mediana) dos retornos ajustados = 0
[H.sub.1]: Media (ou mediana) dos retornos ajustados [not equal to]
0
A rejeicao da hipotese nula indica a existencia de retornos
anormais positivos ou negativos nas amostras analisadas. E importante
destacar que os testes realizados se restringem a indicar se as medias
(ou medianas) sao estatisticamente diferentes de zero. Eles nao analisam
os fatores que determinam as variacoes dos retornos anormais. E razoavel
supor que, possivelmente, varias caracteristicas das empresas e ate
mesmo do setor em que elas atuam influenciam nos retornos gerados apos o
IPO. Essas analises, porem, nao fazem parte do escopo do presente
artigo. Sugere-se, pois, que sejam feitas em estudos futuros.
5. ANALISE DE RESULTADOS
Os resultados obtidos na pesquisa de 130 IPOs de companhias
brasileiras ocorridos entre os anos de 2004 e 2011 estao relatados na
Tabela 2. A media dos retornos de curto prazo dos IPOs foi positiva,
porem bastante inferior aos dados encontrados por Aggarwal, Leal e
Hernandez (1993) e Leal (2004). No primeiro dia de negociacao, a media
dos retornos dos IPOs foi de 4,5% e a mediana de apenas 1,7%, ao passo
que Aggarwal, Leal e Hernandez (1993) encontraram retorno de 78,5% e
Leal (2004), de 74,1%. Cabe destacar que o periodo analisado pelos
autores e totalmente distinto do exposto neste trabalho, uma vez que na
decada de 1980 o Brasil encontrava-se em uma situacao economica bastante
diferente da atual. Pode-se atestar, portanto, que o retorno de curto
prazo dos IPOs brasileiros mudou significativamente de um periodo para o
outro.
E possivel observar tambem que ha uma grande variacao entre os
resultados das empresas: de fato, os retornos variaram de -17,2%
(empresa Le Lis Blanc) a 49,0% (empresa Bovespa Holding) no periodo
analisado.
Os testes de normalidade de Shapiro-Wilk rejeitaram a hipotese nula
de normalidade dos retornos para todos os periodos, com excecao dos
periodos de 1 mes e 2 meses. Por isso, a Tabela 2 mostra, alem das
medias, tambem as medianas devidamente testadas pelo teste nao
parametrico de Wilcoxon. Os retornos relativos ao Ibovespa se mantem com
medias positivas e estatisticamente significantes ate o terceiro mes de
negociacao, invertendo o sinal no periodo de dois anos e no periodo de
tres anos. Ja a mediana e positiva e significante apenas para os dois
primeiros meses e inverte o sinal, de forma estatisticamente
significante, a partir do primeiro ano de negociacao.
Os resultados encontrados corroboram as pesquisas de Ritter (1991),
Ritter e Welch (2002) e Ljungqvist, Nanda e Singh (2006) com empresas
americanas, os estudos de Chi, Mcwha e Young (2010) com empresas da Nova
Zelandia e de Cai, Liu e Mase (2008) com empresas chinesas. Em todas
essas pesquisas, os autores encontraram a existencia de retornos
relativos positivos no curto prazo e de fraco desempenho no longo prazo.
Se considerarmos a media de retorno de 4,5% apontada na Tabela 2, o
valor do dinheiro "deixado na mesa" nos IPOs brasileiros
corresponde a R$ 5 bilhoes, valor superior a media de comissoes pagas
aos bancos de investimento, de 3,95% (ou aproximadamente R$ 4,5
bilhoes), apontada por Oliveira (2011). Guardadas as devidas proporcoes,
o valor "deixado na mesa" pelos 3.025 IPOs americanos
analisados por Loughran e Ritter (2002) foi de US$ 27 bilhoes, valor
tambem superior a media de comissoes pagas aos bancos de investimento.
O primeiro mes de negociacao deve receber especial atencao, pois,
durante esse periodo, os bancos de investimento coordenadores da
operacao tem o poder de influenciar os retornos dos ativos, uma vez que
no primeiro mes de negociacao ocorre o periodo de exercicio de opcao de
lote suplementar e o processo de estabilizacao dos precos. Esse lote e
exercido quando ha muita demanda da acao. Por outro lado, se ocorre
pouca demanda da acao, o agente estabilizador da oferta pode atuar no
mercado, comprando acoes de forma a estabilizar o preco da acao nos
primeiros dias de negociacao. A mediana dos retornos do periodo de um
mes (2,2%) foi maior que a dos retornos do periodo de um dia (1,7%),
indicando que os ativos podem ter passado por maior valorizacao mesmo
com a possivel venda, por parte dos bancos de investimento, de um lote
suplementar de ate 15% das acoes ofertadas.
