Fundraising, mobilization and legality: the "strategic making" of third sector organizations in Belo Horizonte/Captacao de recurso, mobilizacao e legalidade: o "fazer estrategico" de organizacoes do terceiro setor em Belo Horizonte/Captacion de recurso, mobilizacion y legalidad: el "sentido estrategico" de organizaciones del tercer sector en la ciudad de Belo Horizonte.
Viegas, Glauce ; de Assis, Lilian Bambirra ; Barreto, Raquel de Olvieira 等
1. INTRODUCAO
As perspectivas utilizadas nos estudos sobre estrategia, em geral,
apontam para trabalhos que atendem a um escopo operacional. Muito dessa
percepcao se faz em face das cobrancas e expectativas das organizacoes
em relacao a sua aplicacao ou atuacao. Essa visao e corroborada por
Ansoff (1981), que destaca que a estrategia implica compreensao em acoes
de politica, de programas e de procedimentos, aplicados a problemas
administrativos, operacionais e estrategicos.
Apesar de predominarem os estudos que privilegiam as abordagens
funcionalistas e com visoes tradicionais da estrategia, tem-se observado
um aumento de trabalhos com perspectivas epistemologicas diferentes da
funcionalista. E e diante desta perspectiva, que privilegia o cotidiano
do fazer estrategia--, a estrategia enquanto pratica--que a pesquisa
encontrou o suporte teorico necessario para estudar o tema no terceiro
setor.
O objetivo deste trabalho foi investigar a construcao de
estrategias de organizacoes do terceiro setor localizadas em Belo
Horizonte. Sob uma perspectiva interpretativa, o artigo procura
demonstrar os caminhos percorridos nessa construcao e busca descrever as
principais praticas estrategicas existentes nas 22 organizacoes
pesquisadas.
Como essa abordagem busca compreender melhor o ato de fazer
estrategia a partir das interacoes entre os diferentes atores sociais,
da utilizacao de ferramentas estrategicas e dos efeitos das acoes dos
estrategistas e de outros atores (JARZABKOWSKI, 2004, 2005; WHITTINGTON,
2004; WILSON; JARZABKOWSKI, 2004), a utilizacao dessa perspectiva foi
considerada adequada para se trabalhar com o terceiro setor e no
presente estudo e tema central de discussao. Assim, acredita-se que a
principal importancia da utilizacao da perspectiva de analise adotada
neste trabalho e a contribuicao para o entendimento das praticas
estrategicas em um contexto de tipicidade e especificidade
organizacional que abrange o setor citado.
Tal tipicidade pode ser compreendida quando se entende que as
organizacoes em foco nao visam o lucro e nao sao publicas. Ou seja, tem
valores pautados pela solidariedade, ajuda ao proximo e desenvolvimento
da sociedade em diversas dimensoes. E, alem disso, contam com o apoio
direto de algo inexistente em empresas privadas ou governamentais:
voluntarios, que realizam o trabalho sem qualquer tipo de ganho
financeiro.
Essas organizacoes ganharam mais relevancia a partir do contexto de
crescente e consistente reorientacao do papel do Estado, que faz com que
atores sociais preocupados em suprir e/ou minimizar carencias, servicos
e produtos, ate entao sob responsabilidade publica ou compartilhadas com
empresas privadas, passem a ocupar uma posicao de proa. No contexto
hodierno, a atuacao de organizacoes do chamado terceiro setor e
evidente, sobretudo, pela formacao de aliancas com os demais agentes
sociais (FISCHER, 2005).
Um marco significativo para situar o fortalecimento e/ou
crescimento da importancia das organizacoes pode ser identificado de
maneira clara a partir da reorientacao do papel do Estado ou a partir da
crise do Welfare State, que induziu os estudiosos do tema a repensar o
papel do Estado na gestao do desenvolvimento social, e a propor a
realocacao e a transformacao das funcoes dos diferentes atores sociais.
E neste momento que o terceiro setor ganha visibilidade, tendo se
tornado uma possivel estrutura mediadora entre individuo e Estado
(COELHO, 2000). Alem disso, com a percepcao empresarial da
responsabilidade social, as organizacoes do terceiro setor passaram a
ser vistas como parceiras na canalizacao de investimentos para as areas
sociais, culturais e ambientais.
De acordo com Armani (2008), a mobilizacao de recursos nas
organizacoes sem fins lucrativos se refere a aspectos que podem ir alem
de fatores monetarios ou tecnicos, incluindo desafios politicos,
transformacao social, sustentabilidade e autonomia. Decerto, a tematica
e apontada como o principal problema que impede o desenvolvimento das
instituicoes de Belo Horizonte, conforme diagnostico apresentado pelo
Centro de Apoio Operacional ao Terceiro Setor (CAOTS, 2006).
Alem da dificuldade na captacao de recursos, a escassez deles, a
falta de apoio governamental e a dificuldade de encontrar parcerias sao
tambem obstaculos que se devem superar. Ckagnazaroff (2001) observa que
a crescente presenca destas organizacoes no cenario nacional faz emergir
tais desafios, agravados pela concorrencia na busca de recursos, devida
ao crescimento do numero de entidades e a exigencia de qualidade do
trabalho. Segundo Silva (2010), a influencia externa, caracterizada pela
aplicacao de recursos dos demais setores, faz com que, em algumas
situacoes, os gestores adotem processos que visam a eficiencia
operacional, amplamente voltada para resultados. Esses desafios
assinalados, mesmo que nao esgotem os exigidos das organizacoes do
terceiro setor, reforcam a constatacao de que predicados ligados a
esfera gerencial necessariamente devem estar presentes no seu ideario.
Isso condiz com o que afirma Salamon (2005: 105): "quanto mais
estas organizacoes se empenham na solucao de problemas sociais, mais
crescem as pressoes para aperfeicoarem seus sistemas de administracao e
seu desempenho". Nesse sentido, uma vez que as organizacoes do
terceiro setor enfrentam em seu cotidiano a necessidade de promover
acoes gerenciais compativeis com uma dada racionalidade, que nao e
necessariamente a mesma das instituicoes publicas e privadas, uma gestao
apropriada as suas especificidades substantivas e nao instrumentais
tornou-se um grande desafio.
E no bojo desse quadro, em que se reconhece a relevancia das
organizacoes do terceiro setor e o papel fundamental da estrategia
enquanto pratica, que se insere a proposta deste trabalho, o qual
procurou descrever e analisar a construcao de estrategias em 22
organizacoes do setor, localizadas em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas com representantes das
organizacoes pesquisadas, alem de documentos internos das organizacoes
(relatorios, programas, folders, entre outros). Pela analise de
conteudo, reconstruiu-se o processo investigado. Este artigo esta
estruturado em cinco partes: a introducao, o referencial teorico, a
descricao da metodologia adotada, os resultados da pesquisa e as
conclusoes dos autores.
