Logistics and agribusiness in Goias: the case soybean case/A logistica e o agronegocio em Goias: o caso da soja/La logistica y el agronegocio en Goias: el caso de la soja.
Bonfim, Yasmyne Petini ; Ferreira, Vicente da Rocha Soares ; Caetano, Mauro 等
1. INTRODUCAO
O agronegocio tem se apresentado como uma atividade de importancia
significativa para a economia brasileira ao longo de sua historia. De
acordo com o Centro de Estudos Avancados em Economia Aplicada da
Universidade de Sao Paulo (CEPEA), no ano de 2011, o agronegocio, com as
atividades de insumos, agropecuaria, industria e distribuicao,
representou R$ 917,65 bilhoes do PIB do pais, ou seja, 22% do PIB
brasileiro (CEPEA, 2013b).
Outro dado que fundamenta a importancia do segmento do agronegocio
sao os indices de exportacao. No ano de 2012, 46,8% das exportacoes
brasileiras foram de produtos primarios (basicos), com o "complexo
soja" (soja e derivados) representando o terceiro produto de maior
indice de exportacao (BRASIL, 2013).
No que se refere, especificamente, a producao de soja, dados do
Ministerio da Agricultura, Pecuaria e Abastecimento demonstram que ela e
a cultura brasileira que mais cresceu nas ultimas tres decadas,
correspondendo, em 2011, a 49% da area plantada em graos no pais
(BRASIL, 2011). O Brasil e o segundo maior produtor mundial de soja, com
uma producao estimada de 82 milhoes de toneladas, na safra de 2013, que
representam 30% da producao mundial dessa commodity, ficando atras
apenas dos Estados Unidos (UNITED STATES, 2013).
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o
Estado de Goias apresenta-se como o quarto maior produtor nacional de
soja, com uma producao estimada de 8,6 milhoes de toneladas, na safra de
2013 (Conab, 2013). A producao total de graos de Goias nesse mesmo ano
foi de 16,9 milhoes de toneladas. Dessa forma, observa-se que a producao
de soja corresponde a mais de 50% do total de graos produzidos no
Estado.
A logistica, por sua vez, apresenta-se como elemento estrategico
nessa cadeia, tendo em vista que tanto os recursos quanto seus
consumidores estao distribuidos em uma ampla area geografica. Conforme
apontado por Ballou (2010), a logistica tem importancia em escala
global, uma vez que regiao geografica explore suas vantagens inerentes
pela especializacao de seus esforcos produtivos naqueles produtos em que
ela possui vantagens comparativas, caso da producao da soja no Estado de
Goias em relacao a outros Estados brasileiros.
Estima-se que somente a logistica de distribuicao fisica pode
consumir de 15 a 20% do Produto Nacional Bruto (BALLOU, 2010). No caso
especifico da soja, a logistica corresponde a cerca de 30% do custo
total do produto no Brasil (OJIMA, 2006). Castillo (2004) demonstra que
a movimentacao da producao agricola e de seus derivados exige, cada vez
mais, velocidade, qualidade e baixo custo, uma vez que o frete tornou-se
um componente significativo dos custos finais dos graneis solidos
agricolas. Sendo assim, o autor propoe que a competitividade deixou de
ser um atributo apenas das empresas e passou a caracterizar tambem o
macroambiente em que essas empresas estao inseridas.
Moraes Filho (2007) afirma que, dos tres maiores produtores
mundiais de soja (Estados Unidos, Brasil e Argentina), o Brasil e o
unico com condicoes para aumentar sua oferta, uma vez que os Estados
Unidos tem favorecido o plantio do milho e a Argentina ja atingiu seu
limite de areas disponiveis para essa cultura. O autor propoe que, para
conseguir atingir a posicao de maior produtor dessa commodity, o Brasil
precisa resolver antes alguns entraves, sendo a logistica o maior deles.
Dessa forma, observa-se a importancia de analisar a logistica diante da
possibilidade de reducao dos custos, incremento da producao e,
consequentemente, aumento da competitividade da soja brasileira.
Em relacao as pesquisas realizadas sobre o tema, nota-se a
existencia de diferentes estudos que demonstram, por exemplo,
localizacoes de terminais para o escoamento da soja brasileira (DO
AMARAL; ALMEIDA; MORABITO, 2012), identificacao dos componentes
estruturais na movimentacao de graneis no Brasil (CASTILLO, 2004),
custos relacionados ao escoamento da soja no pais (KUSSANO; BATALHA,
2012), entre varios outros que, apesar de apresentarem contribuicoes
significativas ao tema da logistica, nao se aprofundam em questoes
gerenciais direcionadas para as atividades primarias que caracterizam a
definicao de logistica proposta pela literatura (BALLOU, 2010).
Diante dessa situacao, o presente estudo apresenta uma descricao
critica do quadro da logistica da soja em graos no Estado de Goias. Para
isso, foi realizada uma pesquisa qualitativa, por meio de entrevistas
com agentes que atuam no mercado de soja e logistica e de dados
secundarios, coletados em bases oficiais, sobre os temas de pesquisa.
2. LOGISTICA
Segundo Ballou (2010), a logistica empresarial engloba as
atividades de movimentacao e armazenagem, que atuam facilitando o fluxo
de produtos do ponto de aquisicao da materia-prima ao consumo final, e
tambem os fluxos de informacao que colocam os produtos em movimento.
Para o autor, o objetivo da logistica empresarial e gerar niveis de
servico adequados aos clientes a um custo razoavel.
O processamento de pedidos e a atividade responsavel por
inicializar a movimentacao de produtos e a entrega de servicos. Em
relacao a essa atividade, e relevante lembrar que comunicacoes lentas e
imprecisas podem custar caro para a organizacao, pois os consumidores
insatisfeitos com tal lentidao transformam-se em vendas perdidas, os
estoques tornam-se excessivos, o transporte fica imprevisivel e a
programacao da producao pode gerar preparacoes desnecessarias e caras.
