The setting of the organizational structure in the third sector: the case of EDISCA/Configuracao da estrutura organizacional no terceiro setor: o caso EDISCA/Configuracion de la estructura organizacional en el tercer sector: el caso EDISCA.
da Cunha, Larissa Teixeira ; de Albuquerque, Edmilson Pinto, Jr. ; Pessoa, Maria Naiula Monteiro 等
1. INTRODUCAO
Impulsionadas pelo desejo de governabilidade legitima, nao atendido
pelos canais burocraticos estatais ou privados, as organizacoes
naogovernamentais sem fins lucrativos procuraram estabelecer
alternativas as burocracias estatais. A principio, tais organizacoes
constituiram-se com base em um modelo antiestatista, caracterizando-se
como nao hierarquicas ao adotarem formas participativas de democracia e
a horizontalidade da autoridade interna (CARVALHO, 1995).
De acordo com Tenorio (2005), a gestao de tais organizacoes
fundamenta-se na preocupacao com a acao social transformadora guiada por
valores de solidariedade e confianca mutua, apresentando um estilo
proprio de gestao e enfrentando, ao longo dos anos, desafios diversos no
que concerne a propria manutencao e cristalizacao de sua imagem na
sociedade. A expansao geografica de suas areas de atuacao, assim como a
busca por recursos financeiros, capacitacao de pessoal, gestao de
recursos, articulacoes com outros setores da sociedade, somados a outros
desafios, impulsionaram essas entidades na direcao de uma gestao mais
organizada e estruturada.
Os desafios enfrentados pelos gestores das organizacoes, de
qualquer organizacao, parecem convergir tanto para a necessidade de
reconhecimento de suas limitacoes estruturais para prover ajustes,
quanto para a legitimacao do ambiente como variavel que demanda
constante monitoramento. A proposta de Mintzberg (2008), base teorica do
trabalho em questao, consiste precisamente em identificar configuracoes
adequadas de estruturas organizacionais, com o intuito de fomentar
gestores e estudiosos em suas buscas por organizacoes mais eficazes. Os
processos de trabalho e a coordenacao destes se destacam como base da
analise proposta pelo autor.
Ciente da relevancia de tais temas para a gestao contemporanea e
tendo a compreensao da escola como organizacao (SOUZA; PRADO, 2009), a
pesquisa em questao buscou analisar a estrutura organizacional
caracteristica de uma entidade do Terceiro Setor a luz da teoria das
configuracoes de Mintzberg (2008). Visando a consecucao desse objetivo
geral, foram delineados como objetivos especificos as analises dos
mecanismos de coordenacao predominantes, dos parametros de design e dos
fatores situacionais associados a estrutura da entidade.
Alem desta introducao, consta no artigo referencial teorico que
trata da teoria das configuracoes de Mintzberg (2008), do Terceiro Setor
e de seu aspecto gerencial. Em seguida, descreve-se a metodologia
utilizada e expoem-se os resultados obtidos. Por fim, sao apresentadas
as consideracoes finais e as referencias.
2. REVISAO DA LITERATURA
2.1. As Configuracoes Organizacionais de Mintzberg
Recorrendo-se a teoria de Mintzberg (2008), visualiza-se o exito
organizacional nao apenas pelos registros numericos de lucros ou
ampliacao da capacidade produtiva, mas principalmente pela maneira como
as organizacoes buscam estruturar-se para receber novas e complexas
demandas, internas ou externas. Os problemas estruturais surgidos em
razao de aumento da demanda devem ser administrados por meio do desenho
correto da organizacao, de forma que esta possa alinhar-se ao proprio
porte ao mesmo tempo em que se ajusta ao ambiente. Logo, a divisao do
trabalho em tarefas especificas, bem como a coordenacao destas, nao deve
passar ao largo das analises e configuracoes das organizacoes formais.
Sao medidas ou demandas naturalmente exigidas para a administracao da
complexidade caracteristica de suas estruturas e atividades (MINTZBERG,
2008).
A propria estrutura organizacional pode ser vislumbrada por esses
dois elementos: divisao de tarefas e coordenacao das mesmas (MINTZBERG,
2008). Para o autor, o alinhamento correto de elementos internos, que
ele denomina de parametros de design, devidamente ajustados a fatores
situacionais especificos a cada organizacao, resulta em um conjunto de
cinco configuracoes nas quais pode ser enquadrado qualquer tipo de
organizacao: estrutura simples, burocracia mecanizada, burocracia
profissional, forma divisionalizada e adhocracia (MINTZBERG, 2008).
Cada uma das cinco configuracoes concebidas tem base erguida sobre
caracteristicas organizacionais especificas, tais como o principal
mecanismo de coordenacao utilizado, a parte-chave da organizacao e o
tipo de descentralizacao empregada, conforme sintetizadas na Figura 1.
2.1.1. Mecanismos de coordenacao e Parteschave da organizacao
De acordo com Mintzberg (2008), a coordenacao e uma exigencia
natural das estruturas formais e envolve varias formas, que o autor
denomina mecanismos de coordenacao. Estes tendem a se tornar mais
complexos a medida que a organizacao assim se torna. Sao elementos
basicos, uma vez que toda e qualquer tarefa realizada necessita de
coordenacao.
O primeiro mecanismo de coordenacao descrito e a supervisao direta,
necessaria quando as tarefas passam a ser executadas por um grupo cada
vez maior de pessoas, tornando clara a necessidade de uma figura
encarregada nao de executar, mas de coordenar o que se executa. Os
mecanismos de coordenacao--padronizacao dos processos, padronizacao das
habilidades e padronizacao dos outputs--partem do principio de que a
realizacao das tarefas pode ser determinada antes de sua execucao de
fato. Logo, os processos, os resultados desses processos e as pessoas
que desempenham essas tarefas podem ser padronizados, uma vez
identificados o conteudo do processo de trabalho, o objetivo desse
processo e as habilidades requeridas do profissional para executa-lo. O
ultimo mecanismo, o ajustamento mutuo, e o mais simples dos mecanismos
de coordenacao; por meio dele, o conhecimento do trabalho se da durante o processo de trabalho e o controle esta nas maos do operador do
processo. A comunicacao informal caracteriza esse mecanismo, que pode
ser utilizado em organizacoes simples ou nao (MINTZBERG, 2008).
