Assessment of brand type influence in purchase decision/Avaliacao da influencia do tipo de marca na decisao de compra/Evaluacion de la influencia del tipo de marca en la decision de compra.
de Mello e Castro, Luiz Alberto Marcondes Homen ; Gouvea, Maria Aparecida
1. INTRODUCAO
Na sociedade moderna, as marcas, em razao de cujos significados os
produtos e servicos estao sendo consumidos, passaram a representar uma
propriedade legal valiosa, capaz de influenciar o comportamento do
consumidor e ainda oferecer seguranca de receitas futuras e estaveis
para seu proprietario (KOTLER; KELLER, 2006). Podem elas substituir,
desse modo, a capacidade de producao como item principal na avaliacao de
empresas para aquisicao ou fusao, justificando o fato de o valor final
pago na compra de algumas empresas ser maior que o valor patrimonial
delas.
Com a proliferacao das mercadorias e com o deslocamento da base
economica dos paises do sistema produtivo para o consumo, houve um
movimento da racionalidade material para o plano do desejo, para o campo
da subjetividade. Nesse contexto, as marcas foram primeiramente
aplicadas em bens fisicos, depois em servicos e, ultimamente, no
terceiro setor, apos as organizacoes sem fins lucrativos reconhecerem o
valor do marketing para a execucao da vantagem competitiva (EWING;
NAPOLI, 2005). Assim, as marcas assumiram um papel de destaque nas
relacoes de compra e venda, deixando a simples funcao de facilitadoras
das transacoes comerciais para se tornarem poderosos signos de
representacao do ser, do comportamento, do posicionamento social e
economico (PEREZ, 2004; MORT; WEERAWARDENA; WILLIAMSON, 2007; CALDWELL;
COSHALL, 2002).
Com um papel ampliado, as marcas, de acordo com Mowen e Minor
(2003), passaram a funcionar como um facilitador na tomada de decisao de
compra de produtos complexos (ou seja, com caracteristicas de dificil
avaliacao), tendo-se tambem tornado, segundo Keller (2002),
influenciadoras da qualidade percebida, preco justo e fidelidade; em
outras palavras, transformaram-se em um item com muita forca para
alterar o valor percebido de um produto.
Cravens e Piercy (2007) assinalam que marcas bem administradas
facilitam a formacao de relacoes de fidelidade, a introducao de novos
produtos no mercado, em razao de familiaridade com a marca, a eficiencia
dos dispositivos promocionais, ao proverem um ponto focal, a fixacao de
precos diferenciados e a segmentacao de mercado. Alem da fidelidade e
dos precos diferenciados, Lambin (2000) afirma que uma marca influente
possui fraca sensibilidade ao preco, ou seja, resiste melhor a aumentos
de preco do que as marcas concorrentes, o que seria uma consequencia da
fidelidade e um requisito para se implementarem precos diferenciados;
alem disso, a marca suscita atitudes positivas nos consumidores, como
familiaridade, estima, preferencia, intencao de compra.
Cientes de tais beneficios, muitos gestores passaram a criar
diferentes tipos de marcas para seus produtos, algumas providas de
responsabilidade social e outras de tradicao e reconhecimento da
sociedade. Em meio a essa profusao de marcas, tres tipos se destacam: 1)
marcas genericas, que oferecem a melhor qualidade possivel a um
determinado custo (normalmente baixo); 2) marcas de fabricantes, que tem
tradicao e alta diferenciacao e investem grandes quantias de dinheiro em
comunicacao; 3) marcas sociais, que compartilham das mesmas
caracteristicas do tipo anterior, mas tem seu patrimonio baseado no
conceito de responsabilidade social, de producao sustentavel, de
respeito escrupuloso pela natureza e a sociedade.
Dada a abrangencia da difusao das marcas, a correta gestao das
mesmas torna-se um fator importante de sobrevivencia das empresas em um
ambiente no qual cada dia novas marcas aparecem, produtos genericos vem
lutar por meio de precos baixos, os produtos assumem caracteristicas
simbolicas e o consumo deles passa a depender mais de seu significado
social do que de sua utilidade funcional. Assim, e fundamental a
investigacao dos resultados dos diversos tipos de marca.
Aaker (1996:8) reforca esse ponto ao afirmar que "cada
patrimonio de marca cria valor em uma variedade de formas. A fim de
administrar uma marca efetivamente e de fazer decisoes informadas sobre
atividades de construcao de marcas, e importante ser sensivel aos meios
pelos quais marcas fortes criam valor".
Perante esse cenario, este trabalho se propoe a analisar a
influencia das marcas sociais, das marcas genericas e das marcas de
fabricante, na opiniao e preferencia de compra dos consumidores. Para
tanto, a pesquisa concentra-se no estudo dos seguintes topicos:
a) a importancia da marca na preferencia de compra de um produto;
b) a predilecao das pessoas diante de produtos de marca social,
marca generica e marca de fabricantes.
A fim de alcancar o objetivo em questao, pesquisaram-se, durante o
ano de 2009, as opinioes e preferencias de 100 mulheres, residentes no
Estado de Sao Paulo, em relacao a cosmeticos anti-idade. Os
participantes foram escolhidos de maneira nao aleatoria e a analise dos
dados foi feita por meio da conjoint analysis.
2. FUNDAMENTACAO TEORICA
Esta secao e estruturada em tres partes. A primeira foca o conceito
de marca, a segunda apresenta os tipos de marca, e a terceira aborda as
influencias da marca sobre uma oferta.
2.1. A marca
A marca e um nome, termo, simbolo, design ou qualquer outra
caracteristica que identifique o produto ou servico de um vendedor e o
distinga das ofertas de seus concorrentes; essa colecao de imagens e
nocoes representa, implicitamente, experiencias, valores, ideias e mesmo
a personalidade do consumidor (AMA, 2009).
Demonstrando consonancia com essa definicao, em 1955, Gardner e Ly
escreveram um artigo na Harvard Business Review intitulado "O
produto e a marca", no qual ja reconheciam que a marca e mais do
que um nome utilizado para diferenciar fabricantes de produtos: e um
simbolo complexo que representa varias ideias e atributos. Alem disso,
os autores afirmavam que os atributos funcionais dos produtos nao seriam
suficientes para diferenciar as marcas--seria necessario desenvolver
atributos emocionais ou "de imagem". Essa imagem e
desenvolvida pela propaganda e/ou em todas as comunicacoes associadas
com o produto, incluindo sua embalagem (KHAUAJA, 2005).
A criacao de uma representacao da marca na mente dos consumidores
desenvolve associacoes entre eles e a marca, que sao a base do
patrimonio da marca e podem ser relacionadas a atributos do produto, a
celebridade que o anuncia ou a um simbolo particular. Tais associacoes
sao guiadas pela identificacao com a marca--o que as organizacoes querem
que a marca estabeleca na mente do consumidor (AAKER, 1996).
