Company operations redirected towards world leadership after acquisition/Efeitos da cultura corporativa no sistema de controle gerencial pos-aquisicao: um estudo de sucesso numa empresa Brasileira/Efectos de la cultura corporativa en el sistema de control administrativo posterior a la adquisicion: un estudio de suceso en una empresa brasilena.
Jordao, Ricardo Vinicius Dias ; de Souza, Antonio Artur
1. INTRODUCAO
Os processos de fusao e aquisicao (F&A) tem sido comuns no
mundo dos negocios, envolvendo cifras bilionarias em transacoes cada vez
mais expressivas. As causas disso sao as mais diversas e abrangem a
retracao dos mercados, as reformas governamentais, as mudancas
tecnologicas e o desejo de fortalecer posicoes competitivas das empresas
(TRICHES, 1996; CHILD; FAULKNER; PITKE-THLY, 2001). Nesse sentido, o
estudo das F&A e um tema que tem despertado grande interesse na
comunidade academica, sobretudo pelos altos valores pecuniarios
envolvidos, pelas controversias provocadas e pelo crescente volume e
escala em que essas transacoes tem acontecido nos ultimos anos (COSTA
JR.; MARTINS, 2008; CAMARGOS, 2008).
Do ponto de vista da economia das organizacoes, as F&A
constituem uma das formas de promover o crescimento empresarial e obter
sinergias, ao inves de faze-lo internamente. Krugman e Obstefeld (2001)
assinalam que as aquisicoes de empresas transnacionais, por exemplo, sao
um tipo relevante de investimento direto estrangeiro (IED) e uma parte
importante do movimento internacional de capitais, que envolve, alem da
transferencia de recursos de um pais a outro, a aquisicao do controle
das corporacoes. Segundo dados da United Nations Conference on Trade and
Development (UNCTAD), em nivel global, a quantidade e a frequencia das
F&A transnacionais tem contribuido substancialmente para o volume de
IED na ultima decada (UNCTAD, 2009). Os dados da UNCTAD revelam, alem
disso, que menos de 3% das operacoes de F&A transnacionais
realizadas na decada de 1990 foram classificadas oficialmente como
fusoes, sendo os processos, em sua maioria, aquisicoes (UNCTAD, 2000).
Para Camargos (2008), apesar do uso generalizado da expressao F&A
para designar os processos de fusao e aquisicao, o que se tem observado,
desde os anos 1990, e que as operacoes de fusao tem perdido espaco e ja
nao mais apresentam importancia estatisticamente significativa, sendo,
em sua maioria, verdadeiramente aquisicoes.
No caso brasileiro, as F&A se intensificaram a partir da decada
de 90, passando de 186, em 1990, para 325 em 1999. Nesse intervalo,
houve uma media anual de 278 transacoes, o que representa um crescimento
acumulado da ordem de 5,7 % ao ano, muito superior a outros indicadores
economicos (ROSSETTI, 2001). Deve-se, alias, ressaltar que as
aquisicoes, embora sejam normalmente tratadas em conjunto com as fusoes
nas discussoes e nas estatisticas publicadas, possuem caracteristicas
diferentes. As fusoes resultam de um arranjo amigavel de duas ou mais
companhias de tamanho e forca aproximadamente iguais. Por sua vez, as
aquisicoes sao operacoes em que uma empresa assume o controle de grande
parte das decisoes e insumos de outra, o que abarca uma variada gama de
processos, que vao desde as transacoes com incorporacao amigavel ate os
conflitos para a tomada do controle corporativo entre rivais. Todavia,
em contraste com o grande volume de aquisicoes que se processam
frequentemente em todo o mundo, motivadas pela esperanca de um
incremento de valor para a empresa adquirente, uma alta taxa de
insucesso dessas operacoes e verificada (CHILD et al., 2001). Segundo
Camargos (2008), a elevada complexidade de uma uniao empresarial e as
dificuldades correlatas minimizam, muitas vezes, as chances de criacao
de valor para os acionistas. Os resultados empiricos dos estudos de
Child et al. (2001) demonstram que mais de 50% das transacoes nao sao
capazes de gerar os beneficios previstos pelas adquirentes. Esses
autores postulam que os gestores deveriam voltar sua atencao para a
gestao pos-aquisicao. Esta, frequentemente, tem sido negligenciada pelos
gestores, embora seja uma das maiores causas da lacuna existente entre
os beneficios esperados e os auferidos nas aquisicoes. "A gestao
pos-aquisicao se refere ao processo adotado para conduzir mudancas nas
companhias adquiridas, ao tipo de mudancas introduzidas e as medidas
tomadas para integrar e controlar as aquisicoes" (CHILD et al.,
2001:19).
Nesse contexto, o controle pos-aquisicao pode ser entendido como um
mecanismo que facilita a gestao, por colaborar para a introducao de
mudancas nas aquisicoes, para integrar essas operacoes e para que estas
alcancem seus objetivos (CHILD et al., 2001). Por meio desse sistema, o
encontro de duas culturas diferentes, advindas da adquirente e da
adquirida, poderia acontecer de forma menos turbulenta, pois, conforme
Barros (2003:34), "as caracteristicas das empresas compradoras
tendem a interferir, mesmo que suavemente, na vida da empresa comprada
[...] pela introducao de novos metodos de trabalho e sistemas de
acompanhamento e controle adotados pelas adquirentes". O desenho do
sistema de controle gerencial (SCG) posaquisicao, por sua vez, pode ser
afetado pelas mudancas organizacionais levadas a efeito na adquirida
para facilitar a execucao dos planos e a consecucao dos resultados
almejados.
Segundo Barros, Souza e Steuer (2003), o nivel de insatisfacao das
empresas com o alcance dos objetivos das F&A, no contexto
brasileiro, foi bem menor do que o apontado em pesquisas internacionais.
Essas autoras destacaram, porem, que a falta de integracao das culturas,
dos processos e dos sistemas das empresas foi apontada como uma das
causas principais de insucesso das F&A. Referem as autoras, ainda,
que os fatores de sucesso indicados por mais de 75% do empresariado
brasileiro seriam aqueles relacionados a sistemas de controle, a gestao
de pessoas e ao processo de integracao cultural. Assim, tomando-se como
base duas das tres variaveis mais relevantes apontadas pela grande
maioria dos empresarios do Brasil, constata-se a importancia de
compreender o efeito da cultura organizacional da adquirente nas
mudancas do SCG adotado na adquirida depois do processo de aquisicao.
A pesquisa exposta neste artigo teve como objeto de estudo a
empresa Extrativa Metalquimica S.A. (EMSA), que foi adquirida pelo Grupo
FASA Participacoes (GFP). O problema da pesquisa, cujos resultados sao
apresentados neste trabalho, pode ser sintetizado no seguinte
questionamento: qual foi o efeito da cultura corporativa da adquirente
nas mudancas ocorridas no SCG da EMSA apos a aquisicao pelo GFP? Por
conseguinte, a pesquisa aqui apresentada se propos analisar quais foram
as mudancas no SCG dessa empresa e como elas se desenvolveram, em
decorrencia da nova cultura corporativa introduzida pela adquirente.