Os mecanismos de coordenacao sao ajustaveis as circunstancias
particulares de cada organizacao e devem ainda ser utilizados de forma
nao isolada, mas em coerente harmonia. Como Mintzberg (2008:18)
esclarece, "simplesmente, as organizacoes contemporaneas nao podem
existir sem lideranca e comunicacao informal, mesmo que seja apenas para
diminuir a importancia da rigidez da padronizacao."
A parte-chave da organizacao e outra variavel utilizada na analise
de Mintzberg (2008) para diagnosticar em qual das cinco configuracoes
estruturais as organizacoes se enquadram. Essas partes-chave sao assim
descritas: cupula estrategica, tecnoestrutura, nucleo operacional, linha
intermediaria e assessoria de apoio. A cupula estrategica cabe, alem da
supervisao direta, a tomada das decisoes que direcionam a organizacao em
seus propositos. Isso envolve a formulacao de estrategias que nao podem
passar ao largo do conhecimento das condicoes internas e externas a
organizacao. Esse estrato assume a perspectiva mais ampla da
organizacao, com menos rotina ou padronizacao. O agente decisor e visto como elemento responsavel por organizar a atividade grupal, mecanizada e
guiada por propositos (ainda que nao individuais), em direcao a
eficiencia global das organizacoes burocraticas.
Motta (1993) legitima esse argumento afirmando que as organizacoes
podem ser vistas como estruturas de poder. Afirma ainda que a visao de
organizacao como um sistema organico automaticamente reativo as mudancas
do meio e equivocada, uma vez que os objetivos organizacionais sao
geridos, formulados e levados a implementacao por meio de um jogo duro e
constante de negociacoes e forcas de influencia. Ha uma verdadeira arena
politica, onde cada decisao tomada e um universo de possibilidades e
consequencias a serem consideradas (MOTTA, 1993).
Ja a tecnoestrutura incorpora aqueles analistas que respondem pelo
planejamento, suporte e melhoria dos trabalhos executados dentro das
organizacoes mais complexas; tem-se como exemplo o treinamento de
pessoal ou o desenvolvimento de pesquisas (MINTZBERG, 2008). O nucleo
operacional, por sua vez, e aquele grupo que mantem contato operacional
direto com a tarefa executada, sendo, portanto, essencial para a
sobrevivencia da organizacao. Uma vez que este e o grupo que se envolve
diretamente com o que e produzido, o nucleo operacional e alvo de maior
padronizacao ou de maior coordenacao (MINTZBERG, 2008).
A linha intermediaria e o elo entre os polos que detem o poder de
decisao e os executores das tarefas. Por fim, a assessoria de apoio e
constituida de unidades que, assim como a tecnoestrutura, tambem nao
respondem pela producao direta e podem ser encontradas em qualquer lugar da hierarquia organizacional. Mintzberg (2008) cita exemplos dessas
unidades, como uma consultoria juridica proxima da cupula estrategica e
um restaurante como unidade mais proxima do nucleo operacional. Na
analise do autor, as organizacoes complexas devem ser constituidas por
esses elementos-chave.
2.1.2. Parametros de design
Mintzberg (2008:36) afirma que "no caso da estrutura
organizacional, design significa girar os botoes que influenciam a
divisao do trabalho e os mecanismos de coordenacao que afetam as funcoes
da organizacao". O autor sugere um conjunto de 9 (nove) parametros
de design, agrupados em quatro grupos amplos, conforme a Figura 2. Tais
parametros, conforme Mintzberg (2008), desempenham dupla funcao. Em
primeiro lugar, representam os meios pelos quais se decide como as
multiplas atividades de uma organizacao sao divididas. Na sequencia,
determinam como essas atividades sao coordenadas. A seguir, cada um
desses parametros e discutido.
2.1.2.1. Especializacao da tarefa
Mintzberg (2008) afirma que o trabalho pode ser especializado em
duas dimensoes: a primeira, denominada especializacao horizontal, diz
respeito a quantidade de tarefas que esta contida em cada trabalho; a
segunda, chamada especializacao vertical, diz respeito ao controle
(inclusive intelectual) sobre o trabalho desempenhado.
2.1.2.2. Formalizacao do comportamento
Esse parametro, de acordo com Mintzberg (2008), leva a
especializacao vertical do trabalho e diz respeito a maneira pela qual a
organizacao indica a separacao dos seus integrantes e padroniza os
processos internos de trabalho. Tem-se ainda que esse parametro de
design e mais comum no nucleo operacional da organizacao.
2.1.2.3. Treinamento e doutrinacao
Nas palavras de Mintzberg (2008:51), o treinamento "refere-se
ao processo pelo qual sao ensinados habilidades e conhecimentos
relacionados ao trabalho". A doutrinacao socializa os individuos no
intuito de fazer com que as normas organizacionais sejam internalizadas.
Nos dois procedimentos, afirma o autor, busca-se desenvolver
comportamentos necessarios ao desempenho dos trabalhos.
2.1.2.4. Agrupamento de unidades
O resultado mais notorio de um agrupamento de unidades e o
organograma da organizacao. Por meio desse processo o sistema de
autoridade formal e configurado, assim como a propria hierarquia na
organizacao. Para Mintzberg (2008), ele e fundamental para assegurar a
coordenacao dos trabalhos.
2.1.2.5. Dimensao da unidade
Por meio desse parametro, chega-se a amplitude do controle da
funcao gerencial dentro das organizacoes.
2.1.2.6. Sistema de planejamento e controle
Mintzberg (2008) afirma que pode haver varias formas de
planejamento de acoes e de controle de desempenho nos diversos niveis
hierarquicos de uma organizacao. Distinguem-se aqui dois tipos
diferentes de sistemas de planejamento e de controle, um com foco em
desempenhos globais, outro no desempenho de unidades especificas.
