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文章基本信息

  • 标题:Stimulating new firms from higher education institutions through innovation networks/A dinamica da criacao de empresas impulsionada por instituicoes de ensino superior por meio de redes de inovacao/La dinamica de la creacion de empresas estimulada po r instituciones de ensenanza superior a traves de redes de innovacion.
  • 作者:Simoes, Jorge Manuel Marques ; Silva, Maria Jose Aguiar Madeira Valente
  • 期刊名称:Revista de Gestao USP
  • 印刷版ISSN:1809-2276
  • 出版年度:2013
  • 期号:July
  • 语种:Spanish
  • 出版社:Faculdade de Economia, Administracao e Contabilidade - FEA-USP
  • 摘要:Na epoca de intensa globalizacao e de forte competicao em que se vive, a criacao de empresas contribui para a introducao no sector empresarial de novas tecnologias, novos produtos/servicos e novas formas de organizacao, revelando-se um dos factores fundamentais para o crescimento economico, a criacao de emprego, a eficiencia dos mercados, a renovacao da estrutura economica e a difusao de inovacao, bem como para a melhoria da competitividade global das empresas e dos paises (BIRCH, 1981, 1987; PHILLIPS; KIRCHHOFF, 1989; ACS; AUDRETSCH, 1990; HAMERMESH, 1993; REYNOLDS; MILLER; MAKI, 1995; WENNEKERS; THURIK, 1999; BEDNARZIK, 2000; KEISTER, 2000). Paralelamente, constata-se que as redes de inovacao, facilitadoras da reducao das incertezas por meio da cooperacao entre os agentes, visam a producao e partilha de conhecimentos e recursos em falta, bem como a partilha de custos e de risco ou ate mesmo de ganhos de eficiencia devidos a divisao do trabalho, entre outros beneficios (CAMAGNI, 1991; YEUNG, 1994; CASSIMAN; VEUGELERS, 2002; FELMAN; GERTLER; WOLFE, 2006; BRAUNERHJELM, 2008; WEBER; KHADEMIAN, 2008). Nestas redes de inovacao as Instituicoes de Ensino Superior assumem um papel de destaque, pois permitem fomentar e difundir os diversos contributos proporcionados pela rede, nao so em nivel local e regional, mas tambem em nivel nacional e global (FELMAN et al. 2006; AUDRETSCH; PHILLIPS, 2007; BRAUNERHJELM, 2008).
  • 关键词:Businesspeople;Education;Education parks;Educational facilities;Entrepreneurs;Entrepreneurship;New business enterprises;School facilities;Startups

Stimulating new firms from higher education institutions through innovation networks/A dinamica da criacao de empresas impulsionada por instituicoes de ensino superior por meio de redes de inovacao/La dinamica de la creacion de empresas estimulada po r instituciones de ensenanza superior a traves de redes de innovacion.


Simoes, Jorge Manuel Marques ; Silva, Maria Jose Aguiar Madeira Valente


1. INTRODUCAO

Na epoca de intensa globalizacao e de forte competicao em que se vive, a criacao de empresas contribui para a introducao no sector empresarial de novas tecnologias, novos produtos/servicos e novas formas de organizacao, revelando-se um dos factores fundamentais para o crescimento economico, a criacao de emprego, a eficiencia dos mercados, a renovacao da estrutura economica e a difusao de inovacao, bem como para a melhoria da competitividade global das empresas e dos paises (BIRCH, 1981, 1987; PHILLIPS; KIRCHHOFF, 1989; ACS; AUDRETSCH, 1990; HAMERMESH, 1993; REYNOLDS; MILLER; MAKI, 1995; WENNEKERS; THURIK, 1999; BEDNARZIK, 2000; KEISTER, 2000). Paralelamente, constata-se que as redes de inovacao, facilitadoras da reducao das incertezas por meio da cooperacao entre os agentes, visam a producao e partilha de conhecimentos e recursos em falta, bem como a partilha de custos e de risco ou ate mesmo de ganhos de eficiencia devidos a divisao do trabalho, entre outros beneficios (CAMAGNI, 1991; YEUNG, 1994; CASSIMAN; VEUGELERS, 2002; FELMAN; GERTLER; WOLFE, 2006; BRAUNERHJELM, 2008; WEBER; KHADEMIAN, 2008). Nestas redes de inovacao as Instituicoes de Ensino Superior assumem um papel de destaque, pois permitem fomentar e difundir os diversos contributos proporcionados pela rede, nao so em nivel local e regional, mas tambem em nivel nacional e global (FELMAN et al. 2006; AUDRETSCH; PHILLIPS, 2007; BRAUNERHJELM, 2008).