2. REFERENCIAL TEORICO
2.1. Desafios e possibilidades para a gestao de organizacoes do
terceiro setor
Sao varios os aspectos que orientam os estudos sobre a gestao do
terceiro setor, e que, alias, servem de pano de fundo para quaisquer
debates atrelados a essa esfera economica. Deve-se sublinhar, de fato, a
dimensao economica do setor em questao, ja que as organizacoes
pertencentes ao setor nao governamental, como explicou Fowler (2000),
tem recebido destaque a partir do consideravel crescimento de
investimentos destinados a acao social, os quais advem de empresas
privadas ou agencias internacionais de financiamento, alem de recursos
do proprio Estado. Destaca-se tambem esse setor pelo fato de se
constituir de organizacoes de natureza especifica--privadas com fins
publicos--, o que as coloca em situacao de contraposicao ou
complementacao em face dos demais setores (FERNANDES, 1994; 2005) ou,
ainda, numa situacao que se denomina "parceria intersetorial"
(FISCHER; FALCONER, 1998; FISCHER, 2005).
O crescimento e a gestao do setor nao governamental pode ser
abordado a partir de duas vertentes. A primeira delas concerne a
reorientacao do papel do Estado a partir de mudancas evidenciadas pela
crise do Welfare State (Estado de Bem-Estar Social), a qual gerou
consequente crescimento das acoes de carater associativo. O fracasso
desse modelo, reconhecidamente incapaz de fazer face as demandas
sociais, fez com que o proprio Estado iniciasse uma tendencia de
parceria junto as organizacoes do terceiro setor, repassando-lhes os
recursos necessarios para o provimento efetivo das necessidades das
comunidades mais carentes.
Entretanto, conforme aponta Fernandes (1994), tais organizacoes
devem prestar servicos coletivos que nao passam pelo exercicio do poder
de Estado. Fowler (2000) tambem discute o papel das organizacoes do
terceiro setor na mudanca da relacao Estado-Sociedade, evidenciando a
autenticidade das parcerias, os valores de gestao e configuracao
organizacional e o impacto que exercem sobre os sistemas de concessao de
financiamento internacional. De acordo com Caetano (2007, p. 107), a
"postura mais liberal do Estado, somada ao aparecimento de
entidades internacionais dispostas a fornecer recursos para serem
utilizados socialmente, veio a favorecer o espetacular crescimento do
Terceiro Setor nas ultimas decadas do seculo XX".
Outra faceta de muitas pesquisas sobre a gestao desse tipo de
organizacao diz respeito ao surgimento de uma nova compreensao de
sociedade civil, a qual, de acordo com Correa e Pimenta (2006), se
fundamenta em uma nova perspectiva de gestao social formada a partir do
fracasso do Estado em seu papel referente a construcao de politicas
publicas e, em certa medida, pela manifestacao de interesses privados.
De acordo com as autoras, os fins da acao do Estado "derivam do
processo de lutas, da confrontacao e do embate politico, os quais
envolvem uma pluralidade de interesses" (CORREA; PIMENTA, 2006: 4).
Essa concepcao multifacetada traz para a gestao do terceiro setor a
nocao corporativista de responsabilidade social (ALVES, 2002), que vai
alem de uma perspectiva de promocao social e politica, passando a
modular uma organizacao global da sociedade com vistas a intervencao da
esfera privada. Conforme esclarecem Correa e Pimenta (2006), a
aproximacao das organizacoes empresariais influencia na gestao do
terceiro setor, uma vez que elas se constituem, basicamente, da obtencao
de lucros por meio de um discurso que, inicialmente, e carregado de
filantropia e, posteriormente, incide sobre o desempenho das
organizacoes do terceiro setor. Para Fischer (2010), a filantropia passa
a ser uma pratica das empresas privadas, por meio da injecao de recursos
para fins sociais ou publicos, e incentiva o crescimento da atuacao das
entidades sem fins lucrativos, a partir dos interesses demonstrados pelo
setor privado no desempenho dessas organizacoes.
No entanto, e preciso considerar a logica capitalista pela qual o
mercado e dirigido, que de forma avancada e dinamica demonstra o
crescimento estrutural, financeiro e competitivo das organizacoes que
assumem uma postura tal como a do mercado. No sentido exposto, os
resultados do investimento em acoes sociais pelo empresariado tende a
propria promocao e visibilidade perante a sociedade e demais agentes, o
que, para as organizacoes empresariais, se torna vantajoso. Ja para as
organizacoes do terceiro setor a vantagem esta na concentracao de uma
nova fonte de recursos para financiamento de suas atividades. Para
Fowler (2000), a atuacao social de algumas empresas, assim como o papel
de cada agente social, corresponde a adocao de uma tendencia mundial de
atuacao no atendimento de uma crescente demanda de aprimoramento das
sociedades.
Essa nova articulacao, direcionada pelo setor privado, em parte
devido a falta de efetividade da esfera publica, bem como pela crescente
mobilizacao de recursos privados para fins publicos e pelos criterios
socialmente responsaveis exigidos pela sociedade e demais stakeholders,
fez com que surgisse no setor nao governamental uma impressao cuja
essencia permeia a privatizacao do publico e publicizacao do privado
(CKAGNAZAROFF, 2001). Esse tipo de orientacao permite que grandes
empresas se encarreguem da organizacao global da sociedade. Conforme
indicam Correa e Pimenta (2006: 7), a partir dai "supoe-se uma
indiferenciacao entre governo e elites e uma interpenetracao tal que
essas se arrogam o direito e a exclusividade de conferir significado as
acoes e relacoes em todas as esferas, sejam elas mercantis, sociais ou
politicas".
Nesse sentido, o terceiro setor propicia um novo dimensionamento
entre os demais setores e a sociedade. Por um lado, recebe a atencao
governamental na busca de acoes que supram as necessidades sociais, ou,
pelo menos, que combatam a ineficiencia do Estado para cumprir sua
responsabilidade social. Por outro, recebe influencia da esfera privada,
a partir da articulacao de interesses convencionais nem sempre
provenientes da missao declarada pelas entidades do terceiro setor.
Contudo, conforme sustentam Salamon (2005) e Salamon e Anheier (1997),
suas acoes vem sendo pautadas pelas demandas da sociedade.
A pesquisa realizada pela Associacao Brasileira de Organizacoes nao
Governamentais (ABONG, 2010) revela desafios e anseios pelos quais as
organizacoes brasileiras sem fins lucrativos tem passado, em seu esforco
para implementar eficientemente seus objetivos. As preocupacoes
apontadas compreendem aspectos educativos, de formacao e capacitacao dos
individuos que se organizam coletivamente em movimentos populares e
sindicatos. Tambem se percebe uma tendencia de emancipacao do individuo
atraves da conscientizacao politica para enfrentamento das diversidades
sociais.
Enquanto os fatores que se destacam como motivadores para o
surgimento de organizacoes do terceiro setor se baseiam em ideais de
autonomia, a gestao das empresas de carater naolucrativo fomenta a
necessidade de aprimoramento dos seus aspectos administrativos. Tal
questao e paradoxal na gestao do terceiro setor, dado que, para obter
recursos provenientes de financiamentos ou doacoes de organismos
internacionais e entidades empresariais, precisa-se avancar em aspectos
de profissionalizacao. Conforme diagnostico apresentado pelo Centro de
Apoio Operacional ao Terceiro Setor (CAOTS, 2006), a tematica que
envolve a mobilizacao e captacao de recursos e o principal problema que
impede o desenvolvimento das instituicoes em Belo Horizonte, onde se
estima a existencia de 1807 organizacoes.
