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文章基本信息

  • 标题:Advances and trends in interorganizational relationships: a parallel between Brazilian and international studies/Avancos e tendencias nos relacionamentos interorganizacionais: um paralelo entre estudos brasileiros e internacionais/Avances y tendencias en las relaciones interorganizacionales: un paralelo entre estudios brasilenos einternacionales.
  • 作者:Alves, Juliano Nunes ; Pereira, Breno Augusto Diniz ; Klein, Leander Luiz
  • 期刊名称:Revista de Gestao USP
  • 印刷版ISSN:1809-2276
  • 出版年度:2013
  • 期号:January
  • 语种:Spanish
  • 出版社:Faculdade de Economia, Administracao e Contabilidade - FEA-USP
  • 摘要:O cenario atual, deste inicio de seculo, vem sendo marcado por novos desafios e oportunidades para as organizacoes e, assim, uma nova realidade vem sendo definida, com o delineamento de novas caracteristicas. Nesse contexto, as relacoes interorganizacionais referem-se a interacao entre organizacoes (CROPPER et al,, 2008) e tem a prerrogativa de criar valor para os participantes que se comprometem a fazer parte dessa configuracao. Uma rede, enquanto um tipo de relacao interorganizacional, pode ser definida como "uma cadeia interligada e inter-relacionada de conceitos e relacoes" (MASTERALEXIS; BARR; HUMS, 2009:507). Alem do conceito de rede, uma variedade de outros termos e utilizada na apresentacao dos relacionamentos interorganizacionais, e,g,, redes, coligacoes, aliancas estrategicas, relacionamentos interfirma (WAUGH, 2009).

Advances and trends in interorganizational relationships: a parallel between Brazilian and international studies/Avancos e tendencias nos relacionamentos interorganizacionais: um paralelo entre estudos brasileiros e internacionais/Avances y tendencias en las relaciones interorganizacionales: un paralelo entre estudios brasilenos einternacionales.


Alves, Juliano Nunes ; Pereira, Breno Augusto Diniz ; Klein, Leander Luiz 等


1. INTRODUCAO

O cenario atual, deste inicio de seculo, vem sendo marcado por novos desafios e oportunidades para as organizacoes e, assim, uma nova realidade vem sendo definida, com o delineamento de novas caracteristicas. Nesse contexto, as relacoes interorganizacionais referem-se a interacao entre organizacoes (CROPPER et al,, 2008) e tem a prerrogativa de criar valor para os participantes que se comprometem a fazer parte dessa configuracao. Uma rede, enquanto um tipo de relacao interorganizacional, pode ser definida como "uma cadeia interligada e inter-relacionada de conceitos e relacoes" (MASTERALEXIS; BARR; HUMS, 2009:507). Alem do conceito de rede, uma variedade de outros termos e utilizada na apresentacao dos relacionamentos interorganizacionais, e,g,, redes, coligacoes, aliancas estrategicas, relacionamentos interfirma (WAUGH, 2009).

Cropper et al, (2008) apontam que os estudos sobre os relacionamentos interorganizacionais preocupam-se com a compreensao tanto de seu carater e de seu padrao, quanto de suas origens, fundamentos e consequencias desse tipo de relacionamento. Sua importancia e bastante visivel nas empresas de pequeno e medio porte, que, em razao da grande competitividade existente, nao conseguem agir isoladamente e, assim, tornam-se dominadas pelo mercado.

Todavia, e necessario frisar que nao existe uma teoria unica dos relacionamentos interorganizacionais e nem mesmo elementos suficientes para configurar um conjunto de preceitos universais para organizacoes em cooperacao. As teorias organizacionais sao fundamentais para o entendimento das empresas em cooperacao, mas raramente de modo isolado podem explicar os resultados, porque quase todos os efeitos estudados sao contingentes de um dado contexto.

Empiricamente, a importancia dos relacionamentos interorganizacionais para o sucesso das redes e bastante evidente, ou seja, o simples fato de entrar e fazer parte de uma rede tende a gerar vantagens competitivas para as empresas. Entretanto, escassos sao os trabalhos que ousam mensurar os resultados provenientes desse processo de cooperacao.

Atualmente, a gestao das redes levanta novas questoes. Ha evidencias de que existem diferencas sistematicas na capacidade dos players da rede que afetam seu desempenho (LYLES, 1988; SIMONIN, 1999). Torna-se, assim, importante aprofundar a investigacao sobre o modelo de gestao mais apropriado as redes interorganizacionais e sobre como os players podem, nessa forma organizacional, desenvolver novas capacidades.

Apesar da significativa relevancia desse tema de estudo para as organizacoes atuais, cada teoria busca analisar a formacao de relacionamentos interorganizacionais sob sua propria otica, produzindo explicacoes distintas sobre como, onde, quando e por que as organizacoes se engajam em processos cooperativos interorganizacionais (ALTER; HAGE, 1993; AUSTER, 1994; SYDOW, 1997). Dessa forma, a discussao de diferentes abordagens, alem de constituir um avanco para o aprofundamento do tema, fragmenta o entendimento de todo o processo.

Trata-se, assim, de um tema emergente, em que diferentes enfoques podem levar as discussoes polemicas. Nesse sentido, o objetivo do presente artigo e aprofundar o conhecimento, ampliar o dominio e oferecer uma visao analitica mais profunda do tema referente a producao dos trabalhos publicados nos periodicos nacionais e internacionais nos anos de 2004 a 2009. Assim, busca-se compreender os resultados obtidos, os avancos alcancados, os possiveis hiatos que ainda comprometem a questao, e conjecturar algumas propostas de futuros trabalhos sobre esse assunto.

O artigo, alem de mapear a producao cientifica sobre o tema, como exposto, colabora para o entendimento das principais contribuicoes e limitacoes do estudo das redes interorganizacionais, possibilitando identificar em quais areas ocorre a concentracao de estudos e as possiveis lacunas existentes. Outra contribuicao do artigo e estabelecer um paralelo entre os estudos nacionais e internacionais, a partir do qual e possivel verificar o nivel e avanco da teoria nos dois cenarios comparativamente.

Para que os objetivos supracitados sejam alcancados, o presente trabalho esta dividido em sessoes: a sessao seguinte aborda questoes teoricas sobre o tema, bem como sua contextualizacao; depois, apresenta-se a metodologia adotada; em seguida, os resultados sao apresentados e discutidos; a ultima sessao realiza as discussoes finais acerca do estudo realizado.