No actual clima economico, e tendo em conta as actuais taxas de desemprego em Portugal (que recentemente tem vindo a aumentar), estimular o empreendedorismo capaz de levar a criacao de empresas parece ser uma das medidas que podem contribuir para minimizar os problemas economicos e sociais. Assim, no contexto portugues, torna-se fundamental analisar os factores que podem contribuir para promover a criacao de empresas.

Esta pesquisa tem como objectivo principal identificar e analisar se as Instituicoes de Ensino Superior impulsionam a criacao de empresas por meio de redes de inovacao. A questao central para a investigacao e a seguinte: Qual e o papel das Instituicoes de Ensino Superior na criacao de empresas, no ambito das redes de inovacao? Para responder a esta questao, as hipoteses de investigacao serao formuladas e testadas empiricamente. Essas hipoteses estao relacionadas com dois objectivos especificos, a saber: (i) identificar as atitudes das IES para a criacao de empresas, analisando as melhores formas de estimular a criacao de empresas pelas Instituicoes de Ensino Superior por meio das redes de inovacao (ii) identificar os factores que facilitam a criacao de empresas.

O trabalho esta estruturado da seguinte forma: na proxima seccao e apresentada a fundamentacao teorica sobre a criacao de empresas associada a redes de inovacao, e formuladas as hipoteses de investigacao com base nos objectivos especificos apresentados. A seccao seguinte descreve a metodologia de investigacao utilizada para testar as hipoteses. Na quarta seccao, os resultados sao apresentados e discutidos. Finalmente, na quinta seccao sao apresentadas as conclusoes e sugestoes para futuras investigacoes.

2. FUNDAMENTACAO TEORICA

Na pesquisa enquadrada na teoria das redes, as ultimas duas decadas do seculo passado revelaram um novo fenomeno interligado: o empreendedorismo (HOANG; ANTONCIC, 2003; WOOLLARD; ZHANG; JONES, 2007). Quanto ao conteudo da rede, as relacoes interpessoais e interorganizacionais sao vistas como os meios pelos quais os actores tem acesso a uma variedade de recursos, incluindo o conhecimento, disponibilizados por outros actores (HOANG; ANTONCIC, 2003). Consequentemente, as IES sao uma importante fonte de conhecimento. Quando a competitividade se baseava em tarefas rotineiras, as universidades desempenharam um papel importante no campo social, politico e cultural; porem, no economico, desempenharam um papel menos directo, o que incidiu, principalmente, na formacao dos futuros colaboradores das empresas (AUDRETSCH; PHILLIPS, 2007). Contudo, a medida que a competitividade se tornava dependente do conhecimento, das ideias e da criatividade, as universidades surgiam como cruciais para o desenvolvimento economico, emergindo, assim, o conceito de universidades empreendedoras (CLARK, 1998, 2004; VAN VUGHT, 1999; AUDRETSCH; PHILLIPS, 2007). Nesse ambito, em uma economia baseada no conhecimento, as universidades surgiram como actores centrais, e se espera que desempenhem um papel activo na promocao da inovacao e das mudancas tecnologicas (BRAMWELL; WOLFE, 2008).

As universidades empreendedoras, neste sentido, sao agentes pertencentes a uma rede de inovacao composta de diversos actores, onde o governo e as politicas publicas terao um papel relevante. Para que as IES consigam difundir seu conhecimento como actores empreendedores, deverao inserir-se em redes de inovacao, mas, como poderao impulsionar a difusao do conhecimento e a criacao de empresas? As redes de inovacao podem trazer beneficios-chave para a criacao de empresas, tais como:

(i) O conteudo da rede: um beneficio-chave das redes de inovacao para o processo da criacao de empresas e o acesso que a rede proporciona a um conjunto de informacoes e conselhos. Os relacionamentos tambem podem ter conteudos reputacionais ou de sinalizacao (KRACKHARDT; STERN, 1988; HOANG; ANTONCIC, 2003; MAROUF, 2007);

