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  • 标题:Evolution of export consortia in Brazil (2002-2008): an exploratory study/Evolucao dos consorcios de exportacao no Brasil (2002-2008): um estudo exploratorio/Evolucion de los consorcios de exportacion en Brasil (2002-2008): un estudio exploratorio.
  • 作者:Lima, Gustavo Barbieri ; de Carvalho, Dirceu Tornavoi
  • 期刊名称:Revista de Gestao USP
  • 印刷版ISSN:1809-2276
  • 出版年度:2012
  • 期号:April
  • 语种:Spanish
  • 出版社:Faculdade de Economia, Administracao e Contabilidade - FEA-USP
  • 摘要:Como em varios outros paises, no Brasil e grande a importancia economica e social das pequenas e medias empresas. Destacam-se dentre elas as empresas de pequeno porte, que, segundo dados do Ministerio do Desenvolvimento, Industria e Comercio Exterior--MDIC (2007), representam 96,04% das empresas brasileiras, sao responsaveis por 28% do PIB e empregam 39,58% da populacao ocupada do pais.
  • 关键词:Consortia;Internet service providers

Evolution of export consortia in Brazil (2002-2008): an exploratory study/Evolucao dos consorcios de exportacao no Brasil (2002-2008): um estudo exploratorio/Evolucion de los consorcios de exportacion en Brasil (2002-2008): un estudio exploratorio.


Lima, Gustavo Barbieri ; de Carvalho, Dirceu Tornavoi


1. INTRODUCAO

Como em varios outros paises, no Brasil e grande a importancia economica e social das pequenas e medias empresas. Destacam-se dentre elas as empresas de pequeno porte, que, segundo dados do Ministerio do Desenvolvimento, Industria e Comercio Exterior--MDIC (2007), representam 96,04% das empresas brasileiras, sao responsaveis por 28% do PIB e empregam 39,58% da populacao ocupada do pais.

Apesar dessa importancia, as pequenas e medias empresas, em geral, nao tem apresentado contribuicao significativa nas estatisticas relacionadas ao comercio exterior brasileiro. A participacao das pequenas empresas nas exportacoes representou menos de 1% do total exportado nos ultimos anos. Sao varias as razoes dessa pequena expressividade no cenario internacional: dificuldades de acesso a creditos e financiamentos, procedimentos administrativos burocraticos, coerencia de informacoes basicas sobre o processo de exportacao e marketing internacional, poucos treinamentos existentes na area e dificuldade de acesso aos mercados (MDIC, 2007).

O atual desenvolvimento empresarial brasileiro e a globalizacao dos mercados apontam para a necessidade de cooperacao mutua entre pequenas e medias empresas (PME). Nas acoes colaborativas para a exportacao, em que se incluem os consorcios, as empresas somam esforcos, diluem os custos e compartilham os riscos (MACHADO; MARQUES, 2003).

Para a UNIDO (2003), obter acesso aos mercados externos e crucial para estimular o crescimento e a produtividade de PME, especialmente considerando-se a globalizacao e liberalizacao de mercados. As PME em paises em desenvolvimento, entretanto, deparam-se com muitas limitacoes para competir efetivamente nesses mercados, em razao, principalmente, de nao terem o conhecimento necessario e o financiamento apropriado, de nao possuirem os requisitos necessarios ou nao produzirem produtos em quantidade e qualidade adequadas para compradores internacionais.

Uma maneira efetiva de contornar esses problemas e o desenvolvimento de consorcios de exportacao. Consorcios de Exportacao sao agrupamentos voluntarios de empresas, usualmente de um mesmo segmento produtivo ou de segmentos complementares, cujo objetivo e adentrar nos mercados externos e aumentar o volume de exportacao dos participantes. Mediante a combinacao de seus conhecimentos, recursos financeiros e contatos dentro do consorcio de exportacao, as PME podem aumentar significativamente seu potencial exportador e reduzir os custos e riscos envolvidos na penetracao em mercados internacionais (UNIDO, 2003).

Estudos efetuados em diversos paises mostram a formacao de consorcios de exportacao como um conceito promissor na insercao de pequenas e medias empresas no mercado internacional. Com efeito, as PME da Italia apresentam uma expressiva participacao no comercio exterior, ja que 75% das exportacoes desse pais sao efetuadas pelas pequenas e medias empresas, algo como US$ 250 bilhoes, 20% das quais sao realizadas por consorcios (COMERCIO EXTERIOR, 2001).

No Brasil, pais em que as exportacoes tem um papel importante a desempenhar na economia, a entrada de novas empresas nessa atividade e um imperativo para o crescimento das vendas externas. No entanto, a formacao de consorcios de exportacao, em nosso pais, nao tem apresentado resultados expressivos (ROCHA,1987). Nos paises latinos, como aponta Minervini (2005), na maioria das vezes a visao de curto prazo e o individualismo estao enraizados nos empresarios. Isso dificulta a difusao da cultura exportadora e da cultura de consorcios, que exigem respectivamente visao de longo prazo e espirito associativo.

2. OBJETIVOS DO ESTUDO

O presente artigo tem por objetivo central analisar a evolucao de dois consorcios de exportacao no Brasil, o Brazilian Health Products e o Wines from Brazil--Projeto Setorial Integrado (PSI) iniciado como consorcio, no periodo de 2002 a 2008.

Os objetivos especificos sao:

(a) Identificar os fatores competitivos que determinam a eficiencia e a ineficiencia de consorcios de exportacao no Brasil e, consequentemente, as causas do sucesso e do insucesso desse modelo de associacao empresarial, com base nos casos analisados;

(b) Caracterizacao dos dois casos analisados (Brazilian Health Products e Wines from Brazil PSI);

(c) Analisar o desempenho exportador dos casos estudados.