2. TEORIAS RELACIONADAS AS REDES INTERORGANIZACIONAIS

A formacao de redes interorganizacionais e uma perspectiva de analise relevante, pois proporciona beneficios sociais e economicos aos diversos agentes envolvidos nas relacoes de colaboracao e parceria que se estabelecem (PEDROZO; ESTIVALETE; BEGNIS, 2004). Algumas recentes escolas de redes comecaram a considerar varios niveis de analise, como os estudos de Baum (2002), Brass et al, (2004), Ibarra, Kilduff e Tsai (2005) e Kim, Oh e Swaminathan (2006), partindo do pressuposto de que as organizacoes sao sistemas multiniveis de relacionamentos (HITT et al, 2007). No entanto, a maioria das pesquisas tem se concentrado nas caracteristicas gerais das redes, ou seja, em sua evolucao, sua estrutura e seus processos de desenvolvimento (MOLLER; HALINEN 1999). Muito pouca atencao tem sido dada a gestao dos relacionamentos interorganizacionais, a criacao de valor e as teorias emergentes de governanca da rede (JONES; HESTERLY; BORGATTI, 1997; GULATI; NOHRIA; ZAHEER, 2000; AMIT; ZOTE, 2001).

As redes podem criar valores que sao insubstituiveis, trazendo recursos superiores tanto para a rede quanto para seus integrantes (GULATI, 1999; BARNEY; HESTERLY, 2007). Esses recursos superiores podem ser criados em termos de estrutura da rede (formas de gestao), sociedade (agregacao de valor) e por meio de lacos sociais (aprendizagem). No entanto, os recursos superiores criados pela rede, ao contrario dos recursos de uma empresa individual (integrantes), situam-se no conjunto das relacoes entre as empresas e nao dentro das proprias empresas, como e o caso, por exemplo, da capacidade de aprendizado entre os membros proveniente da sua interacao na rede. Ao participar na evolucao e nas trocas que acontecem dentro da rede, uma empresa pode ter acesso a valiosos recursos ate entao desconhecidos e, a partir de entao, descobrir novas oportunidades. Assim, a empresa em uma rede pode ter acesso a uma serie de recursos envolvidos nos relacionamentos, gerando uma fonte de vantagem competitiva sustentavel (GULATI; NOHRIA; ZAHEER, 2000).

Todavia, na literatura, a necessidade e a motivacao para a criacao de redes organizacionais tem sido explicadas por meio de duas perspectivas: a Teoria dos Custos de Transacao (TCE) e a Teoria Baseada em Recursos (RBV). A teoria baseada em recursos enfatiza o papel da colaboracao e de redes como uma fonte de recursos complementares, de conhecimento e de aprendizagem, ao passo que a teoria dos custos de transacao orienta que a rede seja construida sobre uma maior eficiencia, com o intuito de reduzir os custos de suas operacoes. Assim, as razoes gerais para a cooperacao e o trabalho em rede incluem, por exemplo, maior disponibilidade de recursos e conhecimentos, concentracao em competencias, possibilidade de criacao de novos conhecimentos e de aprendizagem, acesso a novas oportunidades (mercados, know-how, diferenciacao do produto) e a inovacao, economias de escala e de escopo ou partilha de custos e riscos (NOOTEBOOM, 1999).

Com base nessas perspectivas, a investigacao sobre as redes podem ser categorizadas em duas dimensoes: a variavel independente a ser utilizada para o estudo (organizacoes ou redes) e a variavel dependente ou resultado, enfoque adotado pelo pesquisador deste estudo (foco em resultados organizacionais ou nos resultados das coletividades das organizacoes). Mesmo nao se tratando de um estudo quantitativo, com metodos numericos, o uso dessas variaveis (dependente e independente) baseia-se em uma tipologia desenvolvida por Provan, Fish e Sydow (2007), a qual, por meio de uma matriz de 2x2 (Quadro 1), demonstra a possibilidade de quatro tipos diferentes de abordagens em rede.

No primeiro quadrante, trata-se da literatura que tem abordado muito questoes de capital social (confianca) para descrever e demonstrar os impactos de uma organizacao em outra dentro da rede por meio das interacoes diaticas. A avaliacao sobre o impacto da rede em uma organizacao, no segundo quadrante, pode ser encontrada nos estudos mais voltados para a aprendizagem organizacional e a inovacao nas empresas, como os estudos, por exemplo, de Ahuja (2000). A abordagem da tipologia do terceiro quadrante e o impacto da organizacao na rede, mais presente nos estudos de Uzzi (1997). Para Jarilo (1988), e comum quando a cooperacao entre as empresas e formalizada como uma nova empresa (rede como pessoa juridica), a qual centraliza as acoes dos seus membros e interfere nas decisoes dos membros participantes. Por fim, no ultimo quadrante, sao encontrados estudos que buscam avaliar o impacto de todas as estruturas e niveis interorganizacionais na propria rede. Em outras palavras, almejam avaliar como as estruturas e os diversos niveis podem afetar a rede como um todo, e nao as organizacoes individualmente, por meio de varias redes ao longo do tempo (PROVAN; FISH; SYDOW, 2007).

Em relacao as capacidades dinamicas, a principal discussao e sobre a forma com que as empresas integram, reconfiguram, renovam e transferem seus recursos proprios ou controlaveis na rede. Para isso, primeiramente, e importante distinguir uma "rede de organizacoes" e uma "organizacao em rede". A primeira se refere a qualquer grupo de organizacoes e atores que estao interligados em relacionamentos (MOLLER; SVAHN, 2003). Essa perspectiva tambem e proxima da teoria de estudiosos da sociologia economica (GRANOVETTER, 1973, 1985; COLEMAN, 1988; BURT, 1992; KNOKE, 2001; UZZI, 1996). Essas interligacoes permitem que pessoas diferentes, de diversas organizacoes, trabalhem em conjunto, valorizando suas forcas e talentos complementares (CHAN et al,, 2003).