2.1.2.7. Instrumentos de interligacao
Este parametro representa a contribuicao mais atual e relevante
para o design organizacional, conforme expoe Mintzberg (2008). O autor
utiliza quatro instrumentos basicos de interligacao: os cargos,
forcas-tarefa e comites permanentes, gerentes de interligacao e
estrutura matricial. Os cargos podem ser formalmente criados quando o
volume de contato necessario entre as unidades e muito alto; as
forcas-tarefas e os comites permanentes acontecem quando a organizacao
precisa de pessoal especifico para a resolucao de tarefas ou tem como
pratica regular a discussao de assuntos de interesse comum com o pessoal
interdepartamental (MINTZBERG, 2008). Os gerentes de interligacao,
autoridade formal instituida para interligar as unidades, surgem quando
a coordenacao por ajustamento mutuo se faz mais necessaria do que por
cargos de interligacao regulares. Ja a estrutura matricial visa instalar
um equilibrio de comando por meio do estabelecimento de uma estrutura de
autoridade dupla; nas palavras de Mintzberg (2008:103-104), "ao
adotar a estrutura matricial, a organizacao evita escolher uma base de
agrupamento em detrimento de outra; ao contrario, opta por ambas".
Vasconcellos e Hemsley (2003) afirmam ser a matriz a maneira pela qual
as unidades funcionais mantem relacoes horizontais entre si.
2.1.2.8. Tipo de descentralizacao
E um dos parametros mais importantes, de acordo com Mintzberg
(2008), pois trata da maneira pela qual a organizacao distribui o poder
de decisao entre seus membros. A necessidade de distribuicao de poder
dentro das organizacoes envolve a capacidade de reconhecer que nao e
possivel saber de tudo ou responder por tudo. Mintzberg (2008) ressalta
ainda duas vantagens da descentralizacao, que sao a possibilidade de
tornar a organizacao rapidamente responsiva e o engajamento e motivacao
dos sujeitos organizacionais. Nas palavras de Mintzberg (2008:116-117),
"a dispersao do poder formal cadeia abaixo da autoridade de linha
sera denominada descentralizacao vertical", enquanto "a
descentralizacao horizontal refere-se a extensao em que os nao-gerentes
controlam os processos de decisao". O autor aponta ainda a
descentralizacao seletiva, na qual o poder de decisao nao esta
necessariamente ligado a unidade a qual corresponderia ou caberia tomar a decisao, podendo diluir-se entre as cupulas.
Simon (1965) afirma que, na pratica, os conceitos de autoridade,
sugestao e poder se misturam; na visao weberiana, sao elementos
distintos. A burocracia de Weber e a analise de Herbert Simon convergem,
no entanto, na constatacao de que uma funcao primordial da organizacao e
assegurar a obediencia as normas do grupo ou do sujeito detentor de
poder (SIMON, 1965). Os caminhos para a eficiencia organizacional (ou
para qualquer outro objetivo) estao subordinados antes a uma execucao
intelectual do agente decisor, para dai descerem na hierarquia ate os
governados, que de fato executarao as tarefas. Simon (1965) estudou,
dessa forma, o que Taylor ja havia teorizado: que uma analise cientifica
legitima das organizacoes nao deve passar ao largo da compreensao de
como as decisoes levam a acao eficiente e de como os resultados dessas
decisoes ecoam no processo de continuidade organizacional. Dai a
importancia, na visao de Simon (1965), de a teoria organizacional nao
dissociar o estudo dos processos administrativos dos processos
decisorios.
2.1.3. Fatores situacionais
Mintzberg (2008) relaciona a eficacia de suas configuracoes a
outros elementos que ele denomina fatores situacionais, tais como a
idade e o tamanho da organizacao, ou ainda as ferramentas (sistema
tecnico) para execucao das atividades que impulsionam as organizacoes em
direcao da correta execucao de seus propositos, referindo-se aos
processos de trabalho e avancos possiveis em campos diretamente ligados
ao aprimoramento desses processos. A dinamicidade e complexidade do
ambiente do qual as organizacoes sao integrantes nao podem ser
ignoradas, bem como a forma como a organizacao administra e equilibra as
relacoes de controle interna e externamente. Mintzberg (2008) endossa,
assim, em sua teoria, a relevancia de fatores contingenciais para a
estruturacao das organizacoes.
A ideia de contingencia aplicada as estruturas organizacionais
estabelece a variancia da otimizacao da estrutura de acordo com
determinados fatores, tais como estrategia, tamanho, incerteza com
relacao as tarefas e tecnologia. Assim, a teoria da contingencia
estrutural se opoe a abordagem classica, por esta defender a existencia
de uma unica estrutura organizacional que seria altamente efetiva para
as organizacoes de todos os tipos (DONALDSON, 1998). Como os fatores
citados se referem a influencia do ambiente, a organizacao necessita
adequar sua estrutura a seus fatores contingenciais e ao ambiente em que
se insere, de forma a alcancar a plena eficiencia.
O estudo de estruturas organizacionais nao e recente. Max Weber,
teorico que contribuiu grandemente para o estudo das organizacoes,
idealizou no seculo passado um tipo de organizacao formal denominada
burocracia, a qual e possuidora de principios que maximizam a tomada
racional de decisoes e a eficiencia na administracao. Tal organizacao
possui as seguintes caracteristicas: as tarefas sao distribuidas entre
as posicoes como deveres oficiais, havendo a divisao clara de trabalho,
o que possibilita o alto grau de especializacao; as posicoes sao
organizadas dentro de uma estrutura de autoridade hierarquica; um
sistema de regras e regulamentos, formalmente estabelecido, governa as
acoes e decisoes oficiais; os chefes devem assumir uma orientacao
impessoal em seus contatos com clientes e outros chefes; e o emprego na
organizacao configura uma carreira para os chefes e se baseia nas
qualificacoes tecnicas do candidato (WEBER apud BLAU; SCOTT, 1979).
Mintzberg (2008) legitima a identificacao e o enquadramento das
organizacoes em uma de suas configuracoes propostas como um recurso
estrategico vantajoso, uma vez que permitem aos gestores e estudiosos
analisar nao apenas a estrutura, mas ainda o contexto no qual se inserem
as organizacoes. O autor legitima ainda a expansao desse tipo de analise
para qualquer tipo de organizacao, inclusive organizacoes nao
comerciais, como as do Terceiro Setor. Souza e Prado (2009) afirmam que
organizacoes com fins educacionais devem funcionar como um sistema vivo
presente em um ambiente mais amplo, do qual depende a satisfacao de suas
varias necessidades, e que seus profissionais devem funcionar como
orgaos que, em conjunto, trabalham para que a organizacao alcance seus
objetivos.