De acordo com Armani (2008), a mobilizacao de recursos nas
organizacoes sem fins lucrativos se refere a aspectos que podem ir alem
de fatores monetarios ou tecnicos, os quais incluem desafios politicos,
transformacao social, sustentabilidade e autonomia. Para Cruz e Estraviz
(2003), a mobilizacao de recursos e um fator que decorre da integracao a
outros entes que atuam no campo social, com projetos concretos e
estruturas de custos claras. Entre os inumeros desafios enfrentados por
organizacoes do terceiro setor esta o vies normativo, que estabelece as
formas de captacao e mobilizacao de recursos, em detrimento de analises
de fatores que orientam e explicam a razao pela qual se devem seguir os
parametros estabelecidos legalmente.
Logo, encontra-se na gestao um dos maiores dilemas enfrentados
pelas organizacoes do terceiro setor, o qual propicia debates diante dos
cenarios economico, politico, social e academico. Silva (2010) e Silva e
Aguiar (2011) discutem tais impasses por meio de estudos em perspectiva
historica e de avaliacao das atividades dessas organizacoes. Silva
(2010: 1301) assinala que "as organizacoes sem fins lucrativos,
ainda que conservem valores como a solidariedade e o altruismo, tambem
passaram a lidar com logicas mais instrumentais, auferindo seu
desempenho e buscando resultados cada vez mais elevados". Ja Silva
e Aguiar (2011) sugerem que paradoxos e limitacoes permeiam o terceiro
setor no Brasil e, observados os principais estudos, os aspectos
instrumentais, como a avaliacao de projetos sociais, tornam-se pontos
centrais na dinamica da gestao do terceiro setor.
A perspectiva tracada evidencia a importancia que as organizacoes
do terceiro setor vem adquirindo nas ultimas decadas. O setor surge,
desenvolve e opera com grandes dilemas e desafios, os quais, notadamente
relacionados ao contexto historico formado pelas possibilidades
percebidas pelo governo (CKAGNAZAROFF, 2001) e pelas empresas privadas
em busca de responsabilidade social (ALVES, 2002), levam tais organismos
a enfrentarem polemicos contrastes e desafios de gestao. Suas
caracteristicas essenciais as constituem como uma alternativa na
prestacao de servicos sociais, alem de estimularem um relacionamento
mais intimo entre os demais setores (FISCHER, 2005), os quais, na busca
de uma postura mais responsavel diante da sociedade, se utilizam das
vias orientadas pelo terceiro setor.
2.2. Estrategia no terceiro setor: uma pratica possivel
Dado o carater social que as organizacoes do terceiro setor
representam, sobretudo, sua essencia voltada para valores
substantivos--nao considerados pela esfera publica e privada, tais
valores correspondem as necessidades basicas da sociedade--, torna-se
controversa a adocao de padroes de racionalidade instrumental, os quais
se alinham perfeitamente a logica de objetivos economicos (RAMOS, 1989).
A tendencia de aplicacao de tecnicas gerenciais derivadas da
administracao empresarial em organizacoes que declaram objetivos sociais
e nao lucrativos deve respeitar a diversidade dos propositos que
orientam esses dois tipos de empresa, que adotam tipos de racionalidade
tambem distintos.
Ramos (1989), ao adotar uma abordagem substantiva das organizacoes,
a fim de evidenciar um debate acerca das organizacoes economicas
aparelhadas de racionalidade instrumental, afirma que no contexto social
existem multiplos tipos de organizacoes, as quais possuem cada uma
distintos enclaves. Uma indagacao e posta por Teodosio (2002) e diz
respeito aos impactos da racionalidade instrumental na gestao de
organizacoes do terceiro setor. Para esse autor, o foco gerencial pode
levar as organizacoes a uma perda de conexao com transformacoes sociais
mais amplas. Enquadram-se, assim, as especificidades vivenciadas por
essas organizacoes, cujo surgimento denota fins publicos e meios
privados. E diante dessa dialetica que permeia as organizacoes do
terceiro setor, especialmente, que a estrategia como pratica emerge como
um dos maiores desafios para a gestao dessas organizacoes.
A visao classica da gestao baseada na formulacao de estrategias
ressalta o controle hierarquico, o planejamento formal e a analise
executiva como premissas. De acordo com Pettigrew (1977), a construcao
de estrategias ocorre como um processo continuo. Alem disso, receitas,
prescricoes e diretrizes concorrentes, segundo Mintzberg, Ahlstrand e
Lampel (2000), complementam a literatura sobre a gestao estrategica e
estimulam um engajamento pratico, contextual e qualitativo, em
detrimento das restricoes modernistas e epistemologicas que induziram os
estudiosos a um enquadramento reformativo do tema (WHITTINGTON, 2004).
O sucesso organizacional, em suas diferentes dimensoes de atuacao,
no entanto, nao se encontra mais no planejamento tradicional ou
simplesmente processual de estrategias, conforme afirma Volberda (2004).
Uma abordagem reconstruida do termo, de acordo com Whittington (2004),
demonstra que a estrategia nao e exclusivamente um atributo das
organizacoes, mas e algo que as pessoas comumente praticam. Esse novo
modelo assume uma abordagem da estrategia como pratica social, em que o
foco esta nas construcoes e influencias sociais das pessoas inseridas na
empresa, alem da interacao desses individuos na formulacao e
implementacao da estrategia. Ou seja, nao ha uma divisao clara e
dicotomica da estrategia como ocorre na corrente principal. Tal fato e
constatado quando se observa que a estrategia enquanto pratica nao trata
das dicotomias conteudo/processo, formulacao/implementacao, estrategia
deliberada/estrategia emergente.
Nesse sentido, e valido ressaltar que os principais topicos dessa
nova corrente teorica se orientam, essencialmente, pelos gargalos e pela
critica as teorias de construcao de estrategias tradicionais e
processuais, tais como a desconexao dos periodos de formulacao e
implementacao de estrategias (MINTZBERG, 1978) e a padronizacao do fluxo
de decisoes e negociacoes no interior das organizacoes (LEITE-DA-SILVA,
2007).
Diante do exposto, e possivel tambem observar a enfase dada a acao,
o que ressalta o aspecto dinamico da estrategia e a relevancia das
pessoas envolvidas com a estrategia das organizacoes. Por isso e
importante o comportamento dos atores envolvidos, uma vez que ao
desenvolver suas atividades diarias, sao eles que interagem uns com os
outros, o que acaba caracterizando o comportamento coletivo. Dai a
necessidade de se estudar a interacao social cotidiana dos membros da
organizacao no processo de construcao, implementacao e controle da
estrategia (JARZABKOWSKI, 2004).