3. REFERENCIAL TEORICO

3.1. Consorcio de Exportacao

A atividade de exportar envolve operacoes complexas, sobretudo na otica das pequenas e medias empresas, que podem impedir sua realizacao por empresas assim classificadas. Minervini (2005) aponta algumas das barreiras encontradas pelas PMEs quando estas se envolvem com atividades exportadoras: falta de pessoal qualificado em comercio exterior, amadorismo, improvisacao, ausencia de informacoes sobre mercados externos, falta de financiamento para projetos de longo prazo, produtos desprovidos de qualidade e precos competitivos, dentre outras. Essas barreiras podem ser minimizadas quando a empresa atua de forma cooperativa com seus pares, e o consorcio de exportacao e uma alternativa nesse sentido. Minervini (1997:54) define o consorcio de exportacao como: "qualquer associacao juridica de empresas com o objetivo de juntar sinergias, aumentar a competitividade e reduzir os riscos e os custos de internacionalizacao com a finalidade de entrar conjuntamente em mercados internacionais".

A Agencia de Promocao de Exportacao--APEX (2004) define Consorcio de Exportacao como um aglomerado de empresas de pequeno porte com interesses comuns (promover exportacoes), reunidas em uma entidade estabelecida juridicamente. Ainda segundo a APEX (2004), essa entidade sera constituida sob a forma de uma associacao sem fins lucrativos, por meio da qual as empresas produtoras poderao definir maneiras de trabalho conjugado e em cooperacao, com vistas nos objetivos comuns de melhoria da oferta exportavel e de promocao das exportacoes.

Para a United Nations Industrial Development Organization (UNIDO, 2003:3):
   Um consorcio de exportacao e uma alianca
   voluntaria de empresas com o objetivo de
   promover os produtos e servicos de seus
   membros no exterior e facilitar a
   exportacao destes produtos atraves de
   acoes conjuntas. Os membros de um
   consorcio devem se atentar que a
   cooperacao deve prevalecer sobre a
   competicao, com o intuito de acessar
   mercados-chave e tecnologia de ultima
   geracao. Um consorcio de exportacao pode
   ser visto como uma cooperacao estrategica
   formal de medio-longo-prazo entre
   empresas que atua como provedor de
   servicos, facilitando o acesso aos mercados
   internacionais.


Os consorcios de exportacao sao associacoes de pequenas e medias empresas constituidas com a finalidade de: (i) promover as exportacoes das firmas consorciadas e, ainda que nao necessariamente, (ii) comercializar os produtos dessas mesmas empresas no mercado externo. Outros objetivos dos consorcios sao: promover a competitividade de seus associados, minimizar os custos e os riscos do processo de internacionalizacao e reunir recursos visando o desenvolvimento de atividades promocionais no exterior (MARTINS, 2002).

Segundo Maciel e Lima (2002:53) os consorcios de exportacao podem ser classificados como "qualquer associacao de empresas com a finalidade de entrar conjuntamente em mercados internacionais[...]".

Para Casarotto Filho e Pires (1999), o consorcio de exportacao pode ser utilizado para a promocao e facilitacao de aliancas entre empresas, principalmente as pequenas e medias, por meio da aproximacao, acompanhamento e assessoramento entre elas. Sendo assim, as principais atividades dos consorcios de exportacao sao a promocao, o suporte a internacionalizacao das empresas e os servicos necessarios para isso.

A crescente atencao dada ao conceito de consorcios de exportacao, em diversos paises, reflete a importancia que esse arranjo vem assumindo por suas caracteristicas especiais. De uma forma geral, os consorcios de exportacao podem ser definidos como uma associacao entre empresas independentes cujo objetivo e o desenvolvimento, conjunto, de suas atividades de exportacao (ROCHA, 1987).

O consorcio deve representar a solucao de problemas comuns as empresas. O consorcio para fins de exportacao se concentra na criacao e desenvolvimento de parcerias comerciais, tecnologicas e financeiras entre empresas locais, dando suporte a internacionalizacao das empresas (MINERVINI, 2005; CASAROTTO FILHO; PIRES, 1999).

O Informativo Fiesp/Ciesp (CONSORCIO DE EXPORTACAO, 2004) define o Consorcio de Exportacao como: "[...] um agrupamento de empresas com o objetivo de aumentar a sua competitividade, reduzindo os riscos e os custos da internacionalizacao". Essas unioes evitam a dispersao de esforcos nas tentativas isoladas de exportar. E criado um nome fantasia para descrever o agrupamento dessas empresas, que serao reunidas em uma entidade estabelecida juridicamente. Esse agrupamento permite um volume de oferta maior e um pacote mercadologico completo, de tamanho e faturamento total compativel com o custo da estrutura do consorcio.

Rocha (1987) tambem cita algumas vantagens tanto para o pais quanto para a empresa participantes de um consorcio de exportacao. Para o primeiro, o principal beneficio obtido e o aumento efetivo das exportacoes, pela canalizacao, para o mercado externo, da producao de empresas ja existentes que dificilmente exportariam de outra forma, bem como a utilizacao mais eficaz dos escassos recursos gerenciais disponiveis. Entre outros beneficios, alinha-se ainda a melhoria dos produtos locais--nao apenas aqueles produzidos pelas empresas participantes do consorcio--, pela melhoria das tecnicas de producao, introducao de melhores equipamentos, maior atencao ao planejamento e controle da producao e tambem pelos efeitos no mercado interno, que forcam muitas vezes a concorrencia a melhorar seus produtos tambem.

Humphrey e Schmitz (apud AMATO NETO, 2000) apontam a confianca como uma das formas de lidar com o risco de transacoes economicas. Estabelecer uma relacao de confianca entre as empresas participantes do consorcio e fator muito importante, uma vez que todas as transacoes economicas envolvem riscos. Amato Neto (2000) alerta sobre possiveis fraudes e a imprevisibilidade de acontecimentos futuros como exemplos de riscos de transacoes economicas.