2.2 O Terceiro Setor e sua perspectiva gerencial
Desde o fim dos anos 60, surgiram nos paises altamente
industrializados grupos organizados de pessoas preocupadas com a
administracao da vida comunitaria, cujas discussoes politicas eram
guiadas pela ideia de autogoverno e pela descrenca nas burocracias
especializadas e em seus representantes politicos. Nos anos 70, tais
grupos alcancaram maior padrao de organizacao, o que possibilitou sua
consolidacao nos paises desenvolvidos e sua expansao para o restante do
mundo (CARVALHO, 1995).
No Brasil, a constituicao de instituicoes privadas sem fins
lucrativos ocorreu nos anos 70 e 80, com o proposito de lutar contra a
realidade de exclusao social no pais e de falta de liberdades
democraticas, caracteristicas da ditadura militar entao vigente. Essa
atitude de caridade e de servidao aos setores dominados tem estado estreitamente relacionada as organizacoes religiosas, em especial, a
Igreja Catolica e suas pastorais sociais (HUDSON, 1999; RAVIOLO, 2003),
as quais muitas das primeiras instituicoes beneficentes brasileiras
foram ligadas.
O seculo XXI se aproximava, os governos foram perdendo poder,
disseminou-se a cultura do individualismo, o desemprego intensificou-se
por deficiencia do mercado, a vida familiar se desgastou e os valores
comunitarios e a cultura foram minados por meio da propaganda e do
entretenimento. Tracou-se, assim, um contexto propicio para a expansao e
legitimacao do Terceiro Setor como movimento social significativo para
reequilibrar o sistema (NANUS, 2000).
As denominacoes dadas as organizacoes que surgem no seio da
sociedade civil sao diversas: organizacoes sem fins lucrativos,
organizacoes voluntarias, organizacoes nao-governamentais (ONGs),
entidades de caridade, entre outras. O Terceiro Setor e conceituado como
um guardachuva que engloba organizacoes privadas que nao dependem do
Estado, nao tem fins lucrativos, reinvestem todo seu saldo financeiro na
propria organizacao e possuem um objetivo social, que e a producao de um
bem coletivo em detrimento de um bem particularista (HUDSON, 1999;
COELHO, 2000). Salamon e Anheier (1994 apud COELHO, 2000) destacam ainda
que essas organizacoes sao estruturadas, ja que possuem um quadro de
pessoal responsavel por rotinas padronizadas; sao autogovernadas, uma
vez que a atitude de governar e inerente a totalidade das organizacoes
autonomas existentes; e envolvem individuos em um significativo esforco
voluntario.
No Brasil, o termo consagrado para essas entidades e ONG, contudo a
nomenclatura Terceiro Setor comecou a ser utilizada recentemente para
designar fenomenos e questoes referentes a um universo de organizacoes
da sociedade civil. Ao contrario da denominacao ONG, que enfatiza a
heterogeneidade das organizacoes a partir de seus diversos idearios,
papeis e aliancas na sociedade, o conceito de Terceiro Setor tende a
homogeneizacao social e politica, configurando-se como termo descritivo
neutro. Tal postura mostra-se propicia ao cenario atual de desmonte de
direitos e de diminuicao das responsabilidades do Estado, em razao da
onda neoliberal (LANDIM, 2003).
Montano (2002) ratifica a visao critica de Landim (2003) ao encarar
o Terceiro Setor como corolario e justificativa para o processo
neoliberal de desresponsabilizacao do Estado. Segundo o autor, o
Terceiro Setor e instrumentalizado pela estrategia neoliberal e
responsavel por minimizar aparentemente as contradicoes de classe e
redirecionar as lutas sociais para atividades acertadas com o Estado e o
empresariado, gerando menor enfrentamento com o projeto neoliberal.
Krishnan (2007) afirma que e padrao das ONGs se posicionarem como
organizacoes da sociedade civil, e tal posicionamento lhes permite
questionar tanto o governo quanto o mercado em relacao a perspectivas
contemporaneas de direitos-base, equidade, sustentabilidade, etc.
Contudo, nao e facil manter essa posicao diante das reacoes particulares
ou conjuntas das esferas governamentais e empresariais. Dessa forma, as
ONGs desenvolvem varias estrategias para conter tais pressoes, como
criar amplas redes de relacionamento, comandar movimentos sociais,
exercer papeis de ativismo politico e legal, e reconfigurar seus
proprios sistemas e processos de governanca.
Salamon e Anheier (1997) chamam a atencao para essa
conceitualizacao de sociedade civil, que infelizmente relega aos outros
setores--governo e mercado--o status de serem "nao civis". Os
autores argumentam que uma verdadeira sociedade civil nao e aquela em
que um ou outro setor esta em vantagem, mas sim aquela em que ha tres
setores mais ou menos distintos--governamental, empresarial e sem fins
lucrativos--que encontram maneiras de trabalhar juntos para atender
necessidades publicas. Assim, o termo sociedade civil nao se aplica a um
setor em particular, mas ao relacionamento entre setores, no qual
prevalece um alto nivel de cooperacao e suporte mutuo.
Em estudo comparativo que analisou 74 entidades de Sao Paulo e 20
de Pittsburgh que oferecem servico de educacao infantil, Coelho (2000)
fez algumas observacoes gerais referentes ao perfil das organizacoes
pertencentes ao Terceiro Setor brasileiro e norte-americano. O perfil
das ONGs brasileiras demonstra que elas se concentram em centros urbanos
mais populosos, tem por clientela preferencial a populacao carente e
seus valores sao mais politizados e menos religiosos.
Ha uma grande influencia, nessas organizacoes, do diretor
executivo, a qual e mediada por processos legais para a tomada de
decisoes (conselhos e assembleias), nos quais o lider tem por obrigacao
buscar um consenso interno democraticamente. As praticas gerenciais
apresentam certo nivel de informalidade, mas ha uma maior preocupacao
com essas praticas advinda da conscientizacao da precariedade do servico
e da pressao de novos agentes financiadores. O quadro de pessoal e
bastante enxuto e ha uma tendencia a formalizacao da atuacao de seus
funcionarios. A baixa qualificacao da mao de obra implica uma
preocupacao maior com a participacao dos funcionarios em cursos de
capacitacao, contudo estes se limitam muitas vezes a atividade final,
nao abordando a area gerencial. Esse aprimoramento da capacitacao gera
uma mudanca gradual no comportamento e linguajar das ONGs (COELHO,
2000).