Um dos aspectos importantes da estrategia enquanto pratica sao as
microatividades que, apesar de geralmente invisiveis as pesquisas
tradicionais de estrategia, podem ter consequencias significativas para
as organizacoes e para aqueles que la trabalham (JOHNSON; MELIN;
WHITTINGTON, 2003). Por isso, entre os estudiosos dessa abordagem
verifica-se a preocupacao de pesquisar a maneira como os estrategistas e
seus elementos atuam reciprocamente. Tal preocupacao esta relacionada ao
"estrategizar" (strategizing) em um contexto
historico-cultural. E nesse sentido que ha uma preocupacao em detalhar,
nas organizacoes as atividades cotidianas relacionadas ao strategizing,
com o intuito de entender o sentido do fazer e dizer dos atores quando
estao "estrategizando"
Dessa forma, os teoricos do tema consideram que a estrategia e
derivada da habilidade dos estrategistas em transmitir suas ideias de
maneira coerente e por meio de uma linguagem adequada e simples (WILSON;
JARZABKOWSKI, 2004). Whittington (2004) enfatiza que no cerne do
pensamento dessa corrente existe a preocupacao com a competencia dos
gestores para trabalhar a estrategia de forma interativa. Em sintese,
Jarzabkowski (2005) aponta tres importantes pontos que merecem destaque
na estrategia como pratica: (1) a pratica, entendida como fluxo de
atividade organizacional que incorpora conteudo e processo, deliberacao
e emergencia, pensar e agir, como partes reciprocas, nao separadas, de
um todo, quando sao observadas de perto; (2) os praticantes,
compreendidos como individuos sociais, interagindo com as circunstancias
sociais do fazer estrategia, e (3) as praticas, que sao as tradicoes,
normas, regras e rotinas atraves das quais o trabalho da estrategia e
construido.
Importante ressaltar que a estrategia enquanto pratica social nao
rompe com os conceitos de conteudo e processo, ao contrario, integra-os,
procurando esclarecer novas questoes. Portanto, para realizar mudanca na
area da estrategia, Whittington (2004) acredita que sao necessarias a
integracao e uma maior pluralidade de praticas fornecidas pelo
pos-modernismo, que propoe uma formulacao mais inclusiva, incorporando o
conhecimento desenvolvido no modernismo em um contexto mais amplo da
pratica social (WHITTINGTON, 2004).
Toda essa reconstrucao conceitual, derivada das disparidades entre
planejamento e realidade e das limitacoes originarias dos primeiros
estudos sobre estrategia, visa ao aprimoramento da pratica e da
compreensao da estrategia. Uma vertente analitica concernente a
estrategia como pratica esta relacionada a uma perspectiva
gerencialista, imbricada a observacao do desempenho do estrategista. A
outra denota uma perspectiva sociologica voltada para a performance da
pratica da estrategia no contexto social (WHITTINGTON, 2004).
Diante do quadro de desenvolvimento e gestao de organizacoes do
terceiro setor e com base na revisao teorica exposta sobre estrategias,
buscouse investigar, no ambito do terceiro setor, quais sao os fatores
determinantes na formulacao de estrategias organizacionais por meio de
uma investigacao empirica, cuja metodologia vem especificada a seguir.
3. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS
Realizou-se uma pesquisa de natureza descritiva e qualitativa. De
acordo com Cervo e Bervian (2007), a pesquisa descritiva permite ao
pesquisador observar, registrar, analisar e correlacionar os fatos ou
fenomenos, visando descobrir suas principais caracteristicas. A escolha
da perspectiva qualitativa deveu-se a que esse tipo de pesquisa permite
uma compreensao mais apurada do caso estudado no contexto em que ele
ocorre e, conforme ressalta Godoy (1995), a partir da interacao das
variaveis envolvidas, as quais permitem um aprofundamento sobre o tema.
Haguete (2013) da enfase ao pressuposto de que esse tipo de
perspectiva proporciona maior relevancia ao aspecto subjetivo da acao
social e, por isso, tende a ser apropriada para fenomenos unicos e/ou
complexos. Assim, o presente estudo e qualitativo e descritivo, porque a
analise dos dados encontrados pretende entender e abordar o fenomeno,
descrevendo as variaveis que o compoem e reconhecendo a presenca de
complexidades e interfaces que o caracterizam e o particularizam.
O trabalho desenvolvido tambem compreende um estudo de caso,
segundo os pressupostos de detalhamento de determinada situacao (YIN,
2010). Justifica-se, assim, por analisar intensivamente as formulacoes
de estrategias das organizacoes do terceiro setor em Belo Horizonte,
Minas Gerais, Brasil. As organizacoes escolhidas, portanto, tem como
premissa inicial a intencionalidade, seja pelo fato de comporem o
terceiro setor, seja por estarem localizadas em Belo Horizonte.
De acordo com a pesquisa realizada, e na regiao sudeste que se
encontram 42,1% das fundacoes privadas e associacoes sem fins
lucrativos, sendo que Sao Paulo (21,6%) e MG (10,3%) reunem
aproximadamente um terco das organizacoes existentes em todo o
territorio nacional (ABONG, 2010). Vale lembrar que esses percentuais
guardam semelhanca com a distribuicao da populacao brasileira: 43% dos
residentes do pais estao na regiao sudeste. Dada a importancia do estado
e considerando a viabilidade da pesquisa, optou-se por estudar as
organizacoes do terceiro setor de Belo Horizonte.
As informacoes sobre as organizacoes do terceiro setor foram
subsidiadas por pesquisas em sites relacionados a area. Especificamente,
a Rede de Informacoes para o Terceiro Setor mostrou possuir um banco de
dados compativel com a pesquisa, uma vez que possuia um filtro que
separava as organizacoes de acordo com sua forma juridica (RITS, 2014).
Outro filtro; tambem foi utilizado, que separava as organizacoes por
estado. Assim, apos o estabelecimento desses dois parametros, apareceram
928 organizacoes do terceiro setor em Minas Gerais. Por uma questao de
acessibilidade, foi entao feito outro corte, que consistiu em escolher,
dentre as selecionadas, apenas aquelas que estavam em Belo Horizonte, o
que totalizou 141 organizacoes.
Observou-se que das 141 organizacoes do terceiro setor de Belo
Horizonte, apenas 29 possuiam algum contato, fosse ele telefonico ou
eletronico. Desta forma, estas foram as organizacoes escolhidas
inicialmente. Apos o primeiro contato, das 29 organizacoes da amostra
inicial, 27 mostraram-se acessiveis a pesquisa. De acordo com Selltiz,
Wrightsman e Cook (1987), um bom discernimento, aliado a uma estrategia
adequada, permite ao pesquisador escolher casos que produzirao amostras
satisfatorias em relacao as necessidades que ele possui. Assim,
observouse que, das 27 organizacoes entao escolhidas, tres nao trariam
contribuicoes relevantes a pesquisa, por nao apresentarem uma estrutura
minima que justificasse a realizacao de entrevistas.
A amostra intencional propiciou a escolha cuidadosa dos casos a
serem incluidos na pesquisa. Foi iniciado o trabalho com as 24
organizacoes escolhidas. Apos cinco meses de tentativas, duas
organizacoes ainda nao haviam conseguido um horario para que a
entrevista fosse realizada. Em razao disso, a amostra final contemplou
22 organizacoes. Apos a definicao das organizacoes, foi feita uma
definicao do formato de levantamento dos dados, a fim de
compatibiliza-lo a escolha do metodo.