Amato Neto (2000) tambem cita a confianca como elemento central nas relacoes de cooperacao. Espera-se que, numa relacao de confianca, as empresas nao apenas ajam como o combinado, mas tambem atuem como parceiras e trabalhem juntas para desenvolver o relacionamento, evitando assim uma relacao de oportunismo. O equilibrio entre cooperacao e competicao traduz-se num novo paradigma de estrategia empresarial (AMATO NETO, 1999).

A questao cultural e base de sustentacao para o estabelecimento de novas relacoes empresarias. E, portanto, considerada como altamente relevante na concretizacao de consorcios, uma vez que os consorcios sao dependentes do modelo de desenvolvimento regional (CASAROTTO FILHO; PIRES, 1999).

3.2. Possiveis Vantagens e Desvantagens dos Consorcios

As possiveis vantagens e desvantagens dos consorcios de exportacao sao apresentadas no Quadro 1:
Quadro 1: Justificativas para a formacao dos consorcios de exportacao,
vantagens e desvantagens

Forma de     Justificativas para    Possiveis Vantagens
Exportacao   sua formacao

Consorcios   * Alto custo para      * Reduzir custos gerais de
de             manter um              exportacao (estes serao
Exportacao     departamento de        divididos entre as empresas
               exportacao dentro      consorciadas);
               da empresa;          * Minimizar o risco de exportar
             * Falta de volume        individualmente;
               de producao para     * Aumentar a competitividade
               atender grandes        de pequenas e medias
               importadores;          empresas no seu mercado
             * Falta de               interno--produto tipo
               informacoes sobre      exportacao;
               o mercado            * Maior poder de barganha com
               internacional;         clientes, fornecedores, bancos;
             * Falta de             * Possibilitar a concorrencia
               conhecimento dos       com grandes fornecedores;
               tramites inerentes   * Despertar maior interesse em
               ao processo de         importadores;
               exportacao;          * Maior eficiencia operacional
             * Falta de poder         (otimizacao de recursos);
               contratual com       * Favorecer o atendimento de
               fornecedores,          demandas de grande porte, o
               bancos, clientes;      que nao seria possivel para
             * Falta de capital       uma unica empresa;
               para investir em     * Possibilitar a inovacao de
               viagens                rotulo e embalagem;
               internacionais,      * Proporcionar maior
               participar de          especializacao das empresas
               feiras, missoes        consorciadas;
               comerciais e         * Acumular conhecimentos nas
               rodadas de             areas de Comercio Exterior e
               negocio, melhorar      Marketing;
               o processo           * Possibilitar, futuramente, aos
               produtivo,             membros do consorcio ja
               modificar              experientes e estruturados,
               embalagens,            lancarem-se individualmente
               adequar o              no mercado internacional;
               produto, dentre      * Efeito "motivador" sobre os
               outros.                participantes;
                                    * Facilitar a aquisicao de
                                      equipamentos modernos e
                                      nova tecnologia;
                                    * Maior seguranca na
                                      penetracao e diversificacao de
                                      mercados;
                                    * Alavancar as vendas externas;
                                    * Possibilitar exportar com
                                      marca propria do consorcio;
                                    * Participar de feiras e missoes
                                      internacionais de forma
                                      conjunta.

Forma de        Possiveis Desvantagens /
Exportacao      Limitacoes

Consorcios      * Individualismo e a preocupacao
de                de que outro consorciado
Exportacao        obtenha mais vantagens durante
                  as atividades;
                * Os integrantes de um consorcio
                  devem estar cientes de que a
                  nao existencia de segredos
                  industriais entre os mesmos e
                  favoravel ao bom desempenho
                  do consorcio e a preservacao
                  das parcerias estabelecidas;
                * Falta de profissionalismo do
                  gerente do consorcio;
                * Os gerentes contratados, em sua
                  maioria, nao entendem do
                  produto que estao
                  comercializando, nao sendo
                  capazes, portanto, de negociar
                  com o comprador internacional;
                * Inexistencia de precos
                  competitivos (mau
                  planejamento das exportacoes);
                * Investimentos realizados sem
                  planejamento previo;
                * Visualizar a exportacao como
                  estrategia de curto prazo
                  (resultados imediatos);
                  Considerar o consorcio como
                  uma valvula de escape de crises;
                * Discrepancia em demasia no
                  avanco tecnologico das
                  empresas integrantes;
                * Inexistir confiabilidade e
                  trabalho em conjunto;
                * Selecionar erroneamente os
                  mercados e parceiros no
                  exterior;
                * Numero ideal de empresas
                  integrantes deve ser de 10 a 15;
                * Prevalecer a democracia e nao a
                  vontade de uma ou poucas
                  empresas;
                * A rivalidade e a concorrencia
                  devem ficar restritas ao mercado
                  interno.

Fonte: Autores, baseados em CCI-UNCTAD-GATT (1983), Infante e Campomar
(1986), Lara (1986), Minervini, (1997, 2005), Keedi (1999), Oliveira
(1999), Silva (1999), Noonan (1999), Franca (1999, 2003), Paliwoda e
Thomas (2001), Site APEX-Brasil (2003), UNIDO (2003), Lima e Carvalho
(2005).


As principais vantagens que resultam dos consorcios monosetoriais sao a racionalizacao da logistica de exportacao, a reducao de custos envolvidos nas atividades promocionais (feiras, missoes comerciais, campanhas publicitarias, etc.) e a simplificacao dos procedimentos burocraticos e alfandegarios. No caso dos consorcios plurisetoriais, o principal beneficio resulta da relacao de cooperacao que se estabelece entre empresas que nao concorrem no mesmo mercado (MARTINS, 2002).