A justificativa deste estudo reside no fato de que os processos de
aquisicao frequentemente sao acompanhados de rapidas mudancas nas
funcoes organizacionais e no SCG. Tais mudancas apresentam oportunidades
consideraveis de investigacao do desenho e do uso desse sistema (JONES,
1985b). Alem disso, apesar do grande numero de transacoes aquisitivas
que se efetuam em todo o mundo, sabe-se pouco acerca dos efeitos da
cultura organizacional sobre o SCG posaquisicao (CALORI; LUBATKIN; VERY,
1994; LARSSON; LUBATKIN, 2001; CHILD et al., 2001). Assinale-se,
ademais, que a oportunidade de investigar as mudancas no SCG posteriores
a aquisicao de uma empresa e uma ideia que encontra respaldo nas
recomendacoes da pesquisa de Granlund (2003). Sugere Granlund, com
efeito, que sejam realizados estudos de caso para melhor compreender
essas mudancas, ja que este e um tema pouco explorado e de grande
relevancia cientifica.
O presente artigo esta estruturado em 5 secoes, a primeira das
quais e esta introducao. Na secao 2, descrevem-se e discutem-se os
efeitos da cultura no SCG em aquisicoes. Posteriormente, na secao 3,
explica-se a metodologia da pesquisa. Na secao 4, apresenta-se a empresa
e a analise do caso. Por fim, na secao 5, as conclusoes sao destacadas,
de acordo com os objetivos pretendidos. Arrematam o texto as referencias
bibliograficas utilizadas.
2. SISTEMA DE CONTROLE GERENCIAL E CULTURA EM AQUISICOES
O SCG pode ser visto como um mecanismo facilitador da implementacao
das estrategias corporativas e um dos principais componentes do processo
de gestao, por ser a base para a concretizacao dos planos e para o
alcance dos objetivos empresariais e de seus stakeholders. Anthony
(1965) considera o controle como um instrumento, explicito e
formalizado, que colabora para que a empresa alcance a maxima eficiencia
e eficacia, esta ultima entendida como a melhor utilizacao dos ativos
organizacionais, e aquela como a capacidade das pessoas para alcancar os
objetivos da empresa (ou seja, para obter sucesso). Segundo o referido
autor, o intuito do sistema e promover o goal congruence (congruencia de
objetivos), que consiste em fazer que os objetivos das pessoas coincidam
com os propositos empresariais. A ideia por ele defendida consiste em
estimular o comportamento individual por meio de recompensas
financeiras, sem considerar, porem, os valores das pessoas na concepcao
do SCG.
Por sua vez, Hofstede (1978) nao concorda com a divisao do trabalho
entre unidades controladas e controladoras. Como alternativa, propoe que
o SCG deve basear-se em grupos quase autonomos, direcionados ao
autocontrole, e se ajustar as diferentes necessidades empresariais, para
promover a plena realizacao destas. Esse modelo passou a valorizar (1)
os objetivos das pessoas, com possibilidade de coalizao destes com os
propositos empresariais; (2) a negociacao, como diretriz do sistema; e
(3) a correcao dos erros ao longo do processo. Hofstede (1978) argumenta
que o ajuste por feedback e feito com resultados finalizados e que os
erros cometidos produzem 'custos afundados' (sunk costs), ou
seja, que ja nao mais podem ser recuperados. A visao desse autor parte
da premissa segundo a qual a concepcao do SCG deveria se basear em
variaveis politicas, nos valores culturais, na capacidade de julgamento
das pessoas e na negociacao. Assim, um so controle poderia desdobrar-se
diversificadamente diante de cada situacao e ser mais flexivel. Segundo
essa premissa, cada empresa poderia conceber o desenho de seu SCG de
acordo com seus objetivos, valores e formas de lidar com as mudancas no
ambiente de negocios.
Talvez por isso as organizacoes tenham aumentado a utilizacao de
controles derivados da cultura organizacional, que e um dos principais
fatores responsaveis pela orientacao do comportamento das pessoas.
Diferentemente do controle burocratico, legal e racional, o controle
cultural e caracterizado por forcas internas, tais como a obrigacao
social, o vocabulario-padrao utilizado, o compartilhamento da historia
organizacional e o senso de pertencer a organizacao e compreender seu
papel nela (STEIL; SANCHES, 1998).
Pode-se dizer que as empresas sofrem influencia das diferentes
culturas existentes nos paises e regioes geograficas em que estao
instaladas (BARROS; RODRIGUES, 2001). Cultura e algo enraizado, um
codigo construido ao longo do tempo que orienta as atitudes em funcao
dos valores das pessoas (BARROS, 2003). Assim, tem-se que, por meio da
analise cultural das corporacoes, pode-se perceber o significado
simbolico de muitas acoes cotidianas ja que as atividades das pessoas,
geralmente, sao configuradas pelos valores e pelos esquemas de
significado compartilhados no interior dos diferentes grupos.
Nesse sentido, Steil e Sanches (1998) realizaram um estudo que
investiga o comprometimento organizacional como uma ferramenta de
controle, concluindo que os controles culturais sao uma forma de
internalizacao dos valores organizacionais. A premissa central defendida
era que, quando as expectativas dos individuos sao contempladas na
formulacao dos objetivos empresariais, as pessoas passam a se
autorregular, estimulando a si mesmas e os colegas a alcancar as metas
fixadas no planejamento e a obter as recompensas preestabelecidas.
Em uma visao conciliadora das ideias de Anthony (1965) e de
Hofstede (1978), Gomes e Salas (1997) entendem que o controle busca
promover o sucesso das empresas pela ampla participacao das pessoas no
processo de gestao, com o intuito de ajuda-las a atingir os objetivos
individuais e empresariais. Eles afirmam que o SCG pode ser visto, numa
perspectiva estrategica, como meio de obter vantagens competitivas e,
numa perspectiva organizacional, como algo que orienta a algo
organizacao e seus membros para atingir os objetivos da administracao.
Alem disso, esses autores explicam que, a partir dos anos 1980, surgiram
novas abordagens do SCG que propoem uma metodologia de avaliacao de
desempenho com enfoque em toda a empresa, e que complementam os
mecanismos formais de controle com mecanismos informais, para
potencializar o processo de tomada de decisao. O uso de mecanismos
formais busca promover a melhoria da produtividade das pessoas e das
operacoes, dos resultados corporativos, do volume e da qualidade dos
negocios. Os informais, por sua vez, baseiam-se na incorporacao dos
propositos das pessoas nos objetivos corporativos, visando trazer ganhos
as empresas pela interiorizacao, nos individuos, dos valores
compartilhados pela coletividade.