A atividade de manutencao de estoques, por sua vez, envolve a
necessidade de providenciar produtos no periodo entre a oferta e a
demanda para atingir certa disponibilidade (BALLOU, 2010). Segundo
Bowersox e Closs (2009), decisoes que envolvem estoques sao de alto
risco e impacto, uma vez que a manutencao do estoque implica riscos de
investimento e de possibilidade de obsolescencia.
Ja a atividade de transporte refere-se aos metodos para a
movimentacao de produtos: modais rodoviario, ferroviario e aeroviario,
dentre outros (BALLOU, 2010). A Tabela 1 apresenta um quadro comparativo
dos modais de transporte em relacao as suas caracteristicas
operacionais.
De acordo com a classificacao descrita na Tabela 1, a menor
pontuacao indica a melhor classificacao, uma vez que Bowersox e Closs
(2009) propoem uma analise comparativa entre os modais de transporte nas
caracteristicas operacionais propostas, classificando-os em ordem
crescente, de acordo com o desempenho apresentado em cada uma das
caracteristicas. Com isso, observa-se uma preferencia pelo modal
rodoviario, o que tambem e verificado no caso da soja brasileira, pois,
de acordo com dados da Confederacao Nacional do Transporte (2011), esse
modal tem absorvido 61,1% do transporte total de cargas no pais,
enquanto o ferroviario responde por apenas 20,7%, o aquaviario por
13,6%, o dutoviario por 4,2% e o aeroviario por 0,4%.
Essa preferencia pelo modal rodoviario pode ser explicada, entre
outras razoes, pela ineficiencia estrutural dos outros modais, pois,
alem de as maiores demandas do transporte de commodities estarem
localizadas em areas menos desenvolvidas do pais, em termos de
infraestrutura ferroviaria e hidroviaria (CAIXETA FILHO, 1998), ha
tambem questoes socioeconomicas, nao analisadas neste trabalho, que
favorecem a utilizacao do modal rodoviario.
3. AGRONEGOCIO E SOJA
O termo agribusiness, ou agronegocio, surgiu com Davis e Goldberg
(1957), que o descreveram como a soma das operacoes de producao e
distribuicao dos suprimentos agricolas com as operacoes de producao na
fazenda e o armazenamento, processamento e distribuicao dos produtos
agricolas e itens produzidos a partir deles, considerando-o como um
sistema integrado.
Em relacao a soja, sua insercao no Brasil deuse no ano de 1908, com
os primeiros imigrantes japoneses, e seu cultivo oficial no pais data de
1914, no Estado do Rio Grande do Sul. Todavia, a expansao da soja para
outros Estados do pais iniciou-se apenas na decada de 1970, por meio da
criacao de novos cultivares, que foram desenvolvidos para dar
estabilidade ao cultivo dessa commodity, nas chamadas regioes de
fronteira agricola (OJIMA, 2004).
O mercado de soja e constituido de tres principais produtos brutos,
tambem chamados de "complexo soja": a soja in natura, o farelo
de soja e o oleo bruto. O farelo de soja e utilizado como racao na
suinocultura e avicultura, e o oleo pode ser utilizado diretamente para
consumo humano ou como materia-prima para produtos hidrogenados, tais
como margarinas, maioneses e outros (LIBERA; WAQUIL, 2009). No entanto,
no que tange as exportacoes brasileiras de soja in natura e derivados,
os produtos menos elaborados apresentam maior participacao, em
decorrencia das barreiras impostas aos produtos de maior valor agregado
(CALDARELLI; CAMARA; SEREIRA, 2009).
Turzi (2011) afirma que a America do Sul, como um todo, sofreu uma
transformacao em sua producao agricola em razao da soja e de seus
produtos. Essa transformacao, por sua vez, pode ser explicada pela
combinacao de tres fatores: a demanda crescente de alimentos, a racao e
os biocombustiveis.
Em relacao ao Estado de Goias, os maiores municipios produtores de
soja estao localizados na regiao sudoeste do Estado: Montividiu,
Chapadao do Ceu, Jatai e Rio Verde, que e o maior produtor do Estado. A
unica excecao e o municipio de Cristalina, que esta localizado na regiao
leste do Estado (GOIAS, 2010).
4. LOGISTICA DA SOJA EM GOIAS
No contexto do agronegocio, um dos maiores desafios para a
produtividade esta na agregacao de valor em commodities agricolas, como,
por exemplo, a concepcao de mais eficientes sistemas de producao e
movimentacao (KING et al., 2010). Nesse sentido, o Estado torna-se um
agente viabilizador da producao, equipando o territorio ou concedendo
servicos publicos de transporte a empresas privadas, de forma a
assegurar a competitividade das regioes produtoras (CASTILLO, 2004).
A soja, por sua vez, implica atividades logisticas complexas, uma
vez que ela movimenta um grande volume fisico e financeiro, o que exige
uma ampla visao empresarial, pois somente assim e possivel estender as
vantagens competitivas da producao (MARTINS et al., 2005). Caixeta Filho
(2006) afirma que, em um pais de dimensoes continentais como o Brasil,
economias com a logistica podem vir a representar o diferencial de
sustentabilidade para o agronegocio da soja. Particularmente, tais
economias podem vir a se tornar ainda mais significativas para as areas
de producao que se encontram distantes dos principais portos, como e o
caso das regioes agricolas de Goias.
As principais atividades logisticas envolvidas no escoamento da
soja em grao brasileira sao a armazenagem, o transporte e seu embarque
nos portos, quando e destinada a exportacao (PONTES; CARMO; PORTO,
2009). Alem dessas, ainda ha a atividade de processamento de pedidos,
mencionada por Ballou (2010).
Em relacao ao processamento de pedidos, Coeli (2004) afirma que o
processo de comercializacao da soja se inicia com o produtor, que vende
os graos a agroindustria, as cooperativas ou as empresas de trading. A
negociacao da safra e frequentemente feita de forma antecipada. Tal
estrategia e uma forma de evitar uma pressao excessiva nos precos, nos
meses de safra, e, ao mesmo tempo, financiar a lavoura, pois parte da
safra e entregue as empresas de trading em troca de insumos.