(ii) A gestao da rede: outro beneficio-chave das redes de inovacao e seu mecanismo de gestao, que gera e coordena as relacoes de troca na rede. A confianca entre os actores da rede e, maioritariamente, vista como um elemento critico que pode influenciar a qualidade dos recursos partilhados. A confianca e a profundidade e riqueza das relacoes de troca, particularmente no que se refere a troca de informacao, serao os tais elementos criticos (GRANOVETTER, 1973; NELSON, 1989; HOANG; ANTONCIC, 2003; MAROUF, 2007; HUANG; CHANG, 2008);

(iii) A estrutura da rede: e definida como o padrao dos relacionamentos que resultam dos relacionamentos fortes e fracos entre os actores que compoem essa mesma rede. Uma proposicao geral e de que as diferentes posicoes que os actores ocupam na estrutura da rede tem um importante impacto na fluicao dos recursos e, por consequencia, nos resultados das actividades empreendedoras (GRANOVETTER, 1973; NELSON, 1989; HOANG; ANTONCIC, 2003; MAROUF, 2007). A unidade de medicao mais intuitiva e a dimensao da rede, definida como o numero de ligacoes directas entre o actor focado e outros actores. A analise da dimensao da rede mede a extensao pela qual os recursos podem ser acedidos ao nivel do empreendedor e das organizacoes (ALDRICH; REESE, 1993; BAUM; CABRESE; SILVERMAN, 2000).

Essas tres componentes surgem como elementos-chave em modelos que visam explicar as redes de inovacao que desenvolvem actividades empreendedoras. O processo do empreendedorismo, de acordo com Shane e Venkataraman (2000), consiste em actividades distintivas, tais como a identificacao de oportunidades, a mobilizacao de recursos e a criacao de uma organizacao. Posto isto, as IES serao entendidas como actores de excelencia para integrar uma rede de inovacao, dado que possuem um corpo docente e diversas unidades de investigacao que poderao ajudar as empresas nascentes e jovens empreendedores na identificacao de oportunidades, na mobilizacao de recursos e na criacao de uma organizacao (SMITH, 2003; EIRIZ, 2005; FELMAN et al., 2006; BRAUNERHJELM, 2008; HUANG; CHANG, 2008; WEBER; KHADEMIAN, 2008).

Assim, o processo de desenvolvimento da rede de inovacao estara, durante a fase inicial de constituicao, de forma surpreendente, relacionado com as caracteristicas dos empreendedores (HOANG; ANTONCIC, 2003). Consequentemente, quando os empreendedores desenvolvem o plano de negocios, este tem um alto nivel de qualidade, pois, ao pertencerem a uma rede de inovacao, os empreendedores podem incorporar os beneficios dai advindos. Alem disso, quanto mais proximos estiverem os contactos entre os varios actores da rede, maior sera a qualidade da informacao.

O conceito de universidades empreendedoras surgiu com Etzkowitz, em 1983, quanto este descreveu as instituicoes que desempenham um papel critico para o desenvolvimento economico regional (CLARK, 2004; MULLER, 2006; AUDRETSCH; PHILLIPS, 2007; WOOLLARD et al., 2007; VECIANA, 2006, 2008; BRAMWELL; WOLFE, 2008). O termo "universidades empreendedoras", sempre envolto numa rede de inovacao, foi adoptado por academicos e por politicos para descrever as IES que desempenham esta missao (CLARK, 1998, 2004; VAN VUGHT, 1999; HUGGINS et al., 2008). O desenvolvimento de uma cultura empreendedora pode ser visto como um mecanismo essencial pelo qual as universidades se envolveram, efectivamente, no desenvolvimento economico. Etzkowitz e Leydersdorf (2000) descreveram a evolucao das relacoes tripartidas entre as universidades, a industria e o governo por meio do modelo Triple Helix III. Bercovitz e Feldman (2006) enfatizam a relevancia que existe na relacao universidade/industria, afirmando que ela revela a importancia das universidades para o sistema regional de inovacao, formando a base para o desenvolvimento economico.