Por outro lado, sugere-se que uma organizacao em rede se distinga de uma rede simples especialmente pela densidade, multiplicidade e reciprocidade das relacoes e tambem por um sistema de valores compartilhados, que definem a adesao a papeis e responsabilidades. Isso esta de acordo com Gulati, Nohria e Zaheer (2000) e com Amit e Zote (2001), os quais compreendem as redes estrategicas como estaveis lacos interorganizacionais, que sao estrategicamente importantes para as empresas participantes. Parkhe (1996), seguindo Miles e Snow (1986) e Jarillo (1988), percebe a rede estrategica como um arranjo intencional e consciente entre os membros, cuja formalizacao estaria mais relacionada a organizacoes com fins lucrativos (MOOLER; SVAHN, 2003).

Faz-se, tambem, necessaria a distincao entre Redes de Cooperacao e Redes Sociais. Em relacao as primeiras, Rosenfeld (1997) afirma que podem ser entendidas como atividades de negocios uma vez que possuem carater colaborativo -, por meio das quais, geralmente, pequenos grupos de firmas se unem com a intencao de buscar maior competitividade pelo compartilhamento de pesquisa e desenvolvimento de produtos, exportacao ou aumento do poder de barganha com diversos atores do processo. Ja quanto as ultimas, Sluzki (1996) definiu rede social como o conjunto de nos--pessoas, grupos, empresas ou outras instituicoes--e lacos entre os nos. Para ele, a rede social e organizada pelos atores com os quais o individuo interage e considera significativos, correspondendo "ao nicho interpessoal do individuo que contribui substancialmente para o seu proprio reconhecimento e auto-imagem" (p.42). Caracteristicas fundamentais na definicao das redes sociais sao sua abertura e porosidade, que possibilitam relacionamentos horizontais e nao hierarquicos entre os participantes. Redes nao sao, portanto, apenas outra forma de estrutura, mas quase uma nao estrutura, no sentido de que parte de sua forca esta na habilidade de se fazer e desfazer rapidamente.

Apesar de algumas redes serem bastante estaveis, mudando muito pouco ao longo do tempo, as redes normalmente tendem a ser mais dinamicas. Tanto as forcas endogenas quanto as exogenas influenciam, significativamente, as redes e as fazem adaptar-se ao longo do tempo. Essas dinamicas endogenas e exogenas podem ter consequencias significativas para as vantagens estrategicas de qualquer ator em uma rede. Gulati, Nhoria e Zaheer (2000), por exemplo, abordam duas consequencias mais comuns: o bloqueio de entrada e de saida (Loek-in e Loek-out) e a corrida da aprendizagem. No primeiro, simplesmente ocorre a limitacao de recursos. Em grande parte das redes, os relacionamentos sao gerenciados e controlados com vistas em resguardar os recursos que os parceiros podem utilizar para estabelecer lacos com seus parceiros fora da rede e, tambem, com outras empresas e redes. Ja a corrida pela aprendizagem resulta em dois niveis de analise: o nivel de diades e o nivel de carteira.

No nivel de diades, em alguns casos, os parceiros das redes passam a ser envolvidos por uma corrida para aprender ou explorar o maximo que podem do outro, com vistas em sair da rede. Isso ocorre, normalmente, quando os beneficios individuais superam os coletivos da rede (GULATI; NHORIA; ZAHEER, 2000). No nivel de carteira, por outro lado, parceiros que atuam somente no segmento de foco da rede tendem a permanecer nela por nao sofrerem influencias externas, o que e comum acontecer com parceiros que atuam em diversos outros segmentos e tem na rede somente um ponto de atuacao. Isso pode influenciar a disposicao de correr e aprender, absorver ao maximo, competir ou cooperar (GULATI; NHORIA; ZAHEER, 2000).

3. METODO DE TRABALHO

Para o desenvolvimento deste trabalho foi utilizado o metodo de pesquisa bibliografica, com objetivo descritivo, a fim de apresentar de modo mais eficiente o problema e, a partir disso, expor as concepcoes ja existentes. Trata-se de uma pesquisa teorica quanto a sua natureza e bibliografica quanto aos procedimentos tecnicos. Consiste, como ja exposto, em identificar, em periodicos nacionais, o estagio em que se encontram os estudos sobre redes interorganizacionais, englobando aliancas, redes de cooperacao, joint ventures, entre outros tipos de cooperacao, bem como em apresentar, bibliometricamente, no decorrer dos ultimos seis anos, o quanto evoluiu a procura por esse tema, alem de expor os principais pesquisadores e descobertas sobre o tema.

E necessario destacar, no entanto, que o metodo da pesquisa bibliografica, assim como todo metodo de pesquisa, apresenta a limitacao decorrente da amplitude e qualidade das fontes de consulta. Neste trabalho, essa limitacao decorre tambem da escolha da base de consulta, restrita a periodicos (394 periodicos no total), os quais, contudo, possuem importancia reconhecida como veiculos de divulgacao dos avancos academicos na area da Administracao. E importante salientar que o presente estudo nao tem o objetivo de exaurir o tema, mas sim de servir de referencia para estudos mais avancados sobre o assunto.

Para esta investigacao, foram selecionados todos os artigos publicados nos periodicos do Qualis da Capes, na area de Administracao, Contabilidade e Turismo, em periodo especifico, qual seja, compreendido entre 2004 e 2009, sobre relacionamentos interorganizacionais. Esse recorte totalizou 374 artigos, 179 dos quais internacionais e 195 nacionais.

A escolha, tanto do periodo quanto dos periodicos, foi intencional. O Qualis Capes e o ranking relevante na area academica de Administracao no Brasil que agrupa o maior numero de pesquisas recentes da area, especialmente as realizadas nos principais centros de estudos do pais. O periodo escolhido permitiu aos pesquisadores a consulta dos artigos em banco de dados e no proprio portal de periodicos da Capes.

A fim de atender a proposta do estudo--qual seja, analisar a ocorrencia e a evolucao das investigacoes relativas aos estudos sobre relacionamentos interorganizacionais--, foram utilizados, como criterio de avaliacao de cada um dos artigos da populacao extraida, os seguintes itens: a quantidade de publicacoes/ano sobre o tema, as abordagens mais utilizadas, a classificacao no Qualis Capes ao longo dos anos, os periodicos, os locais do pais mais estudados, as teorias mais utilizadas, os autores e os principais resultados ao longo do periodo estudado.