A marca e o somatorio do bom, do ruim, do feio e do que nao faz
parte da estrategia, constituindo-se em uma conexao simbolica e afetiva
entre uma organizacao, sua oferta material, intangivel e almejada, e as
pessoas as quais ela se destina. Ela absorve conteudo, imagens,
sensacoes efemeras. Transforma-se em conceitos na mente do publico,
mesmo que fugazmente, podendo ser apreciada e reconhecida e ocupar um
lugar um pouco mais seguro na memoria do consumidor. Como tal, nao se
pode controla-la por completo. No maximo, e possivel orienta-la e
influencia-la.
Esse relacionamento com as marcas abrange as dimensoes sociais e
psicologicas das pessoas: as imagens e os significados da marca fornecem
ao individuo meios de confirmar sua identidade e construir as imagens
que faz de si mesmo e do mundo, permitindo-lhe significar uma
experiencia de vida, exprimir sua diferenca, originalidade e
personalidade e integrar-se, afinal, a uma comunidade que o singulariza
(CALDWELL; COSHALL, 2002; LAMBIN, 2000; LEITCH; DAVENPORT, 2007).
2.2. Tipos de marcas
Diversos tipos de marca foram criados. Para realizar este trabalho,
adotou-se a classificacao delas em tres grupos: genericas, de fabricante
e sociais. As marcas genericas ou commodities sao marcas que possuem uma
baixa identidade, que se apresentam privadas de valores imateriais e com
pouca ou nenhuma diferenciacao (acarretando menores custos de embalagem,
de divulgacao e de monitoramento), posicionando-se no mercado como
produtos de baixo preco e de qualidade igual ou um pouco inferior (mas
justa, em relacao ao preco) a de outras marcas fortes (KAPFERER, 2004a;
KAPFERER, 2004b). Conforme Kotler e Keller (2006), se a marca nao possui
diferenciais em relacao aos concorrentes, ela pode ser classificada como
uma commodity ou uma versao generica do produto.
Ademais, sao marcas que nao fazem propaganda nenhuma, trabalhando a
sombra da comunicacao das marcas fortes ou beneficiandose de comunicacao
institucional ou governamental (como ocorre com os remedios genericos).
Por se apoiarem muito mais no preco do que nos outros itens do composto
de marketing, essas marcas confiam nos atacadistas e nos varejistas para
encorajar os consumidores a compra-las (CRAVENS, 1994).
As marcas genericas alcancaram a maturidade, expressando um alto
nivel de responsabilidade, na decada de 70, quando grandes empresas
varejistas, como Ahold, Cotsco e Carrefour, passaram a se expandir
internacionalmente, promovendo uma consolidacao do setor de varejo.
Disso resultou, por volta de vinte anos depois, o acirramento da
competicao por precos, guiado pelo maior poder de barganha e de mercado
dos varejistas, pelos clientes sensiveis ao preco dos produtos, pelo
crescimento reduzido das categorias e o excesso de capacidade (AAKER,
1996; ELLWOOD, 2004; KUMAR; STEENKAMP, 2008).
O sucesso das marcas genericas chegou a colocar em questao a
efetividade da gestao e o valor das marcas de fabricante: nao seria mais
eficiente utilizar todo o orcamento de comunicacao para fazer promocoes
de vendas das marcas fortes, a fim de conseguir competir em preco com as
marcas genericas? Segundo a pesquisa da Nielsen, nos mercados de bebidas
alcoolicas e de mercearia salgada as marcas genericas sao as preferidas,
pois sao as mais baratas (NUNES, 2008). No mundo todo, esperase que as
vendas das marcas genericas crescam em media 4,14% ao ano, no periodo
entre 2000 e 2010 (KUMAR; STEENKAMP, 2008).
Ja as marcas de fabricante caracterizam-se por possuir um
patrimonio construido sobre seu knowhow tecnologico e as necessidades do
mercado; sao marcas com tradicao e reconhecimento entre os especialistas
do produto ou servico em questao e entre os consumidores. Normalmente,
sao endossadas por celebridades ou especialistas, que confirmam as
afirmacoes de autoridade ou desempenho e, desse modo, propoem uma
relacao de confianca com o consumidor, transmitindo a ideia de que fazem
a boa escolha por ele (ELLWOOD, 2004; KAPFERER, 2004a).
Essas marcas tem forte identidade e, consequentemente, alta
diferenciacao; demandam o investimento de grandes quantias de dinheiro
em comunicacao e o uso de equipes que se ocupem de sua gestao,
empenhadas em garantir o alto valor delas e assegurar todos os
beneficios que elas podem trazer. Essa forte identidade da marca tende a
aumentar a intensidade do vinculo com o consumidor, dando-lhe
profundidade emocional e tornando-a menos substituivel (KAPFERER,
2004a).
Essas seriam, basicamente, as marcas que sao "sinonimo de
categoria", as marcas top of mind ou referenciais. Esse e o
conceito de marca que tem sido difundido desde a Antiguidade, quando os
artesaos acreditavam que, ao assinarem suas obras, poderiam influenciar
o valor delas, ate hoje, quando as marcas que utilizam o nome do
fabricante passaram a ser consumidas como simbolos de aspiracoes,
imagens e estilos de vida (PEREZ, 2004; KUMAR; STEENKAMP, 2008).
As marcas de fabricante sao viaveis em produtos que podem ser
diferenciados, ou seja, que podem ser ligados a atributos intangiveis,
como experiencias e emocoes, que vao alem das caracteristicas fisicas e
funcionais do produto. Uma prova disso e a pesquisa da Nielsen, segundo
a qual, entre os bens de consumo, somente na categoria de produtos de
higiene pessoal e que as marcas de fabricante sao preferidas (NUNES,
2008). Isso ocorre provavelmente em razao da complexidade dos produtos
dessa categoria, que os torna de dificil avaliacao, e do alto risco, no
tocante a seguranca fisica e emocional, que esses produtos implicam,
tornando, assim, o consumidor sensivel a possivel baixa qualidade de
produtos genericos e com preco baixo.
A crenca de que as marcas de fabricante geram lealdade dos
consumidores e, desse modo, abrem a possibilidade de se cobrarem precos
premium (garantindo maiores margens), de se ampliar a percepcao do valor
entregue e de se criarem comunidades de pessoas que facam a comunicacao
boca a boca da marca (reduzindo-se a necessidade de gastos com
comunicacao) e um ponto vital que garante a sustentacao dessa categoria
de marcas.
Por fim, o grupo das marcas sociais e uma vertente das marcas de
fabricante; porem, ao inves de destaca-las como altamente tecnologicas
ou de prestigio, o patrimonio dessas marcas baseia-se no conceito de
responsabilidade social, de producao sustentavel, de zeloso cuidado com
a natureza e a sociedade. De acordo com Leitch e Davenport (2007), as
causas socioambientais podem servir de veiculo para a expressao da
identidade pessoal e unir os seus adeptos em comunidades que se
diferenciam umas das outras.
Essas marcas se apoiam nas mesmas crencas das marcas de fabricante;
contudo, as empresas que as adotam confiam tambem em que o consumidor
esta disposto a pagar mais por marcas que respeitam todo o sistema
socioambiental que elas afetam. As marcas sociais normalmente baseiam
seus apelos em uma ou mais das seguintes areas: meio ambiente,
comunidade, bem-estar, diversidade, direitos humanos, desempenho
financeiro responsavel e justo e governanca corporativa (BLOMQVIST;
POSNER, 2004; BRONN; VRIONI, 2001; POLONSKY; JEVONS, 2006). Conforme
Ellwood (2004), usar as questoes ideologicas contemporaneas, tais como
as sociais e ambientais, como uma essencia da personalidade de uma marca
pode atrair um grupo grande e crescente de consumidores que tenham
conviccoes semelhantes.