Embora o SCG tenha recebido refinamentos ao longo do tempo e seja
percebido, hoje, de uma forma mais ampla, foi a partir da decada de 1980
que alguns estudos comecaram a investigar mais detidamente a questao do
controle nas aquisicoes. Em seus trabalhos seminais, Jones (1985a,
1985b) investigou as relacoes estabelecidas sobre o SCG de 30 operacoes
de aquisicao, durante os anos de 1980 e 1981. No primeiro trabalho, o
autor examinou as funcoes do controle nos dois primeiros anos
posteriores a aquisicao e observou que sua importancia se ampliou, por
funcionar o controle, nesse periodo, como mecanismo de integracao,
coordenacao e monitoramento. As mudancas ocorridas no SCG adotado nas
empresas adquiridas tornaram-no mais apto a efetuar uma adequada
transmissao de informacoes da subsidiaria para a matriz. Os resultados
empiricos demonstraram que as mudancas percebidas nas diferentes
operacoes tendem a ser semelhantes, quando se referem aos estilos de
aquisicao, e a tornar-se desiguais, quando se relacionam ao tamanho das
corporacoes. O objetivo das mudancas consistiu em aumentar a eficacia do
SCG, avaliada em funcao da conformidade existente entre as empresas
adquirentes e adquiridas. A conformidade tende a surgir pela
padronizacao dos procedimentos nas duas empresas, pelo deslocamento de
poder da periferia para o centro e por mudancas nos processos
decisorios. Jones (1985a, 1985b) acredita que, no periodo posterior a
aquisicao, os gestores deveriam procurar reduzir o clima de incerteza e
as resistencias internas, promover a motivacao das pessoas e estimular a
criacao de uma atmosfera mais produtiva na operacao. De modo geral, a
matriz tem o papel de contribuir nesse sentido quando da concepcao do
novo SCG sobre suas aquisicoes, por ser normalmente inadequado encarar o
novo sistema implantado numa nova aquisicao como uma extensao mecanica
da forma de controle existente na adquirente.
Jones (1985b), continuando a analise supracitada (1985a), observou
que as preferencias dos individuos dominantes exercem forte influencia
sobre as praticas gerenciais adotadas nas aquisicoes. Ele percebeu que o
desenho do novo SCG deveria colaborar para congregar as necessidades e
as expectativas desses individuos, a fim de minimizar conflitos com a
empresa. A principal evidencia empirica encontrada por esse autor foi
que existe uma tendencia de assimilacao e adaptacao das corporacoes
adquiridas as determinacoes das adquirentes. O que foi constatado, na
maioria dos casos, e que as empresas compradoras decidem qual SCG devera
ser utilizado em cada operacao e como sera utilizado. As conclusoes da
analise mostram que, alem de determinar o tipo das mudancas, as matrizes
tendem a decidir o nivel e a forma em que elas ocorrem. Alem disso,
observou-se que as transformacoes no SCG das empresas adquirentes tendem
a ser minimas, ao passo que nas adquiridas elas tendem a ser extensivas
e profundas.
O controle sobre uma nova aquisicao e apontado como recurso-chave
por Calori et al. (1994), que investigaram a influencia da cultura
nacional nos mecanismos de integracao e de controle das aquisicoes
transnacionais. Em um estudo empirico desenvolvido sobre 75 transacoes
aquisitivas ocorridas na Franca e no Reino Unido, esses autores
observaram que o modelo de controle exercido e fortemente influenciado
pela heranca administrativa do pais de origem. O grau e o tipo de
controle adotado variam em funcao do tamanho da subsidiaria em relacao a
matriz, do grau de interdependencia dos seus recursos, do nivel de
mudancas no ambiente, do setor industrial da empresa e das estrategias
adotadas pela matriz e por suas subsidiarias. Calori et al. (1994:2)
observaram que "os mecanismos de controle (formais e informais) sao
o coracao do relacionamento entre a firma adquirente e adquirida",
e concluiram que, quando sao utilizados em conjunto, os controles
formais e informais podem promover melhorias no desempenho das
aquisicoes.
Gomes et al. (2000) investigaram o SCG utilizado pela White Martins
S.A. apos ter sido adquirida pela Praxair Inc., em 1993. Eles observaram
que o SCG da adquirida foi modificado, para se adequar a uma diretriz
estrategica global. Esses autores acreditam que, apos a aquisicao de uma
empresa local por uma corporacao globalizada, ha uma mudanca radical no
SCG da adquirida, de acordo com a diretriz estrategica mundial. Gomes et
al. (2000) postulam que o estabelecimento do controle sobre o elemento
humano e sobre o conhecimento seria um dos meios de facilitar o sucesso
dessas aquisicoes. Eles concluiram que as empresas globalizadas deveriam
utilizar uma selecao das chamadas best practices existentes em suas
subsidiarias e um SCG adequado para cada unidade, a fim de facilitar a
consecucao de suas estrategias e para alavancar vantagens competitivas
em todos os paises em que operam.
No estudo de Larsson e Lubatkin (2001), desenvolvido sobre uma
amostra selecionada de 50 casos de aquisicao ocorridos entre 1959 e
1988, investigou-se o alcance da integracao cultural em transacoes de
F&A. Observou-se, empiricamente, que a habilidade dos executivos
principais (Chief Executive Officers--CEOs) em promover a aculturacao e
uma questao tao importante para o sucesso dessas transacoes quanto
fatores estrategicos e financeiros. A aculturacao nessas transacoes
consiste em um esforco cooperativo para integrar as culturas
organizacionais. Essa integracao depende da forma como o processo e
gerenciado pelos compradores e pode ser facilitada pelo envolvimento das
pessoas e pelo uso de sistemas de controle sociais ao lado de acoes
formais que busquem aumentar o grau de integracao cultural e ativar os
beneficios potenciais da mescla cultural.
Verificou-se que o encontro das culturas normalmente afeta o SCG
adotado nas aquisicoes e e influenciado pelo modelo de integracao e pela
maneira de conduzir a gestao das pessoas. Barros (2001) aponta tres
possibilidades de integracao cultural: (i) a assimilacao
cultural--caracterizada pela existencia de uma cultura dominante e por
um alto grau de mudanca na empresa adquirida e baixo na adquirente; (ii)
a mescla cultural--que consiste na coexistencia de duas culturas sem a
predominancia de nenhuma delas, havendo moderado grau de mudanca para
ambas as empresas; e (iii) a pluralidade cultural--percebida como uma
maneira de integracao das culturas, sem grandes mudancas ou influencia
significativa da cultura da matriz em sua nova subsidiaria.
Por sua vez, Granlund (2003) examinou o desenvolvimento de SCG na
uniao de duas companhias de igual tamanho, mas de diferentes culturas e
controles. Observou que o sistema estabelecido na subsidiaria e afetado
pela demora na sua integracao a matriz, pelas resistencias a mudanca e
pela falta de envolvimento das pessoas. Adicionalmente, o autor percebeu
que as ambiguidades dos objetivos das companhias adquirentes e
adquiridas, as diferencas culturais, as relacoes de poder existentes e
os interesses das coalizoes dominantes tambem podem afetar a
implementacao do novo SCG. Em conclusao, afirma Granlund que o SCG que
prevaleceu, depois da uniao, derivou da conjugacao de praticas
gerenciais das duas companhias e de uma efetiva mescla cultural.