O total de artigos selecionados foi dividido, igualitariamente, entre os autores do estudo, para codificacao e analise. Depois disso, todos os artigos encontrados foram analisados conjuntamente, de forma a permitir a equalizacao de procedimentos e a minimizacao de possiveis diferencas de percepcao.

A partir desse momento, procedeu-se a codificacao e analise de cada artigo. Em um primeiro momento, os artigos foram classificados por sua avaliacao no Qualis Capes. Em seguida, todos os artigos foram categorizados, por ano, de acordo com sua classificacao: A1, A2, B1, B2, B3, B4 e B5.

Para a obtencao do conjunto de informacoes e artigos, realizou-se a tabulacao dos dados; posteriormente, procedeu-se a leitura de todos os artigos, de forma a identificar os requisitos relativos a metodologia, os principais resultados, teorias utilizadas e o local em que foi realizado o estudo. Esses procedimentos nao costumam ser abordados nos resumos dos trabalhos e, em muitos casos, foram identificados pelos metodos estatisticos descritos e pelo momento em que foram realizados--os quais caracterizaram, ou nao, a ocorrencia desses procedimentos. Essa estrategia de trabalho tambem permitiu complementar dados faltantes e levou a uma maior confiabilidade na codificacao, tabulacao e analise dos dados, uma vez que foram frequentes equivocos como, por exemplo, a alusao, no resumo, a aplicacao da pesquisa em outro local, e, na caracterizacao e nos resultados da mesma pesquisa, tratava-se de outro lugar.

4. APRESENTACAO DOS RESULTADOS

Uma primeira categoria de analise dos resultados (Tabela 1) visa ressaltar a preferencia dos pesquisadores pela tematica dos relacionamentos interorganizacionais, demonstrando quais Qualis Capes sao preferidos e mais publicaram no periodo de 2004 a 2009. Pode-se verificar que nos periodicos nacionais ha uma maior concentracao de artigos em publicacoes B1, diferentemente do que se apresenta em publicacoes internacionais sobre o assunto, nas quais houve um crescimento significativo desses artigos em periodicos A1.

Ja em relacao a concentracao em publicacoes, ressalta-se que esse crescimento ocorre de maneira irregular, havendo periodos de crescimento e outros de decrescimo das publicacoes em determinada classificacao Qualis Capes. No geral, pode-se verificar que, nacionalmente, houve um crescimento de artigos nos periodicos A2 e B1, enquanto internacionalmente essa concentracao ocorre nas publicacoes A1 e A2. Com isso, constata-se que os estudos internacionais sobre o tema estao em evidencia e os estudos nacionais estao em pleno desenvolvimento. Outra consideracao e relativa ao numero de publicacoes, que totaliza 364 artigos (170 internacionais e 194 nacionais). Ressalta-se ainda que, de acordo com a Tabela 1, os periodicos nacionais nao apresentam, nos ultimos anos, um crescimento como o visualizado internacionalmente, por causa da dificuldade de acesso as edicoes de 2008 e 2009, que, durante a realizacao desta pesquisa, ainda nao haviam sido disponibilizadas, diferentemente do que acontece no ambito internacional, em que ja estao disponibilizados artigos atuais em todos os periodicos.

Quando se avaliam os principais pesquisadores dos relacionamentos interorganizacionais, constata-se que 733 autores trabalharam com o tema e que existe pouca concentracao das publicacoes. Destacam-se, nas publicacoes internacionais sobre o tema, os autores Benn Lawson, vinculado a Queen's University Management School, na Irlanda; Yadong Luo, vinculado a University of Miami, nos Estados Unidos; e Paul D. Cousins, vinculado a University of Manchester, na Inglaterra, com tres publicacoes cada; evidenciam-se tambem autores brasileiros nos periodicos internacionais, como Amato Neto, vinculado a UFSC, que se destaca com duas publicacoes.

Em relacao as publicacoes no Brasil, destacam-se Eugenio Avila Pedrozo, vinculado a UFRGS, com oito artigos, e Alsones Balestrin, vinculado a UNISINOS, com sete artigos. Com relacao as instituicoes, destacam-se a UFSM, com treze estudos, e a UFRGS, com doze trabalhos sobre relacionamentos interorganizacionais nos periodicos brasileiros no periodo estudado.

Como se pode observar no Quadro 2, os estudos publicados em periodicos internacionais estao focados em teorias-chave para o tema dos relacionamentos interorganizacionais. Entretanto, quando se analisam os estudos publicados em periodicos nacionais, percebe-se que eles avaliam os estudos sobre relacionamentos interorganizacionais por meio de teorias mais abrangentes, voltadas a area de estrategia, como, por exemplo, os estudos de competitividade de Michael Porter e os de novas tecnologias de Manuel Castells. Dessa forma, nota-se que a opcao dos estudos nacionais de averiguar as redes sob o prisma das "teorias sobre estrategia e competitividade" e devida ao fato de os estudos no Brasil ainda carecerem de uma maior maturidade teorica e estarem ainda muito voltados para investigar a parte economica dos relacionamentos, pouco se preocupando com os ganhos sociais provenientes de tal associacao.

O Quadro 3 mostra uma concentracao de estudos em dois segmentos, "redes" (com 35,34%) e "aliancas" (com 18,90%), e uma menor participacao dos estudos que tratam de "redes de cooperacao" (com 15,34%), de "redes sociais" (com 8,77%), de "arranjos produtivos locais" (com 2,74%) e de joint ventures (com 4,38%). Os estudos de "redes" e de "redes de cooperacao" sao os mais realizados nas pesquisas brasileiras; ja nas publicacoes internacionais o foco dos trabalhos tem sido "redes e aliancas". O tipo de relacionamento Arranjo Produtivo Local nao foi identificado em nenhum estudo internacional.

Identificam-se os objetos principais desses artigos na Figura 1, e um destaque internacional a tematica de "conhecimento e inovacao" e, na esfera nacional, da tematica "competitividade e desempenho". Isso mostra uma configuracao de estudos internacionais que se voltam mais para a inovacao e o conhecimento, fato devido ao contexto formado por redes dinamicas e as teorias baseadas em recursos. Ja em ambito nacional, em razao do contexto das redes, que sao, basicamente, economicas, observa-se a concentracao em "competitividade e desempenho" dos integrantes nos relacionamentos. Outra consideracao a ser feita e a presenca incipiente de conhecimento, inovacao e recursos nas publicacoes nacionais.