A manutencao de estoques, segundo Pontes, Carmo e Porto (2009),
atuaria reduzindo as perdas agricolas e conservando a soja. Nesse
contexto, um ponto importante mencionado por Martins et al. (2005) e
que, embora a producao de graos tenha crescido, a infraestrutura de
armazenagem no campo ainda e insuficiente para atender a demanda. Essa
insuficiencia, por sua vez, tambem gera impactos sobre o transporte da
soja, uma vez que, sem ter onde armazena-la, os agricultores entregam
sua producao para o transporte logo apos a colheita. Com a intensa
demanda de servicos de transporte, ha escassez de caminhoes, o que eleva
o preco do frete (MARTINS et al., 2003).
Dessa forma, fica evidente a importancia da armazenagem, uma vez
que, durante a safra, os precos da soja costumam sofrer uma queda, em
razao da grande oferta; os fretes, ao contrario, tendem a aumentar o
preco, em decorrencia do acrescimo da demanda. Sendo assim, seria
interessante estocar a soja por um determinado periodo, para que,
realizando-se a venda posteriormente, se evitassem picos de distribuicao
(MARTINS et al., 2003).
Alem da insuficiencia de armazens, outros problemas relativos a
estocagem sao as grandes perdas sofridas durante essa atividade e o alto
custo de manuseio dos armazens (PONTES; CARMO; PORTO, 2009). De acordo
com a Conab (2009), o custo medio de armazenagem da soja a granel, para
o periodo de uma quinzena, equivale a aproximadamente R$ 40,00/tonelada.
Quanto a atividade de transporte, por sua vez, o principal problema
e o predominio do modal rodoviario. Como a soja envolve transporte de
longas distancias para produtos de baixo valor agregado, seria mais
adequado favorecer arranjos logisticos com transporte hidroviario e
ferroviario, ideais para tais caracteristicas (OJIMA, 2006). Alem disso,
embora os modais hidroviario e ferroviario exijam um maior tempo de
transporte, eles possuem uma capacidade mais elevada e podem trazer
economia de custos e reducao de perdas (PONTES; CARMO; PORTO, 2009).
Contudo, esse nao e o caso do Brasil, visto que outros modais, como o
ferroviario, possuem custos mais elevados do que o rodoviario, em razao
de sua menor utilizacao (WANKE; FLEURY, 2006).
No Estado de Goias, a utilizacao do modal rodoviario implica um
custo de transporte da soja de R$ 135,00/tonelada, partindo da cidade de
Mineiros, no sudoeste goiano, ate o Porto de Santos, em Sao Paulo
(SIFRECA, 2011). Alem dos altos custos em relacao ao produto
transportado, que e de baixo valor agregado, outro problema desse modal
sao as perdas, que totalizam 0,5% do valor referente a receita bruta
(MACHADO, 2010).
Em relacao ao embarque portuario, Machado (2010) observa que
praticamente toda a soja produzida no Estado de Goias e exportada
atraves do Porto de Santos, por sua maior proximidade geografica com as
regioes produtoras. Segundo esse autor, a tarifa media gasta para
embarque da soja em grao nos portos e de US$ 8,00/tonelada, tarifa que
varia conforme a epoca do ano e o porto utilizado. Considerando-se a
taxa de cambio de dolar dos Estados Unidos de 1,8811, relativa ao
fechamento registrado no dia 3 de outubro de 2011 (BACEN, 2011), tem-se
que o custo das despesas portuarias e de R$ 15,05/tonelada.
A atividade de movimentacao da soja em grao nos portos, por sua
vez, compreende varios problemas, dentre os quais e possivel destacar a
falta de infraestrutura adequada, que gera grandes congestionamentos no
acesso terrestre ao porto e tambem no acesso maritimo, dada a
dificuldade de atracacao dos navios durante a safra de soja (PONTES;
CARMO; PORTO, 2009).
Na Tabela 2, observa-se o custo total envolvido na distribuicao da
soja em graos, a partir dos dados descritos anteriormente.
5. METODO
O presente estudo consistiu na realizacao de uma pesquisa
exploratoria, por meio da modalidade de estudo de caso, e buscou abordar
o caso da logistica da soja em graos no Estado de Goias a partir do
olhar de varias organizacoes atuantes no setor. Conforme proposto por
Yin (2001), o estudo de casos e a modalidade mais adequada para a
investigacao empirica de um fenomeno contemporaneo dentro de seu
contexto. A abordagem utilizada, por sua vez, foi predominantemente
qualitativa, ja que se fez uma descricao da estrutura logistica, sem a
predominancia de dados estatisticos.
A entrevista foi escolhida como um dos metodos de coleta de dados.
Foram realizadas entrevistas nas seguintes organizacoes, que possuem
atuacao na area de agronegocio e logistica no Estado de Goias: Companhia
Nacional do Abastecimento (Conab); Federacao da Agricultura e Pecuaria
de Goias (FAEG); Agencia Goiana de Assistencia Tecnica, Extensao Rural e
Pesquisa Agropecuaria (EMATER); Secretaria de Estado da Agricultura,
Pecuaria e Irrigacao (SEAGRO); Ministerio da Agricultura Pecuaria e
Abastecimento (MAPA).
Alem das entrevistas, foram utilizados os dados secundarios, uma
vez que, conforme propoe Yin (2001), e fundamental em um estudo de caso
a utilizacao de varias fontes de evidencias. Tais dados foram coletados
nas principais organizacoes envolvidas com a gestao do complexo da soja,
como o MAPA, a Conab, a FAEG, a Secretaria de Gestao e Planejamento do
Estado de Goias e o United States Department of Agriculture, entre
outros.
Para a analise de dados, foi utilizado o metodo de analise de
conteudo proposto por Gil (2009), e a preparacao e a analise dos dados
ocorreram de acordo com os passos descritos na sequencia a seguir.