Quantos aos tipos de consorcios, podem ser classificados como (MINERVINI, 1997, 2005; APEX-BRASIL, 2003; FRANCA, 1999, 2003; MACIEL; LIMA, 2002):

Com relacao a finalidade:

* Promocional--Os consorcios podem ser constituidos como consorcios de promocao da exportacao quando dirigem seu foco de atencao para a promocao comercial dos produtos, pois as empresas e que realizarao individualmente suas exportacoes. Esta forma de consorcio e mais recomendavel quando as empresas que desejam consorciar-se dispoem de alguma capacidade autonoma de exportacao ou exportam com certa regularidade.

* Vendas ou Operacional--Alem das atividades promocionais, alguns consorcios podem realizar exportacoes por meio de uma empresa comercial exportadora. E a forma mais recomendada quando as empresas consorciadas tem pouca ou nenhuma experiencia de exportacao, ou ainda nao estao minimamente estruturadas para exportar.

Com relacao aos membros:

* Monossetorial--Agrega empresas do mesmo setor produtor de mercadorias ou de derivados da mesma materia-prima.

* Plurissetorial ou Multissetorial--Inclui empresas fabricantes de produtos de diferentes segmentos da cadeia produtiva e setores--que podem ser complementares ou heterogeneos--destinados ou nao a um mesmo cliente.

* Consorcios de Area ou Pais--Reunem empresas que destinam seus produtos a uma unica area ou pais.

A tipologia de consorcios, segundo Martins (2002), pode ser: (i) monosetorial simples, que envolve um setor e um produto; (ii) monosetorial complementar, que envolve um setor e produtos complementares (por exemplo, consorcios que exportam produtos derivados da industria do couro); (iii) plurisetorial complementar, que envolve dois ou mais setores e produtos complementares (por exemplo, consorcios que exportam alimentos e bebidas diversos); e (iv) plurisetorial heterogeneo, que envolve dois ou mais setores e produtos nao complementares (por exemplo, consorcios que fornecem bens demandados pela hotelaria, como moveis, artigos de decoracao, artigos de iluminacao, etc.).

3.3. Processo de Formacao de Consorcios--Modelo FRANCA, 2003 (APEX-Brasil)

O Quadro 2 ilustra as fases pelas quais, usualmente, os consorcios passam quando de sua formacao.
Quadro 2: Processo de formacao dos consorcios de exportacao

Primeira Fase--Apoio a criacao

1--Identificacao das empresas com potencial exportador ou ja
exportadoras.

2--Elaboracao de um roteiro de apresentacao do projeto para ser
discutido e entregue as empresas-alvo.

3--Sensibilizacao, arregimentacao e motivacao das empresas
interessadas, com reunioes, palestras, workshops e outras tecnicas
de trabalho de grupo.

4--Selecao das empresas a serem visitadas e analisadas.

5--Preparacao do material para diagnostico das empresas (check up).

6--Realizacao de visitas e de diagnosticos individuais das empresas
interessadas.

7--Selecao final das empresas que detenham efetivo potencial
exportador, levando-se em conta o porte e a experiencia de cada
empresa, de forma a evitar desequilibrios insuperaveis.

8--Analise e escolha da forma consorcio mais adequada ao grupo de
empresas selecionadas e interessadas.

9--Definicao da estrutura e forma de organizacao do consorcio a ser
constituido.

10--Selecao e priorizacao dos mercados para os quais serao dirigidas
as acoes de prospeccao e promocao.

Segunda Fase--Constituicao do consorcio

11--Definicao e aplicacao do estatuto do consorcio, considerando-se os
pontos relacionados no modelo anexo, adaptando-o as manifestacoes e
necessidades das empresas aderentes.

12--Definicao e aprovacao do regimento interno, decorrentes das
discussoes sobre sua aplicabilidade, aceitacao das normas,
responsabilidades e obrigacoes acordadas entre as empresas
participantes.

13--Determinacao do perfil do gerente operacional do consorcio e/ou
da empresa comercial exportadora, conforme o caso.

14--Analise das necessidades financeiras e avaliacao dos custos e
riscos.

15--Constituicao juridica do consorcio e criacao ou contratacao da
comercial exportadora, no caso dos consorcios de venda.

16--Instalacao do consorcio.

Terceira Fase--Manutencao do consorcio

17--Custeio das atividades de gestao, locacao e manutencao de
escritorio, contratacao de gerente (quando for o caso), despesas
de comunicacao, etc.

18--Aprofundamento dos estudos de mercado para subsidiar o consorcio
na definicao das estrategias de promocao comercial e de abordagem de
mercados.

19--Acoes de promocao direta a exportacao: aprofundamento dos estudos
de mercado, producao e aquisicao de material publicitario,
determinacao dos metodos de marketing; escolha dos canais de
distribuicao; feiras, rodada de negocios, etc.

20--Direcionamento das acoes com vistas na melhoria da oferta
exportavel: adequacao de processos (tecnicos, industriais, comerciais
e administrativos); adequacao do produto; criacao de marca/selo do
consorcio; selecao de produtos por suas caracteristicas, preco,
qualidade, design, embalagem; identificacao dos principais eventos no
Brasil e no exterior; organizacao de missoes empresariais; realizacao
de seminarios com profissionais da area de design, marketing, producao
e qualidade.

Fonte: Elaborado pelos autores, baseados em Franca, 2003
(APEX-Brasil). Quadro originado de palestra realizada em Ribeirao
Preto--SP no ano de 2003, sob organizacao da Fundacao para Pesquisa
e Desenvolvimento da Administracao, Contabilidade e Economia (Fundace
FEARP-USP).


Os estudos de caso relatados na proxima secao ilustram esse processo e vao alem, ao analisarem os desdobramentos de mudancas nos elementos de cenario para as empresas consorciadas.