Em razao de os governos terem reduzido suas verbas destinadas aos
programas voltados para o bem-estar, as ONGs precisaram reunir seus
esforcos para obter novas fontes de apoio e melhores maneiras de servir
a seus clientes. A divulgacao de alguns escandalos envolvendo
organizacoes sem fins lucrativos resultou em sua sujeicao mais intensa
ao exame da populacao e a prestacao de contas a ela. Desse modo, sua
maior dependencia de recursos e sua maior responsabilidade perante o
publico pressionaram as organizacoes beneficentes a se tornarem mais
parecidas com as empresas privadas em sua busca pela eficiencia e em seu
esforco pela profissionalizacao (NANUS, 2000).
De acordo com Nanus (2000), os lideres das organizacoes do Terceiro
Setor sao cada vez mais desafiados pelo aumento da necessidade de
servicos, mas os recursos humanos e financeiros necessarios nao
acompanham o mesmo ritmo de crescimento. Como forma de superar tais
desafios que comprometem a sobrevivencia e a eficiencia administrativa
das ONGs, Tenorio (2005) propoe a adocao de novos instrumentos de
gestao, capazes de proporcionar ao quadro de funcionarios habilidades,
conhecimentos e atitudes que assegurem o cumprimento dos objetivos
institucionais.
Apesar da aproximacao entre a visao gerencial de uma ONG e a de uma
empresa do setor privado, resultante dessa nova visao gerencial,
administrar organizacoes guiadas por valores e um pouco diferente de
administrar organizacoes do setor privado ou mesmo do setor publico. A
principal diferenca entre o Terceiro Setor e os outros e que nele existe
uma tenue ligacao entre os provedores de fundo e os usuarios. Essa
diferenca na natureza das transacoes acarreta problemas administrativos,
como uma demanda de servicos ilimitada e diferentes expectativas dos
financiadores e usuarios (HUDSON, 1999).
Outras caracteristicas das organizacoes do Terceiro Setor expostas
por Hudson (1999) referemse a dificuldade de especificar com precisao os
objetivos sociais visados, razao pela qual e mais dificil medir e
monitorar suas realizacoes; a responsabilidade perante muitos
patrocinadores, cujos interesses divergem; a necessidade de cultivar os
valores da entidade com mais sensibilidade; e a falta de recursos
financeiros para determinar prioridades e investimentos futuros, os
quais passaram a depender de negociacoes internas. Percebe-se, assim,
que o envolvimento de certas peculiaridades de gerenciamento resulta em
complexas estruturas de administracao.
2.3. Estudos empiricos relacionados ao Terceiro Setor e estruturas
organizacionais
Terceiro Setor e um tema estudado por diversas areas do
conhecimento, como Administracao, Ciencia Politica e Sociologia. E
bastante explorado pela primeira no que tange a aspectos como
planejamento, gestao social, perspectiva institucional, qualidade de
servicos, entre outros. Iizuka e Sano (2004) constataram que, ao
contrario de areas classicas, tais como financas, marketing, recursos
humanos, estrategia, organizacoes, etc., a tematica do Terceiro Setor
ainda nao atingiu um nivel de producao academica que a caracterize como
uma area autonoma, com uma agenda de pesquisa propria e consolidada,
apesar do crescente interesse academico e profissional pelo assunto.
Dessa forma, a pesquisa realizada por Iizuka e Sano (2004) indica
que uma parcela significativa dos autores dos artigos analisados esta
interessada na chamada profissionalizacao do Terceiro Setor e na busca
por "um espaco" ou ate mesmo pela legitimacao de uma nova area
de estudos e pesquisas, fato constatado pelo uso de argumentos de
"novidade". De fato, os autores verificaram que o numero de
trabalhos nao apresenta uma evolucao significativa, apesar de haver uma
constancia de artigos sobre esta tematica aprovados, o que pode indicar
um interesse de medio e longo prazo dos estudantes, professores e
pesquisadores.
No que concerne ao assunto de estruturas organizacionais no
Terceiro Setor, o volume de trabalhos brasileiros e infinitamente menor.
Citam se, como exemplo, o trabalho de Rodrigues (2004) intitulado
Configuracoes organizacionais em organizacoes sem fins lucrativos:
reflexoes para alem da simples adocao de modelos, o qual passeia pela
literatura de configuracoes organizacionais e discute esse tema quando
considera as organizacoes da sociedade civil; o de Rodrigues (2004), que
expoe modelos organizacionais presentes no livro Images of Organization,
de Morgan, e assume que a estrutura, formato ou configuracao e causa e
consequencia de variaveis presentes na organizacao, cabendo portanto
entender primeiramente questoes organizacionais de base antes de
refletir sobre qual e a estrutura mais adequada.
Outro trabalho que se pode mencionar e o de Aguiar e Martins
(2006), em que os autores buscam identificar implicacoes das estruturas
organizacionais na gestao estrategica de custos. Para tanto, os autores
se basearam na teoria de Mintzberg acerca das estruturas organizacionais
e exploraram como objeto de estudo as Organizacoes Nao-Governamentais
(ONGs) do Estado de Sao Paulo. Os autores obtiveram como resultado que
as ONGs apresentam como estrutura organizacional predominante a
burocracia profissional, apesar de se verificarem aspectos
organizacionais nao consistentes com a burocracia profissional pura.
Afirmam ainda que a implementacao de uma gestao estrategica de custos
precisara considerar que essas organizacoes utilizam fortemente o
parametro de treinamento, muito planejamento de acoes, alem de atuarem
em ambientes preferencialmente estaveis e complexos, apresentando
controle de desempenho mediano e um controle externo constante.
Este ultimo estudo, portanto, configura-se como uma relevante
referencia para a pesquisa em questao, visto que desenvolveu proposta
similar, ainda que com objeto e metodo de estudo diversos.
3. METODOLOGIA
A abordagem dada ao problema deste estudo e de carater
fundamentalmente qualitativo. Quanto aos fins, a pesquisa e descritiva.