Para tanto, a escolha por criterios envolvendo entrevista
semiestruturada e analise documental encontra respaldo adequado. Segundo
Selltiz, Wrightsman e Cook (1987: 272), o levantamento de informacoes
por meio de entrevistas "[...] e a tecnica mais adequada para a
revelacao de informacao sobre assuntos complexos, emocionalmente
carregados ou para verificar os sentimentos subjacentes a determinada
opiniao apresentada." Bruyne, Herman e Schoutheete (1991) incluem
ainda, como vantagens relativas da entrevista, a elevacao da quantidade
e da qualidade das informacoes, alem da flexibilidade. Essa escolha do
metodo de levantamento das informacoes encontrou nas organizacoes
pesquisadas o nucleo dos respondentes considerado condizente com as
informacoes necessarias.
Alem das entrevistas semiestruturadas, outra fonte de dados foi a
analise documental, por meio da qual foram considerados como fonte
secundaria os regimentos internos, selecionados como objeto de analise
nessa perspectiva (VERGARA, 2011). A investigacao dos documentos ampliou
o conhecimento para a pesquisa, propiciando uma melhor visao das
organizacoes, facilitando o alcance do objetivo proposto pelo trabalho.
Como eixo metodologico principal da analise dos dados coletados
optou-se pela analise de conteudo, entendida por Bardin (2011) como um
conjunto de instrumentos de metodologia em construcao, aplicavel a
discursos e ambientes diversificados. Essa analise foi aplicada aos
relatos transcritos dos entrevistados e aos documentos coletados. Para
tanto, foi feita a recuperacao de fragmentos para a reconstrucao dos
fatos relatados, o que, conforme sera visto adiante, corrobora a
afirmacao de que as estrategias ocorrem processualmente, e nao de modo
deterministico, uma vez que sao constantemente revistas ou colocadas de
lado em funcao de resultados imprevistos ou nao alcancados.
Com o intuito de preservar a identidade das organizacoes, ao longo
da apresentacao e analise dos resultados, as mesmas foram identificadas
como organizacao (O) e individuadas por um numero ([O.sub.n]). Alem
disso, para cada ([O.sub.n]) os entrevistados (E) tambem serao
identificados por seus respectivos numeros ([E.sub.n]). Assim, tem-se as
organizacoes de [O.sub.1] a [O.sub.22]. A maioria dos entrevistados sera
apenas ([E.sub.1]) da ([O.sub.n]); entretanto, nas tres organizacoes
onde mais de uma entrevista foi feita, ter-se-a ([E.sub.1]) e
([E.sub.2]), e em apenas um destes casos ([E.sub.3]) e ([E.sub.4]).
4. APRESENTACAO E ANALISE DOS RESULTADOS
4.1. Os processos e atividades estrategicas
E imperativo compreender, em um primeiro momento, como as entidades
do terceiro setor estao organizadas, uma vez que seu processo interno,
ainda que informal, apresenta aspectos importantes para a compreensao do
"strategizing", conforme se vera adiante.
As organizacoes pesquisadas apresentam estruturas simples e pouco
formalizadas, com escassas areas e poucas pessoas em cada area, na
maioria das vezes apenas um funcionario. Cabe ressaltar que, apesar de
16 das 22 organizacoes nao possuirem uma estrutura formalizada, algumas
funcoes-chave foram identificadas: direcao geral, coordenacao geral e,
em alguns casos (oito organizacoes), coordenacao especifica dos
programas; servicos de apoio como: administrativo, juridico e
comunicacao. Para Coelho (2000), a adocao dessas funcoes-chave pode ser
explicada pelo fato de a maioria das organizacoes do terceiro setor ser
relativamente pequena. Alem disso, possuem uma assembleia geral e um
conselho fiscal, uma das exigencias da legislacao brasileira. O que se
notou foi que as funcoes geralmente surgem com o desenvolvimento das
atividades da organizacao e nao foram pensadas previamente, quando da
fundacao da instituicao, com excecao da assembleia, do conselho e da
diretoria, alem de casos especificos.
E comum que uma area-meio, ou seja, nao ligada ao objetivo final da
instituicao, como as areas administrativa, juridica e de comunicacao,
nao possua subarea e tenha apenas um cargo, o que corrobora a ideia de
que apenas uma pessoa e suficiente para realizar o trabalho de toda uma
area, ou que ha um acumulo de funcoes, indicado por 35% dos
entrevistados. Percebeu-se que, em geral, 78% dos empregados das
instituicoes estao alocados nas areas-fins, podendo este numero chegar a
95% em algumas organizacoes.
Ainda quanto as areas-meio, das 22 instituicoes que compuseram a
amostra, 63,6% possuiam uma area administrativo-financeira, 54,5%
contavam com a ajuda de um consultor ou ate mesmo de uma area juridica,
e 54,5% possuiam uma area de comunicacao. Ratificando o que afirma
Salamon (2005), as organizacoes pesquisadas tem uma preocupacao muito
grande com a questao "administrativa". Na realidade, em 12 das
14 instituicoes que possuem essa area, suas principais atividades sao:
elaboracao de orcamentos, verificacao e controle do dinheiro que se tem
no caixa, prospeccao de gastos, etc. trata-se, pois, de uma area que
cuida do dinheiro e, formalmente, nao trata da estrategia da
organizacao.
Observou-se tambem que a area de comunicacao e uma das mais
importantes para as organizacoes. Tais organizacoes estao voltadas para
"fora", ou seja, estao preocupadas com a imagem que se vai
passar para a sociedade civil em geral, parceiros e governo.
[...] a gente tem que divulgar nosso trabalho,
vender nosso produto, o marketing social,
porque a gente tambem tem produto: ajudar as
pessoas. ([E.sub.1] da [O.sub.13])
Tal preocupacao se justifica, pois a sobrevivencia da organizacao
esta diretamente ligada a captacao de recursos. De 20 organizacoes
pesquisadas, desconsiderados uma fundacao (criada e mantida por uma
grande organizacao siderurgica) e um instituto (criado e mantido por
filantropia), apenas 4 se preocupam com a autosustentabilidade e
investem em "produtos" oferecidos a sociedade em geral, como
forma de minimizar a dependencia de recursos externos.
Isso significa que 80% das organizacoes da amostra dependem de
recursos advindos de parceiros publicos ou privados. E, conforme
observou Ckagnazaroff (2001), um dos maiores desafios que as
organizacoes do terceiro setor vem enfrentando no cenario nacional diz
respeito ao aumento da concorrencia por fundos, que se deve ao aumento
do numero das organizacoes. Apos enfrentar a concorrencia pela captacao
do recurso, e fundamental que o dinheiro seja bem administrado. E e
nesse sentido que atua a area administrativo-financeira, incumbida de
"gerir" o dinheiro captado. E isso que justifica a existencia
das areas administrativo-financeira e de comunicacao em tais
organizacoes, dada a forma atual de se pensar o terceiro setor como
dependente de recursos.