4. METODOS DE PESQUISA

A pesquisa reportada neste trabalho caracteriza-se como qualitativa, de natureza exploratoria. Pesquisa qualitativa e uma metodologia de pesquisa nao estruturada, exploratoria, baseada em pequenas amostras, que proporciona insights e compreensao do contexto do problema. O objetivo e alcancar uma compreensao qualitativa das razoes e motivacoes subjacentes, e a analise dos dados e nao estatistica (MALHOTRA, 2001). Segundo Richardson et al. (1999), a pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como uma tentativa de compreensao detalhada dos significados e caracteristicas situacionais apresentados pelos entrevistados, em lugar da producao de medidas quantitativas de caracteristicas ou comportamentos.

Para atingir os objetivos propostos, foram realizadas pesquisas bibliograficas e levantamento do referencial teorico (dados secundarios) sobre Consorcio de Exportacao. Segundo Yin (2001), a revisao da literatura e, portanto, um meio para atingir um fim e nao--como pensam muitos estudantes--um fim em si. Os pesquisadores iniciantes acreditam que o proposito de uma revisao da literatura seja encontrar respostas sobre o que ja se sabe a respeito de um topico; nao obstante, os pesquisadores experientes analisam pesquisas anteriores para desenvolver questoes mais objetivas e perspicazes sobre o mesmo topico.

Utilizou-se o metodo de estudo de casos multiplos (YIN, 2001) para analisar os seguintes casos:

(a) Consorcio de Exportacao Brazilian Health Products (BHP)--Setor Medico-odontologicohospitalar, estabelecido em Ribeirao Preto--SP, Brasil.

(b) Projeto Setorial Integrado (PSI) Wines from Brazil--Setor Vinicola, estabelecido em Bento Goncalves--RS, Brasil (originado a partir de um consorcio).

Para Yin (2001), o estudo de caso e uma investigacao empirica que investiga um fenomeno contemporaneo no contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenomeno e o contexto nao estao claramente definidos. Cada pesquisador de estudo de caso deve trabalhar com afinco para expor todas as evidencias de forma justa. A essencia de um estudo de caso, a principal tendencia em todos os tipos de estudo de caso, e que ele tenta esclarecer uma decisao ou um conjunto de decisoes: o motivo pelo qual foram tomadas, como foram implementadas e com quais resultados (SCHRAAMM, 1971 apud YIN, 2001).

Segundo Bonoma (1985), projetos de pesquisa que melhor se encaixam em uma situacao de alta realidade e baixa integridade de dados, como os estudos de caso, sao projetos em que ou o corpo teorico nao esta, ainda, bem desenvolvido, ou o fenomeno a ser estudado nao pode ser dissociado facilmente de seu contexto real.

Tipicamente, estudos de caso combinam metodos de coleta de dados como, por exemplo, arquivos, entrevistas, questionarios e observacoes. A evidencia deve ser qualitativa (ex.: palavras) ou quantitativa (ex.: numeros), ou ambas. A analise da informacao e o coracao da "construcao de teoria" a partir de estudos de caso, mas esta e tambem a parte mais dificil e menos codificada do processo. Estudos publicados geralmente descrevem metodos de coleta de pesquisa, mas pouco discutem e analisam. Um grande abismo sempre separa a informacao de conclusoes (EISENHARDT, 1989).

Realizaram-se entrevistas em profundidade (pessoal) no consorcio Brazilian Health Products (BHP) com a Secretaria-Executiva, assim como com o ex-Presidente; no PSI Wines from Brazil (via correio eletronico/e-mails), com a Gerente Comercial. Para tal, elaborou-se um roteiro de entrevistas (protocolo de pesquisa) baseado na literatura sobre o tema. Para Malhotra (2001), entrevista de profundidade e uma entrevista nao estruturada, direta, pessoal, em que um unico respondente e entrevistado por um entrevistador altamente treinado para descobrir motivacoes, crencas, atitudes e sensacoes subjacentes a um topico. Realizou-se, tambem, a analise documental (analise de documentos e relatorios) nos dois casos estudados. Em termos gerais, a analise documental consiste em uma serie de operacoes que visam estudar e analisar um ou varios documentos para descobrir as circunstancias sociais e economicas com as quais podem estar relacionados (RICHARDSON, 1999).

5. ANALISES E RESULTADOS

O Quadro 3 resume os achados acerca das caracteristicas dos dois consorcios analisados. A seguir, cada caso e analisado individualmente, caracterizando-se sua evolucao no periodo de seis anos, que vai de 2002 a 2008.

5.1. O consorcio Brazilian Health Products (BHP)

O consorcio de exportacao Brazilian Health Products (BHP), sediado em Ribeirao Preto-SP, foi formado em sua fase inicial por 12 empresas do setor medico-hospitalar-odontologico. Fundado em 2002, encerrou suas atividades em dezembro de 2005. O consorcio e considerado pela Agencia de Promocao e Investimentos (APEX-Brasil) e pelas empresas participantes como um caso de sucesso no pais. Os principais fatores de sucesso dessa acao de associativismo podem ser considerados: a lideranca, a sensibilizacao do grupo e os interesses comuns dos participantes.

Os objetivos centrais do consorcio foram: (1) inserir novas empresas no comercio internacional, (2) manter mercados externos para empresas que ja atuavam no comercio exterior e (3) expandir as vendas externas mediante atividades de promocao de exportacao. O quesito cooperacao entre empresas foi amplamente difundido e as empresas alcancaram as metas tracadas. O consorcio teve apoio financeiro da APEX-Brasil para a promocao comercial de exportacoes. O Quadro 4 resume a evolucao do BHP durante o periodo de sua existencia.

Apesar de ter sido um caso de sucesso no Brasil, o consorcio cumpriu a missao do projeto e encerrou suas atividades apos tres anos, prazo estipulado em sua formacao, com o compromisso de apoio da APEX firmado na epoca. Apos o termino do projeto, a maioria das empresas adquiriu know-how em marketing e comercio exterior e estruturou seus proprios departamentos de exportacao. E de extrema importancia mencionar que a maioria das empresas consorciadas aderiu ao Projeto Setorial Integrado (PSI) Brazil Medical & Dental Devices (BMDD) (ABIMO, 2008) depois que a organizacao em consorcio foi desativada.