1. Preparacao dos dados: primeiramente, as entrevistas foram
transcritas e, a partir das analises e percepcoes dos pesquisadores
sobre as respostas dos entrevistados, optou-se por agrupar a analise em
cinco categorias, que correspondem a uma sintese dos aspectos mais
importantes identificados durante o estudo:
a. Problemas na logistica da soja no Estado de Goias;
b. Avancos na logistica da soja no Estado de Goias;
c. Fatores que impactam o preco final da soja;
d. Periodo de tempo envolvido na logistica da soja;
e. Perdas envolvidas no fluxo logistico da soja.
Tais categorias foram assim apresentadas para que fosse possivel
uma melhor analise das possiveis implicacoes da gestao logistica na
competitividade da cadeia da soja; outras categorias, como o momento
politico atual, fatores macroeconomicos e outros elementos nao abordados
neste trabalho, poderiam ser analisadas em estudos futuros.
2. Analise dos dados:
a. Codificacao dos dados: os dados coletados foram separados de
acordo com as atividades logisticas propostas por Ballou (2010),
acrescentando-se a atividade de embarque portuario proposta por Pontes,
Carmo e Porto (2009). Alem disso, os dados tambem foram divididos de
acordo com as categorias de analise propostas.
b. Construcao do fluxo logistico: elaboracao da cadeia de
distribuicao da soja em grao em Goias, a partir da comparacao dos dados
coletados nas entrevistas com os dados secundarios, com base na
codificacao dos dados em atividades de logistica.
c. Analise das categorias: a construcao do fluxo logistico
seguiu-se a analise das categorias propostas, tambem a partir da
comparacao das percepcoes das instituicoes entrevistadas com os dados
secundarios.
No Quadro 1 sao apresentados os departamentos e os cargos dos
entrevistados em cada uma das instituicoes selecionadas, bem como a
denominacao que lhes foi atribuida ao longo deste estudo.
6. APRESENTACAO E DISCUSSAO DOS RESULTADOS
Para uma melhor analise dos resultados obtidos, os dados sao
apresentados a partir de subdivisoes, conforme proposto pela literatura,
que se referem ao fluxo logistico da soja. Apos a apresentacao desse
fluxo, tem-se uma sintese dos principais pontos referentes ao objeto de
estudo.
6.1. Fluxo logistico
Observou-se, nos dados coletados, que a soja em grao produzida no
Estado de Goias possui quatro destinos principais: exportacao, producao
de oleo, producao de farelo e producao de biodiesel. Os resultados
tambem evidenciaram que, desses quatro destinos, a exportacao e o
principal, e a China, o maior comprador. Conforme os entrevistados
relataram, um volume entre 30 e 40% do total produzido no Estado e
destinado a exportacao; desse total exportado, um montante de 80 a 90% e
adquirido apenas pela China.
Portanto, observa-se que grande parte da producao de soja de Goias
e exportada na forma de produto primario. Analisando-se essa realidade
pela logica da agregacao de valor a producao, acredita-se, neste estudo,
que tais produtos poderiam ser processados internamente e
comercializados com um maior valor agregado. Alem disso, sendo a venda
de produtos primarios a mais significativa, a logistica deveria ser um
ponto ainda mais relevante, tendo em vista seu peso no preco das
commodities agricolas.
6.1.1. Processamento de pedidos
Verificou-se que os produtores, em Goias, normalmente vendem sua
producao de soja as tradings, que sao empresas que adquirem a soja em
grao com o intuito de exporta-la, ou as industrias de processamento e
esmagamento de soja, mediante um contrato de compra e venda.
Tambem ha casos de produtores que optam por vender sua producao a
cooperativas, compondo o volume total delas. Segundo os entrevistados,
essa situacao ocorre principalmente com pequenos produtores, pois eles
nao possuem escala suficiente para realizarem uma boa negociacao. Dessa
forma, por meio das cooperativas eles podem conseguir precos melhores.
Alem disso, foi visto que o plantio da soja em Goias inicia-se em
meados de outubro e novembro e que a colheita ocorre em marco do ano
subsequente. Antes mesmo do plantio, porem, feito geralmente no mes de
julho, grande parte da producao ja esta comercializada, em virtude da
necessidade de financiar a safra seguinte e dos altos custos envolvidos
na armazenagem da commodity.
Em relacao ao processamento de pedidos, Ballou (2010) afirma que a
velocidade com que as informacoes de venda sao comunicadas pelo sistema
logistico frequentemente determina a eficiencia de suas operacoes. No
caso da soja em Goias, observou-se, de acordo com os dados coletados,
que o processamento de pedidos nao impacta significativamente o nivel de
servico ao comprador, porque nao ha lentidao nas comunicacoes. Pode-se
afirmar isso tendo em vista que, conforme o exposto, grande parte da
venda da soja em grao no Estado ocorre de forma antecipada. Sendo assim,
o produtor possui tempo suficiente para programar a entrega da producao.
Mesmo nos casos em que a venda da soja nao e realizada
antecipadamente, foi visto que nao ha problemas de lentidao na
comunicacao, pois o produtor participa da comercializacao da soja.
Assim, ele possui a informacao do pedido de venda no momento em que
encerra a negociacao.
6.1.2. Estoques
Os dados apontam que, apos a colheita, a soja pode ser estocada em
armazens do proprio produtor ou em armazens de terceiros. Entretanto, os
entrevistados relataram que os armazens nas fazendas, pertencentes aos
proprios produtores, correspondem a apenas 5% da capacidade armazenadora
do Estado de Goias. Dessa forma, observou-se que a maioria dos
produtores opta por armazens de terceiros, que normalmente sao armazens
governamentais ou mesmo armazens da iniciativa privada, alem dos
armazens de cooperativas.
Verificou-se, tambem, que cerca de 20% da producao de soja e
armazenada diretamente nas carretas ou caminhoes, configurando a
situacao de estoque em transito, proposta por Bowersox e Closs (2009).