Em sintese, ao se analisar o controle no contexto das aquisicoes ao
longo do tempo sob diferentes perspectivas, constatou-se que os estudos
realizados usualmente: (a) relacionaram a dificuldade de estabelecimento
de um SCG adequado como causa de insucesso das aquisicoes; (b) apontaram
esse sistema como uma condicao primordial para que a transacao seja
bem-sucedida e para que os objetivos possam ser alcancados; (c)
demonstraram que a mudanca provocada na orientacao estrategica da
empresa adquirida e um processo que deveria ser feito de maneira
planejada e cuidadosa, para permitir que a integracao seja bem-sucedida;
e (d) destacaram que, por melhor que seja o planejamento da aquisicao, e
na etapa de integracao cultural, depois da uniao, que surgem os maiores
desafios gerenciais. Mediante a analise das diferentes perspectivas,
pode-se observar que o SCG normalmente facilita a coordenacao
estrategica entre a matriz e suas subsidiarias, melhora a qualidade da
gestao pos-aquisicao e sofre influencias da cultura organizacional,
tanto da adquirente quanto da adquirida.
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
A pesquisa descrita neste trabalho consiste em um estudo de caso de
natureza qualitativa e de abordagem explanatoria (COOPER; SCHINDLER,
2006; GEORGE; BENNETT, 2005). No tocante a analise do SCG, tem-se
sugerido que esse metodo e suficientemente sensivel para captar e
analisar a complexidade inerente a esse sistema (GOMES et al., 2000). De
maneira mais enfatica, contudo, Granlund (2003) defende que o estudo de
caso de natureza qualitativa e o metodo mais adequado para entender as
mudancas ocorridas no SCG derivadas do complexo processo de aquisicao
empresarial.
Segundo Cooper e Schindler (2006), os estudos explanatorios buscam
investigar um problema em uma area de investigacao pouco explorada e,
por meio de inferencias, as relacoes observadas entre os fenomenos
pesquisados. No que tange aos estudos que empregam uma metodologia
qualitativa, Richardson (1999) explica que eles podem descrever a
complexidade de um determinado problema e analisar a interacao entre as
variaveis pesquisadas. Tais estudos possibilitam uma maior riqueza de
detalhes nos resultados e uma compreensao de seu significado social. Ja
a preferencia pelo metodo de estudo de caso para analisar o SCG em uma
empresa esta alicercada nas recomendacoes de Granlund (2003:225), que,
de forma explicita, sublinha "o fato de que toda aquisicao e um
caso especial com muitos recursos contextualmente divergentes",
merecendo por isso ser investigada, em profundidade, por meio de um
estudo de caso.
Um estudo de caso refere-se a uma analise intensiva de uma situacao
particular e a uma investigacao dos fenomenos ocorridos sem
interferencia significativa do pesquisador (YIN, 1984). Pode-se dizer
que e um estudo de campo com o objetivo de investigar a relacao entre o
fenomeno e o seu contexto, tal como proposto na pesquisa destacada neste
artigo. O criterio utilizado para a selecao do caso foi a possibilidade
de acesso as informacoes, considerada por Nilsson (2002) e Granlund
(2003) como uma das maiores dificuldades na realizacao desse tipo de
pesquisa.
Dentre as varias fontes de evidencia utilizaveis em um estudo de
caso de natureza qualitativa, priorizou-se, como fonte primaria, a
realizacao de entrevistas pessoais, em profundidade, apoiadas em um
roteiro de entrevista (EISENHARDT, 1989). Tal roteiro e composto de 23
questoes e baseia-se em variaveis extraidas da literatura, relativas a
resultados empiricos de estudos anteriores concernentes ao efeito da
cultura nas mudancas do SCG. A escolha dos entrevistados contemplou
pessoas de diferentes cargos e niveis, desde o CEO do GFP, passando por
diretores, gestores, analistas de negocio e consultores, ate os
empregados de nivel tecnico e os vinculados a operacao. Foram realizadas
entrevistas com as pessoas responsaveis pelo SCG da empresa e com as
pessoas que vivenciaram as mudancas decorrentes da aquisicao, por terem
trabalhado na adquirida antes e depois desse processo. Portanto, a
selecao das pessoas foi feita pela capacidade informativa que detem, ou
seja, por tipicidade. No total, entre dezembro de 2008 e abril de 2009,
foram realizadas 34 entrevistas, com duracao aproximada de 20 minutos
cada, totalizando um pouco mais de 11 horas de gravacao.
A analise dos dados da pesquisa foi realizada pelo metodo de
analise de conteudo. Segundo Bardin (2004), a analise de conteudo
consiste em um conjunto de tecnicas usadas para investigar o conteudo
das mensagens das comunicacoes linguisticas. Tal analise auxilia a
realizacao de ligacoes entre a situacao analisada e as manifestacoes da
superficie discursiva, por meio de operacoes de desmembramento e
classificacao semanticas, sintaticas e logicas.
De forma a aumentar a validade interna do estudo, procurou-se
agregar informacoes coletadas em outras fontes de evidencia. Esse
processo e conhecido como triangulacao (JICK, 1979). Assim, sempre que
possivel, as informacoes advindas de uma fonte foram confrontadas com as
de outras, para que fossem confirmadas e avaliadas. Saliente-se que, no
presente trabalho, esse procedimento iniciou-se com as proprias
entrevistas, pois foram ouvidas diferentes pessoas sobre um mesmo
topico. Paralelamente, foram realizadas visitas a fabrica e ao
escritorio da empresa para que se pudessem, de maneira mais detalhada,
apreender as especificidades de seus negocios (observacao nao
participante). Em um momento posterior, a triangulacao envolveu a
analise de folhetos informativos, de informacoes constantes em web
pages, no site da empresa (www.extrativa.com.br), de manuais de
procedimentos, qualidade e politicas corporativas, de alguns documentos
da empresa anterior e de noticias sobre a aquisicao publicadas nos
periodicos da epoca (analise documental). Por motivo de parcimonia, os
resultados da triangulacao foram expostos ao longo do texto, de modo que
as novas informacoes vao corroborando ou refutando as anteriores.
Analisaram-se tambem as noticias publicadas no jornal interno da
empresa, as tabelas de indicadores dos ultimos tres anos e as
informacoes obtidas em conversas informais (entrevistas nao estruturadas
e extraentrevistas), alem das extraidas de contatos posteriores as
entrevistas, entabulados com o proposito de complementar dados e de
esclarecer as duvidas remanescentes.
4. APRESENTACAO DO CASO E ANALISE DO EFEITO DA CULTURA CORPORATIVA
NAS MUDANCAS DO SCG
A EMSA, conhecida como Grafite do Brasil, e uma empresa brasileira,
do GFP, que concentra suas atividades na mineracao e no beneficiamento
de grafite natural cristalino de alta qualidade. A planta industrial da
EMSA esta situada ao sul do Estado da Bahia, no municipio de
Maiquinique, onde a empresa beneficia minerio, gerando diversos tipos de
grafite com teor de carbono de ate 99,97%, utilizados na industria
siderurgica, na automotiva, em fundicoes, como lubrificante e para
producao de refratarios, baterias, tintas, lapis, vernizes, borrachas e
produtos quimicos (EXTRATIVA METAL QUIMICA, 2008).
A empresa teve inicio com a aquisicao da Mamore Mineracao e
Metalurgia Ltda. (MMM) pelo GFP, em 2002 (DNPM, 2003). O GFP e um
empreendimento de capital nacional que esta presente, hoje, em diversos
setores da economia (GFP, 2009). Esse grupo promove investimentos na
prospeccao, na pesquisa e no desenvolvimento de novos produtos para
ampliar a capacidade de producao e para apresentar solucoes inovadoras
aos seus clientes.