Entretanto, vale lembrar que apenas 5 organizacoes tem na sua
estrategia formal de atuacao a preocupacao com o desenvolvimento de seus
recursos financeiros. Ou seja, enquanto 14 organizacoes possuem a area
administrativofinanceira, 35% formalizaram tal preocupacao em sua
estrategia; nos outros 65% a preocupacao e pontual, cabendo apenas a uma
area especifica, que na realidade esta responsavel pela parte
operacional das financas, a qual na verdade e um dos componentes do
fazer estrategia nessas organizacoes.
Tem-se trabalhado muito o fortalecimento da
area administrativo-financeira, [...] e preciso ter
alguem que faca as contas, que olhe quanto
entrou, quanto saiu. [...] ([E.sub.1] da [O.sub.19])
De qualquer forma, paralelamente a preocupacao com a imagem e a
gestao dos recursos financeiros, a area juridica (ou um consultor
juridico) apareceu em 54,5% das organizacoes pesquisadas. Tal fato pode
ser compreendido, pois tais organizacoes precisam se adequar a uma serie
de legalidades e exigencias, caso queiram receber os incentivos fiscais.
Alem disso, ha uma preocupacao com o voluntariado, para que ele nao seja
considerado a posteriori como um funcionario que possa receber os
beneficios previstos pela legislacao. Por isso, a elaboracao de um bom
contrato e fundamental.
Todos os voluntarios assinam um termo de
compromisso. Entao assim, dentro deste termo,
tem algumas funcoes a cumprir, baseado no que
a lei de voluntariado quer. Tem uma lei que rege
e incentiva o voluntariado. Entao e baseado em
cima disso. Tem toda uma norma e esta norma e
seguida mediante o que reza este termo de
compromisso do voluntariado. ([E.sub.1] da [O.sub.8])
[...] nos somos uma entidade filantropica, nos
apresentamos documentacao especifica, porque
nos temos que estar apresentando sempre, seja
em nivel municipal, estadual ou federal, para
manter a filantropia. Entao tem o termo de
voluntariado que e assinado, que funciona
mesmo como um termo mais aprofundado, mais
judicial. Alem disso, e muito bonito e tudo, mas
a intencao das pessoas a gente nunca sabe, ne.
Afinal, perfeito mesmo, so Deus. ([E.sub.1] da [O.sub.21])
Entendida a estrutura de funcionamento dessas organizacoes, ficara
mais claro entender o fazer estrategia das organizacoes pesquisadas.
4.2. As praticas estrategicas
A construcao das estrategias organizacionais ocorre como um
processo continuo, segundo Pettigrew (1977), mas deve-se pensar sua
formulacao como um processo intencional, desenvolvido a partir de
decisoes especificas, tomadas em funcao de dilemas internos ou
contextuais que elevam o processo estrategico a um nivel consciente da
organizacao. Constatou-se que existe por parte dos entrevistados certa
consciencia em relacao a importancia de um planejamento estrategico; no
entanto, reconhece-se a dificuldade de realiza-lo. Uma primeira
constatacao e que um numero significativo de entrevistados (15) afirma
que as organizacoes apresentam uma estrategia informal de atuacao, ou
seja, nao ha registros ou processos planejados evidenciando que
determinada acao faz parte de uma estrategia inicial.
Foi ressaltada, por esses entrevistados, a ausencia de planos
formalmente estabelecidos, que visem "determinar" uma
realidade futura, que os membros da rede terao que seguir. As acoes
estrategicas sao (re) constituidas nas micropraticas diarias (JOHNSON;
MELIN; WHITTINGTON, 2003).
[...] nos ainda estamos construindo (referindose
ao planejamento), contratamos um consultor
para ajudar no planejamento. E agora nos
contratamos uma empresa que vai fazer uma
pesquisa de imagem [...] porque as vezes a gente
esta fazendo um trabalho que nao e isto que as
pessoas estao precisando, quer dizer a nossa
estrategia esta errada. Entao a gente nao
continuou este planejamento estrategico porque
a gente sentiu a necessidade de ouvir nosso
publico, o que este publico esta querendo ...
nos estamos passando por uma crise
existencial. O que mudou? O que estamos
construindo? ([E.sub.1] da [O.sub.4])
No trecho anterior, varios elementos podem ser destacados. O
primeiro deles diz respeito a referencia ao planejamento como coisa em
construcao, ou seja, como algo que se objetiva possuir, mas que ainda
nao foi colocado em pratica. Ao longo do trecho, algumas razoes para tal
fato sao exploradas. A primeira delas relaciona-se a demonstracao da
existencia de lacunas que sao anteriores a ideia de planejamento, como e
o caso de falhas na definicao dos objetivos da organizacao: como
planejar, se nao se sabe o que planejar?
Outro aspecto relacionado refere-se ao impacto das demandas do
publico-alvo para a realizacao da estrategia. Ao longo da pesquisa, tal
requisito mostrou-se algo fundamental, que limita a definicao
estrategica de 50% das organizacoes estudadas. Isso significa que tais
organizacoes possuem dificuldades em planejar suas acoes e projetos para
o longo prazo, uma vez que a variacao das demandas implica diretamente a
variacao dos servicos prestados. Tal caracteristica justifica-se pela
especificidade, ja discutida anteriormente, da criacao e manutencao de
muitas organizacoes do terceiro setor, muitas das quais se destinam
justamente ao atendimento dessas demandas.
A estrategia de atuacao da (nome da
organizacao) e estabelecida com base nas
demandas dos refugiados. Foi mapeado, quando
da fundacao da organizacao, que eles tinham
necessidade de insercao no acesso formal de
educacao. Entao nos batalhamos, comecamos a
fazer articulacoes ... Entao, mapeada esta
demanda da universidade, entao nos tinhamos
um contingente de pessoas que nao
conseguiam se inserir no mercado de
trabalho porque eram vitimas de preconceito,
porque grande parte de sua origem africana, da
cor de pele, da pobreza em que vivem aqui ... Foi
ai que a gente comecou a entrar em contato com
o governo estadual e conseguimos em 2003 que
fossem realizadas 3 audiencias publicas para
discussao da integracao do refugiado no
mercado de trabalho. Entao foi criado o
programa mineiro de integracao do refugiado no
mercado de trabalho ... E ai, mapeada esta outra
dificuldade, nos vimos que nao era suficiente
trabalhar no ambito estadual, porque nos temos
no Rio de Janeiro, por exemplo, varias outras
centenas de pessoas que tambem precisam disto.
Entao nos buscamos parcerias, nos buscamos
articular nucleos da (nome da org.) em outros
estados, entao a gente ja tem um nucleo mais ou
menos articulado no Rio, um grupo mais ou
menos articulado em Sao Paulo ... e estamos
buscando no ambito federal a criacao de
politicas publicas de integracao que abarquem
todo o pais sem ter a necessidade de um nucleo
da (nome da organizacao) em um estado
especifico. ([E.sub.1] da [O.sub.17])
Percebe-se, no trecho de um dos entrevistados, que a estrategia
dessas organizacoes e um processo continuo, que se desenvolve ao longo
do tempo diante dos cenarios que se apresentam. Essa construcao remete a
discussao por meio da qual os atores envolvidos, ao lidarem com as
adversidades do meio e as necessidades emergentes, acabam por construir
cotidianamente a organizacao (Whittington, 2004). E interessante
ressaltar que essa construcao se mostra, inclusive, necessaria, uma vez
que, se nao houvesse essa dinamicidade e flexibilidade de acao, essas
organizacoes nao seriam capazes de atingir os seus objetivos.