Quanto a capacidade dos armazens, observouse uma divergencia entre
os dados levantados. De modo geral, porem, os dados evidenciaram que
atualmente nao ha capacidade de estocagem suficiente em Goias, o que
tambem e visto em Martins et al. (2005). O Entrevistado 2, por exemplo,
relatou que a capacidade estatica armazenadora de um local deve ser 1,2%
maior que a producao, e que essa situacao nao e verificada em Goias
atualmente. Alem disso, outra questao que ele levanta, assim como os
demais entrevistados, e a ma distribuicao desses armazens no Estado,
pois ha armazens em regioes onde se produz pouca soja e nao ha outro
tipo de grao para ser armazenado. Por outro lado, nas regioes produtoras
de soja faltam armazens, o que configura um problema na distribuicao
geografica dessas instalacoes.
Outro ponto divergente entre os dados consiste na infraestrutura
referente a equipamentos e tecnologia dos armazens. Entretanto, de modo
geral, foi visto que os armazens do Estado sao adequados em termos de
infraestrutura e utilizam tecnologias adequadas e equipamentos modernos.
Outra questao mencionada pelos entrevistados e a necessidade da
existencia de armazens nas fazendas. A importancia dessa questao e
expressa pelo Entrevistado 2: "A falta de unidades armazenadoras no
nivel de fazenda e um dos nossos problemas. Eu acho essencial, porque,
sem essas unidades, o produtor perde a opcao de comercializar a hora que
ele quiser. Porque ele tem que colher e mandar para uma empresa, mesmo
que ele pague por isso." E evidente que essa opiniao do
Entrevistado 2 mereceria uma analise mais aprofundada, relativa as reais
necessidades de unidades armazenadoras nas proprias fazendas
considerando-se o custo de investimento e manutencao para o produtor.
Quanto ao tempo em que a soja permanece armazenada, os dados
apontaram que esse periodo normalmente gira em torno de 90 dias. Durante
essa etapa de estocagem, foi visto que ha uma perda de 0,05% do peso da
soja por mes, em razao das condicoes de temperatura e de umidade. Na
visao dos entrevistados, porem, o grande problema na estocagem da soja
nao sao as perdas e sim a questao do custo. Segundo os dados, estocar a
soja por um periodo de 90 dias implica um custo de R$ 29,42/tonelada de
soja. Embora tal custo difira do encontrado na literatura, de R$
40,25/tonelada para uma quinzena (Conab, 2009), o Entrevistado 1
explicou que os custos divulgados pela Conab refletem apenas a realidade
dos seus armazens, que sao pequenos e antigos, o que gera um custo maior
em relacao ao praticado no mercado.
Alem desses resultados, pode ser observado que a estocagem da soja
implica um trade-off para os produtores, que podem armazenar a soja na
expectativa de precos melhores; ha, no entanto, os custos de
armazenagem, que tambem devem ser avaliados. Por outro lado, os
produtores podem entregar a soja, logo apos a colheita, a um preco que
pode ser menor do que o desejado, mas que os exime de ter que arcar com
os custos de armazenagem.
6.1.3. Transportes
Corroborando os dados da Confederacao Nacional do Transporte
(2011), as entrevistas permitiram observar que o modal rodoviario e o
principal meio utilizado para o transporte da soja em grao em Goias.
Todavia, os dados apontaram que tal modal nao e o mais adequado para o
transporte dessa commodity, por varias razoes: a pequena capacidade em
comparacao a outros modais, como o hidroviario e o ferroviario, no que
se refere a economia de escala, em razao de seu alto custo operacional,
ocasionado por pedagios e pela sazonalidade da producao; o estado de ma
conservacao dos veiculos utilizados no transporte, em virtude da
utilizacao intensiva na epoca de colheita, o que causa perdas na soja
transportada e eleva o tempo de transito; a precariedade da
infraestrutura rodoviaria brasileira, entre outras.
Alem do modal rodoviario, observou-se a utilizacao de outras
opcoes, porem em menor grau. Uma dessas alternativas e o Porto de Sao
Simao, em Goias, que permite o transporte pela Hidrovia
Paranaiba-Tiete-Parana. Entretanto, conforme os entrevistados relataram,
o principal entrave a uma maior utilizacao dessa hidrovia sao os
problemas de infraestrutura que ainda persistem, como eclusas
insuficientes, alem da necessidade de uma combinacao de modais para sua
viabilidade. Fora essa questao, um dos entrevistados relatou que parte
da soja em grao produzida em outros Estados, como o Mato Grosso, tambem
e transportada por meio do Porto de Sao Simao. Com isso, a soja em grao
produzida em Goias precisa enfrentar essa concorrencia, o que acaba, por
sua vez, restringindo a capacidade de escoamento do Porto de Sao Simao.
O modal ferroviario tambem se constitui em outra opcao para o
transporte da soja, por meio da Ferrovia Centro Atlantica. Segundo os
entrevistados, o aspecto que mais dificulta a utilizacao dessa ferrovia
e sua concessao a iniciativa privada. De acordo com o parecer do
Entrevistado 1, a empresa que opera essa ferrovia nao demonstra
interesse em escoar a soja. A dificuldade decorrente da concessao tambem
e evidenciada pelo Entrevistado 2:
O problema nao e a quantidade de ferrovias, e a concessao das
mesmas, porque a concessao esta na mao de uma pessoa ou de duas. Entao,
ela coloca o preco que ela quer e ela faz o seguinte: quanto e o
transporte rodoviario? R$ 120,00. Entao vamos colocar o transporte
ferroviario a R$ 110,00 que a gente ganha. Mas e muito mais barato.
Entao, ela consegue ter o monopolio do transporte. O problema esta na
concessao, nao na falta de estrutura. (Entrevistado 2).
Quanto aos projetos existentes para modais, os entrevistados
observaram que a construcao da Ferrovia Norte-Sul poderia viabilizar uma
alternativa relevante para o transporte da soja em grao produzida em
Goias, em virtude do acesso aos portos do norte do pais, dentre eles o
Porto de Itaqui, no Maranhao. A posicao geografica desse porto em
relacao a China, por sua vez, geraria uma reducao de dois dias no tempo
necessario para transportar a soja ate aquele pais. Assim como a
Ferrovia Norte-Sul, a viabilizacao da Hidrovia do Araguaia tambem
permitiria o acesso aos portos da Regiao Norte. Todavia, conforme os
entrevistados observaram, sobre a Hidrovia do Araguaia pesa uma serie de
restricoes ambientais que dificulta sua utilizacao.