Segundo relatos de antigos colaboradores, a cultura de controle do
Grupo Paranapanema, antes da aquisicao, nao se aplicava ao
acompanhamento e controle consistente das atividades da MMM, pois o
grupo nao acreditava muito no potencial de crescimento da empresa.
Adicionalmente, os relatos indicam que ocorreram falhas tecnicas e
gerenciais que culminaram no fracasso da empresa. Na visao do engenheiro
responsavel pela supervisao de operacoes (mineracao, almoxarifado e
manutencao industrial), a forma de mineracao desenvolvida pela MMM
acabou por "estrangular" a mina, por gerar excesso de
retrabalho e por tornar quase inviavel o processo de mineracao, em
virtude do sucessivo aumento de custos desse processo.
A diretora administrativo-financeira do GFP, que tambem e
responsavel pela area de controladoria da empresa, relata que o SCG da
epoca da MMM era bastante confuso e rudimentar. Ela lembra que "os
relatorios a que teve acesso na epoca da aquisicao indicaram que o SCG
anterior era muito precario, pois nao havia quase nenhum tipo de
informacao e nao havia nenhum balancete ou balanco patrimonial segregado
so com informacoes da empresa a ser adquirida". A diretora
administrativo-financeira disse, tambem, que as mudancas realizadas
depois da aquisicao foram extensivas e profundas. Na parte contabil,
criou-se uma nova entidade e, do ponto de vista financeiro, buscou-se
estabelecer estrategias que permitissem que a empresa se tornasse
sustentavel ao longo do tempo. Ela explica que a postura e o
envolvimento do CEO do GFP foram decisivos no sucesso do negocio, que
passou a ser estreitamente acompanhado, circunstancia que corrobora o
ponto de vista de Nilsson (2002) e de Larsson e Lubatkin (2001).
As mudancas no SCG aconteceram de maneira gradual e descontinua. A
nova cultura trazida pela direcao do GFP preconizava um maior controle
sobre as operacoes e sobre as financas corporativas, contabilidade e
dispendios de capital --programa implementado logo depois da aquisicao.
Assim, os resultados empiricos verificados por Jones (1985a, 1985b) e
por Child et al. (2001) foram parcialmente confirmados, pois se percebeu
que, logo depois da aquisicao, houve uma centralizacao dos controles
contabeis, fiscais, tributarios, juridicos, de pessoal, sobre as
operacoes de comercio exterior, as vendas e as compras na Matriz.
A diretora administrativo-financeira explica que, no inicio das
operacoes da EMSA, o SCG utilizado ainda era bastante simples. O sistema
foi se sofisticando ao longo do tempo, para permitir que a empresa
acompanhasse as exigencias do mercado. A diretora recorda que, "na
medida em que os clientes foram exigindo que a empresa fosse certificada
e que se comecou a ter um controle efetivo [...] porque foram
estabelecidas normas e procedimentos para cada departamento". De
acordo com a mesma diretora, o desenho do SCG atual se iniciou com as
ideias trazidas pelo auditor de qualidade, que determinou que todas as
atividades fossem controladas por meio de planilhas e que cada segmento
fosse monitorado pelo SCG. Durante o processo de integracao das
atividades da adquirida e da adquirente, percebeu ela, juntamente com o
CEO do GFP, "que os funcionarios, quando ja tem as normas e
procedimentos predeterminados, trabalham mais focados".
Essa diretora pensa que as mudancas existentes
nesse processo sao naturais e lembra que, no
inicio das atividades, o CEO do GFP nao se
importava muito com o SCG. O que era
relevante para ele era aumentar a produtividade
e as vendas. Ao longo do tempo, porem, a
cultura de controle foi se modificando e a
qualidade total mudou o jeito de ser da EMSA.
Aquilo que surgiu de uma exigencia dos clientes
foi se transformando e acabou se incorporando
ao jeito de ser da empresa. Nos dias de hoje, os
gestores utilizam o SCG para administrar a
empresa e para ajuda-la a melhorar, a perceber
seus erros e a nao comete-los novamente.
A diferenca cultural expressa na forma de gerenciar dos dois grupos
controladores manifestou-se em diversas areas da empresa, em especial na
producao. O lider de producao do turno da noite, por exemplo, lembra
que, na epoca da MMM, havia menos controles e relatorios para
acompanhamento. Ele diz que nao se acompanhava todo o processo, como
acontece na atualidade, e que ocorria muito desperdicio. Alem disso,
afirma que, muitas vezes, eram realizados investimentos de maneira
inadequada, que se gastava muito sem objetividade e que os projetos nao
eram bem elaborados. Esse lider relata que, nos dias de hoje, ha mais
controles operacionais, de custos, sobre resultados, e que o SCG e
orientado para o aumento da lucratividade.
Da triangulacao de informacoes entre a direcao e a operacao
extraiu-se a opiniao consensual de que na EMSA a nova cultura de
controle, que foi se solidificando depois da aquisicao, e orientada para
o alcance de resultados vinculados a um processo de melhoria continua. A
direcao tem um papel fundamental na implementacao e na solidificacao
dessa cultura, alem de buscar definir estrategias condizentes com suas
capacidades corporativas fundamentais, na tentativa de aproveitar as
oportunidades que o ambiente apresenta. A esse respeito, o CEO do GFP
explicou que, do ponto de vista estrategico, "a perspectiva tracada
para o primeiro momento posaquisicao era a de realizar esforcos e
investimentos para fazer com que a adquirida nao desse prejuizo. Em um
segundo momento, a estrategia tracada consistia em tornar o negocio
lucrativo e promover um aumento de producao e de vendas". Para o
medio e o longo prazo, todavia, buscou-se tracar estrategias e realizar
investimentos para tentar tornar a empresa um negocio cada vez mais
autossustentavel, prospero e promissor. O resultado dessa visao e de uma
serie de esforcos empreendidos pelas pessoas envolvidas no negocio, da
presidencia a operacao, ja fez da EMSA a segunda maior produtora mundial
de grafite em um espaco de tempo de pouco mais de sete anos, desde a
aquisicao.
O envolvimento e a visao do principal executivo, associados a
investimentos, capacitacao dos funcionarios e claras politicas de
incentivos, despertaram nas pessoas a sensacao de uma forte lideranca -
que estimulou o comprometimento das mesmas com o alcance dos resultados
almejados, em consonancia com o pensamento de Hofstede (1978) e de Steil
e Sanches (1998). Assim, efetivou-se uma serie de mudancas no SCG para
facilitar a implementacao da estrategia corporativa e incentivar a
empresa a atingir seus objetivos de curto e de longo prazo. O gerente
geral relata que, "dentre as mudancas observadas depois da
aquisicao, essa visao, trazida pelo CEO do GFP, e a que teve maiores
implicacoes e maior significado pratico, pois ele investe no ponto
certo, buscando alavancar melhorias no desempenho operacional,
financeiro e gerencial". O objetivo dessas mudancas decorrentes da
nova cultura corporativa foi facilitar o acompanhamento da operacao em
todas as suas fases.