O principio que sustenta o uso da marca social e a possibilidade de
lhe transferir os valores da causa social ou ambiental e, desse modo,
posiciona-la como socialmente responsavel, criando para ela associacoes
unicas no mercado (ALCANIZ; CACEREZ; PEREZ, 2010; LEITCH; DAVENPORT,
2007). Estudos mostram que as marcas sociais afetam a percepcao do
consumidor e o influenciam, induzindo-o a preferir os produtos que as
usam; alem disso, melhoram a avaliacao feita por ele dos produtos e das
companhias que possuem essas marcas (WYMER; SAMU, 2009; LAFFERTY;
GOLDSMITH; HULT, 2004; HOEFFLER; KELLER, 2002).
No Brasil, e cada vez maior o numero de empresas que estao
posicionando suas marcas nessa categoria; entre elas, a Petrobras, o
banco ABN Amro Real (recentemente adquirido pelo banco Santander), a
empresa de calcados e texteis Gooc e as de bens de consumo Natura e
Unilever (com a Campanha pela Real Beleza, da marca Dove). Ademais, e
possivel encontrar empresas sem fins lucrativos com marcas sociais
fortes, como Greenpeace, Cruz Vermelha, Medicos Sem Fronteiras e WWF
(World Wildlife Fund), que as utilizam para comercializar produtos, a
fim de levantar fundos para sustentar suas atividades e sua estrutura
(MORT et al., 2007).
O Instituto Akatu, uma organizacao naogovernamental (ONG) cuja
missao e disseminar o comportamento responsavel entre os consumidores
brasileiros, constatou que 37% dos brasileiros admitem a possibilidade
de pagar mais por um produto ou servico de uma empresa que realize
projetos em favor do meio ambiente (PRODUTOS, 2008). Ja um estudo
realizado pela empresa Letshal, com 24 mil pessoas em 16 paises, apontou
que 64% dos respondentes preferem marcas sociais e que 74% acreditam que
ajudar os outros traz significado para suas vidas (MAGALHAES, 2011). De
igual modo, pesquisas citadas por Bronn e Vrioni (2001) e Lafferty e
Goldsmith (2005) mostram que muitos consumidores preferem empresas e
produtos socialmente responsaveis.
Entretanto, uma das dificuldades dessas marcas e provar que elas
realmente sao sociais, pois, em alguns paises, como o Brasil, nao ha
certificacao oficial para produtos socioambientalmente responsaveis.
Essa assimetria de informacao dificulta a eficiencia de mercado, ja que
consumidores que desejam consumir marcas sociais se sentem ceticos
perante elas e pessoas que desejam investir em negocios sociais tem
dificuldade de identifica-los (DARNALL, 2008).
O uso de marcas sociais e muito sensivel a desconfianca e a critica
popular; por isso, as empresas devem tomar cuidado ao utiliza-las, pois
atividades promocionais muito exuberantes podem ser vistas como
oportunistas e gerar dano reputacional (POLONSKY; JEVONS, 2006).
Simplesmente falar em responsabilidade social nao e suficiente, as
marcas sociais necessitam ser suportadas por praticas empresariais e
comunicacao interna e externa consistente e clara, alem de serem
vivenciadas de maneira tangivel pelos consumidores (BLOMQVIST; POSNER,
2004; POLONSKY; JEVONS, 2006).
2.3. Influencias da marca
Marcas fortes podem desfrutar de diversos beneficios que influem
positivamente em sua avaliacao e, consequentemente, acabam gerando um
retorno financeiro maior e mais constante para a empresa, protegendo-a
em periodos de baixa demanda e de guerra de precos.
Quando eram vistas como uma ferramenta meramente burocratica, usada
so para facilitar as transacoes, as marcas tinham como beneficio: 1) a
indicacao da fonte ou origem de produtos e servicos; 2) a distincao dos
produtos e servicos de uma empresa; 3) uma pequena representacao do
valor intrinseco da empresa proprietaria da marca registrada, servindo
como indicativo de qualidade de seus produtos e servicos (KOTLER;
KELLER, 2006; PEREZ, 2004).
Com a ampliacao da visao do valor da marca, novas utilidades foram
descobertas. Perez (2004:16) menciona que as marcas modernas:
[...] a) protegem o produto contra imitacoes ou,
pelo menos, tentam; b) diferenciam, identificam
e localizam o produto no ponto--de-venda; c)
satisfazem e estimulam a compra repetida,
podendo gerar fidelidade; d) possibilitam,
invariavelmente, maiores margens de lucro,
principalmente as de posicionamento premium;
e) possibilitam extensoes (quando marcas fortes),
como explorado pela Harley Davidson: motos,
roupas e acessorios; f) permitem segmentacao; g)
facilitam o lancamento de novos produtos.
Quanto a influencia no comportamento de compra do consumidor e nas
transacoes dele com a empresa, a marca promove: a geracao de uma maior
fidelidade do consumidor, a possibilidade de cobrar precos premium (o
que resulta em maiores margens), o aumento da qualidade percebida e a
criacao se status para o produto/servico e sua transmissao para o
usuario (AAKER; JOACHIMSTHALER, 2007; KELLER 2002).
A fidelidade e um atributo-chave para a geracao do valor da marca.
Conforme Kapferer (2003:160), uma marca "so sera forte se ela tiver
uma taxa elevada de clientes grandes e fieis". Esta relacao entre
fidelidade do consumidor a marca e seu valor decorre do fato de que uma
base de clientes altamente fieis gera um fluxo previsivel de vendas e
lucro (KOTLER; KELLER, 2006; FURRIER, 2008). Na verdade, uma marca sem
uma base de clientes fieis e, normalmente, vulneravel ou tem valor
somente em seu potencial de criar clientes fieis (AAKER, 1996).
Alem de gerar receita, a lealdade a marca influi tambem nos custos
de marketing, pois reter um cliente fiel custa cinco vezes menos do que
conquistar um novo (KOTLER; KELLER, 2006). Por esse motivo, a lealdade
dos atuais clientes tambem representa uma barreira de entrada
substancial para os competidores, e, dessa forma, acabam-se evitando
gastos desnecessarios, como os gerados pelas campanhas publicitarias,
para ofuscar os movimentos dos concorrentes (KOTLER; KELLER, 2006).
De acordo com Aaker (1996:320), "um indicador basico de
lealdade e a quantia que um consumidor pagara por uma marca em
comparacao com outra marca oferecendo os mesmos beneficios ou
piores". Isso ocorre porque a relacao que o consumidor acaba tendo
com a marca, quando ela e forte, e de dependencia, o que gera uma
demanda inelastica da marca e abre uma oportunidade para que se possa
cobrar um preco premium (KOTLER; KELLER, 2006; LAMBIN, 2000). O preco
premium e a influencia economica mais explicita de uma marca. Ele
representa a possibilidade de a empresa receber uma maior margem liquida
por um produto.