A relevancia da universidade empreendedora e demonstrada pelo simples facto de esta estar inserida numa rede de inovacao, pois dessa forma pontencia contributos em nivel local, regional e nacional. Com esse sentido, as IES efectuam um contributo-chave, gerando novas ideias e conhecimentos nas disciplinas-base, que sao o nucleo tradicional das universidades. Quando a procura de conhecimento e de aplicacoes praticas aumentou, foram criados programas aplicados e adaptados a realidade do mundo do trabalho A distincao crucial entre esses programas aplicados e as disciplinas-base e a orientacao do formador no sentido de trazer uma contribuicao para a sociedade, existente para alem dos muros das IES. Para serem sustentaveis ao longo do tempo, os programas aplicados exigem uma procura e um interesse fora das IES. Por um lado, seu desenvolvimento e evolucao sao tipicamente moldados pelas necessidades e interesses da sociedade, mas, por outro lado, a evolucao e o desenvolvimento das disciplinas-base tendem a ser moldados e influenciados pelas disciplinas em si mesmas (evolucao do conhecimento) (AUDRETSCH; PHILLIPS, 2007; WOOLLARD et al., 2007).

Nem mesmo a adicao da investigacao aplicada e da educacao profissional, porem, geram suficientes spillovers da fonte do conhecimento a universidade--para permitir o crescimento da geracao de inovacoes nas economias regionais e estatais. O investimento nas disciplinas tradicionais e nos programas aplicados nao e suficiente. Num esforco para penetrar o filtro do conhecimento e facilitar o spillover da geracao de conhecimento e ideias da universidade, desenvolveu-se uma terceira area--os mecanismos de transferencia do conhecimento e da tecnologia criados nas IES, tais como os gabinetes de tecnologia, as incubadoras e os centros de investigacao das IES. O objectivo desses gabinetes e mecanismos e facilitar o spillover do conhecimento do interior para o exterior (WOOLLARD et al., 2007; BRAMWELL; WOLFE, 2008; VECIANA, 2006, 2008).

Tal como foi anteriormente referido, a divulgacao de conhecimentos e a forma de transferencia de conhecimento, directa ou indirectamente, de uma parte para outra (DEEDS et al, 1997; MALECKI, 1985; GILBERT; McDOUGALL; ANDRETSCH, 2008). As repercussoes sao geradas por instituicoes que tenham actividades inovadoras, e sao validas porque essas actividades proporcionam conhecimentos novos e relevantes para a instituicao beneficiaria (MALECKI, 1985; DEEDS et al, 1997; GILBERT et al, 2008). Portanto, as IES vao transferir o conhecimento que geram por meio de uma rede de inovacao, mas tambem receberao conhecimento e inovacao gerados pelos diversos actores que compoem essa rede.

Nesse contexto, o modelo conceptual de investigacao visa determinar os principais factores que influenciam a criacao de empresas, estimulados por Instituicoes de Ensino Superior, dentro de redes de inovacao. A Figura 1 contempla a variavel dependente da criacao de empresa e um conjunto de motivos (variaveis independentes), referindo-se as Instituicoes de Ensino Superior e as redes de inovacao. As variaveis associadas as Instituicoes de Ensino Superior e as redes de inovacao estao relacionadas com a oferta formativa que as IES possuem, nomeadamente a existencia de cursos breves direccionados para o empreendedorismo, com sua localizacao e insercao na regiao, com o facto de manterem relacoes com organizacoes ja existentes e com o conhecimento e investigacao cientifica produzidos.

[FIGURE 1 OMITTED]

A partir da revisao de literatura, algumas hipoteses foram formuladas para serem testadas empiricamente.

No que diz respeito ao fato de as IES terem uma influencia na criacao de empresas, essa contribuicao e decisiva, porque gera novas ideias e conhecimentos nas disciplinas basicas, que sao o nucleo tradicional das IES. Esta investigacao tem como objectivo identificar se a oferta de formacao prestada pelas IES influencia a criacao de empresas.

Por conseguinte, as seguintes hipoteses sao apresentadas:

Hipotese 1: A criacao de cursos de curta duracao na area de empreendedorismo influencia positivamente a criacao de empresas;

Hipotese 2: A localizacao da IES que presta formacao para a criacao de empresas influencia positivamente o empreendedor nascente na seleccao da instituicao.

Deve-se notar, no entanto, que, na sociedade da informacao e do conhecimento, criar e fazer crescer as empresas baseadas nas novas tecnologias e, portanto, de alto valor acrescentado, capazes de competir em nivel internacional e susceptiveis de criar empregos com salarios elevados, depende de pessoas que, tecnicamente, estao mais bem preparadas e suficientemente motivadas (CRISTOBAL, 2006; BRAUNERHJELM, 2008). Nesse contexto, Cox e Taylor (2006) e Bramwell e Wolfe (2008) concordam que o empreendedorismo e um dos factores mais importantes para o desenvolvimento economico futuro.