No contexto internacional, os artigos analisados caracterizam-se por serem estudos empiricos e teoricos. Evidencia-se que, apesar de haver um dominio de estudos empiricos, estes tendem a demonstrar a aplicacao de modelos propostos, enquanto os teoricos referendam modelos que podem ser aplicados nos relacionamentos interorganizacionais. Por outro lado, o contexto brasileiro caracteriza-se tanto por estudos empiricos predominantemente qualitativos (71%), aplicados em demonstrar uma situacao especifica, quanto pela baixa quantidade de estudos teoricos (23%). Outra comparacao possivel e da presenca de estudos quantitativos, encontrados em 51% dos estudos internacionais e em apenas 14% dos estudos brasileiros.

Os principais resultados apontados na investigacao dos artigos levantados neste estudo sao apresentados a partir de tres temas: (1) Fatores determinantes para a Formacao dos Relacionamentos; (2) Gestao dos Relacionamentos; e (3) Beneficio dos Relacionamentos. A escolha dessa trinca deve-se ao simples fato de ser essa a logica escolhida para entendimento da dinamica dos relacionamentos, isto e, parte-se da concepcao de que o entendimento das provaveis causas de um fenomeno administrativo pode explicar sua gestao e, consequentemente, levar aos seus beneficios, que retroalimentam esse sistema como um todo.

No que diz respeito aos fatores determinantes para a formacao dos relacionamentos, as principais constatacoes levantadas pela academia e os autores que se destacaram, no periodo de tempo analisado, sao apresentados em ordem cronologica no Quadro 4.

Atenta-se ainda para o fato de que, em relacao aos determinantes para a formacao de relacionamentos, e por meio da cooperacao que as pequenas empresas podem alcancar alguns importantes ganhos, e.g,, os derivados da especializacao; os obtidos pelo compartilhamento de custos relativamente fixos diante de suas reduzidas receitas; a assuncao coletiva de atividades de Pesquisa e Desenvolvimento; e, ate mesmo, a criacao de bases coletivas para a exportacao (SOUZA; MIGLINO; BETTINI, 2005).

Os dados observados apontam, em relacao ao tema gestao dos relacionamentos, o sucesso dos participantes e da rede em si, as sinergias obtidas, a transferencia de conhecimento, a inovacao, a confianca nos relacionamentos, os custos de cooperacao e os custos de transacao. Nessa otica, tem-se o Quadro 5.

Com relacao ao tema beneficios dos relacionamentos, busca-se entender a importancia da rede e os ganhos obtidos pelos participantes para que permanecam nessa configuracao interorganizacional. Nesses termos, no Quadro 6 temos:
Quadro 6--Beneficios dos relacionamentos

Autores               Resultados Percebidos

Holanda et al.        A configuracao em redes de cooperacao
(2006)                proporciona as empresas de um Arranjo
                      Produtivo Local (APL) condicoes favoraveis a
                      uma dinamica ativa nos processos de criacao e
                      ampliacao de seus conhecimentos.

Lima Filho (2006)     Em redes do ramo varejista os principais
                      beneficios auferidos sao as economias de
                      escala, o acesso a novos fornecedores e o
                      aumento do portfolio de produtos.

Barbosa, Zilber e     A possibilidade de acesso a solucoes
Toledo (2009);        destaca-se como o fator mais importante para
Verschoore e          os participantes de redes. Por outro lado, os
Balestrin (2008)      elementos componentes que mais os predisporiam
                      a obter vantagens sao: o enfoque em ganhos
                      mutuos, a organizacao administrativa, o
                      comprometimento e a cooperacao para a
                      obtencao de uma posicao mais forte sem
                      que ocorram perdas.

Magalhaes, Daudt e    Inicialmente, o beneficio para adesao as
Phonlor (2009)        redes e o custo de capital e, em um segundo
                      momento, as trocas de informacoes, melhoria
                      em processos, expertise para obtencao de
                      financiamento e maior aprendizagem do
                      processo de governanca.

Schreiner, Kale e     Verifica-se que a complementaridade entre os
Corsten (2009);       parceiros da rede tem impacto significativo
Dodourova (2009)      na capacidade de uma empresa para realizar
                      acao conjunta com seus parceiros e clientes,
                      proporcionando acesso ao conhecimento
                      relevante. Nesse sentido, a maioria das
                      empresas reconhece a necessidade de substituir
                      a abordagem oportunista de colaboracao por
                      meio de um cuidadoso planejamento,
                      acompanhamento e coordenacao. Mesmo as
                      empresas que adotam uma abordagem ad hoc para
                      parcerias acabam percebendo que parcerias bem
                      estruturadas lhes permitem aproveitar melhor
                      seus recursos e gerenciar seus mercados.

Muthusamy e           Os intercambios sociais e a experiencia do
White (2005);         passado em relacionamentos
Lui (2009)            interorganizacionais estao positivamente
                      relacionados com a aprendizagem e
                      transferencia de conhecimento em aliancas, e,
                      alem disso, o compromisso reciproco e um fator
                      explicativo para a aprendizagem
                      interorganizacional. Dessa forma, o contrato
                      formal esta positiva e significativamente
                      relacionado ao acesso a conhecimentos e a
                      aquisicao de conhecimento: alem disso, quanto
                      mais tempo tem um relacionamento
                      interorganizacional, mais forte e a associacao
                      entre competencia e confianca na aquisicao
                      de conhecimento.

Fonte: Elaborado pelos autores.


Os estudos ainda apontam que o tamanho da empresa nao influencia, significativamente, no decorrer da aquisicao do conhecimento nas joint ventures, mas que, todavia, ha um impacto de compatibilidade positiva e significativa da cultura organizacional na aquisicao de conhecimento (PARK; WHITELOCK; GIROUD, 2009) e que um elevado grau de complementaridade de recursos com aliancas e parceiros sera positivamente associado com o desempenho de uma empresa quando os parceiros tambem tem alto status social (LIN; YANG; ARYA, 2009).

5. CONSIDERACOES FINAIS

A analise dos artigos possibilitou estabelecer um panorama das pesquisas classificadas no Qualis CAPES (tanto dos periodicos nacionais quanto dos internacionais), nos ultimos seis anos (2004-2009), sobre o tema dos relacionamentos interorganizacionais. A configuracao que constituiu a presente pesquisa permitiu compreender os resultados obtidos, os avancos alcancados e as possiveis lacunas, alem de apresentar algumas propostas de futuros trabalhos sobre o referido tema.