De acordo com os entrevistados, a utilizacao do modal rodoviario,
por sua vez, consome um periodo de cerca de cinco dias para o transporte
rodoviario da soja em grao de Goias ate o Porto de Santos, em Sao Paulo.
Em relacao as perdas, os entrevistados informaram que o transporte
rodoviario implica uma perda de 0,5% do peso bruto da soja transportada,
dado coerente com o exposto por Machado (2010).
Quanto ao custo rodoviario, os resultados evidenciam que o frete
para transportar a soja em grao da cidade goiana de Rio Verde ate o
Porto de Santos, em Sao Paulo, tem sido em torno de R$ 120,00/tonelada.
Segundo a literatura, o custo medio para transporte da soja de Goias,
partindo da cidade de Mineiros, ate o Porto de Santos e de R$
135,00/tonelada, de acordo com dados do Sistema de Informacoes de Fretes
(SIFRECA, 2011). Dessa forma, observa-se que o resultado de R$
120,00/tonelada obtido nas entrevistas esta em conformidade com os dados
da literatura.
6.1.4. Embarque portuario
Os resultados apontam que grande parte da soja produzida no Estado
de Goias, cujo destino e a exportacao, e escoada pelo Porto de Santos,
em Sao Paulo. Os entrevistados tambem relataram que essa exportacao
normalmente e realizada pelas tradings, que compram a soja com o
objetivo de exporta-la. Geralmente, essas empresas possuem um armazem no
porto, onde recebem a soja que chega do interior do pais.
De acordo com os entrevistados, durante o periodo de pico da
colheita da soja em grao no Brasil, os veiculos frequentemente enfrentam
filas para conseguir entrar nos portos, visto que os patios dos portos
sao pequenos. Alem disso, os dados evidenciaram que os principais portos
brasileiros, Santos e Paranagua, estao localizados em partes bastante
urbanizadas do pais, o que torna o acesso a esses portos ainda mais
dificil.
Depois de os veiculos terem ingressado nos patios dos portos, de
acordo com as entrevistas, ocorre o descarregamento da soja nos armazens
portuarios das tradings. Apos isso, aguarda-se a chegada do navio, para
realizar seu carregamento.
Em relacao a infraestrutura portuaria, os entrevistados tambem
relataram que muitos portos nacionais nao tem o calado adequado e
precisam de maiores e melhores bercos. Os terminais portuarios sao outra
questao relativa a infraestrutura portuaria, pois, segundo os
entrevistados, os terminais privados sao planejados de acordo com a
capacidade das proprias empresas, uma vez que, para elas, nao e
interessante construir um terminal maior para prestar servicos, em razao
do alto custo que acarreta a manutencao de um terminal particular no
Brasil. Sendo assim, em alguns casos e necessario utilizar os terminais
publicos, cujos custos sao ainda mais elevados. Alem disso, o
Entrevistado 1 tambem mencionou que, no Brasil, ha poucos terminais
privados, comparativamente a outros paises.
Portanto, em razao dos problemas de infraestrutura portuaria e
localizacao dos portos mencionados, o prazo medio de espera para
embarque da soja e de 15 dias. Tal prazo envolve a espera nas filas para
a entrada dos veiculos nos patios dos portos, o desembarque da soja nos
armazens portuarios e, por fim, o carregamento nos navios.
Durante essa espera para a exportacao, observou-se que a soja sofre
perda de 0,3% do peso bruto, considerando-se um periodo de 15 dias para
o embarque portuario. Quanto as despesas portuarias, os entrevistados
relataram que elas giram em torno de US$ 10,00/tonelada de soja.
Considerando-se a taxa do cambio de dolar dos Estados Unidos de 1,8811,
relativa ao fechamento registrado no dia 3 de outubro de 2011 (BACEN,
2011), tem-se um custo de R$ 18,81/tonelada de soja.
6.1.5. Projetos publicos de infraestrutura no Estado de Goias
Os resultados permitiram observar que ha alguns projetos que atuam
nos gargalos de infraestrutura mencionados: uma iniciativa que busca
facilitar o acesso dos produtores a mecanismos de financiamento para a
construcao de armazens proprios, o incentivo da sojicultura nas regioes
norte e nordeste do Estado, onde ja ha uma estrutura de armazenagem
ociosa, a conclusao da Ferrovia Norte-Sul e a viabilizacao da Hidrovia
do Araguaia.
No entanto, conforme foi observado, trata-se de uma serie de
projetos desintegrados, que existem ha varios anos e que ainda nao foram
finalizados. Portanto, nao ha nenhum plano estrategico integrado na
gestao logistica em Goias que busque resolver os entraves de
infraestrutura que essa cadeia enfrenta ou mesmo aprimora-la.
Ainda que existam os projetos mencionados, a fala do Entrevistado 1
a esse respeito esclarece algo relevante:
Quantas vezes voce ja ouviu que inaugurou a Ferrovia Norte-Sul? Que
dessa vez a Hidrovia do Araguaia comeca? Que Sao Simao vai ser ampliado?
Que agora as nossas rodovias sao as melhores do pais? De concreto, nao
tem nada. Porque sao obras que demandam muito dinheiro. [ ... ] Entao,
plano tem muito, mas a gente nao ve nada de concreto. Parece que, apesar
do Estado pagar 60% das contas dele com soja, ele nao ve muito sentido
em, por exemplo, melhorar a logistica. Voce nao ve, por exemplo,
investimento em pesquisa, o que seria interessante, porque Goias e
dependente de agricultura. (Entrevistado 1).
Assim sendo, observa-se certo descaso para com os projetos publicos
voltados aos problemas de infraestrutura logistica. Segundo o
Entrevistado 1, que atua no Setor de Apoio a Logistica e Gestao da
Oferta da Conab, a empresa enfrenta obstaculos em razao da precariedade
da infraestrutura logistica, e os projetos que poderiam gerar impactos
positivos na distribuicao da soja em grao em Goias nao existem ou nao
sao concretizados.