A cultura de controle implementada, em grande parte, pelo CEO do
GFP incentiva as pessoas a se sentirem integradas. A maioria das grandes
decisoes e centralizada, mas "o gerenciamento da rotina do dia a
dia da empresa e feito atraves de reunioes entre os lideres dos diversos
setores, que discutem quaisquer problemas que possam ter ocorrido"
(EXTRATIVA METAL QUIMICA, 2008:7). Essas reunioes tambem servem para que
os lideres proponham programas de melhoria, acordem as melhores solucoes
e balizem o processo de melhoria continua do SCG da EMSA. Segundo a
gerente administrativa, esse processo e hoje uma constante na empresa,
nas questoes voltadas as operacoes e as pessoas. Ela relata que, na
atualidade, os lideres sao avaliados pelos pares em um processo de busca
de desenvolvimento de competencias e capacidades. Explica ainda que,
depois da aquisicao, o nivel de cobranca dos superiores aumentou, mas
que as pessoas se ajudam mais e que a direcao oferece um suporte para
que elas possam se aperfeicoar, melhorando sua produtividade.
No momento da realizacao da pesquisa, a triangulacao efetuada entre
os documentos e os depoimentos permitiu observar que uma das formas que
a direcao da EMSA encontrou para estimular as pessoas reside numa funcao
classica do SCG, que consiste no sistema de punicoes e recompensas
estabelecido na empresa. Um exemplo disso e que os colaboradores
receberam, como reconhecimento pelo recorde de producao, uma premiacao
em dinheiro e uma festa de confraternizacao, que reforcou a integracao
das pessoas, fato corroborativo, alias, do pensamento de Barros (2003).
Esta autora destaca a importancia de celebrar as pequenas vitorias para
estimular as pessoas e para fortalecer os vinculos pelos quais se exerce
o controle cultural.
Ao longo do tempo, a adquirente modificou as praticas gerenciais e
o SCG da adquirida e promoveu, por meio de diferentes mecanismos, um
processo de integracao das funcoes organizacionais, das pessoas e das
atividades da EMSA e de sua matriz. O SCG foi importante nesse processo,
por facilitar a transmissao de informacoes, por melhorar a qualidade da
comunicacao, por fornecer os parametros para a avaliacao e mensuracao do
desempenho, por promover a integracao da estrutura organizacional, por
facilitar o processo de implementacao estrategica e, principalmente, por
colaborar para o encontro e a mescla cultural.
Em sintonia com o pensamento de Jones (1985a), portanto,
observou-se que a importancia do SCG, nesta aquisicao, veio de sua
aptidao para facilitar a integracao organizacional, para motivar as
pessoas, para auxiliar os processos decisorios e prover a mensuracao do
desempenho. No caso estudado, percebeu-se, tambem, que o SCG adotado na
adquirida foi util para o acompanhamento e a melhoria das operacoes e
para o alcance dos resultados almejados pela transacao.
Os aspectos culturais e a gestao de pessoas, aliados a maneira de
exercicio do controle, tiveram uma importancia significativa no alcance
dos resultados depois da compra, fato que confirma as conclusoes de
Child et al. (2001), Larsson e Lubatkin (2001) e Barros (2003). A
diretoria utilizou uma politica de incentivos, associada a investimentos
e a um maior nivel de cobranca, para alcancar tais resultados. Foram
estabelecidos objetivos claros, metas com prazos definidos, a par de um
sistema de recompensas e punicoes bem delineado, para fortalecer a nova
cultura de controle implementada na adquirida. O SCG passou a facilitar
a mensuracao do desempenho e a identificacao dos problemas, alem de
promover uma maior comunicacao entre os diversos niveis hierarquicos.
Contudo, a triangulacao interna realizada entre diferentes
colaboradores evidenciou que alguns relatos informais e o depoimento de
um funcionario do departamento comercial indicaram que a direcao atual,
em algumas ocasioes, nao deu aos funcionarios a importancia que deveria
ser dada. Esse funcionario referiu que algumas vezes os premios
prometidos nao foram pagos integralmente e que o estilo gerencial da
direcao acabou inibindo algumas boas ideias, desvalorizando o esforco
dos colaboradores. Outras pessoas disseram que se sentem pouco
valorizadas, o que parece afetar a eficacia do controle cultural. Alguns
relatos informais indicaram tambem que a forma adotada pela direcao para
promover o aumento de producao foi a desses incentivos e que, uma vez
alcancados os resultados, o interesse em recompensar os colaboradores se
esvaiu, o que prejudicou o processo de aculturacao. Segundo Larsson e
Lubatkin (2001), a aculturacao nas aquisicoes consiste em um processo
cooperativo para integrar as culturas organizacionais. Como essa
integracao depende da forma pela qual o processo e gerenciado pelos
compradores, do envolvimento das pessoas e do uso de mecanismos de
controle formais e informais para ativar os beneficios potenciais da
mescla cultural, a confianca das pessoas pode ter sido abalada pela
atitude da adquirente.
Segundo Calori et al. (1994) e Larsson e Lubatkin (2001), o uso de
mecanismos formais e informais de controle e complementar na promocao da
aculturacao, podendo reduzir as rupturas no processo de integracao,
fazendo-o transcorrer de maneira mais harmonica. Isso seria possivel, em
parte, porque esses mecanismos ajudariam a introduzir a cultura de
controle da adquirente na adquirida e a promover a integracao das
funcoes organizacionais. Nesse sentido, a triangulacao mostrou que a
direcao da adquirente se esforcou para que essa integracao nao fosse
abalada e para que as pessoas continuassem motivadas; no entanto o
resultado da ultima auditoria da qualidade, realizada em marco de 2009,
apontou 10 nao conformidades provenientes de falhas que, em grande
parte, poderiam ter sido evitadas. Alguns relatos indicaram que as
pessoas nao se prepararam adequadamente para receber o auditor e nao
agiram de forma preventiva para detectar e eliminar os problemas antes
que fossem apontados em uma auditoria--evidenciando tambem certa
desmotivacao e ressentimento, decorrentes de nao terem sido pagos alguns
bonus. Outros relatos, em contrapartida, indicaram que essa questao
estava sendo resolvida e que o nao pagamento de parte do valor prometido
ocorreu em razao da forma pela qual os resultados foram atingidos, sem
preocupacao com o padrao de qualidade da empresa--o que gerou
reclamacoes de clientes e retrabalho. Desse modo, percebeu-se que o
impacto negativo da falha da direcao no uso de alguns mecanismos formais
de controle caracteristicos do SCG--como o sistema de premiacoes e
recompensas--acabou, na pratica, sendo minimizado.