No primeiro ano de negociacao, as empresas obtiveram a mediana dos
retornos de -14,2%, bem diferente da encontrada por Freitas, Savoia e
Montini (2008) em sua amostra de 30 empresas brasileiras entre os anos
de 2004 e 2006. Os referidos pesquisadores encontraram uma mediana
positiva, no primeiro ano, de 6,7%. Pode-se concluir, portanto, que a
insercao dos cincos anos, a partir de 2007, fez com que os resultados
mudassem significativamente, inclusive com inversao de sinais.
Quanto maior o prazo analisado, pior o resultado obtido pelas
empresas que fizeram o IPO no Brasil. Em dois anos de negociacao, os
IPOs de companhias brasileiras obtiveram o retorno medio de -13,7%, e a
mediana do retorno ficou em -40,7%. Quando analisados os retornos de
tres anos de negociacao, o resultado medio foi de -22,4% e a mediana de
-45,9%.
Vale ressaltar a grande distorcao entre os dados obtidos. Enquanto
os retornos de dois anos variaram de -152,5% (empresa CSU Cardsystem) a
400,1% (empresa Localiza), os retornos de tres anos variaram de -191,8%
(empresa Grendene) a 271,8% (empresa Localiza). Cabe salientar ainda
que, como os retornos analisados sao representados pela subtracao entre
o retorno do ativo e o retorno do Ibovespa, algumas empresas acabaram
ficando com retornos menores que 100%, uma vez que o retorno da empresa
foi negativo, enquanto o retorno do Ibovespa foi positivo.
Um importante ponto adestacar neste artigo e o papel das ondas de
IPOs na determinacao do desempenho das acoes. A Tabela 3 apresenta as
medianas dos retornos de curto e longo prazos dos anos de 2006 e 2007.
Os outros anos nao foram relatados, em funcao da pequena quantidade de
operacoes realizadas, circunstancia que inviabiliza os testes
estatisticos. Como se pode observar, em 2006, a mediana dos retornos de
um dia foi de 7,5% (estatisticamente significante a 1%), caindo para
1,9% em 2007 (estatisticamente significante a 5%). Uma possivel
explicacao para tal fenomeno e o market timing, isto e, o momento em que
as empresas aproveitam o bom nivel de precos do mercado para ofertar
suas acoes. Como as acoes estao valorizadas, as empresas que abrem o
capital nessa janela de oportunidade tendem a sair com precos maiores e,
consequentemente, obter retornos menores nos primeiros dias de
negociacao. Esse fenomeno do market timing ja foi comprovado no Brasil
por Rossi Junior e Cespedes (2008), Rossi Junior e Marotta (2010) e
Oliveira (2011).
Alem do fato de o retomo de um dia, em 2007, ter sido menor que em
2006, observa-se que os retornos negativos comecaram a surgir mais cedo
para as empresas que realizaram seus IPOs em 2007. Nesse ano, ha um
resultado negativo e estatisticamente significante (mediana = -9,6% com
p-valor < 0,01) ja no quinto mes subsequente ao lancamento das acoes.
No ano de 2006, em contraste, o primeiro resultado negativo e
significante ocorreu no segundo ano. Esse fenomeno reforca a ideia de
que pode ter havido uma significante sobreavaliacao das acoes que foram
lancadas em 2007. Com tal sobreavaliacao, os resultados negativos passam
a ser observados mais cedo.
Os resultados encontrados, ainda nao abordados em estudos
nacionais, sao de suma importancia para os investidores de IPOs
brasileiros. Ha evidencias, com base na amostra da pesquisa, de que o
momento em que o investidor opta por comprar acoes em um IPO pode ser
determinante para o seu retorno, visto que os IPOs lancados em momentos
de otimismo de mercado ja podem sair com preco mais alto, o que
contribui para que o retorno de longo prazo seja negativo. Quer isso
dizer que, em media, comprar acoes de IPOs em periodo proximo ao fim da
janela de oportunidade pode acarretar retorno negativo no longo prazo.
No caso brasileiro, em 2007, com o recorde de IPOs e o otimismo no
mercado, as acoes ofertadas sairam com precos mais altos e tiveram
retornos negativos estatisticamente diferentes de zero ja a partir do
5[degrees] mes de negociacao. O excesso de otimismo em relacao ao
desempenho futuro das empresas ofertantes, apontado por Ritter (1991) e
Ritter e Welch (2002), pode ser o motivo para tais resultados.
O resultado exposto acima e passivel de analise mais detalhada.
Alem da questao concernente ao fraco desempenho de longo prazo dos IPOs
no mundo, e importante salientar acontecimentos restritos ao periodo de
analise deste estudo. Nos anos de 2007 e 2008, e com mais intensidade em
2009, os mercados foram impactados pela crise financeira internacional.