O PSI Brazil Medical & Dental Devices (BMDD) e resultado da parceria entre a ABIMO (Associacao Brasileira da Industria de Artigos e Equipamentos Medicos, Odontologicos, Hospitalares e de Laboratorio) e a APEX Brasil. O objetivo do PSI BMDD e capacitar e qualificar as empresas e produtos do setor por meio de acoes e atividades nacionais e internacionais, com o objetivo de conquistar o mercado externo (ABIMO, 2008).

Segundo a ABIMO (2008), para fazer parte do PSI BMDD, as empresas devem, primeiramente, associar-se a ABIMO e, em seguida, aderir ao Projeto, participando de suas acoes e atividades.

As atividades Setoriais e Empresariais do Projeto BMDD sao:

I) Capacitacao Empresarial

* Palestras;

* Cursos de Modernizacao Tecnologica e Gestao de Qualidade;

* Cursos Empresariais voltados para as areas de Recursos Humanos, Marketing, Financas e Exportacao;

* Certificacao de Produtos e de Sistemas de Qualidade;

* Estudos e Atualizacoes de Dados Setoriais.

II) Atividades Institucionais Confeccao de Materiais Promocionais para empresas participantes do Projeto, tais como:

* Video institucional em diferentes formatos VHS, CD e DVD;

* Catalogo eletronico--CD-ROM com informacoes, imagens e links para as empresas;

* Hospital Virtual;

* Identidade Visual do Projeto para Empresas participantes de Feiras Internacionais;

* Home page do Projeto BMDD contendo informacoes atualizadas sobre as acoes, encontradas no site da ABIMO;

* PIN (alfinete de lapela com marca ABIMO);

* Banners personalizados exclusivos para eventos internacionais.

Participacao em Eventos Internacionais

* Consolidacao da identidade da "marca Brazil" no mercado externo, por meio de acoes cooperadas e pavilhoes com visuais arrojados e atraentes;

* Participacoes importantes do pavilhao brasileiro nas seguintes feiras: MEDICA (Alemanha), FIME (Miami), ARAB HEALTH (Emirados Arabes), IDS (Alemanha), dentre outras.

Perfil das Empresas Integrantes PSI-BMDD (ABIMO, 2008):

* Artigos de Laboratorio (4 empresas);

* Artigos Odontologicos (35 empresas);

* Equipamentos Medico-Hospitalares (53 empresas);

* Implantes e proteses (16 empresas);

* Insumos Medico-Hospitalares (11 empresas);

* Radiologia e Diagnostico por Imagem (7 empresas).

Os principais destinos dos produtos brasileiros sao Estados Unidos, Argentina e Mexico. Em 2007, o setor registrou faturamento de US$ 3,74 bilhoes, um crescimento de 21% em relacao ao ano anterior (ANBA, 2008).

5.2. O Projeto Setorial Integrado Wines from Brazil

O PSI Wines from Brazil iniciou suas atividades de promocao comercial de exportacoes em 2002, constituindo-se de seis vinicolas da regiao de Bento Goncalves--RS. Esse arranjo, resultado da articulacao entre entidades representativas e governamentais e as empresas interessadas (mesmo segmento produtivo), operou como um consorcio de exportacao durante o ano de 2002 apenas. No ano seguinte, assumiu o arranjo de PSI.

Dentre as entidades que iniciaram o processo, estao: FIERGS (Federacao das Industrias do Estado do Rio Grande do Sul), UVIBRA (Uniao Brasileira de Vitivinicultura), APROVALE (Associacao dos Produtores de Vinhos do Vale dos Vinhedos), IBRAVIN (Instituto Brasileiro do Vinho), SEBRAE/RS (Servico de Apoio as Micro e Pequenas Empresas). O projeto e gerenciado pelo Instituto Brasileiro do Vinho (IBRAVIN). O PSI atua com recursos subsidiados pela Agencia de Promocao de Exportacao (APEX-Brasil), entidade gestora. Na fase consorcio, a duracao foi de 12 meses (2002); na fase PSI seria de 24 meses (outubro de 2004 a setembro de 2006), porem, em razao do sucesso do programa, este ainda se encontra em atividade, sob importantissimo amparo da APEX-Brasil.

Dentre as vinicolas que participam atualmente do PSI, encontram-se: 1. Boscato; 2. Casa Valduga; 3. Cave Marson; 4. Georges Aubert; 5. Cooperativa Aurora; 6. Cooperativa Alianca; 7. Cooperativa Garibaldi; 8. Cordilheira D' Santanna; 9. Fante; 10. Lovara; 11. Miolo Wine Group; 12. Panizzon; 13. Uniao de Vinhos Rio Grande; 14. Pizzato Vinhos e Vinhas; 15. Socied. Beb. Mioranza; 16. Sulvin; 17. Velha Cantina; 18. Vinhos Don Laurindo; 19. Vinhos Salton; 20. Vinicola Cordelier; 21. Vinicola Courmayer; 22. Vinicola Dal Pizzol; 23. Vinicola Lidio Carraro; 24. Vinicola Panceri; 25. Vinicola Perini; 26. Vinhos Monte Reale; 27. Vinicola Mena-Kaho; 28. Irmaos Molon; 29. Vinicola Campestre; 30. Dom Candido; 31. Luiz Argenta; 32. Vallontano; 33. ViniBrasil. O Quadro 5 sintetiza o perfil do PSI Wines from Brazil.
Quadro 5: Perfil dos participantes

* Numero de vinicolas integrantes (2002): 6;

* Numero de vinicolas integrantes (2008): 33;

* Adesoes em 2008: 13 vinicolas;

* Empresas exportadoras do projeto: 18 vinicolas;

* 80% das empresas exportadoras sao pequenas e medias;

* Em funcao do perfil, o projeto desenvolve acoes de treinamento e
preparacao para as empresas que desejam exportar em parceria com o
Sebrae-RS;

* Cartilha de Exportacao de Vinhos.