No trecho destacado, pode-se observar o trabalho enviado pela
organizacao para superar os problemas na medida em que eles vao sendo
revelados, procurando, em face de cada obstaculo percebido, alternativas
de acao. Outro aspecto a ser destacado para a compreensao dessa dinamica
e que a maior parte de tais entidades abarca questoes sociais, as quais,
por serem essencialmente complexas, exigem uma capacidade de reacao mais
rapida e constante.
E interessante observar que, a fim de apreender essas necessidades
sociais insatisfeitas, as organizacoes recorrem a variadas fontes de
informacao, que vao desde ouvir a solicitacao dos proprios cidadaos ate
a utilizacao de resultados de pesquisas tematicas (dados secundarios)
realizadas por outras organizacoes. Esse processo de ouvir revela-se,
portanto, um componente de importancia estrategica.
Sempre mediante a pesquisa ja realizada na area
de saude. No caso aqui o crescente numero de
casos de AIDS, principalmente na regiao
noroeste. Baseado nestes dados e que sao
executados os projetos e as estrategias, seja aqui
no local como em qualquer regiao do estado,
sempre baseado no alto indice ou no
crescimento gradativo do numero de Aids. ([E.sub.1]
da [O.sub.18])
[...] primeiro a gente tem que identificar onde
esta o publico-alvo e qual e a prioridade de
atuacao. Esta prioridade e sabida atraves dos
centros de saude. ([E.sub.1] da [O.sub.8])
A gente foca a comunidade que precisa de mais
apoio [...] esta estrategia se da muito pela
propria demanda que chega. Na maior parte e a
procura externa que vem ate a ong." ([E.sub.1] da [O.sub.6])
Outra dimensao especifica do terceiro setor e que foi ressaltada
como estrategia por quatro organizacoes pesquisadas e a mobilizacao de
pessoas. Isso corrobora o que afirmou Fernandes (1994) quando disse que
as organizacoes do terceiro setor devem prestar servicos coletivos que
nao passam pelo exercicio do poder do Estado. Ou seja, tais organizacoes
nao dispoem do uso legitimo da violencia para obter consentimento para
suas acoes, dependendo, assim, da persuasao, de sua influencia para
atuar na comunidade. Por isso, a mobilizacao se torna algo tao
importante no terceiro setor e tambem se inscreve no hall dos elementos
estrategicos.
A estrategia de atuacao da (nome da
organizacao) parte de uma mobilizacao da
comunidade local. E necessario que a
comunidade local assuma a responsabilidade
[...] ([E.sub.1] da [O.sub.13])
Em outra direcao, duas organizacoes definem sua estrategia de
acordo com a demanda de financiadoras ou parcerias. Neste caso, ja
comeca a aparecer uma necessidade de adaptacao, em virtude da
concorrencia por recursos. Mas, apesar de as duas entidades ja
apresentarem uma formalizacao de sua estrategia, esta ainda e imposta
pelo ambiente, nao apresentando uma atitude de carater proativo.
A estrategia e esta: a gente tem o publico e
estabelece as parcerias para a realizacao do
trabalho. [...] entao temos que ter interacao tanto
com o publico quanto com o parceiro que esta
acompanhando ou financiando nosso trabalho.
([E.sub.1] da [O.sub.13])
A (nome da financiadora) estabelece que a gente
tem que apresentar um plano de 3 em 3 anos.
Entao a gente ta terminando este documento
agora em setembro e repensando a estrutura
programatica e estrategica da (nome da org.).
([E.sub.1] da [O.sub.19])
Nesse sentido, as fontes de financiamento constituem outro aspecto
fundamental que influencia de forma decisiva nas estrategias
empreendidas pelas organizacoes. Esse e um elemento-chave, na medida em
que, se a organizacao e dependente de recursos externos, fica a merce de
variacoes que influenciam diretamente na sua atuacao. Isso pode
acontecer de varias formas: por exemplo, pela variacao do volume de
recursos doados pela comunidade a cada mes, pelas regras impostas por
agencias financiadoras, bem como pela necessidade de comprovacao dos
resultados por meio de indicadores que nao representam necessariamente
uma boa atuacao da organizacao. Outra consequencia comum da dependencia
de recursos externos refere-se a necessidade constante de adequacao dos
projetos desenvolvidos em funcao de editais abertos por agencias
financiadoras, o que por vezes pode culminar na perda de foco em relacao
aos objetivos da organizacao.
Em cinco organizacoes, os entrevistados disseram que o seu foco e o
desenvolvimento de recursos financeiros, e acrescentaram ainda que estao
cada vez mais apreensivos com o que eles chamam de profissionalizacao.
De acordo com os respondentes de tais organizacoes, o foco nao pode ser
apenas a captacao de recursos, pois e igualmente importante
administra-los com proficiencia. Assim, tais organizacoes adaptam
ferramentas e/ou instrumentos gerenciais utilizados pelos outros
setores, alem de contar com a ajuda de empresas especializadas na
elaboracao de um planejamento estrategico.
Atualmente, a (nome da organizacao
terceirizada) elaborou uma proposta que nos
chamamos de um projeto de reestruturacao onde
a (nome da organizacao) define melhor como
que vai ser a sua estrategia de crescimento e ai a
(nome da organizacao) definiu, como duas
estrategias principais, o trabalho com
desenvolvimento de recursos e com a
profissionalizacao, com pessoas. ([E.sub.1] da [O.sub.1])
[...] a gente viu a necessidade disso (de fazer um
planejamento contando com a ajuda de empresa
especializada) no momento em que a
organizacao foi tomando corpo, foi crescendo,
evidentemente no primeiro ano o idealismo
tomou conta das poucas pessoas que
trabalhavam com a gente. E no momento nos
vimos uma necessidade de desenvolver um
planejamento estrategico, de gerir melhor
nossas entradas e valorizar nossos profissionais..
E ta dando certo ... estamos nos organizando
cada dia mais, nos profissionalizando cada dia
mais. Os resultados estao melhorando, estao
crescendo no mesmo patamar em que a
instituicao vem crescendo e novos projetos vem
chegando. ([E.sub.1] da [O.sub.5])
E interessante observar, nos trechos anteriores, que a questao da
profissionalizacao e algo recorrente e que, portanto, passou a ocupar um
espaco significativo no ambito do terceiro setor. No segundo trecho, o
entrevistado utilizase, inclusive, da palavra idealismo para contrapor a
atitude inicial dos participantes da organizacao com a postura atual,
representada pela expressao nos profissionalizando. Nesse sentido,
pode-se associar a necessidade de formalizacao estrategica a uma busca
de profissionalizacao dos agentes das organizacoes, aos quais sao
exigidos cada vez mais uma utilizacao racional dos recursos e o alcance
de resultados tangiveis.