Durante a realizacao da pesquisa, a analise documental e do
microambiente organizacional permitiu observar que a certificacao da
qualidade total ocorrida em marco de 2006 (IGB, 2008) foi um marco na
reconfiguracao das politicas da EMSA, afetando, significativamente, a
cultura de controle existente hoje na empresa. A nova cultura de
controle contempla a identificacao dos membros da empresa com os valores
e os objetivos corporativos por meio de uma organizacao, mais apurada,
de uma integracao mais perfeita entre as areas e funcoes
organizacionais, de uma maior aproximacao entre os colaboradores e os
lideres e, ainda, de uma definicao clara dos resultados esperados. Tal
cultura foi afetada pela reestruturacao provocada pela aquisicao, pela
mudanca na postura gerencial, pelas transformacoes no processo
produtivo, pelo mapeamento das operacoes e, tambem, pelo envolvimento
das pessoas com os objetivos definidos. A implementacao do Programa de
Qualidade (PQ) foi precedida por um longo trabalho de uma consultoria
especializada, que contou com a participacao de pessoas advindas desde a
operacao ate a presidencia. A contratacao de consultorias ajudou a
empresa a se organizar e a atingir os resultados esperados de forma mais
rapida, provando-se, assim, sua relevancia no alcance dos objetivos
visados pela aquisicao, como apontado por Jones (1985 a, 1985b). A
consultora responsavel pela implantacao do PQ relata que o
comprometimento das pessoas dos niveis estrategico, tatico e operacional
foi fundamental no sucesso da transacao, especialmente da diretoria,
fato que tambem corrobora os achados de Jones (1985a, 1985b).
Na pesquisa desenvolvida, observou-se que os incentivos oferecidos
pela empresa reforcaram a integracao e uso de mecanismos informais de
controle, em consonancia com os achados de Jones (1985a)--que constatou
que o SCG nao e puramente mecanico, por influenciar e ser influenciado
pelo comportamento humano, razao pela qual e preciso analisa-lo no
ambiente em que ele esta inserido--e de Larsson e Lubatkin (2001) --que
verificaram que, nas aquisicoes, os controles culturais incluem os
esforcos de integracao, os sistemas de comunicacao informais e as
forcastarefas organizadas para promover a cooperacao. Nesse sentido,
verificou-se que a direcao utiliza todas essas formas de exercicio do
controle cultural, e em especial o sistema de comunicacao informal, para
controlar o comportamento das pessoas e para monitorar o desenvolvimento
das atividades e dos processos. Os resultados observados ainda sao
ratificados pelos de Calori et al. (1994), que verificaram que os
mecanismos formais e informais de controle sao a base e o principal meio
de relacionamento, de integracao e de assimilacao cultural entre a
adquirente e a adquirida.
A pesquisa permitiu tambem observar que algumas mudancas ja foram
consolidadas, ao passo que outras ainda estao em processo, para promover
maior integracao organizacional e para proporcionar maior agilidade na
tomada de decisoes, como a implantacao de um sistema de informacoes
denominado "Regente"--que sera usado para auxiliar no controle
da empresa, para permitir um melhor acompanhamento do desempenho
financeiro e dos processos e para ajudar a solidificar a nova cultura de
controle que esta sendo introduzida, alem de permitir que as pessoas
aprendam com o novo sistema e criem o habito de usa-lo. Assim, quando
for feita uma migracao para um sistema mais adequado, as pessoas ja
poderao ter certo know-how para operalo e algum conhecimento de seu
funcionamento e de suas deficiencias, o que pode ajudar na escolha e na
implementacao do proximo sistema.
Assim, observa-se que, atualmente, o SCG da EMSA se baseia nos
tradicionais indicadores de controle, mas os complementa com outros
orientados para os fatores ambientais e estrategicos e para a satisfacao
dos stakeholders, em sintonia com o pensamento de Gomes e Salas (1997).
Os resultados observados indicaram que, de modo similar ao encontrado
por Gomes et al. (2000), o novo SCG utilizado pela adquirida busca
mensurar nao somente indicadores economicos, financeiros e de
produtividade, mas ainda a satisfacao dos clientes e dos funcionarios, o
alcance de indicadores de eficiencia e de qualidade, o desempenho dos
colaboradores e das familias de produtos, alem das questoes relativas ao
clima organizacional, a gestao de pessoas, a manutencao e a melhoria da
posicao competitiva da empresa.
De forma a aumentar a validade interna do estudo, vincularam-se as
informacoes coletadas nas entrevistas intergrupos e intragrupos com a
analise documental, as visitas a fabrica e ao escritorio da empresa,
onde foram constatados dois fatores que permitiram que a adquirente
exercesse o controle cultural sobre as pessoas da adquirida: a
consciencia que tem as pessoas de seu papel na empresa e a relevancia da
EMSA na vida economica da regiao. Exemplos do exercicio do controle
cultural no aumento do comprometimento, na mudanca de postura dos
funcionarios e no estimulo ao autocontrole--que pode ser considerado
como uma evolucao da forma de exercicio do controle cultural--foram
observados no relato do grupo de colaboradores, que afirmaram que o
atual SCG possibilita que as pessoas saibam "o que esta acontecendo
no dia a dia da empresa e permite que todos visualizem, por meio de
graficos, o que foi produzido, como foi produzido e quais os motivos das
paradas". O lider de producao da tarde, por exemplo, explica que,
embora o SCG ainda necessite de melhorias, a EMSA tem o controle das
atividades e dos processos. O lider de producao do turno da noite lembra
que, em comparacao com a situacao anterior (MMM), as coisas agora sao
mais organizadas, que ele nunca teve acesso a esse tipo de informacoes e
que, naquela epoca, nao ficou jamais sabendo de controles como os que
existem atualmente. Esse lider relata que o SCG atual nao e para uso
exclusivo da diretoria ou dos gerentes, mas de todos os funcionarios,
que passaram a ter conhecimento e interesse em 'tudo que se passa
na fabrica'. Afirma ainda que, ao lado do refeitorio, ha um quadro
que apresenta a producao diaria e a meta de cada um, por dia. Esse lider
lembra que ja houve casos de colegas de trabalho de outras areas que, ao
acompanharem os numeros diarios dos relatorios dos quadros de aviso,
vieram interrogalo sobre o que estava acontecendo em sua area, pois
perceberam que algo havia impactado negativamente a producao.
Da analise dos depoimentos intragrupos inferiu-se que a direcao
fica muito satisfeita com a postura dos colaboradores e demais lideres e
que estes tem uma profunda identificacao com o corpo diretivo, que
estimula as pessoas a se autocontrolarem. O lider de producao do turno
da noite recorda que "esse controle realizado pelos colegas e muito
bom, porque as pessoas sentem que ha uma preocupacao dos demais membros
da empresa, mesmo que de outros setores e areas, com aquilo que se passa
nos demais centros de responsabilidade". Esse tipo de afirmativa
ajuda a confirmar a premissa de Anthony e Govindarajan (2003), que
destacam que o controle nas empresas nao ocorre primordialmente em
consequencia de acoes externas, das instrucoes especificas dos
superiores, mas sim dos proprios julgamentos dos funcionarios, que lhes
indicam as acoes mais apropriadas. Complementando, o lider de producao
do turno da noite recorda que, na epoca da MMM, nao havia esse tipo de
controle, nem tinham as pessoas preocupacao com o bem-estar das demais e
com o andamento dos processos e das atividades, mas sim com o
cumprimento do horario de trabalho.