Reforcando este ponto, Aaker (1996:321) afirma que:
O preco premium pode ser a melhor medida
individual disponivel do patrimonio da marca,
porque ele captura diretamente a lealdade dos
consumidores de um modo relevante. Se eles sao
leais, eles devem logicamente estar desejando
pagar um preco premium; se eles nao desejam
pagar mais, o nivel de lealdade e baixo.
Importa, porem, ressaltar que, de acordo com Khauaja (2005), apesar
de muitos autores afirmarem que as marcas solidas podem cobrar um preco
premium, a sensibilidade dos consumidores, na verdade, varia em cada
caso, de acordo com as marcas, e isso influencia a propensao de pagar o
preco mais alto ou nao.
Outra influencia da marca e a distorcao da qualidade percebida. Nem
sempre a qualidade que uma empresa entrega e a mesma que o consumidor
avalia ter recebido. Se uma empresa entrega uma qualidade maior do que a
percebida, significa que ela esta investindo mal seus recursos,
desperdicando-os. Entretanto, quando a qualidade entregue e menor que a
percebida, isso leva a crer que a empresa utilizou tao bem seus recursos
que estes geraram um resultado alavancado, ou seja, maior que o que
seria obtido em condicoes normais.
A qualidade percebida e ampliada pelas marcas fortes, pois a pessoa
passa a entender que nao sao somente os itens tangiveis que a marca esta
entregando, mas tambem aspectos emocionais, intangiveis, que aumentam a
qualidade, embora nao possam ser avaliados fisicamente. Outro motivo
para essa percepcao alavancada e o fato de que o consumidor interpreta o
alto investimento de marketing na marca e seu preco elevado como
indicativos de qualidade do produto (AAKER, 1996).
Esse relacionamento entre marca forte e alta qualidade ocorre muito
comumente na compra de produtos e servicos complexos (como cremes
antiidade, cirurgias medicas, cortes de cabelo), que possuem itens de
dificil avaliacao. Como os consumidores raramente tem todas as
informacoes necessarias para fazer um julgamento racional e objetivo
sobre a qualidade--ou nao tem tempo e motivacao, quando dispoem das
informacoes, para processa-las--, eles confiam em uma ou duas pistas que
associam com a qualidade (MOWEN; MINOR, 2003).
Destacando a importancia desse beneficio gerado pela marca, Aaker
(1996:17-19) afirma que a "qualidade percebida esta normalmente no
coracao do que os clientes estao comprando e, neste sentido, ela e uma
medida basica do impacto de uma identidade de marca".
Por fim, a marca tambem pode influenciar o comportamento de compra
do consumidor pela criacao de status para o produto/servico e a
transmissao dele para o seu usuario. Dado que a marca esta associada a
signos sociais e psicologicos, o consumo dela faz com que esses simbolos
sejam transmitidos para o usuario. Assim, marcas que transmitem a ideia
de vida saudavel, luxo, inteligencia ou aventura projetam essas imagens
e outros conceitos, que estao anexados a elas, nos seus consumidores.
Conforme escreve Perez (2004:16),
Muitos consumidores valorizam mais o status
sinalizado pela marca que os beneficios
funcionais constitutivos do produto concreto.
[...] A marca e uma especie de "maquina" de
produzir significacoes e, nesse sentido opera na
construcao de um determinado locus social.
Ao usarmos e consumirmos um determinado
produto de uma certa marca, estamos nos
posicionando socialmente, estamos
declarando quem somos, do que gostamos, o
que valorizamos, e assim por diante.
Um dos modos de expressao do status conferido pela marca e a adesao
das pessoas a seletos grupos sociais, caracterizados por alguns aspectos
sociais e psicologicos compartilhados por todos os membros. Esses grupos
criam sites de relacionamento e informativos referentes a eventos,
artigos e noticias de interesse e novidades de consumo. Assim, as marcas
com status luxuosos podem ser mais desejadas e ter mais espaco para
praticar precos premium.
Portanto, ao contrario do que ocorria antigamente, quando as marcas
eram vistas como gastos necessarios, pois geravam beneficios funcionais
tanto para os fornecedores quanto para os consumidores, agora elas estao
sendo utilizadas com outra mentalidade. Atualmente, as marcas sao
aceitas como ativos intangiveis e, desse modo, os desembolsos de caixa
atribuidos a elas nao sao mais despesas, sao investimentos, visto
saber-se que, alem do carater funcional, elas tambem tem funcoes
emocionais, sociais e psicologicas que influem na tomada de decisao de
compra do consumidor e podem gerar enormes beneficios financeiros para
as empresas.
3. O MERCADO DE COSMETICOS ANTI-IDADE
O mercado de cosmeticos para a pele e composto de produtos
anti-idade, cremes para o rosto, hidratantes para o corpo, cremes para
as maos, unhas e pes e cremes para criancas e bebes. Todos esses sao
produtos de alta complexidade, cuja real eficiencia e de dificil
avaliacao; assim, os consumidores acabam considerando alguns
indicativos, como marca e preco, como sinais de qualidade. Prova disso e
que existem fortes preferencias por marcas neste mercado.
O setor de higiene pessoal, perfumaria e cosmeticos teve um
crescimento deflacionado de 4,6% em 2011, atingindo, aproximadamente,
1,77 milhao de toneladas de produtos e vendas liquidas ex-factory
(receita calculada segundo o preco de fabrica) de R$ 29,4 bilhoes, o que
fez do Brasil ser, nesse setor, a terceira maior receita em dolares do
mundo (ABIHPEC, 2012). O mercado de cosmeticos para a pele, que
representa 9,1% do setor, e o mais rentavel e atrativo; o grande
impulsionador da categoria e o segmento de produtos anti-idade, em razao
das altas margens que alcanca. Os principais participantes desse
mercado, no Brasil, sao Avon, Natura, O Boticario, L'Oreal, Johnson
& Johnson e Nivea, dos quais os dois primeiros dominam 87% do
mercado.
A Avon e uma empresa que tem marcas destinadas ao publico de baixa
renda, classes B e C, e, entre todas as empresas mencionadas, e a que
possui as marcas que mais se aproximam do tipo generico, embora sejam
marcas de fabricante. A estrategia de venda da empresa contiste em
ampliar sua rede de vendedores e usar intensivamente catalogos e
promocoes de vendas. A Avon esta tambem expandindo sua atuacao no
ambiente online, criando um site cada vez mais interativo, que ja conta
com uma loja virtual.
O outro grande participante desse mercado e a Natura, que tem em
mira clientes de alta renda, vendendo produtos mais caros, mas apoiados
no apelo da marca social, que evoca a sintonia da saude da consumidora
com a natureza e a preservacao e valorizacao da biodiversidade
brasileira. E uma empresa que acredita muito na forca de sua marca
social e, deste modo, evita promocoes de vendas para nao degradar a
percepcao de valor de sua marca.