Uma questao nos defronta neste passo, assinalada por Teodosio
(2002): sera que, diante de tal cenario, e possivel manter o foco social
dos objetivos dessas organizacoes? Vale aqui ressaltar a diferenca da
racionalidade pressuposta para esse tipo de ambiente: a racionalidade
substantiva (RAMOS, 1989). Ao contrario do ambiente do mercado comum,
marcado pela racionalidade instrumental, as questoes sociais nao podem
ser encaradas por uma otica utilitarista, pois nem sempre o menor custo,
por exemplo, trara o melhor resultado. A esfera social nao segue essas
regras, esta sempre em construcao.
5. CONSIDERACOES FINAIS
Conforme explicitado inicialmente, este trabalho teve como objetivo
analisar a construcao de estrategias de organizacoes do terceiro setor
localizadas em Belo Horizonte. Os caminhos percorridos nessa construcao
foram demonstrados e as principais praticas estrategicas existentes nas
22 organizacoes pesquisadas foram descritas. Como a abordagem da
estrategia como pratica busca compreender melhor o ato de fazer
estrategia, com as interacoes entre os diferentes atores sociais,
utilizacao de ferramentas estrategicas e dos efeitos das acoes dos
estrategistas e de outros atores, a utilizacao dessa perspectiva foi
considerada adequada para um trabalho atinente ao terceiro setor.
Buscou-se compreender a estrategia sob uma perspectiva que enfoca
as acoes e interacoes do praticante da estrategia, uma vez que, como
esclarecem Wilson e Jarzabkowski (2004), a essa perspectiva e inerente a
preocupacao de compreender e revelar a atuacao dos praticantes nas
atividades estrategicas, ou seja, coloca-se em foco o praticante e suas
acoes e interacoes. Tal abordagem e relevante nesse setor, entre outros
fatores, em razao do destaque que essas organizacoes tem alcancado em
termos de atendimento as demandas sociais. Assim, acredita-se que a
principal importancia deste trabalho e a contribuicao para o
entendimento das praticas estrategicas em um contexto de tipicidade e
especificidade organizacional.
Quanto aos resultados da pesquisa, tem-se um cenario estrategico
predominantemente informal. Isso porque, a margem do problema atinente a
profissionalizacao da gestao--que implica a utilizacao de ferramentas
administrativas mais tradicionais--, essas organizacoes possuem um
contexto de atuacao muito especifico, que deve ser levado em
consideracao. Nesse sentido, tanto a racionalidade substantiva que
permeia esse contexto (SILVA, 2010) quanto os demais fatores que
frequentemente influenciam as suas opcoes de acao (FISCHER, 2010), como
e o caso das variacoes das demandas sociais, fazem com que as
organizacoes se vejam impelidas a tomarem decisoes cotidianamente.
Por outro lado, o projeto de profissionalizacao suscita uma questao
crucial ate que ponto se pode implementa-lo sem que se perca de vista os
verdadeiros propositos de criacao dessas organizacoes? Neste sentido, e
importante discutir as implicacoes desse processo, no qual em certa
medida tambem se inserem as questoes relativas a natureza das entidades
estudadas, nao-publicas e nao-privadas. O comprometimento que em
organizacoes privadas muitas vezes se da por razoes individuais e
coercitivas, nas entidades pesquisadas deveria ocorrer em funcao de
objetivos coletivos, voltados ao atendimento de demandas nao atendidas
da sociedade.
De forma conclusiva, pode-se perceber que as especificidades do
setor sao relevantes para a formulacao de estrategias organizacionais,
sendo alguns aspectos determinantes para a pratica. Raramente a geracao
de estrategias ocorre atraves de uma analise pro-ativa do segmento de
atuacao da instituicao. Em grande parte, suas acoes estao integradas aos
objetivos dos financiadores ou as necessidades emergentes dos
beneficiarios.
Percebeu-se que as questoes referente a demanda do publico-alvo, a
legalidade e as fontes de financiamento sao as mais determinantes,
acabando por exigir da organizacao uma postura mais flexivel. Outros
aspectos interessantes que apareceram na analise referem-se a
mobilizacao de pessoas e a coleta constante de informacoes, que
correspondem a elementos estrategicos importantes, que tambem, em certa
medida, embasam a tomada de decisoes das organizacoes. Em sintese, esses
elementos interagem entre si e, conforme Whittington (2004), propiciam o
strategizing, que e fruto dessa interconexao entre os elementos praxis,
praticas e praticantes.
Em sintese, o fazer estrategia em organizacoes do terceiro setor se
da por meio de construcoes sociais e politicas, nas quais a legalidade,
captacao de recursos e mobilizacao sao os fatores que determinam a forma
de agir das entidades e, consequentemente, sua gestao. Em geral, as
informacoes aqui apresentadas reforcam a proposicao de que estrategias
nao podem ser explicadas em uma concepcao deterministica, ja que sua
formulacao nao e o efeito de causas perfeitamente determinadas, mas sim
a consequencia de um conjunto de fatores, com pesos diferentes e com
influencias diferenciadas. Essa afirmativa talvez culmine em dilemas
para os tomadores de decisao, cujas escolhas sao modificadas em funcao
de elementos politicos e sociais originarios da conjuntura em que estao
inseridos.
Esta pesquisa abre possibilidades de investigacoes futuras no campo
da estrategia nas organizacoes do terceiro setor. Sugere-se avancar esse
estudo qualitativo em organizacoes dessa natureza, na perspectiva social
e politica do strategizing. Por fim, mais do que identificar esses
aspectos, este trabalho contribui para a reflexao acerca da estrategia
como pratica no contexto das organizacoes do terceiro setor. Mais do que
identificar esse comportamento, deve-se atentar para a discussao que ele
impoe a respeito da profissionalizacao e da adocao de instrumentos
gerenciais tradicionais nessas entidades. Assumir que a estrategia como
pratica pode se revelar uma perspectiva mais adequada a essas
organizacoes pode significar o reconhecimento de que a
profissionalizacao nao deve ser levada ao extremo, ou seja, que podem,
sim, existir elementos e acoes estrategicas, mas que estas nao devem
desfigurar o que essas organizacoes se propuseram a ser.
DOI: 10.5700/rege544
Recebido em: 7/3/2012
Aprovado em: 22/9/2014
Glauce Viegas
Mestre em Administracao pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Especialista em Gestao Estrategica de Pessoas e Bacharel em
Administracao pelo Centro Universitario de Belo Horizonte
E-mail: glauceviegas@hotmail.com
Lilian Bambirra de Assis
Doutora em Administracao pela Universidade Federal de Minas Gerais
Presidente. Presidente da Fundacao CEFET-MG e professora do CEFET-MG
E-mail: lilianbassis@hotmail.com
Raquel de Olvieira Barreto
Mestre em Administracao pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Consultora de conhecimento do Reputation Institute Brasil. Professora do
Centro Universitario de Belo Horizonte e do CEFET-MG
E-mail: admraquelf@hotmail.com
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