Ha que ressaltar que esse corte longitudinal amparou-se em um periodo possivel, isto e, acreditou-se que os textos, a partir desse periodo, representam o atual estado da arte do tema. Dessa forma, tem-se a consciencia de que a contribuicao central da pesquisa esta em instigar os academicos dessa area a refletir tanto sobre seus atuais estudos quanto sobre suas investigacoes futuras.

Apesar das varias contribuicoes que tem sido publicadas sobre o tema nos ultimos anos, observouse que diversas questoes ainda estao carentes de investigacao interorganizacional, mais especialmente em nivel nacional.

Uma delas esta relacionada ao fato de que, apesar do desenvolvimento de acordos de cooperacao de varios tipos, na pratica, a literatura tem negligenciado a avaliacao das eficacias das diversas formas de governanca, e a analise de outras formas possiveis interorganizacionais a jusante da cadeia de valor, por exemplo, completaria os resultados alcancados ate agora e ofereceria a oportunidade de observar e comprovar a possibilidade de novas combinacoes, a fim de configurar solucoes estrategicas interorganizacionais.

Outra lacuna na literatura da-se em virtude do foco principal dos acordos caracterizados por uma empresa mais poderosa em relacao a outros parceiros (mesmo em redes de cooperacao). O papel dos mecanismos de controle, em suas varias formas, ainda e mal compreendido. Outra contribuicao importante seria a identificacao de problemas e solucoes relacionados com a gestao em contextos nos quais nao existe nenhuma empresa dominante que possa escolher qualquer opcao contra os interesses e a vontade dos outros parceiros. Em outras palavras, trata-se de identificar e ponderar a relacao custo versus beneficios dos agentes nos relacionamentos.

Com base na leitura dos artigos utilizados na analise deste trabalho, observou-se que uma questao merecedora de atencao e a tematica da "confianca". A literatura existente tem mostrado como e dificil construir a confianca em relacionamentos interorganizacionais: exemplificando, quando iniciam um relacionamento, duas empresas que nao estao acostumadas a trabalhar entre si podem apresentar alguns problemas de confianca. A partir dessa situacao, os parceiros poderiam decidir nao formalizar seu acordo para que este permaneca flexivel e os parceiros tenham a possibilidade de sair do relacionamento ou iniciar, imediatamente, um contrato formal que garanta um deles contra o comportamento oportunista. No primeiro caso, com o passar do tempo a relacao pode evoluir para uma associacao de cooperacao complexa, com um alto nivel de comprometimento dos recursos e uma elevada formalizacao das condicoes de troca. No segundo caso, a formalizacao da cooperacao poderia contribuir para a minimizacao do oportunismo entre os integrantes da cooperacao. Todavia, em redes ha integrantes com diversos periodos de tempo participantes daquela cooperacao. Isso demonstra que estudos das redes de forma conjunta podem gerar entendimento viesado de uma determinada situacao de confianca. Ao se estudarem as relacoes em um determinado ponto no tempo, essas peculiaridades podem ser completamente perdidas.

Finalmente, mais estudos com enfase em processos sao necessarios. Nos estudos nacionais, poucos foram os trabalhos que estudaram os relacionamentos em setores dinamicos. Dessa forma, a perspectiva basica dos parceiros esta baseada na reducao dos custos de transacao. De fato, os relacionamentos em rede podem resultar em mudancas nos ciclos de vida das empresas participantes, levando a trajetorias opostas, embora o ponto de partida possa ter sido o mesmo.

Em conclusao, ao reconhecerem as realizacoes de pesquisas anteriores, abordando as limitacoes e as lacunas deste trabalho, os pesquisadores poderao fornecer novas respostas as perguntas ainda nao respondidas por contribuicoes anteriores e gerar novas perguntas cujas respostas possam favorecer o desenvolvimento de uma abordagem mais coesa para relacionamentos interorganizacionais.

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DOI: 10.5700/rege484

Recebido em: 5/7/2011

Aprovado em: 21/11/2012

Juliano Nunes Alves

Professor Titular da Universidade de Cruz Alta--Cruz Alta-RS, Brasil

Doutorando do Programa de Pos-Graduacao em Administracao da Universidade Federal de Santa Maria

Mestre em Administracao pela Universidade Federal de Santa Maria

E-mail: admjuliano@yahoo.com.br

Breno Augusto Diniz Pereira

Professor Adjunto da Universidade Federal de Santa Maria e Coordenador do Programa de Pos-Graduacao em Administracao (PPGA/CCSH/UFSM)--Santa Maria-RS, Brasil

Doutor em Administracao pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Mestre em Administracao pela Universidade Federal de Santa Catarina

E-mail: professorbreno@terra.com.br

Leander Luiz Klein

Doutorando em Administracao no PPGA-UFSM--Santa Maria-RS, Brasil

Mestre em Administracao pelo Programa de Pos-Graduacao (PPGA) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Bacharel em Administracao pela Universidade Federal de Santa Maria

E-mail: kleander88@gmail.com
Quadro 1--Uma tipologia de pesquisas sobre
relacionamentos interorganizacionais

                                Variavel dependente
                                ou foco em resultados

                                Organizacoes Individuais

Variavel       Variavel         Impacto da organizacao em outras
Independente   Organizacional   organizacoes por meio de
ou foco                         interacoes diaticas
inicial
               Variavel         Impacto da rede em uma organizacao
               Rede ou
               relacionamento

                                Variavel dependente
                                ou foco em resultados

                                Redes de Empresas

Variavel       Variavel         Impacto da organizacao na rede
Independente   Organizacional
ou foco
inicial        Variavel         Toda rede ou nivel de interacao
               Rede ou
               relacionamento

Fonte: Adaptado de Provan, Fish e Sydow (2007).

Tabela 1--Evolucao das publicacoes
nos Qualis ao longo dos a nos

                       A1    A2    B1    B2    B3    B4    B5

INTERNACIONAL   2009   31    7     5     0     0     0     0
                2008   20    8     2     0     1     0     0
                2007   17    14    5     0     0     0     0
                2006   22    5     2     0     0     0     0
                2005   16    5     0     0     1     0     0
                2004   15    1     1     2     0     0     0

NACIONAL        2009   0     4     6     3     4     2     2
                2008   0     4     10    7     8     10    8
                2007   0     5     16    6     9     8     6
                2006   0     6     9     6     8     6     2
                2005   0     3     5     8     3     5     4
                2004   0     2     0     5     3     1     0

Fonte: Elaborada pelos autores.