Quanto ao mercado consumidor, ele pode ser dividido em dois tipos
de consumidoras: as interessadas na aparencia e as que estao preocupadas
com o bem-estar e a saude. O primeiro grupo e o das pessoas que estao
buscando evitar os sinais de envelhecimento, sem se importar com os
recursos que terao de despender para isso. Os membros desse grupo estao
sempre a procura das ultimas novidades tecnologicas, endossadas por
celebridades e especialistas, formando, assim, um nicho no qual as
marcas de fabricante fortes tem muita aceitacao.
O grupo das pessoas preocupadas com o bemestar e a saude e composto
de consumidores que buscam cremes que nao agridam seu corpo e sua saude,
que estejam em equilibrio com eles e com a natureza. E um grupo que
evita tratamentos radicais e esta em busca de produtos feitos de maneira
natural, que respeitem o usuario e todo o ambiente afetado pela cadeia
de producao, formando, dessa forma, um nicho onde prosperam as marcas
sociais.
Portanto, o mercado de cosmeticos anti-idade e um ambiente propicio
para a avaliacao da influencia dos tipos de marca no comportamento de
compra dos consumidores, pois e um mercado no qual os produtos sao
complexos (ou seja, de dificil avaliacao objetiva), abrindo,
consequentemente, espaco para a influencia dos itens intangiveis; alem
disso, nele existem marcas de fabricante e marcas sociais bem
estabelecidas, embora nao exista nenhuma marca generica conhecida
nacionalmente.
4. METODOLOGIA
Esta e uma pesquisa descritiva, exploratoria, com tratamento
quantitativo de dados primarios, cuja populacao de interesse corresponde
as mulheres maiores de 18 anos que vivem no estado de Sao Paulo.
Escolheu-se esse grupo porque ele ja faz parte da populacao
economicamente ativa e, consequentemente, possui poder para adquirir
bens e servicos. As mulheres foram escolhidas por serem, de acordo com
Rahal (2008), as maiores consumidoras dos cremes anti-idade. E
selecionou-se o Estado de Sao Paulo por ser a unidade federativa com o
maior numero de empresas de cosmeticos, mais alto PIB, e a que possui a
maior populacao do Brasil, tornando-se, desse modo, o mercado estadual
mais atraente para a comercializacao de um novo produto (ABIHPEC, 2012;
JUNIOR, 2009; IBGE, 2007).
Foram escolhidos os cosmeticos faciais antiidade porque sao
produtos complexos (ou seja, de dificil avaliacao objetiva), o que abre,
consequentemente, espaco para a influencia dos itens intangiveis. Alem
disso, podem ser considerados, segundo a classificacao de Kotler (2000),
bens de especialidade, ou seja, bens de consumo com caracteristicas
singulares e com identificacao de marca. Enfim, outro motivo para a
escolha aqui efetuada e existirem marcas de fabricante e marcas sociais
bem estabelecidas desses produtos, embora nao exista nenhuma marca
generica conhecida nacionalmente. Ademais, em pesquisa da Nielsen,
citada por Nunes (2008), ficou claro que, na escolha de cosmeticos e
produtos de higiene pessoal, a especificidade das marcas e um estimulo
relevante.
Foi empregada a amostragem nao probabilistica, por meio de amostra
autogerada (ou metodo bola de neve), a fim de se reunirem 100
entrevistas, o que corresponderia a um caso de amostragem aleatoria
simples com nivel de confianca de 95% e margem de erro de 9,8%.
Recorreu-se a abordagem pelo metodo da bola de neve por nao haver
cadastros disponiveis das consumidoras de cada marca de cosmeticos, a
partir dos quais teria sido feita uma selecao aleatoria da amostra.
Realizou-se a coleta de dados no periodo compreendido entre julho e
outubro de 2009.
A forma de abordagem foi pessoal. O plano para a obtencao das
respostas das entrevistadas consistiu em consultar inicialmente mulheres
em locais frequentados pelo sexo feminino (salao de beleza, academia de
ginastica, dentre outros) e aplicar o questionario. Por fim,
solicitou-se a essas entrevistadas a indicacao de outras mulheres que
pudessem responder, reiniciando-se assim o processo de coleta. Como o
metodo de acesso a identificacao das respondentes nao foi aleatorio, a
amostra final foi nao probabilistica.
O instrumento de coleta de dados consistiu num questionario em que
se solicitavam as mulheres informacoes sobre suas preferencias em
relacao a 20 alternativas de produtos, montados de forma aleatoria. Em
cada uma das alternativas havia um dos tres tipos de marca, combinado
com os atributos do produto que, segundo Keller (2002), Perez (2004) e
Aaker (1996), elas poderiam alterar: preco, qualidade percebida,
fidelidade e status. O questionario incluia ainda questoes
socioeconomicas e relativas a habitos de uso, a fim de se realizarem
analises segmentadas por estes aspectos.
Os tipos de marca foram apresentados descritivamente. A
especificacao do produto com a marca generica era "creme anti-idade
facial basico"; a da marca social era "creme anti-idade facial
feito com ingredientes naturais e com selo do IBAMA de respeito ao meio
ambiente"; e, por fim, a da marca de fabricante era "creme
anti-idade facial de marca reconhecida em melhora e cuidados da
pele".
Na descricao do produto com a marca social, o IBAMA, mesmo nao
sendo o melhor exemplo de certificador nesse assunto, foi utilizado por
ser uma entidade ecologica muito conhecida pelo povo brasileiro; assim,
seria mais facilmente reconhecido como um certificador de produtos que
respeitam a natureza.
Quanto aos atributos utilizados para formular os produtos, a
justificativa para o uso do preco e de que as marcas tendem a influir na
percepcao de valor e no nivel de lealdade, o que suscita uma demanda
menos elastica e, consequentemente, abre espaco para a possibilidade de
se cobrarem precos premium, ou seja, mais altos que os de produtos que
oferecam a mesma quantidade de valor. Na formulacao dos produtos
teoricos, adotaram-se tres possiveis niveis para o preco: baixo, medio e
alto.
A qualidade percebida de um produto e uma caracteristica que se tem
de levar em conta, ja que as marcas fortes afetam a percepcao de
qualidade e este e um dos itens que compoem o valor da marca. Alem
disso, quando se trata de um produto relacionado a saude das pessoas,
sua qualidade e muito importante e deve ser rigorosamente avaliada,
especialmente porque existem diversas marcas de cosmeticos anti-idade
que prometem mudancas, mas acabam funcionando apenas como placebo. Na
criacao dos produtos teoricos, assumiram-se tres possiveis niveis para a
qualidade percebida: baixa, media e alta.
Quanto ao fator quantidade de compra minima, decidiu-se inclui-lo
no estudo para operacionalizar o conceito de fidelidade da pessoa a
marca, pois se admite que o cliente fiel a uma marca estara disposto a
comprar--ou ao menos nao se importara de ter de faze-lo--uma quantidade
maior dessa marca, em vez de outra com as mesmas caracteristicas de
preco, qualidade e status, mas que possua posicionamento diferente e
possa ser adquirida em volumes menores. Assim, uma analise conjunta
desse fator e da variavel "preco" pode indicar a elasticidade
da demanda de um consumidor. Na montagem dos produtos teoricos, foram
utilizados tres possiveis niveis para a quantidade minima de compra de
potes de 50g: 1, 2 ou 3 potes.