Fonte: Informacoes fornecidas pelo Projeto WFB (2008).


Os Graficos 1 e 2 apresentam a evolucao das exportacoes do PSI, enquanto o Grafico 3 representa os paises importadores de vinhos e espumantes brasileiros. Pode-se observar um incremento consideravel nas exportacoes, como resultado do trabalho associativista e das atividades em conjunto. A evolucao e progressiva e o PSI representa um caso de sucesso no Brasil. === Os objetivos do PSI sao: a) incrementar o volume de exportacao agregando valor aos produtos (vinhos finos, espumantes e suco de uva com valor agregado), a fim de consolidar os produtos vitivinicolas brasileiros no mercado internacional; b) divulgar a "Marca Brasil"; c) aumentar a participacao das empresas (insercao e manutencao) no cenario mundial; d) desenvolver atividades e materiais promocionais para consolidar os produtos vitivinicolas brasileiros no mundo; e) desenvolver atividades de sensibilizacao, formacao e capacitacao para a exportacao das empresas brasileiras que trabalham com vinhos finos (v.vinifera); f) desenvolver projetos de pesquisa, para o desenvolvimento da exportacao; g) desenvolver material promocional com o intuito de divulgar e consolidar a marca "Wines from Brazil"; h) desenvolver atividades de adequacao e desenvolvimento de produtos e processos para atender as demandas dos diversos mercados que serao trabalhados.

Segundo a Gerente de Promocao Comercial de Exportacao do PSI, a variavel que determina o sucesso do projeto e a uniao e a determinacao das vinicolas em querer exportar e em nao desistir apesar dos obstaculos. O inicio das atividades e dificultoso e complicado, e requer muita persistencia das vinicolas participantes e das entidades envolvidas no processo.

Ainda conforme a Gerente, os fatores que determinam o sucesso do projeto sao: (a) a continuidade (execucao) das acoes planejadas; (b) o comprometimento das vinicolas integrantes com o projeto e (c) o apoio financeiro do governo federal (APEX-Brasil) a promocao comercial das exportacoes.

6. CONCLUSOES E LIMITACOES DO ESTUDO

Observou-se no relato dos estudos de casos o bom desempenho dos consorcios no decorrer de sua existencia, assim como a obtencao de resultados de exportacao significativos. Assim sendo, com base na pesquisa empirica, pode-se afirmar que o consorcio tem a capacidade de incrementar as vendas internacionais das empresas consorciadas e a diversificacao de produtos exportados, alem de trabalhar em prol do desenvolvimento da cultura exportadora do pais e da internacionalizacao da "Marca Brasil" no exterior.

Os dois casos analisados, Brazilian Health Products e Wines from Brazil, puderam ilustrar e elucidar a realidade dos Consorcios de Exportacao e do Projeto Setorial Integrado (PSI) no Brasil, e, assim, proporcionar ao leitor uma visualizacao e compreensao de casos praticos do que fora abordado na teoria. Os casos estudados trouxeram evidencias que reforcam e referendam tal teoria.

Com relacao aos fatores de sucesso e de insucesso, pode-se inferir que ambos os consorcios obtiveram exito dentro dos prazos de vigencia dos incentivos previstos. Os dois casos analisados (na fase de consorcio ou PSI) foram responsaveis por um consideravel incremento das vendas internacionais de ambos os projetos. Os projetos de consorcios se ampliaram e, ainda sob o amparo da APEX--Brasil, foram os "embrioes" dos Projetos Setoriais Integrados (PSI), em ambito regional, estadual e nacional.

Como limitacoes do estudo, vale mencionar a pouca literatura sobre o tema consorcio de exportacao. Em primeiro lugar, convem reconhecer as limitacoes intrinsecas dos estudos de caso em relacao a generalizacao. Conforme afirma Yin (1989) apud Carvalho, 1995), apenas os estudos de caso que tem por objetivo o teste da teoria podem ser generalizados. Nestes casos, a logica de generalizacao em estudos de caso e semelhante a de experimentos: os resultados corroboram ou refutam uma teoria. Essa generalizacao analitica contrapoe-se a generalizacao estatistica presente em surveys nos quais, a partir de uma amostra, estendem-se os resultados para a populacao dentro de niveis conhecidos de significancia e erro (CARVALHO, 1995).

6.1. Recomendacoes

O sucesso dos dois consorcios relatados neste artigo sugere que essa forma de arranjo associativista, de um mesmo setor, com vistas em explorar o mercado externo com apoio governamental, e um modelo que gera resultados.

O consorcio tem a vantagem de reunir um numero relativamente pequeno de empresas de porte menor para que iniciem suas atividades exportadoras, o que facilita o entendimento entre os participantes e mais objetividade nas acoes do grupo. Assim, o redirecionamento do apoio da APEX aos PSI em detrimento dos consorcios parece ter sido uma decisao equivocada. Em outros paises, os consorcios se mantem por tempo maior, e as empresas consorciadas (pequenas e medias em sua maioria) tem participacao muito mais significativa no volume de exportacoes em paises como Italia (que tem cultura muito proxima a nossa) do que no Brasil.

Os PSI, usualmente coordenados por associacoes setoriais, sao arranjos de um numero maior de empresas, o que requer maior maturidade dos participantes e influencia politicamente mais do que os consorcios. Os casos mostraram que o arranjo PSI e bem-sucedido quando as empresas ja tem experiencia anterior de trabalho conjunto, adquirida em um arranjo menor como o consorcio. Assim, o PSI parece ser uma evolucao dos consorcios. Se nao houver estimulo para a formacao de novos consorcios, possivelmente muitas empresas serao incapazes de se inserir diretamente no arranjo maior e mais complexo do PSI.