No que se refere aos meios, a pesquisa e bibliografica, documental e de
campo. Dessa forma, procurou-se realizar uma investigacao mais
aprofundada da maneira pela qual se configura a estrutura organizacional
de uma entidade do Terceiro Setor, a EDISCA, a partir da descricao e
analise de seus mecanismos de coordenacao, seus parametros de design e
seus fatores situacionais. Buscou-se, tambem, estabelecer relacoes entre
as variaveis em foco, de modo a construir uma compreensao mais ampla do
fenomeno em questao.
O procedimento tecnico adotado para analisar os fatos do ponto de
vista empirico foi o estudo de caso, que "permite uma investigacao
para se preservar as caracteristicas holisticas e significativas dos
eventos da vida real" (YIN, 2001: 21). Trata-se, portanto, de uma
investigacao empirica que reflete a realidade de sua unidade de estudo,
no caso, a configuracao estrutural de uma organizacao privada sem fins
lucrativos.
O estudo de caso em questao configura-se como unico ao investigar a
Escola de Danca e Integracao Social para Crianca e Adolescente (EDISCA).
A escolha da entidade se realizou por criterios de relevancia e de
influencia, buscando detectar elementos caracteristicos que enquadrem a
organizacao em questao nas configuracoes propostas por Mintzberg (2008).
Neste estudo, utilizaram-se as tecnicas de entrevista em
profundidade e de pesquisa documental para a coleta de dados. A
entrevista, que durou cerca de uma hora, foi realizada pessoalmente na
propria entidade, com a coordenadora do setor de psicologia, pessoa
tambem responsavel pelo atendimento ao publico academico e ja ha nove
anos funcionaria na entidade. Segundo Roesch (2006), o grau de
estruturacao de uma entrevista depende do proposito do entrevistador: no
caso em questao, empregou-se uma entrevista semiestruturada, cujo
roteiro de vinte questoes abertas abordou os aspectos tratados por
Mintzberg (2008), permitindo aos entrevistadores entender e captar os
mecanismos de coordenacao, os parametros de design e os fatores
situacionais predominantes a partir da perspectiva da representante da
entidade. Utilizou-se a pesquisa documental de forma complementar,
explorando-se informacoes contidas no endereco eletronico da entidade,
em seu relatorio de atividades do ano de 2008 e em material sobre a
instituicao disponibilizado pela entrevistada. Como parte da atividade
de campo, realizou-se tour pela entidade guiado por um ex-aluno e hoje
professor da EDISCA. Este, enquanto apresentava os outros integrantes da
entidade e os variados ambientes, tais como salas de aula, biblioteca,
palco para ensaios dos alunos, forneceu varias informacoes acerca da
historia e do funcionamento da escola.
Para a analise dos dados empiricos coletados, fez-se uso da tecnica
de analise de conteudo. Tal tecnica possibilitou o levantamento de
inferencias a partir das informacoes fornecidas pela respondente. Como
unidades de analise utilizaram-se os mecanismos de coordenacao, os
parametros de design e os fatores situacionais presentes na teoria de
Mintzberg (2008). Em cada unidade de analise buscou-se identificar os
mecanismos, parametros e fatores predominantes na entidade em questao,
primeiro passo para a definicao da configuracao de sua estrutura
organizacional.
3.1. A EDISCA
A EDISCA, organizacao nao-governamental sem fins lucrativos fundada
em 2 de fevereiro de 1991 na cidade de Fortaleza, promove o
desenvolvimento humano de criancas e adolescentes em desvantagem social,
acreditando que a educacao e a oportunidade fundamental a ser oferecida
as novas geracoes, para que realizem sua vocacao e recriem o mundo
(EDISCA, 2008).
A proposta educativa da entidade fundamenta-se no processo
cognitivo, criativo e construtivo das linguagens artisticas, e sua
estrategia consiste em viabilizar a transformacao do potencial do
educando em competencias e habilidades que lhe permitem acessar, criar e
aplicar o conhecimento, transformando sua realidade pessoal e social
(EDISCA, 2010).
Nesse contexto, a instituicao se legitima em tres dimensoes de
atuacao. A primeira, no atendimento direto aos educandos e aos seus
familiares nas areas de educacao, arte, formacao profissional, nutricao
e saude. A segunda, na pesquisa, producao e sistematizacao do
conhecimento gerado a partir da observacao de sua praxis; e a terceira,
na disseminacao de sua tecnologia educacional, estimulando e
estruturando outras organizacoes que compartilham dos mesmos principios
(EDISCA, 2010).
4. MECANISMOS DE COORDENACAO, PARAMETROS DE DESIGN E FATORES
SITUACIONAIS DA EDISCA
Neste segmento apontam-se e explicam-se os resultados alcancados a
partir da entrevista realizada e da pesquisa documental empreendida. Com
base nesses resultados, primeiramente analisam-se os mecanismos de
coordenacao predominantes na entidade, em seguida seus parametros de
design e, por fim, os fatores situacionais associados a estrutura
estudada.
4.1. Mecanismos de Coordenacao da EDISCA
A EDISCA dispoe de cinco areas de atuacao artistica, pedagogica,
social, de convergencia familia-escola-comunidade e de disseminacao -,
cada qual com seus projetos e programas, assim como com coordenacao
propria. Conforme afirma a entrevistada, "cabe a coordenacao gerir
os aspectos de sua area atraves de instrumentos e meios de avaliacao e
monitoramento de processo e de resultados".
O uso de fichas e questionarios de avaliacao inicial, de processos
e de resultados, a ocorrencia de reunioes de equipe e capacitacao para
alinhamento conceitual e metodologico, a exigencia de registro das acoes
na forma de depoimentos, fotos e videos, todos esses instrumentos
refletem uma programacao do conteudo do trabalho e uma especificacao de
seus resultados. Isso caracteriza a padronizacao dos processos de
trabalho e de seus outputs como mecanismo de coordenacao predominante na
entidade.
Quando se trata especificamente da coordenacao de area, a
entrevistada menciona que a conquista de tal cargo se da historicamente,
pela demonstracao de competencia, e/ou diretamente pela formacao tecnica
adequada. Dessa forma, constata-se tambem a padronizacao das habilidades
como mecanismo de coordenacao presente na entidade, uma vez que se
especifica o tipo de treinamento exigido para o desempenho do trabalho.