Quadro 2--Principais pesquisadores citados nas
Revisoes Bibliograficas dos artigos sobre
Relacionamentos Interorganizacionais nos
periodicos brasileiros e internacionais
entre os anos de 2004 e 2009

Periodicos Brasileiros

Autor/Pesquisador                     Quant. de Citacoes

Michael PORTER                        37
Manuel CASTELLS                       28
Oliver E. WILLIAMSON                  26
Ranjav GULATI                         22
Mark GRANOVETTER                      22
Walter W. POWELL                      20
Nelson CASAROTTO FILHO e              19
Luis Henrique PIRES

Periodicos Internacionais

Autor/Pesquisador                     Quant. de Citacoes

Ranjav GULATI                         27
T. K. DAS e Binsheng TENG             23
Oliver E. WILLIAMSON                  22
Mark GRANOVETTER                      18
Karl WEICK                            13
Jay BARNEY                            11
Peter RING e Andrew H. VAN DE VEM     10

Fonte: Elaborado pelos autores.

Quadro 3--Principais tipos de relacionamentos e
teorias utilizadas nas publicacoes

Tipo de Relacionamento               Principais Autores

Redes--129 artigos (35,34%)          Castells; Granovertter; Powell;
(30 internacionais e 99 nacionais)   Porter; Casarotto Filho e Pires;
                                     Gulati; Amato Neto; Williamson

Aliancas--69 artigos (18,90%)        Gulati; Das e Teng; Williamson;
(42 internacionais e 27 nacionais)   Ring e Van de Ven; Kogut;
                                     Nohria e Zaheer

Redes de Cooperacao--56 artigos      Castells; Williamson; Powell;
(15,34%) (14 internacionais e        Das e Teng; Grandori e Soda
42 nacionais)

Redes Sociais--32 artigos (8,77%)    Burt; Scott; Wellman
(17 internacionais e 15 nacionais)

Arranjos Produtivos Locais (2,74%)   Cassiolato e Lastres; Porter; Dosi
(10 artigos nacionais)

Joint Ventures--16 artigos           Gulati; Harrigan; Williamson;
(4,38%) (11 internacionais           Lane e Beamish; Hyder; Hitt,
e 5 nacionais)                       Ireland e Hoskisson; Child e
                                     Faulkner; Inkpen e Beamish; Powell

Fonte: Elaborado pelos autores.

Quadro 4--Fatores determinantes para a formacao dos relacionamentos

Autores                Resultados Percebidos

Lopes (2004)           A cultura de colaboracao, os aspectos
                       organizacionais e o apoio institucional
                       formam um conjunto de fatores considerados
                       importantes para a formacao, implantacao e
                       desenvolvimento de redes empresariais.

Claro, D.,             Os comprometimentos em investimento de tempo
Claro, P. e            e os aportes de recursos muitas vezes podem
Zylbersztajn (2005)    superar a contrapartida de beneficios
                       esperados pelos participantes em uma
                       formacao de redes.

Tureta, De Lima e      A reputacao representa o mecanismo social
Paco-Cunha (2006)      mais importante na rede, sendo fator
                       determinante para o ingresso de um novo
                       associado e permanencia no arranjo, o que
                       reduz as condicoes de incerteza e a
                       manifestacao de comportamentos oportunistas,
                       alem de favorecer o aumento de confianca e
                       a manutencao do equilibrio entre os
                       participantes da rede.

Autores                Resultados Percebidos

Jiang, Li e Gao        Em outras palavras, as empresas escolhem as
(2008)                 organizacoes com recursos e de boa reputacao
                       como parceiros.

Hernandez (2006)       A informacao e o conhecimento sao insumos
                       para a aprendizagem, a divulgacao e a
                       formacao de redes. O fortalecimento do poder
                       e sua disseminacao entre os participantes
                       das redes e uma das caracteristicas
                       marcantes dessa nova estrutura
                       organizacional.

Heikkinen e            O processo de formacao da rede e dominado
Tahtinen (2006)        por tres conjuntos de condicoes iniciais.
                       A primeira condicao inicial e a percepcao
                       pelos atores da interdependencia, que e
                       desencadeada por mudancas no meio ambiente.
                       Quanto mais semelhantes as percepcoes de
                       interdependencia, tanto mais as organizacoes
                       estao dispostas a cooperar. A segunda
                       condicao inicial e a existencia e
                       reconhecimento de interesses comuns entre
                       os membros potenciais da rede. Em terceiro
                       lugar, a intervencao de um unico ator mais
                       forte, que chamamos de rede Webber, pode
                       desencadear o processo de formacao da rede.

Peleias, Da Silva,     Os empreendimentos motivados pela necessidade
Guimaraes, Machado     acabam imitando modelos de sucesso existentes.
e Segreti (2007)       Nesse caso, a probabilidade de frustracao e
                       maior em razao do grau de dependencia do
                       empreendedor em relacao a ideia original.

Begnis, Pedrozo e      A confianca e o aprendizado sao elementos
Estivalete (2008);     centrais para a formacao e para a
Smith e Lohrke         sustentabilidade dos relacionamentos
(2008)                 interorganizacionais.

Goerzen (2007)         Na maioria das vezes, na formacao das redes,
                       as empresas entram com o mesmo capital,
                       ainda que, de fato, as que mais tem
                       propensao a contribuir sejam as de
                       desempenho economico inferior.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Quadro 5--Gestao dos relacionamentos

Autores                Resultados Percebidos

Pereira, Venturini     As redes sem a geracao de novos beneficios sao
e Visentini (2006)     apenas vantagens competitivas transitorias com
                       pouca capacidade de inovacao e predestinadas,
                       dessa forma, ao insucesso.

Swan e Scarbrough      O essencial para a inovacao em rede e que sua
(2005)                 coordenacao ocorra durante todo o processo
                       tanto no nivel interpessoal quanto no
                       intraorganizacional e interorganizacional.