Paralelamente, o objectivo e identificar e analisar as melhores praticas utilizadas pelas IES para incentivar a criacao de risco dentro de redes de inovacao; desse modo, as seguintes hipoteses sao apresentadas para a investigacao:

Hipotese 3: A cooperacao das IES com outras organizacoes influencia positivamente a criacao de empresas;

Hipotese 4: A investigacao cientifica desenvolvida nas IES influencia positivamente a criacao de empresas.

3. METODOLOGIA

3.1. Amostra

Os dados utilizados foram recolhidos a partir de um questionario que fez um levantamento dos empreendedores nascentes das IES no sector publico. Contemplam, assim, potenciais empreendedores, isto e, pessoas que estao interessadas em iniciar um novo negocio, que esperam ser proprietarias de um novo negocio, ou de parte dele, e que foram activas na tentativa de iniciar um novo negocio nos ultimos 12 meses (WAGNER, 2004).

Nesta investigacao, a populacao sao todos os empreendedores nascentes das instituicoes universitarias e politecnicas do ensino superior publico portugues. Por conseguinte, e composta de individuos que participaram, por sua propria vontade, em eventos visando a criacao e o desenvolvimento de iniciativas empresariais: concursos (Empreenda'09, PoliEmpreende 6a Edicao e START 2009) e cursos de empreendedorismo de base tecnologica (CEBT e CEBCT).

A populacao e composta de 834 participantes, aos quais foram enviados questionarios que, posteriormente, foram preenchidos pelos inquiridos. O numero total de questionarios recebidos de volta foi de 255, o que representou uma taxa de resposta de 31%. Consequentemente, o erro da amostra obtida pode ser calculado de acordo com Hair et al. (1998), tendo sido obtido o valor de 5,2% para este estudo.

3.2. Descricao e caracterizacao dos dados

Este estudo procura contribuir para que as Instituicoes de Ensino Superior identifiquem e analisem as possiveis relacoes entre a natureza das accoes realizadas pelas IES e a criacao de novas empresas. Esta pesquisa tem como objectivo determinar os factores que tem influencia sobre a estimulacao da criacao de empresas por Instituicoes de Ensino Superior mediante redes de inovacao. Portanto, o principal objectivo e analisar se as Instituicoes de Ensino Superior incentivam a criacao de empresas por meio de relacoes desenvolvidas entre os actores da rede de inovacao e quais os factores que facilitam a criacao de empresas.

Neste estudo, a criacao de novas empresas, considerada a variavel dependente, e medida a partir das informacoes recolhidas sobre as intencoes dos empreendedores nascentes de criar uma nova empresa ou desenvolver um projecto dentro de uma empresa ja existente, sendo esta considerada a variavel dependente. Em relacao as variaveis independentes, sao representadas pelas melhores formas de estimular a criacao de empresas (Tabela 1) e pelos factores no seio das IES que facilitam a criacao de empresas (Tabela 2).

4. RESULTADOS

Os entrevistados sao, maioritariamente, do sexo masculino e se inserem tanto no subsistema de ensino politecnico, em que a maioria dos respondentes esta na faixa etaria entre os 20 e os 30 anos, quanto no subsistema de ensino universitario, em que se encontram na faixa etaria entre os 20 e os 35 anos. Nesse contexto, de acordo com Wagner (2004), a idade dos empreendedores nascentes esta relacionada com as expectativas de retorno sobre o investimento, juntamente com as suas habilitacoes academicas, a aversao ao risco e as caracteristicas da regiao onde vivem.

Resumindo, os respondentes, em sua maioria, independentemente do subsistema de ensino superior, possuem um grau academico, maioritariamente das areas cientificas Economico/Empresariais e Engenharia (cerca de 91% dos inquiridos). Outra caracteristica dos entrevistados e que eles nao tem experiencia anterior de criacao de empresa ou no sector de actividade onde visam desenvolver a iniciativa empresarial, e nao realizaram, anteriormente, funcoes de gestao. Outra conclusao do inquerito sobre os aspectos gerais dos entrevistados e de que os mesmos pagariam uma formacao especifica; contudo, a opiniao dos inquiridos e de que essa formacao deveria ser inserida na formacao escolar de forma gratuita, mais concretamente no ensino secundario.