O atributo status foi utilizado porque a marca, sendo um signo com
potencial simbolico psicologico e social--possui o poder de transmitir a
imagem de um produto com caracteristicas desejadas pelo consumidor e
provocar a sensacao de que este pertence a um grupo seleto de usuarios.
Como os cosmeticos anti-idade sao produtos que sempre estao relacionados
com beleza, aparecendo endossados por celebridades em comerciais de
muito luxo e riqueza, decidiu-se utilizar o status, exemplificando-o,
para a formulacao dos produtos teoricos, em dois niveis, o luxuoso e o
nao luxuoso, classificado como popular.
Finalmente, optou-se pela analise conjunta (conjoint analysis) para
o tratamento dos dados, por se tratar de uma tecnica de analise
multivariada que permite entender o processo de decisao do consumidor no
que diz respeito a produtos e marcas. Especificamente, solicitando-se
aos consumidores que expressem suas preferencias ou facam escolhas entre
produtos com diferentes atributos, pode-se determinar as escolhas que
eles fazem entre os diversos atributos das marcas e, assim, a
importancia que atribuem a cada um deles (KELLER, 2002).
A partir da preferencia do entrevistado por um ou outro tipo de
objeto (no caso, creme facial antiidade que combinava, aleatoriamente,
um tipo de marca com um nivel de cada um dos atributos pesquisados) e
construido o modelo da analise conjunta, no qual a variavel dependente e
a preferencia do respondente e as independente e sao os fatores (tipo de
marca, preco, qualidade percebida, quantidade minima de compra e status)
e seus niveis.
A analise conjunta e uma tecnica de decomposicao que permite
estimar a valorizacao (utilidade) que o respondente atribui aos fatores
(exemplo: tipo de marca) e aos seus niveis (marca generica, social, de
fabricante) apenas com base na ordenacao dos estimulos a ele
apresentados (20 combinacoes de niveis dos fatores). O metodo
estatistico inerente a analise conjunta e o metodo de minimos quadrados,
no qual um conjunto de regressoes dos rankings (ordenacoes) coletados na
pesquisa estima os pesos (utilidades parciais) dos niveis de cada fator.
Esses pesos sao estimados de modo a maximizar a correlacao entre as
ordenacoes obtidas nas entrevistas e as ordenacoes geradas a partir das
expressoes matematicas envolvendo os niveis dos fatores e suas
utilidades parciais.
A eficiencia do modelo de analise conjunta e obtida por meio dos
coeficientes de correlacao de Kendall e Spearman, que confrontam as
ordenacoes dos cartoes, realizadas pelas entrevistadas, com as
ordenacoes geradas pela tecnica a partir da estimativa da importancia de
cada fator e de seu nivel. Quanto maiores os coeficientes dessas
correlacoes, melhor o ajuste da analise conjunta aos dados pesquisados.
5. ANALISE DAS OPINIOES LEVANTADAS
Foram aplicados 100 questionarios, dos quais, apenas 87 se
mostraram validos, em razao de problemas de preenchimento na escolha dos
20 produtos testados. A analise conjunta dos dados resultou em sete
respondentes com tres reversals, e optou-se por remove-los da amostra
para melhorar os resultados; assim, a amostra final acabou sendo
constituida de 80 respondentes.
Entre os habitos de consumo das respondentes, descobriu-se a
seguinte penetracao das marcas constantes da amostra: Natura--28%;
Avon--25%; outras marcas (Nivea, L'Oreal e manipulados)--28%;
pessoas que nao usam cremes anti-idade--19%.
Sobre o que essas mulheres procuram quando compram, um creme
anti-idade, chegou-se a seguinte conclusao: 32% procuram a ultima
novidade tecnologica (conceito de marca de fabricante), 54% buscam
produtos naturais, que estao em equilibrio com o seu corpo, e 10% optam
sempre pelo mais barato (4% nao responderam ou cometeram erros ao
responder). Essa constatacao demonstra, previamente, uma grande
tendencia da amostra por produtos com marca social.
O modelo gerado pela conjoint analysis mostra uma alta aderencia
das opinioes da amostra, dado que o coeficiente de correlacao de Kendall
foi 0,8, considerado muito forte. Em consonancia com esse resultado, a
correlacao de Spearman da amostra e de 0,985, o que indica forte ajuste
de opiniao das pessoas pesquisadas. Quanto maior a aderencia das
ordenacoes (real versus estimada), maior e a eficiencia do modelo de
conjoint analysis.
Em relacao a importancia dos fatores avaliados, eles podem ser
classificados, em ordem crescente, da seguinte forma: quantidade,
status, preco, tipo/conceito de marca e qualidade. Isso demonstra apenas
uma discrepancia na ordem naturalmente esperada dos dois primeiros
colocados: de fato, a importancia atribuida ao tipo de marca deveria ser
maior que a conferida a qualidade, dado que ele tem a forca de
influenciar a percepcao do consumidor em relacao aos outros fatores.
A explicacao que pode ser dada para a escala de importancia obtida
e que a qualidade de um creme anti-idade e de extrema relevancia, ja que
se trata um produto complexo, de dificil avaliacao, e que tem impacto na
saude e na aparencia do usuario. Esses argumentos, somados aos riscos
potenciais inerentes a um cosmetico de baixa qualidade, reforcam a
importancia do fator qualidade e a sensibilidade do consumidor ao mesmo.
Analisando-se o fator quantidade minima de compra, observa-se que
sua importancia foi pequena na escolha dos produtos. Essa baixa
preocupacao com a compra minima obrigatoria do produto pode demonstrar
uma possivel inelasticidade da demanda e, consequentemente, uma
valorizacao da marca e da qualidade pelas entrevistadas, dado que elas
apresentaram maior preocupacao com todos os outros atributos. Assim,
aceitariam a necessidade de ter de comprar mais de um produto que
apresentasse as caracteristicas desejadas, preferindo-o a um produto que
nao possuisse todos os atributos desejados, mas possibilitasse a compra
de quantidades menores.
Aprofundando o estudo sobre os estados da quantidade minima de
compra, percebe-se uma pequena preferencia por produtos cuja quantidade
minima e 1 pote (o estado de menor quantidade). Esse achado reforca a
ideia de que, quando tal atributo se torna decisivo, a respondente
prefere a liberdade de decidir quantas unidades do produto deseja
comprar (pressuposto que foi adotado no tratamento dos dados, durante a
etapa de definicao das tendencias relativas a cada fator, para o
conjoint analysis), o que demonstra que, se as respondentes fossem
expostas a uma nova marca, com caracteristicas semelhantes as da marca a
que sao fieis hoje, mas com a possibilidade de poder comprar uma
quantidade menor do produto, elas provavelmente realizariam a troca da
marca.
Esse comportamento perante marcas qualitativamente semelhantes, mas
quantitativamente diferentes, pode ser atribuido a utilidade decrescente
de cada unidade extra do cosmetico: como a quantidade extra e do mesmo
cosmetico e o produto e perecivel, o consumidor atribui pouca utilidade
a compra de grandes quantias.
A respeito do fator status, embora sua importancia para a escolha
de um cosmetico tenha sido considerada baixa, constatou-se que a
categoria luxo foi preferida a popular. Essa descoberta converge com o
pressuposto estabelecido para o processamento da conjoint analysis, o
qual foi desenvolvido segundo levantamento teorico.