Kratzer,               Aponte-se aqui a importancia das relacoes
Leenders e Engelen     informais para o desempenho das equipes de
(2005)                 inovacao.

De Wever, Martens e    A confianca influencia na eficacia da rede,
Vandenbempt (2005)     isto e, o sucesso das organizacoes em rede
Santoro, Borges e      depende fortemente do grau de participacao
Rezende (2006);        alcancado na realizacao de suas acoes e esta
Sengir et al,          sujeito ao desenvolvimento e a manutencao de
(2004); Mellat-        relacionamentos fortes e produtivos entre os
Parast e Digman        parceiros. Complementarmente, o sucesso das
(2007)                 aliancas, em primeiro lugar, deriva da
                       formacao de confianca entre os individuos
                       de todos os niveis e hierarquias dentro da
                       alianca.

Pesamaa e Hair Jr.     A lealdade e mais importante do que a amizade
(2007); Stephens,      no desenvolvimento de estrategias de sucesso
Fulk e Monge (2009)    baseadas na cooperacao. Dessa forma, quando
                       a confianca nao esta presente nos
                       relacionamentos, tenta-se ergue-la
                       sob a forma de contratos ou governanca.

Kimura, Texeira e      Quando o consenso entre os participantes e
Godoy (2006);          alto, a rede e mais densa, conduzindo a
Stallivieri,           relacionamentos mais complexos tanto no
Campos e Britto        ambiente interno de cada participante como
(2007)                 na estrutura de toda a comunidade, podendo
                       implicar sinergias e ate mesmo inercia.
                       Em contrapartida, as sinergias proporcionadas
                       pela proximidade e pelas intensas interacoes
                       entre os agentes podem possibilitar o
                       desenvolvimento de um sistema produtivo
                       localizado com forte potencial inovador.

Easterby-Smith,        O medo da perda do poder motiva as empresas a
Lyles e Tsang          se proteger contra a transferencia involuntaria
(2008); Tang, Mu e     de conhecimento aos seus parceiros, tornando
Maclachlan (2008)      com isso a transferencia de conhecimento
                       interorganizacional mais dificil do que a
                       transferencia de conhecimento
                       intraorganizacional. Salienta-se que a
                       velocidade de transferencia de conhecimento e
                       poder de influencia dos individuos desempenha
                       um papel dominante no processo de
                       transferencia do conhecimento.

Barra, Oliveira e      Em uma rede horizontal que possibilita o
Machado (2007)         desenvolvimento de capital social e da
                       aprendizagem coletiva, verifica-se que essa
                       configuracao traz estabilidade institucional,
                       gera confianca e reduz comportamentos
                       oportunistas.

Ahuja, Polidoro Jr.    As empresas mais centrais na rede sao as
e Mitchell (2009)      primeiras a adotar e a perceber as inovacoes
                       com mais eficiencia do que os dirigentes das
                       empresas nao centrais e que adotem
                       posteriormente essas inovacoes (GOMES;
                       GUIMARAES, 2008). Entretanto, ha que ressaltar
                       que niveis muito elevados de centralidade
                       podem ter um impacto negativo sobre a
                       formacao de lacos interorganizacionais.

White e Lui (2005)     Os custos de cooperacao e os custos de
                       transacao afetam o nivel de tempo e
                       esforco que um gestor gasta em uma
                       alianca.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Quadro 6--Beneficios dos relacionamentos

Autores               Resultados Percebidos

Holanda et al.        A configuracao em redes de cooperacao
(2006)                proporciona as empresas de um Arranjo
                      Produtivo Local (APL) condicoes favoraveis a
                      uma dinamica ativa nos processos de criacao e
                      ampliacao de seus conhecimentos.

Lima Filho (2006)     Em redes do ramo varejista os principais
                      beneficios auferidos sao as economias de
                      escala, o acesso a novos fornecedores e o
                      aumento do portfolio de produtos.

Barbosa, Zilber e     A possibilidade de acesso a solucoes
Toledo (2009);        destaca-se como o fator mais importante para
Verschoore e          os participantes de redes. Por outro lado, os
Balestrin (2008)      elementos componentes que mais os predisporiam
                      a obter vantagens sao: o enfoque em ganhos
                      mutuos, a organizacao administrativa, o
                      comprometimento e a cooperacao para a
                      obtencao de uma posicao mais forte sem
                      que ocorram perdas.

Magalhaes, Daudt e    Inicialmente, o beneficio para adesao as
Phonlor (2009)        redes e o custo de capital e, em um segundo
                      momento, as trocas de informacoes, melhoria
                      em processos, expertise para obtencao de
                      financiamento e maior aprendizagem do
                      processo de governanca.

Schreiner, Kale e     Verifica-se que a complementaridade entre os
Corsten (2009);       parceiros da rede tem impacto significativo
Dodourova (2009)      na capacidade de uma empresa para realizar
                      acao conjunta com seus parceiros e clientes,
                      proporcionando acesso ao conhecimento
                      relevante. Nesse sentido, a maioria das
                      empresas reconhece a necessidade de substituir
                      a abordagem oportunista de colaboracao por
                      meio de um cuidadoso planejamento,
                      acompanhamento e coordenacao. Mesmo as
                      empresas que adotam uma abordagem ad hoc para
                      parcerias acabam percebendo que parcerias bem
                      estruturadas lhes permitem aproveitar melhor
                      seus recursos e gerenciar seus mercados.

Muthusamy e           Os intercambios sociais e a experiencia do
White (2005);         passado em relacionamentos
Lui (2009)            interorganizacionais estao positivamente
                      relacionados com a aprendizagem e
                      transferencia de conhecimento em aliancas, e,
                      alem disso, o compromisso reciproco e um fator
                      explicativo para a aprendizagem
                      interorganizacional. Dessa forma, o contrato
                      formal esta positiva e significativamente
                      relacionado ao acesso a conhecimentos e a
                      aquisicao de conhecimento: alem disso, quanto
                      mais tempo tem um relacionamento
                      interorganizacional, mais forte e a associacao
                      entre competencia e confianca na aquisicao
                      de conhecimento.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Figura 1--Principais focos de estudo em relacionamentos
interorganizacionais

                   Nacional   Internacional

Competitividade       28            4
Recursos              15           10
Desempenho            22           15
Conhecimento          15           33
Inovacao

Fonte: Elaborada pelos autores.

Note: Table made from bar graph.
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