Os dados obtidos a partir do questionario foram submetidos ao tratamento estatistico de analise factorial. Considerando-se o objectivo de identificar a atitude das IES no sentido de fomentar actividades empreendedoras, avaliaramse as melhores formas de estimular a criacao de empresas por meio de redes de inovacao dentro das Instituicoes de Ensino Superior. A analise factorial, com analise de componentes principais e rotacao varimax mediante o metodo Kaiser-Meyer --Olkin KMO (0,80), o teste de esfericidade Bartlett = 631,879 e a significancia a <0001, fornece suporte para a validade convergente. Na analise dos dados, foram identificados tres factores, nos quais as variaveis foram agrupadas da seguinte forma (Tabela 1):
Tabela 1--As melhores formas de estimular a criacao de empresas

Variavel                                  Factor 1         Factor 2
                                        Cooperacao e     Investigacao
                                       Desenvolvimento    Cientifica

Parcerias com Instituicoes de               0,781
Ensino Superior
Cursos de Pos-graduacao                     0,743
Mestrados                                   0,663
Organismos                                  0,628
Parceiras com entidades do mundo            0,601
empresarial
Conferencias e Seminarios                                    0,775
Publicacao de artigos de divulgacao                          0,737
Publicacao de material pedagogico                            0,714
Cursos de empreendedorismo
Concursos
Disciplinas integradas nos planos de
Licenciatura
Fonte: Elaboracao propria.

Variavel                                  Factor 3
                                          Formacoes

Parcerias com Instituicoes de
Ensino Superior
Cursos de Pos-graduacao
Mestrados
Organismos
Parceiras com entidades do mundo
empresarial
Conferencias e Seminarios
Publicacao de artigos de divulgacao
Publicacao de material pedagogico
Cursos de empreendedorismo                  0,833
Concursos                                   0,735
Disciplinas integradas nos planos de        0,572
Licenciatura

Fonte: Elaboracao propria.


Constata-se que a cooperacao e o desenvolvimento, que englobam diversas formas de cooperacao com outras organizacoes e consultoria, sao entendidos como a melhor forma de estimular a criacao de empresa, pois irao atingir um publico vasto e serao uma optima maneira de as IES fomentarem actividades empreendedoras. Relativamente ao objectivo de identificar o que facilita a criacao de empresas, os dados obtidos a partir da analise factorial permitiram a identificacao de dois factores (Tabela 2), nos quais as variaveis sao agrupadas da seguinte forma:
Tabela 2--Razoes da seleccao da importancia dos factores que
facilitam a criacao de empresas

Variavel                                             Factor 1

                                                     Actores da rede

Formacao prestada por profissionais do tecido        0,772
empresarial
Participacao/proximidade da escola com organismos    0,656
relacionados com o empreendedorismo (ANJE,
COTEC, IAPMEI, IEFP, entre outros)
Prestacao de servicos a comunidade
Informacao, orientacao e acompanhamento prestados
pelos organismos existentes na escola (OTIC, GAPI;
entre outros)
Formacao leccionada pelos docentes

                                                     Factor 2

                                                     Recursos
                                                     organizacionais

Formacao prestada por profissionais do tecido
empresarial
Participacao/proximidade da escola com organismos
relacionados com o empreendedorismo (ANJE,
COTEC, IAPMEI, IEFP, entre outros)
Prestacao de servicos a comunidade                   0,718
Informacao, orientacao e acompanhamento prestados    0,667
pelos organismos existentes na escola (OTIC, GAPI;
entre outros)
Formacao leccionada pelos docentes                   0,586

Fonte: Elaboracao propria.


A analise factorial, com analise de componentes principais e rotacao varimax mediante o metodo Kaiser-Meyer--Olkin KMO (0,54), o teste de esfericidade Bartlett = 93,994 e a significancia a <0001, fornece suporte para a validade convergente.

Verificou-se, entao, que o factor identificado como os actores da rede e o mais importante, pois possui variaveis que permitem, como o proprio nome assume, incentivar e dinamizar os diversos elementos integrantes da rede de inovacao, promovendo a partilha de conhecimento e apoiando os empreendedores nascentes nas diversas fases da criacao de empresas.