Constatou-se que a existencia desse autocontrole foi possivel
tambem em consequencia: (a) de a EMSA ser uma das maiores empregadoras
da regiao; (b) da valorizacao e do reconhecimento que os empregados
sentem; (c) do status local alcancado por trabalharem na empresa; (d)
dos desafios a que sao expostos e da satisfacao que sentem em
supera-los; (e) das perspectivas de futuro que vislumbram na empresa;
(f) de as coalizoes dominantes terem sido integradas no sistema de
gestao da empresa; e (g) do fato de a adquirida ser hoje considerada uma
empresa de sucesso (aspecto considerado o mais importante por todos os
grupos entrevistados). Nesse sentido, observou-se que as pessoas que la
trabalham sentem orgulho de pertencer a uma empresa tida como vitoriosa
e se sentem responsaveis, de um modo especial, por isso. Em unissono, as
pessoas que trabalharam na empresa antes da aquisicao relataram que se
sentem felizes por ver a empresa crescendo, atualmente, depois de ter
sido fechada duas vezes, no passado. Elas acreditam que, em virtude da
mudanca que se verificou no estilo gerencial da EMSA, agora podem
mostrar e desenvolver seu potencial, por serem constantemente
estimuladas a opinar e a oferecer parte de seus conhecimentos e
experiencias a busca de um desafio que se tornou uma marca da empresa: a
melhoria continua.
5. CONCLUSOES
Ao lado da relevancia alcancada pelo estudo sobre F&A,
observa-se que grande parte dessas transacoes nao e bem-sucedida, que as
condicoes preexistentes quase nao podem explicar o desempenho posterior
a uniao e que a gestao pos-aquisicao colabora para o sucesso de tais
transacoes, na logica da geracao de valor. Um dos desafios empresariais
com que se defronta a gestao pos-aquisicao, por sua vez, consiste na
capacidade dos executivos de implementar o SCG e as medidas necessarias
para assegurar, dentro do possivel, que os objetivos da aquisicao sejam
atingidos e que o choque cultural entre a adquirente e a adquirida seja
minimizado. Nesse sentido, o SCG deveria ser um processo permanente,
executado em todos os niveis, funcoes, projetos e atividades
organizacionais, com o proposito de promover a congruencia dos objetivos
pessoais e empresariais.
O objetivo da pesquisa descrita neste artigo foi analisar o efeito
da cultura corporativa nas mudancas ocorridas no SCG da EMSA apos sua
aquisicao pelo GFP. Nesse intuito, foram descritas e discutidas as
principais abordagens de SCG e a influencia das aquisicoes e dessa
cultura nesse sistema. Verificou-se que o novo SCG introduzido na
adquirida era exercido por mecanismos formais e informais, com o
proposito de promover a integracao funcional das areas, dos processos,
das pessoas e das atividades, buscando, desse modo, otimizar a
utilizacao dos recursos materiais, financeiros, tecnologicos,
intelectuais e produtivos, voltados a uma maior competitividade
empresarial.
Os resultados encontrados corroboram estudos internacionais e
expandem o conhecimento do tema, alem de ajudar a preencher uma lacuna
que se nota nas pesquisas sobre a realidade empresarial brasileira. Ao
fim da investigacao, constatou-se que a antiga cultura de controle era
caracterizada por um alto grau de autonomia em relacao a matriz, por
fartos recursos que, por vezes, eram mal utilizados, e pela ausencia de
uma estrategia clara, com objetivos definidos. A nova cultura de
controle estabelecida, porem, embora ainda necessite de maior
profissionalizacao administrativa e de maior formalizacao do
planejamento estrategico, preconiza um estilo gerencial diferente do
anterior, que esta fortemente vinculado a figura do CEO do GFP, o qual
exerce uma lideranca carismatica sobre as pessoas. Na atual gestao, as
pessoas associam o sucesso da empresa com o estilo gerencial do CEO e
tem dele uma visao, de certo modo, paternal--reforcando a forma atual de
exercicio de controle, que e predominantemente familiar, mas mesclado
com alguns indicadores de controle por resultados.
O SCG da epoca da MMM era bastante confuso, rudimentar, precario e
com baixa qualidade informacional. Depois da aquisicao, percebeu-se uma
ruptura na antiga cultura de controle, que permitia uma baixa
organizacao, uma separacao de areas e funcoes organizacionais e um
distanciamento entre colaboradores e lideres. Atualmente, o SCG da EMSA
se baseia nos tradicionais indicadores economicos, financeiros, de
qualidade e de produtividade, mas os complementa com outros, relativos
aos fatores ambientais, a posicao competitiva da empresa, a satisfacao
dos clientes com os produtos oferecidos pela companhia e aos interesses
dos stakeholders. A nova cultura de controle, que foi se solidificando
nessa empresa, recorre a mecanismos formais e informais de controle para
efetuar (1) a mensuracao de desempenho; (2) a correcao dos processos;
(3) a sistematizacao das atividades; (4) o planejamento; (5) a
transmissao de informacoes e comunicacao; (6) o estimulo a
comportamentos adequados; e (7) a interiorizacao, nos individuos, dos
valores compartilhados pelo grupo. Essa interiorizacao formou, no caso
estudado, o que os estudiosos denominam autocontrole.
Ao longo da investigacao, constatou-se uma serie de mudancas no SCG
adotado na empresa, decorrente da nova estrategia corporativa, da
integracao da nova estrutura organizacional e da cultura de controle do
GFP sobre as atividades da adquirida. No caso analisado, percebeu-se,
todavia, que a maioria das mudancas ocorridas no SCG foi decorrente,
direta ou indiretamente, da estrategia de crescimento da empresa--que ja
fez dela a segunda maior produtora mundial do produto que fabrica.
Assim, concluiu-se que ocorreram: (1) mudancas no SCG da adquirida
decorrentes da nova cultura voltada para resultados, introduzida pela
adquirente, que buscava fazer que a empresa adquirida se tornasse, em um
prazo de dez anos, a lider mundial no fornecimento do produto que
fabrica; e (2) modificacoes no controle de producao, financeiro, de
qualidade e sociocultural, para possibilitar a implementacao da nova
cultura.
Diante do exposto, e em razao das limitacoes investigativas desta
pesquisa, faz-se necessario que sejam realizadas novas investigacoes
sobre as mudancas no SCG pos-aquisicao em diferentes contextos, para
aprofundar a relacao dessas mudancas e avaliar o efeito de outras
variaveis contingenciais, especialmente a cultura de controle,
integracao ou tecnologia, sobre as transformacoes do SCG.
DOI: 10.5700/rege 451
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7. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
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EXTRATIVA METALQUIMICA S. A. (EMSA).
Tabela de indicadores: 2004 a 2009. Documento interno. Grupo FASA
Participacoes, 2009.
Ricardo Vinicius Dias Jordao
Professor de Mestrado na Fundacao Pedro Leopoldo, da Fundacao Dom
Cabral e do IBMEC--Belo Horizonte-MG, Brasil Mestrado em Contabilidade e
Controladoria na UFMG. PHD em Economics and Management Sciences pelo
Center of Advanced Studies in Management and Economics (UE), em
associacao com o Swiss Management Center, Switzerland E-mail:
jordaoconsultor@yahoo.com.br
Antonio Artur de Souza
Professor Adjunto IV do Departamento de Ciencias Administrativas da
Universidade Federal de Minas Gerais--Belo Horizonte-MG, Brasil
Mestre em Engenharia de Producao pela Universidade Federal de Santa
Catarina Ph.D. em Management Science pela University of Lancaster/UK
E-mail: antonioartur@uol.com.br
Recebido em: 24/8/2009
Aprovado em: 6/4/2010