Se considerarmos que o pico do Ibovespa foi em maio de 2008, e possivel
afirmar que os retornos de longo prazo que envolvem os meses apos o
referido periodo influenciarao os resultados de forma negativa. Por
outro lado, empresas que abriram o capital a partir de 2009, quando o
nivel de precos do mercado estava baixo, foram impactadas positivamente
pelo crescimento do mercado no periodo posterior a crise.
Cabe concluir que os resultados fortemente negativos no desempenho
de IPOs no longo prazo no Brasil, no referido periodo, podem ter sido
fortemente influenciados pelas empresas que abriram o capital antes da
crise financeira internacional, principalmente se levarmos em
consideracao que 76% das empresas que compoem a amostra do estudo
fizeram o IPO ate o ano de 2007. Apesar de o periodo ja captar momentos
de alta e queda no mercado, a desproporcao do numero de empresas pode
ter influenciado nos resultados. Da mesma forma, o estudo de Freitas,
Savoia e Montini (2008) foi influenciado por um periodo de alta nos
mercados e, por isso, constatou que o retorno ajustado de longo prazo
foi positivo.
6. CONSIDERACOES FINAIS
Este trabalho buscou apresentar como se comportaram os retornos de
curto e longo prazo dos IPOs de companhias brasileiras entre os anos de
2004 e 2011. No total, foram analisadas 130 ofertas iniciais de acoes.
As conclusoes da pesquisa indicam que a media de retorno de um dia
no Brasil, medido pelo underpricing, e de apenas 4,5%, bastante inferior
a media verificada por estudos realizados em outros paises. Quando
considerados periodos mais longos (1, 2 e 3 anos), os retornos relativos
dos IPOs brasileiros sao invariavelmente negativos, indicando o fraco
desempenho das acoes compradas na oferta inicial e mantidas em carteira
ate os referidos periodos.
Um resultado importante a observar e que o desempenho das acoes
esta relacionado ao periodo em que os IPOs ocorreram. Observou-se que,
quando os IPOs se realizaram em momentos de alta valorizacao dos precos
(como o ano de 2007), os retornos negativos foram mais proeminentes e
aconteceram mais cedo do que quando realizados em outros momentos. Tais
resultados podem ser explicados pelo market timing. Empresas
brasileiras, a exemplo do que acontece em outros mercados, tem
aproveitado janelas de oportunidade para emitir suas acoes, o que faz
com que muitas emissoes ocorram em periodos com altos niveis de precos
do mercado, provocando um retorno mais fraco no longo prazo.
Dentre as limitacoes deste estudo, podem-se destacar o fato de se
ter trabalhado apenas com o periodo de 2004 a 2011 e nao se poder
estender estas conclusoes a empresas de outros paises, uma vez que a
amostra envolve apenas IPOs de companhias brasileiras. Alem disso, os
testes estatisticos realizados limitam-se a verificar se os retornos sao
estatisticamente diferentes de zero. Nao foram feitas analises mais
extensas, que terminassem os fatores que podem ter influenciado na alta
variancia desses retornos.
Assim, como sugestao para outros trabalhos, indica-se a analise dos
fatores determinantes do desempenho de curto e de longo prazo de IPOs de
empresas brasileiras, analisando-se, por exemplo, a relacao da reputacao
do underwriter com os retornos, a relacao entre coberturas de analistas
e o desempenho de longo prazo e a diferenca entre os desempenhos de IPOs
de empresas familiares e nao familiares.