DOI: 10.5700/rege418

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Gustavo Barbieri Lima

Professor e Instrutor de cursos de Pos-Graduacao (MBA) na UNISEB COC e na Universidade de Uberaba (UNIUBE)--Uberaba-MG, Brasil Mestre em Administracao pela FEA--Universidade de Sao Paulo Pos-Graduado em Marketing (MBA) pela Fundace--FEARP--Universidade de Sao Paulo

E-mail: gblima@hiupono.com.br

Dirceu Tornavoi de Carvalho

Professor Livre-Docente de Marketing na Faculdade de Economia, Administracao e Contabilidade--Campus Ribeirao Preto, Universidade de Sao Paulo--Ribeirao Preto-SP, Brasil

Coordenador e Pesquisador do MARKINTEC--Pesquisa e Estrategia de Marketing, FEARP--USP

Coordenador do Curso MBA Marketing da Fundace--FEARP--Universidade de Sao Paulo

Mestre e Doutor em Administracao pela FEA--Universidade de Sao Paulo Pos-graduado em Comercio Eletronico e Marketing na Vanderbilt University, EUA

E-mail: dirceu.tornavoi@gmail.com
Quadro 3: Caracteristicas dos consorcios de exportacao estudados

   CONSORCIO         LOCALIDADE        SEGMENTO         POSICAO
      DE                               PRODUTIVO          DOS
  EXPORTACAO                                           RESPOND.

Brazilian         Ribeirao Preto--   Equipamentos    Secretaria-
Health            SP, Brasil         Medico-         Executiva
Products                             Odontologico-   e
                                     Hospitalares    ex-Presidente

Wines from        Bento Goncalves    Vinicola        Gerente de
Brazil (Projeto   --RS, Brasil                       Promocao
Setorial                                             Comercial
Integrado
iniciado como
consorcio)

   CONSORCIO         FORMAS DE        NUMERO DE     FINANCIA-
      DE            ENTREVISTA        EMPRESAS        MENTO
  EXPORTACAO                          PARTICIP.

Brazilian         Entrevista        Consorcio       APEX--
Health            Pessoal           (2005):         Brasil
Products                            7 empresas da
                                    linha medica
                                    5 empresas da
                                    linha
                                    odontologica

                                    PSI ABIMO/
                                    APEX = 130
                                    empresas

Wines from        Entrevistas por   33 empresas     APEX--
Brazil (Projeto   meio eletronico   associadas      Brasil
Setorial          (E-mails)         (2008)
Integrado
iniciado como
consorcio)

   CONSORCIO        INICIO DAS           TERMINO DAS           MARCA
      DE            ATIVIDADES           ATIVIDADES            GLOBAL
  EXPORTACAO

Brazilian         Inicio de 2002   O consorcio encerrou      Possuia
Health                             suas atividades no        marca
Products                           final de 2005. A partir   comercial
                                   dai, a maioria das        (BHP), mas
                                   empresas aderiu ao PSI    exportava
                                   ABIMO/ APEX               com marca
                                                             do
                                                             fabricante

Wines from        2002 (12         (outubro de 2004 a        Exporta
Brazil (Projeto   meses--          setembro de               com
Setorial          consorcio)       2006--PSI).               marca do
Integrado                                                    fabricante
iniciado como
consorcio)

Fonte: Elaborado pelos autores, com base nas entrevistas realizadas.

Grafico 1: Comparativo Exportacoes WFB x Brasil

EVOLUCAO       Em todo o Brasil     No WFB

2004 / 2003         134,13%        176,42%
2005 / 2004         49,96%         145,77%
2006 / 2005         16,21%          0,21%
2007 / 2006         134,13%         49,35%

                                2003          2004           2005

Empresas Wines From Brazil   231.018,89    638.580,34    1.569.433,25
(WFB) US $

TOTAL DE EXPORTACOES DO      772.171,00   1.807.902,00   2.711.141,00
Brasil US$

%WFB                           29,92%        35,32%         57,89%

                                 2006          20007

Empresas Wines From Brazil   1.572.654,70   2.348.797,11
(WFB) US $

TOTAL DE EXPORTACOES DO      3.150.729,00   4.070.627,00
Brasil US$

%WFB                            49,91%         57,70%

Fonte: WFB: empresas--Brasil: Sistema Aliceweb MDIC.

NCM's Consultadas: 22042100, 22041010, 22042900, 22041090, 22043000.

Grafico 2: Evolucao das Exportacoes

                      2003          2004           2005

VALOR WFB US$      231.018,89    638.580,34    1.569.433,25
VALOR Brasil US$   772.171,00   1.807.902,00   2.711.141,00

                       2006          20007           2008

VALOR WFB US$      1.572.654,70   2.348.797,11   2.185.901,50
VALOR Brasil US$   3.150.729,00   4.070.627,00   2.727.506,00

* 2008--Ate Junho

Fontes: WFB: empresas--Brasil: Sistema Aliceweb MDIC

NCM consultadas: 22042100, 22041010, 22042900, 22041090, 022043000

Grafico 3: Destino das Exportacoes--Projeto (2008)

Republica Tcheca;          1%
Nigeria;                   1%
Canada;                    3%
Polonia;                   2%
Suecia;                    2%
China;                     2%
Suica;                    10%
Reino Unido;               4%
Alemanha;                  9%
Holanda;                   9%
EUA;                      12%
Japao;                     3%
Paraguai;                 17%
Russia;                   25%

** 2007--20 paises

** 2008 *--22 paises

* Jan./jun. 2008

Fonte: WFB (2008). Fonte: WFB (2008)
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