6.2. Sintese dos principais pontos relativos a estrutura logistica
da soja em Goias
6.2.1. Problemas na logistica da soja no Estado de Goias
Os resultados apontam que os principais entraves em Goias sao: a
insuficiencia de armazens no Estado, ponto mencionado por Martins et al.
(2005) na literatura; sua ma distribuicao, tendo em vista que ha
armazens ociosos em regioes onde nao ha producao significativa de soja;
a utilizacao predominante do modal rodoviario, em razao dos inumeros
entraves a utilizacao de alternativas; e, finalmente, a infraestrutura
portuaria deficiente.
6.2.2. Avancos na logistica da soja no Estado de Goias
Em relacao aos avancos observados em Goias, por sua vez, pode-se
citar a estrutura dos armazens, no que diz respeito a equipamentos e
tecnologias. Apesar de ter sido verificada uma divergencia entre os
entrevistados nesse ponto, observou-se que, para a maioria deles, a
estrutura dos armazens e adequada.
Outro ponto que pode ser considerado como um avanco no escoamento
da soja em grao em Goias e a antecipacao da atividade de processamento
de pedidos. Apesar de nao ter sido gerada em virtude de uma necessidade
logistica, mas sim pelas dificuldades de financiamento dos produtores e
pela necessidade das tradings, que precisam vender seus produtos cada
vez mais cedo, ela colaborou para reduzir o tempo de escoamento do
produto.
6.2.3. Fatores que impactam o preco final da soja
Quanto ao preco final da soja, as entrevistas evidenciaram que,
pelo fato de a soja ser uma commodity, ela e um produto que e tomador de
precos no mercado internacional. Dessa forma, os precos internacionais,
baseados na cotacao da soja na Bolsa de Valores de Chicago, sao
transferidos diretamente para as regioes produtoras. Nessa transferencia
de precos, porem, ha uma serie de descontos relacionados as despesas com
estoques, frete, despesas portuarias, entre outras.
Conforme os dados evidenciaram, apenas a atividade de processamento
de pedidos nao implica custos significativos. As demais envolvem custos
relevantes, que reduzem o preco da soja recebido pelo produtor. Na
Tabela 3 tem-se o custo de cada uma dessas atividades.
Dessa forma, os dados da Tabela 3 evidenciam o impacto
significativo que os custos logisticos exercem sobre o preco final da
soja, de aproximadamente R$ 1.100,00/tonelada (CEPEA, 2013a). Esses
custos representam, portanto, uma participacao acima de 15% no preco
final do produto.
6.2.4. Periodo de tempo envolvido na logistica da soja
Ja em relacao ao tempo envolvido na logistica da soja em graos,
tem-se, na Tabela 4 o periodo de tempo que cada uma das atividades
logisticas gera para o fluxo dessa commodity, de acordo com os
resultados obtidos.
De acordo com os dados apresentados na Tabela 4, infere-se que o
fluxo logistico da soja em grao pode se prolongar por um periodo total
de 110 dias. Desse total, o principal impacto e causado pela estocagem
da commodity. Em relacao ao transporte, os dados coletados evidenciaram
que a escolha de outro modal, em vez do rodoviario, poderia trazer
muitos beneficios para a cadeia logistica da soja, mas que a reducao do
tempo de transito nao seria um deles, uma vez que a literatura e os
resultados apontam que a mudanca de modal poderia prolongar esse
periodo. Ja em relacao ao embarque portuario, foi visto que uma melhoria
nas condicoes dos portos poderia reduzir significativamente o tempo
necessario para a movimentacao portuaria.
6.2.5. Perdas envolvidas no fluxo logistico da soja
Em relacao as perdas ocorridas na distribuicao da soja, o Quadro 2
apresenta o porcentual dessas perdas nas principais atividades
logisticas durante a distribuicao do produto.
De acordo com o Quadro 2, pode-se observar que o fluxo logistico da
soja, em sua totalidade, implica uma perda de 0,85% sobre o peso bruto
do produto movimentado. Tal perda apresenta-se significativa para a
producao e poderia ser diminuida, principalmente por meio de uma
melhoria nas condicoes de transporte e embarque portuario da commodity.
7. CONSIDERACOES FINAIS
Como o objetivo deste estudo foi descrever e avaliar as condicoes
estruturais da logistica da soja em grao no Estado de Goias, foi
possivel analisar diferentes implicacoes gerenciais para a cadeia da
soja a partir de uma analise das atividades logisticas da commodity.
Observou-se que se trata de um processo bastante fragmentado, marcado
por etapas desconexas, altos custos e perdas significativas.
Alem disso, durante a construcao do fluxo logistico da soja em grao
em Goias, alguns aspectos relevantes puderam ser observados.
Verificou-se que a atividade de estocagem da soja incorre em perdas
insignificantes e que seu custo no mercado, embora seja alto, e bastante
inferior ao custo no setor publico. Tambem foi visto que seria
importante a existencia de armazens nas fazendas, que permitiriam que os
produtores estocassem a soja, evitassem os custos decorrentes do uso de
armazens de terceiros e vendessem sua producao no momento mais rentavel.
Isso e bastante logico, porem exige novos estudos, que apresentem a
viabilidade desse tipo de medida para os produtores.
Em relacao a atividade de transportes, em que se verifica o
predominio do modal rodoviario, observou-se que uma serie de questoes
impede a utilizacao de alternativas. No caso da Ferrovia
Centro-Atlantica, por exemplo, foi visto que a concessao dessa ferrovia
a iniciativa privada configura-se como o principal entrave a sua
utilizacao, em virtude do monopolio de precos gerado e do fato de que o
concessionario nao demonstra interesse suficiente pelo transporte da
soja. Portanto, o principal problema que impede a utilizacao do modal
ferroviario para o transporte dessa commodity nao e a quantidade das
ferrovias, mas sua concessao.