4.2. Parametros de Design da EDISCA
A divisao das tarefas da entidade em suas cinco areas, assim como a
existencia de atividades bem segmentadas de acordo com as habilidades
necessarias dentro de cada area configuram uma alta divisao do trabalho,
conforme explica a entrevistada:
[...] em alguns casos isso esta totalmente
vinculado a formacao, [...] e o caso do medico, o
psicologico e o psicologo, quem vai dar aula e o
pessoal do pedagogico, esta tudo bem
relacionado. E em alguns outros casos [...] isso
esta muito relacionado com a formacao que a
pessoa vem construindo e as competencias e
habilidades que ela vai apresentando.
Ja a divisao hierarquica da entidade pode ser considerada baixa,
visto que seu organograma conta com apenas tres estratos: o mais alto
engloba a direcao geral, o conselho fiscal e o conselho; o intermediario
envolve a direcao artistica, a direcao administrativo-financeira e a
direcao de patrimonio; e o mais baixo refere-se as cinco areas de
atuacao e a area de gestao, cujos segmentos encontram-se dispostos
horizontalmente.
Quando questionada sobre como a EDISCA promove o enquadramento de
seus membros nas tarefas e ao ambiente organizacional, a entrevistada
relatou que, ao fim do processo de selecao, o funcionario contratado
passa por um treinamento inicial que inclui acesso ao regimento interno,
reunioes individuais com a coordenacao de area e o setor de psicologia
para esclarecimento do regimento, participacao em reuniao geral para sua
apresentacao a equipe, realizacao de encontros com a equipe para
alinhamento da estrutura, funcionamento, historico e objetivos
institucionais. Esses meios utilizados caracterizam uma alta
formalizacao do comportamento dos membros da entidade.
Esses processos formais resultam ainda em uma alta doutrinacao dos
membros, ou seja, sua adesao a cultura organizacional, a qual e
igualmente alcancada informalmente, explica a entrevistada, "pela
vivencia e contato com as formas de agir e reagir decorrentes dos
valores e crencas institucionais, com a percepcao e vivencia
relacionadas a imagem institucional construida socialmente".
Alem do treinamento com foco na adaptacao e socializacao de seus
membros, a EDISCA promove ainda, pelo menos duas vezes ao ano, de acordo
com a entrevistada, oportunidades de aperfeicoamento e atualizacao
conceitual e metodologica por meio de capacitacoes e consultorias,
envolvendo toda a equipe (conteudo pedagogico) ou as coordenacoes de
area (gestao), e inclui, sempre que possivel, na elaboracao de projetos,
o pedido de cursos para formacao de pessoal. Dessa forma, e frequente a
ocorrencia de treinamentos, nos quais sao ensinados habilidades e
conhecimentos relacionados ao trabalho.
Uma organizacao como a EDISCA, que trabalha com projetos e
programas, normalmente agrupa suas unidades e posicoes em equipes de
tarefas, para apresentar cada projeto ou programa, suas acoes e seu
quadro de pessoal especifico. Assim, sua estrutura e agrupada com base
no mercado, por ser menos mecanizada e dispor de flexibilidade
decorrente da independencia entre suas unidades.
Segunda a entrevistada, como a EDISCA tem que "gerir os
projetos, seus objetivos e resultados, o planejamento estrategico e
operacional e fundamental para norteamento, definicao e acompanhamento
dos planos de acao". A dedicacao de uma semana inteira, duas vezes
por ano, a avaliacao e planejamento reflete a grande importancia dada ao
planejamento e controle das tarefas e sua permanente realizacao.
Como controle desse planejamento, a entrevistada menciona a
obrigatoriedade de todos os profissionais confeccionarem relatorios
trimestrais de atividades, os quais sao encaminhados as coordenacoes de
area, que por sua vez deverao elaborar os relatorios de area. "Aqui
todo mundo faz relatorio", afirma a entrevistada. A partir desses
relatorios, sao elaborados os relatorios trimestrais e anuais da EDISCA,
que integram a prestacao de conta tecnica e financeira trimestral aos
apoiadores dos projetos e programas, e a auditoria anual realizada pelos
orgaos competentes e tambem por contratacao voluntaria. A existencia de
todos esses mecanismos reflete o alto controle exercido pela entidade a
fim de mensurar e motivar um desempenho superior.
Quando questionada sobre o nivel de comunicacao e interacao entre
os membros da EDISCA, sua representante afirmou que, pelo fato de a
equipe ser pequena, as acoes se desenvolvem de forma bastante integrada
no dia a dia, e a troca de informacoes e uma pratica necessaria e
consolidada por meio de reunioes e encontros informais:
A gente tem reunioes a cada quinze dias, que
e a reuniao geral. Normalmente, nessa reuniao
geral, de funcionarios [...] tem os informes,
avisos [...] e alguns setores organizam agenda.
Depois dessa reuniao, faz-se um e-mail pra todo
mundo sobre o que aconteceu, mas nessa
reuniao muitas decisoes administrativas
acontecem, tipo, o funcionamento da escola,
votacao sobre alguma coisa. A gente discute
muito. A equipe e pequena.
A integracao informal se da constantemente em espacos como
refeitorio, teatro e biblioteca. Essa alta interacao e fundamental para
o processo de tomada de decisoes de ordem operacional, o qual se da de
forma consensual nas reunioes de equipe. Ja as decisoes de ordem
estrategica sao tomadas unicamente pela direcao e pelo conselho fiscal e
consultivo, anualmente, mediante realizacao de assembleia ou pela
convocacao de assembleia extraordinaria. Ao se basear em sistemas de
padronizacao para a coordenacao e na transferencia de poder para
analistas, no caso os conselheiros, a EDISCA apresenta uma
descentralizacao horizontal limitada.
4.3. Fatores Situacionais da EDISCA
A EDISCA, existente desde 1991, pode ser compreendida como uma
organizacao madura, visto que o surgimento das primeiras ONGs no Brasil
so ocorreu a partir das decadas de 70 e 80. Segundo sua representante,
durante 19 anos a entidade construiu uma imagem de credibilidade e
competencia decorrente da realizacao de sua missao; em sua visao de
futuro, a entidade deseja "ser um referencial em educacao
interdimensional para o desenvolvimento humano nas linguagens da
arte".
Para atender o numero atual de 400 criancas e adolescentes, a
entidade dispoe de 38 profissionais contratados e 12 voluntarios. Seus
50 membros constituem, assim, uma equipe pequena, que conta com 10
posicoes de chefia, das quais seis sao ocupadas por coordenadores de
area e 4 por membros da direcao.