Recebido em: 5/6/2012
Aprovado em: 22/9/2014
DOI: 10.5700/rege557
Bruno Cals de Oliveira
Doutorando em Administracao (Financas) na Faculdade de
Economia, Administracao e Contabilidade da Universidade de Sao
Paulo
Sao Paulo-SP, Brasil
Mestre em Administracao pala FEA-USP
MBA Executivo em Financas no COPPEAD/UFRJ
E-mail: brunocalsadm@yahoo.com.br
Eduardo Kazuo Kayo
Professor Associado do Departamento de Administracao da Faculdade
de
Economia, Administracao e Contabilidade da Universidade de Sao
Paulo Sao
Paulo-SP, Brasil
Livre-Docente, Doutor e Mestre em Administracao pela Faculdade de
Economia, Administracao e Contabilidade da
Universidade de Sao Paulo
E-mail: kayo@usp.br
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Tabela 1--Underpricing medio em 34 paises - 2000 a 2006
Pais Numero de Underpricing Pais
Empresas Medio
Japao 1.092 57,29% Reino Unido
Polonia 23 50,97% Africa do Sul
Coreia do Sul 327 49,08% Hong Kong
Indonesia 53 38,89% Nova Zelandia
India 97 38,73% Suica
Canada 21 37,03% Austria
Malasia 331 35,04% Filipinas
Alemanha 223 29,96% Holanda
Grecia 49 28,02% Franca
Estados Unidos 1.128 24,60% Portugal
Dinamarca 15 23,18% Italia
Singapura 360 20,37% Brasil
Australia 711 19,96% Belgica
Turquia 5 19,51% Espanha
Finlandia 21 18,94% Suecia
Tailandia 153 18,35% Noruega
Taiwan 431 17,90% Mexico
Amostra Total 7.306 27,53%
Pais Numero de Underpricing
Empresas Medio
Japao 1.034 17,70%
Polonia 5 16,85%
Coreia do Sul 521 16,10%
Indonesia 35 15,03%
India 43 14,86%
Canada 25 14,31%
Malasia 23 14,08%
Alemanha 12 13,49%
Grecia 282 12,63%
Estados Unidos 8 10,65%
Dinamarca 99 9,62%
Singapura 28 8,96%
Australia 24 8,11%
Turquia 20 7,95%
Finlandia 42 6,22%
Tailandia 60 4,18%
Taiwan 5 2,53%
Amostra Total
Nota: O underpricing foi calculado dividindo-se o preco de
fechamento do primeiro dia de negociacao pelo preco da oferta
menos um: (Pi/PiPo)-1. Fonte: BOULTON, T.; SMART, S.; ZUTTER, C.
Earnings Quality and International IPO Underpricing. Accounting
Review, v. 86, n. 2, p.483-505, Mar. 2011.
Tabela 2--Retornos de curto e longo prazos de IPOs de
empresas brasilei ras
Periodo Media Desvio- Mediana
padrao
1 dia 4,5% *** 9,7% 1 7% ***
1 mes 4 1% *** 14,2% 2,2% ***
2 meses 3,5% ** 19,3% 1,1%
3 meses 3,5% * 23,9% 1,0%
4 meses 3,5% 29,3% 0,9%
5 meses 0,9% 34,5% 0,1%
6 meses 0,2% 37,0% -6,4%
7 meses 1,0% 42,9% -5,6%
8 meses -0,3% 46,3% -6,2%
9 meses -3,1% 48,5% -7,7%
10 meses -3,5% 51,3% -8,0%
11 meses -3,0% 55,8% -10,5%
1 ano -3,8% 58,7% -14,2% *
2 anos -13,7% * 79,4% -40,7% ***
3 anos -22,4% ** 86,6% -45,9% ***
Periodo Minimo Maximo N
1 dia -17,2% 49,0% 129
1 mes -31,0% 41,4% 129
2 meses -49,2% 55,3% 129
3 meses -47,2% 106,1% 130
4 meses -44,0% 149,4% 130
5 meses -57,8% 195,0% 130
6 meses -68,7% 148,4% 130
7 meses -73,8% 162,5% 129
8 meses -81,4% 192,0% 126
9 meses -86,6% 171,9% 126
10 meses -82,9% 166,6% 124
11 meses -84,7% 235,1% 123
1 ano -93,2% 228,0% 121
2 anos -152,5% 400,1% 106
3 anos -191,8% 271,8% 93
Nota * p-value < 0,10; ** p-value < 0,05; *** p-value < 0,01.
Fonte: Elaboracao propria.
Tabela 3--Mediana dos retornos para os anos de 2006 e 2007
2006 2007
Periodo Mediana N Mediana N
1 dia 7,5% *** 23 1,9% ** 82
1 mes 2,8% ** 23 3,0% ** 82
2 meses 5,0% * 23 2,7% 82
3 meses 8,4% 23 -2,7% 83
4 meses 5,1% 23 -4,1% 83
5 meses 8,9% 23 -9,6% *** 83
6 meses 4,2% * 23 -14,4% *** 83
7 meses 12,0% ** 23 -19,5% *** 83
8 meses 21,2% ** 23 -19,8% *** 83
9 meses 23,5% ** 23 -27,0% *** 83
10 meses 28,2% ** 23 -28,9% *** 82
11 meses 18,3% 23 -28,8% *** 82
1 ano 24,1% 23 -30,6% *** 82
2 anos -40,9% * 21 -44,2% *** 80
3 anos -45,9% ** 19 -49,5% *** 75
Nota: Para os anos de 2004, 2005, 2008, 2009, 2010 e 2011, os
testes estatisticos nao foram realizados, porque a quantidade de
IPOs em cada um desses anos, individualmente, foi muito baixa. *
p-value < 0,10; ** p-value < 0,05; *** p-value < 0,01. Fonte:
Elaboracao propria.