Alem dessas questoes, tambem foi possivel verificar a ausencia de
planos estrategicos voltados para a infraestrutura de distribuicao da
soja em grao em Goias. Conforme foi observado, ha uma serie de projetos
desconectados que estao, em sua maioria, atrasados. Dentre eles, podem
ser citados a viabilizacao da Hidrovia do Araguaia, o termino da
Ferrovia Norte-Sul, a construcao de mais armazens e a melhoria das
rodovias.
Para pesquisas futuras, sugere-se uma investigacao aprofundada das
atividades elencadas na cadeia logistica da soja em graos, por meio de
estudos quantitativos que mensurem o custo real dessa cadeia e seus
principais gargalos. Como o objetivo deste estudo consistiu em descrever
e avaliar como esta estruturada a logistica da soja em grao no Estado de
Goias, foi tracado um panorama da cadeia logistica como um todo, sem o
exame aprofundado de qualquer das atividades. Alem disso, pode-se
sugerir uma pesquisa voltada a questao da estrutura dos armazens no
Estado de Goias, buscando verificar se eles sao modernos e adequados no
que diz respeito aos equipamentos e tecnologias, tendo em vista a
divergencia observada entre os entrevistados nesse ponto.
De modo complementar, para a realidade logistica em Goias,
sugerem-se tambem estudos referentes aos impactos da Hidrovia do
Araguaia e da Ferrovia Norte-Sul na distribuicao da soja produzida no
Estado, uma vez que, durante a realizacao da presente pesquisa,
verificou-se que tais alternativas sao tratadas como importantes avancos
para o transporte dessa commodity.
Yasmyne Petini Bonfim
Pos-Graduanda em Gestao Financeira, Controladoria e Auditoria
pela Fundacao Getulio Vargas (FGV Management)--Sao Paulo-SP, Brasil
Graduada em Administracao pela Universidade Federal de Goias (UFG)
E-mail: yasmynepetini@gmail.com
Vicente da Rocha Soares Ferreira
Professor do Curso de Administracao da Universidade Federal de
Goias (UFG)--Goiania-GO, Brasil
Doutorando em Administracao na Universidade de Brasilia (UnB)
Mestre em Administracao pela Universidade de Sao Paulo (USP)
Formado em Administracao pela Universidade Federal de Uberlandia
(UFU)
E-mail: vicenterochasf@uol.com.br
Mauro Caetano
Professor no Programa de Pos-Graduacao em Administracao e no
Programa de Pos-Graduacao em Agronegocios da Universidade Federal
de Goias (UFG)--Goiania-GO, Brasil
Doutor em Engenharia de Producao pela Escola de Engenharia de Sao
Carlos
(EESC) da Universidade de Sao Paulo (USP)
E-mail: maurocaetano 1912@gmail.com
DOI: 10.5700/rege515
Recebido em: 13/7/2012
Aprovado em: 18/10/2013
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Tabela 1--Classificacao das caracteristicas operacionais
relativas por modal de transporte
Caracteristicas Ferroviario Rodoviario Aquaviario
Operac.
Velocidade 3 2 4
Disponibilidade 2 1 4
Confiabilidade 3 2 4
Capacidade 2 3 1
Frequencia 4 2 5
Total 14 10 18
Caracteristicas Dutoviario Aereo
Operac.
Velocidade 5 1
Disponibilidade 5 3
Confiabilidade 1 5
Capacidade 5 4
Frequencia 1 3
Total 17 16
Fonte: BOWERSOX; CLOSS (2009).
Tabela 2--Custo logistico total
Processamento Estoques Transporte
de Pedidos
Custo (R$/ 0,00 40,25 135,00
tonelada)
Embarque Total
Portuario
Custo (R$/ 15,05 190,30
tonelada)
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 3--Principais custos envolvidos nas atividades
logisticas da soja em grao
Atividade Logistica Custo
Estoques R$ 29,42/tonelada, para um periodo de
90 dias.
Transporte R$ 120,00/tonelada (ate o Porto de
Santos, em Sao Paulo).
Embarque portuario R$ 18,81/tonelada
Total R$ 168,23/tonelada
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 4--Tempo do fluxo logistico da soja em grao
Atividade Periodo de Tempo
Logistica
Processamento Inexistente.
de Pedidos
Estoques 90 dias.
Transporte Cinco dias, ate o Porto de
Santos, em Sao Paulo.
Embarque 15 dias.
Portuario
Fonte: Dados da pesquisa.
Quadro 1--Relacao dos entrevistados
Instituicao Departamento Cargo do Denominacao do
entrevistado entrevistado
Companhia Setor de Apoio Tecnico em Entrevistado 1
Nacional do a Logistica e soja
Abastecimento Gestao da
(Conab) Oferta
(SEGEO),
pertencente a
Superintendencia
Regional de
Goias
Federacao da Gerencia de Assessor Entrevistado 2
Agricultura e Estudos tecnico em
Pecuaria de Tecnicos e graos
Goias (FAEG) Economicos
Agencia Gerencia de Gerente de Entrevistado 3
Goiana de Assistencia assistencia
Assistencia Tecnica e tecnica e
Tecnica, Extensao extensao
Extensao Rural rural
Rural e
Pesquisa
Agropecuaria
(EMATER)
Secretaria Superintendencia Superintendente Entrevistado 4
do Estado de de Agronegocio de agronegocio
Agricultura,
Pecuaria e
Irrigacao
(SEAGRO)
Ministerio Superintendencia Tecnico em Entrevistado 5
da de Agricultura, graos
Agricultura, Pecuaria e
Pecuaria e Abastecimento
Abastecimento de Goias (SFA)
(MAPA)
Fonte: Os autores.
Quadro 2--Perdas envolvidas no fluxo logistico da soja em graos
Atividade Logistica Perda
Processamento de pedidos Inexistente.
Estoques 0,05% sobre o peso bruto por mes estocado.
Transporte 0,5% sobre o peso bruto.
Embarque portuario 0,3% sobre o peso bruto.
Fonte: Dados da pesquisa.