Percebe-se que os consumidores preferem produtos capazes de
posiciona-los em classes socioeconomicas superiores, por meio da
transferencia do signo do luxo e da riqueza que a marca possui. Essa
escolha decorre do desejo de ascensao social, que e um resultado da
necessidade de poder e, as vezes, de relacionamento.
O desejo de subir na piramide socioeconomica permeia toda a
sociedade capitalista, que trabalha para acumular riqueza e ter
condicoes de consumir mais bens e servicos. Assim, uma das formas de
mostrar poder nesse contexto e a capacidade de consumir grande
quantidade de produtos caros, modo de vida caracteristico das pessoas
que estao no topo da piramide.
Ja os consumidores de classes inferiores, que aspiram a ascensao
socioeconomica, acabam imitando o modo de consumo dos niveis mais
abastados, porem em menor intensidade. A logica desse comportamento e
que, ao comprar o mesmo produto que as pessoas ricas, o consumidor acaba
recebendo da marca o signo social de luxo e riqueza que as distingue,
ingressando, desse modo, aos olhos da sociedade, no seleto grupo que
elas compoem.
Assim, a tendencia e que as classes economicas inferiores sempre
tentem imitar o consumo das superiores, as quais, por sua vez, mudarao
seus habitos, a fim de se diferenciarem das primeiras, criando,
portanto, um ciclo comportamental de consumo.
No que tange ao fator preco, havia, durante a criacao do
pressuposto desse item, uma duvida acerca da preferencia das pessoas. A
tendencia a preferir precos maiores vem de os cosmeticos serem produtos
complexos, de dificil avaliacao; os consumidores acabam, por isso,
identificando alguns aspectos tangiveis como indicativos do valor do
produto (principalmente o preco, a embalagem e a quantidade de
propaganda que o avaliza). Assim, precos altos passam a indicar alta
qualidade e valor do produto, tornando-o preferivel a seus concorrentes.
A situacao inversa ocorre quando nao se imagina o preco como
indicativo de alguma caracteristica de um produto. Todas as pessoas
desejam usar a menor quantidade possivel de recursos para adquirir a
mesma quantidade de valor. Assim, sendo o preco um dos componentes de
subtracao do valor de um produto, uma vez que representa o dispendio de
recursos financeiros, as pessoas, logicamente, vao preferir os menores
precos. Esse foi o raciocinio adotado como pressuposto para a analise,
pois se acreditava que as respondentes nao associariam o preco aos
outros atributos de um creme anti-idade.
Dos resultados obtidos, concluiu-se que o fator preco tem uma
importancia muito grande na decisao de compra das respondentes, tendo
sido preferido o preco baixo. Esse resultado e convergente com o
pressuposto adotado para a conjoint analysis; porem, destoa do que a
teoria propoe. Por exemplo, Aaker (1996:311) afirma que a qualidade
percebida esta associada ao preco premium:
Este relacionamento e, sem duvida, baseado em
um fluxo causal de mao dupla: uma marca forte
comanda um preco premium e um preco
premium e uma importante pista de qualidade.
O aumento do preco, onde a qualidade percebida
tem sido (ou pode ser) criada, nao somente
oferece dolares de margem, mas tambem ajuda as
percepcoes.
Essa divergencia com a teoria deve-se ao fato, talvez, de as
respondentes terem dissociado, ao fazerem as ordenacoes de preferencia,
o fator preco das marcas que faziam a composicao do cartao. A
discrepancia mostra, porem, que os participantes da pesquisa preferiram
pagar menos por uma proposta de valor que foi vista como semelhante as
que sao oferecidas no mercado, e isso leva a crer que os outros fatores,
principalmente o tipo de marca, influenciaram pouco na percepcao de
valor que os entrevistados tinham dos produtos.
Em relacao ao tipo das marcas, decidiu-se utiliza-lo, sob a
denominacao de conceito, porque essa e a mensagem que a marca passa aos
consumidores, por meio da midia, para informa-los sobre sua identidade,
seu valor e seus signos. Como pressuposto, nesse ponto, adotou-se a
indiferenca das pessoas pelos tres conceitos, pois, embora se
acreditasse que elas teriam baixa preferencia pelos produtos com a marca
generica, nao era possivel afirmar previamente que prefeririam a marca
social ou a de fabricante.
A importancia do tipo da marca na decisao de compra mostrou-se
alta. Especificamente, a marca generica revelou-se a menos atrativa, ao
passo que a marca social foi o conceito predileto, com pequena vantagem
no indice estimado de importancia em relacao a marca de fabricante,
mostrando tal resultado que a diferenciacao da preferencia entre estes
dois tipos de marca e, de fato, dificil.
Tal achado demostra que ambos os tipos de marca tem suscitado uma
percepcao de valor parecida, reduzindo a diferenciacao dos produtos, o
que acaba levando as pessoas a valorizar, nos produtos com um desses
dois conceitos, mais os aspectos tangiveis que os intangiveis, podendo
isso ser uma explicacao para a alta preferencia das respondentes pelo
preco baixo.
A acentuada preferencia por preco baixo encontrase, no entanto, em
discrepancia com a avaliacao dos tipos de marca, visto que as marcas
genericas, que possuem precos baixos, foram as menos preferidas, sendo
ate consideradas como destruidoras de valor (em razao da utilidade
negativa estimada pelo modelo de conjoint analysis), provavelmente por
estarem associadas com baixa qualidade.
Por fim, o ter-se atribuido maior indice de utilidade a marca
social e importancia maior ao tipo de marca que ao preco do produto
corrobora a conclusao de Mohr e Webb (2005), segundo a qual a intencao
de compra e mais afetada pelo posicionamento social da marca que por seu
preco.
Contudo, e necessario fazer-se aqui uma ressalva. Como e muito
grande no Brasil a penetracao das marcas da Natura (acima de 40%),
empresa que se posiciona como socioambientalmente responsavel, pode ter
havido um vies do pensamento e uma base de comparacao para as
respondentes, muitas das quais eram usuarias dos cremes da empresa (30%
da amostra pesquisada), levando-as a assinalar sua preferencia pela
marca social, a fim de evitar uma dissonancia cognitiva com seu real ato
de compra.
Quanto ao fator qualidade, adotou-se, para a realizacao da conjoint
analysis, o pressuposto de que as pessoas preferem produtos de qualidade
alta, pois, como ela aumenta o valor recebido, e preferivel receber
muito mais qualidade para cada unidade do que se deve gastar para
obte-la.
Esse fator revelou-se o mais importante na escolha dos produtos.
Confirmando o pressuposto adotado para a analise estatistica executada,
a qualidade alta foi a preferida; em segundo e terceiro lugar ficaram a
media e a baixa.
Essa constatacao demonstra que a qualidade do produto em apreco,
ainda que de dificil avaliacao, e de grande importancia, provavelmente
por se tratar de um produto que promove intervencoes na pele, as quais
podem ser irreversiveis; assim, as pessoas necessitam garantir-se de que
ele nao ira prejudica-las fisica e emocionalmente. Portanto, faz-se
necessario que as empresas comecem a destacar mais a qualidade de suas
marcas em seus posicionamentos na midia, para aumentar a perc pcao de
valodelas.