5. CONCLUSAO

O principal objectivo desta investigacao foi identificar os factores que influenciam a capacidade das Instituicoes de Ensino Superior de estimular a criacao de empresas por meio de redes de inovacao. Com base na revisao teorica da literatura, verificou-se que a criacao de empresas e influenciada por um vasto e complexo numero de factores, que nao sao tratados de forma exaustiva neste estudo. No entanto, um conjunto de factores internos e externos das IES destaca-se como sendo capaz de influenciar a criacao de empresas no seio de redes de inovacao. Ao se analisar a contribuicao de cada um desses factores para o fenomeno da criacao de empresas por parte das IES, verificou-se que as variaveis associadas com as IES e com as redes de inovacao estao relacionadas com as relacoes existentes entre as Instituicoes de Ensino Superior e as organizacoes existentes, com o conhecimento que elas tem disponivel, com a formacao que oferecem e com as formas e actividades que utilizam e estimulam a criacao de empresas. O modelo conceitual apresentado propoe que as caracteristicas das IES influenciam a criacao de empresas por meio de redes de inovacao.

Os principais resultados obtidos com a analise factorial, considerando-se os objectivos anteriormente mencionados das organizacoes, encontram-se resumidos abaixo.

Quanto ao objectivo de identificar a atitude das IES com relacao a criacao de empresas, concluise, com base na identificacao das melhores formas de criacao de empresas, que a cooperacao e o desenvolvimento, que englobam diversas formas de cooperacao com outras organizacoes e consultoria, sao entendidos como a melhor forma, pois atingirao um publico vasto e serao uma optima forma de as IES fomentarem actividades empreendedoras. Dos factores assumidos pelos inquiridos, foi curioso o facto de estes considerarem que a investigacao cientifica e uma maneira melhor de fomentar actividades empreendedoras do que as formacoes, situacao que, provavelmente, se relaciona com as exigencias do mercado para garantir a criacao e o desenvolvimento de novos negocios por parte dos empreendedores nascentes.

Quanto ao objectivo de identificar o que facilita a criacao de empresas, os empreendedores nascentes seleccionaram como o mais importante factor identificado os actores da rede, pois o mesmo possui variaveis que permitem, como o proprio nome indica, incentivar e dinamizar os diversos elementos integrantes da rede de inovacao, promovendo a partilha do conhecimento e apoiando os empreendedores nascentes nas diversas fases da criacao de empresas.

A partir da analise cuidadosa dos resultados anteriores, e possivel detectar algumas limitacoes do estudo realizado. De forma mais especifica, como limitacao da investigacao desenvolvida pode-se apontar o fato de que foram objecto de estudo apenas os empreendedores participantes nos concursos e nos cursos de formacao seleccionados. Relativamente as sugestoes para futuras investigacoes relacionadas com a criacao de empresas, podera ser importante proceder a uma analise cuidadosa das diversas empresas constituidas e de quais instituicoes impulsionaram sua criacao. Tambem podera ser relevante avaliar a razao da defasagem entre o numero impulsionado e o numero de empresas constituidas. Efectivamente, e util que se compreendam as motivacoes e causas da constituicao das empresas, pois e de crer que subsistam situacoes bastante distintas, que vao desde simples limitacoes financeiras ate a ausencia de apoio e orientacao para a constituicao e continuidade das empresas.

DOI: 10.5700/rege500

Recebido em: 8/3/2012

Aprovado em: 26/10/2012

Jorge Manuel Marques Simoes

Doutor, mestre e licenciado em Gestao. Docente do Instituto Politecnico de Tomar (IPT), onde ensina Empreendedorismo na licenciatura e no mestrado--Tomar, Portugal Director do Curso de Mestrado em Gestao de Empresas Familiares e Empreendedorismo e do Curso de Mestrado em Gestao de Recursos de Saude. Director da Unidade Departamental de Ciencias Empresariais. Investigador do NECE--Nucleo de Estudos em Ciencias Empresariais

E-mail: jorgesimoes@gmail.com

Maria Jose Aguiar Madeira Valente Silva

Doutora, mestre e licenciada em Gestao. Docente da Universidade da Beira Interior (UBI), onde ensina Empreendedorismo na licenciatura e no mestrado e Inovacao Empresarial no doutorado mestrado--Tomar, Portugal Directora do Curso de Mestrado em Empreendedorismo e Criacao de Empresas e Coordenadora Cientifica do Projecto INESPO--Innovation Network Spain-Portugal no ambito do Programa de Cooperacao Transfronteirica Espanha-Portugal (POCTEP) Investigadora do NECE--Nucleo de Estudos em Ciencias Empresariais

E-mail: msilva.ubiu@gmail.com

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