Ademais, esse achado converge com a baixa preferencia das
respondentes pelas marcas posicionadas como genericas, as quais acabam
sendo percebidas como de menor qualidade, em razao, principalmente, da
falta de propaganda e da sensacao transmitida pelos baixos precos, itens
tangiveis que acabam prejudicando a avaliacao de valor de marca.
Desse modo, conforme os resultados da conjoint analysis, o
tipo/conceito de marca realmente e importante, sendo a marca social a
que tem maior poder de influir na tomada de decisao do consumidor,
alterando as percepcoes objetivas que ele tem de um produto. Alem disso,
a execucao do posicionamento da marca, destacando atributos que
comprovem sua qualidade, pode beneficia-la fortemente. Por fim, as
marcas nao parecem ter poderes que possibilitem a fixacao de precos
premium, o que fica demonstrado pela preferencia da amostra por marcas
com preco reduzido, embora haja uma pequena inelasticidade de demanda
entre as respondentes.
6. CONSIDERACOES FINAIS
Com o crescimento da quantidade de produtos disponiveis nas
gondolas e a transicao da racionalidade do consumo do plano material
para o do desejo, houve uma expansao do entendimento e uso das marcas,
que abandonaram suas funcoes meramente burocraticas, facilitadoras das
transacoes, para se tornarem poderosos signos de representacao do ser,
do comportamento, do posicionamento social e economico, influenciando
expressivamente a avaliacao de valor de seus produtos.
Nesse contexto, as empresas comecaram a desenvolver diversos tipos
de marcas. Atualmente, alguns deles coexistem no mercado, sendo possivel
categoriza-los em tres grandes conjuntos: 1) marcas genericas, que
oferecem a melhor qualidade possivel a um determinado custo (normalmente
baixo); 2) marcas de fabricantes, que tem tradicao e alta diferenciacao
e investem grandes quantias de dinheiro em comunicacao; 3) marcas
sociais, as quais compartilham das mesmas caracteristicas do tipo
anterior, mas tem seu patrimonio baseado no conceito de responsabilidade
social, de producao sustentavel, de cuidado com a natureza e a
sociedade.
A gestao e o entendimento das marcas, dada a abrangencia de sua
difusao, tornam-se importantes para que as empresas consigam sobreviver
em um ambiente em que a cada dia novas marcas aparecem, produtos
genericos vem lutar por meio de precos baixos, os produtos assumem
caracteristicas simbolicas e o consumo deles passa a depender mais de
seu significado social do que de sua utilidade funcional; assim, e
fundamental a investigacao dos resultados dos diversos tipos de marca.
Perante esse cenario, este trabalho se propos estudar a influencia
das marcas sociais, marcas genericas e marcas de fabricante na opiniao e
na preferencia de compra dos consumidores de um determinado produto.
Para tanto, o trabalho enfocou, fundamentalmente, os dois topicos
seguintes: 1) a importancia da marca na preferencia de compra de um
produto; 2) a predilecao das pessoas diante de produtos de marca social,
marca generica e marca de fabricantes.
Pesquisaram-se, durante o ano de 2009, as opinioes e preferencias
de 100 mulheres, residentes no Estado de Sao Paulo, em relacao a
cosmeticos anti-idade. Os participantes foram escolhidos de maneira nao
aleatoria, e a analise dos dados foi feita atraves da conjoint analysis.
Descobriu-se que, para a amostra estudada, os atributos que
determinam a escolha de um creme facial anti-idade, dispostos em ordem
crescente, perfazem a seguinte escala: quantidade minima de compra,
status, preco, tipo/conceito de marca e qualidade. E, nao obstante
algumas ressalvas, constatou-se que a marca social e a preferida pelas
respondentes. Assim, como a qualidade se revelou o item mais importante
para as pessoas entrevistadas, marcas sociais que enfoquem a qualidade
dos produtos e o modo como sao feitos podem ser grandes fontes de valor
para as empresas.
A esses achados deve-se acrescentar que, embora a marca possa gerar
uma demanda inelastica, os cremes anti-idade apresentaram uma
inelasticidade parcial, que acaba neutralizando a oportunidade de se
cobrarem precos premium, um dos beneficios resultantes da posse de
marcas fortes. Outra conclusao advinda dos resultados obtidos e que as
marcas genericas, nao obstante sua proliferacao e o acirramento da briga
por precos, nao devem ser preferidas as demais, pois tal conceito de
marca, do ponto de vista das respondentes, e um destruidor de valor;
assim, as companhias devem preferir o tipo de marca social ou proprio,
de acordo com as caracteristicas de seu mercado.
Apesar do rigor metodologico com que o trabalho foi desenvolvido,
algumas consideracoes restritivas lhe podem ser feitas: com efeito,
focaram-se somente as consumidoras de cremes anti-idade e a amostra
estudada nao era probabilistica, pontos que podem ter gerado um vies
amostral e que nao permitem a aplicacao dos resultados deste estudo a
outros produtos.
Outro fator limitante e a ampla penetracao dos produtos da Natura
no mercado consumidor brasileiro e, consequentemente, na amostra
pesquisada, o que pode ter favorecido a escolha da marca social, pois
essa empresa e reconhecida por posicionar seus produtos como
socioambientalmente responsaveis. Assim, durante a pesquisa as pessoas
associavam a marca social a produtos da Natura e tendiam a preferir essa
categoria de marca, a fim de confirmar a escolha que fazem atualmente e
evitar uma possivel dissonancia cognitiva.
Deve-se assinalar, por fim, que este estudo esta longe de esgotar o
seu tema. Por isso, sugere-se para trabalhos posteriores: 1) uma analise
da interrelacao dos fatores aqui pesquisados com os dados
sociodemograficos e de habitos de consumo das respondentes; 2) a
ampliacao deste trabalho, utilizando uma amostra probabilistica, e a
extensao dele para outros mercados; 3) o teste da elasticidade da
demanda para cada tipo de marca, por meio da alteracao gradual da
quantidade de compra e/ou do preco para cada um dos tipos/conceitos.
DOI: 10.5700/rege528
Recebido em: 13/2/2011
Aprovado em: 4/7/2013
Luiz Alberto Marcondes Homen de Mello e Castro
Mestre em Administracao de Empresas pela Faculdade de Economia,
Administracao e Contabilidade da Universidade de Sao Paulo--Sao
Paulo-SP, Brasil
Bacharel em Administracao de Empresas pela Faculdade de Economia,
Administracao e Contabilidade da Universidade de Sao Paulo
E-mail: castro.beto@gmail.com
Maria Aparecida Gouvea
Professora Livre-Docente em Administracao pela Faculdade de
Economia, Administracao e Contabilidade da Universidade de Sao
Paulo--Sao Paulo-SP, Brasil
Doutora em Administracao pela Faculdade de Economia, Administracao
e Contabilidade da Universidade de Sao Paulo
Mestra em Estatistica pelo Instituto de Matematica e Estatistica da
Universidade de Sao Paulo
E-mail: magouvea@usp.br
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