Os instrumentos usados pelo nucleo operacional sao variados, em
razao dos diferentes resultados visados pelas cinco areas. Enquanto a
area social necessita de um ambulatorio devidamente equipado, a area de
gestao necessita basicamente de aparelhos como telefone e computador, e
a area artistica demanda apenas um espaco para as aulas de danca, coral
e teatro. Essa variedade resulta em um sistema tecnico classificado de
simples a moderado.
Para a execucao de seus projetos e programas, a EDISCA depende de
financiamento externo, obtido principalmente por meio de sua
participacao em editais lancados pelo governo e por empresas. A
previsibilidade desse cenario e garantida, uma vez que o lancamento de
tais editais ocorre de forma rotineira, possibilitando a entidade
antecipar cenarios e se planejar de forma eficiente. Apesar dessa
constancia, a EDISCA nao esta imune a acontecimentos inesperados no
cenario social, economico e politico, como foi o caso da crise economica
de 2008, que, conforme a entrevistada, resultou na diminuicao dos
recursos destinados a programas sociais em 2009.
A missao da EDISCA, que envolve promover desenvolvimento humano por
meio de uma educacao centrada nos processos da arte, demanda uma atuacao
sistemica com tecnologias complexas que inter-relacionam varios aspectos
sociais, economicos, psicologicos e educacionais. A entrevistada ilustra
tamanha complexidade com o caso das atividades do Projeto A Vida e
Feminina, voltado para as maes dos educandos, que tem como objetivo o
desenvolvimento de competencias familiares para a educacao de criancas e
adolescentes: "criamos um itinerario formativo que inclui acoes nas
areas de formacao para a cidadania, saude e educacao profissionalizante,
cujas atividades englobam grupos de convivencia, oficinas de educacao
para a saude e encaminhamentos para a rede publica de saude e oficinas
profissionalizantes".
Seu objetivo de promover, por meio de processos educativos
centrados na arte, o desenvolvimento humano de criancas e adolescentes
em situacao de dificuldade social, mantendo intersecao com a familia e a
comunidade, ja sinaliza o mercado integrado caracteristico da entidade,
que abrange educandos de 7 a 18 anos e suas familias, provenientes de
quatro areas de risco de Fortaleza: Conjunto Palmeiras, Grande Bom
Jardim, Mucuripe e Favela do Dende (EDISCA, 2008).
Para alcancar tal objetivo, a EDISCA recebe financiamento e/ou
apoio tecnico na forma de editais e premiacoes especificas, leis de
incentivo fiscal, iniciativas do apoiador e doacoes, ofertados por
organizacoes governamentais e naogovernamentais. Conforme mencionado
pela entrevistada, as relacoes estabelecidas com esses atores externos
costumam ocorrer de forma amistosa, em grande parte em razao do poder de
articulacao apresentado por sua diretora geral, Dora Andrade.
Apesar de a entrevistada relatar que a busca da entidade por sua
autossustentabilidade se da por meio da manutencao de um centro de
negocios proprio que possui como estrategia, por exemplo, a venda de
espetaculos, a EDISCA atua sob um alto controle externo advindo de seus
apoiadores, que se reflete no tratamento criterioso dado a prestacao de
contas e ao cumprimento de exigencias, como a alocacao das logomarcas de
alguns apoiadores em sua fachada. A consolidacao da marca EDISCA no
decorrer dos anos de sua atuacao tem permitido, entretanto, uma sutil
diminuicao desse controle e dependencia, uma vez que a entidade ja e
capaz hoje de estabelecer criterios formais para a selecao de suas
parcerias.
A investigacao de tais fatores situacionais idade, tamanho,
ambiente e poder -, aliada ao estudo dos mecanismos de coordenacao e dos
parametros de design de presenca mais acentuada, permite a determinacao
da configuracao da estrutura organizacional pertencente a EDISCA.
5. DISCUSSAO DOS RESULTADOS
A partir dos resultados alcancados, identificouse uma estrutura
organizacional complexa, haja vista que a EDISCA se enquadra em apenas
de uma das configuracoes propostas por Mintzberg (2008). O proprio autor
afirma ser sensato aceitar as organizacoes como estruturas muito mais
complexas, que vao, dessa forma, alem dos enquadramentos que uma teoria
pretenda lhes dar.
Mintzberg (2008) refere-se as cinco configuracoes por ele
propostas--estrutura simples, burocracia mecanizada, burocracia
profissional, forma divisionalizada e adhocracia--como o reflexo de
cinco forcas agindo em diferentes direcoes dentro das organizacoes.
Essas cinco forcas correspondem, respectivamente, a cupula estrategica,
a tecnoestrutura, ao nucleo operacional, a linha intermediaria e a
assessoria de apoio, as partes-chave descritas anteriormente. Cada uma
dessas forcas age, tambem respectivamente, no sentido de centralizar,
padronizar, profissionalizar, fragmentar e colaborar com a estrutura
organizacional.
A intensidade de uma dessas forcas em relacao as outras leva ao
enquadramento proposto, ao qual o autor confia um carater historico
dinamico, em razao de as configuracoes poderem (nao necessariamente) se
dar de acordo com o ciclo de vida da organizacao. Na EDISCA,
visualizou-se mais de uma forca impulsionadora, ainda que a entidade
possua estrutura e missao coesas. Pode-se afirmar que a entidade
estudada possui configuracao hibrida, uma vez que apresenta parametros
de diferentes configuracoes.
Identifica-se na ONG estudada um predominio de duas configuracoes:
a Burocracia Mecanizada e a Adhocracia. A evidencia de ambas nesta
estrutura organizacional reflete uma marcante caracteristica do proprio
setor no qual a entidade se insere: a pratica de fazer uso de mecanismos
de gestao mais sistematicos e padronizados como meio de atingir uma
maior profissionalizacao. Tenorio (2005) ja revela preocupacao nesse
sentido quando afirma que a sobrevivencia e a eficiencia administrativa
de ONGs estao vinculadas a sua capacidade de adotar novos instrumentos
de gestao. Nanus (2000) endossa esse argumento ao apontar a maior
necessidade de captacao de recursos e a preocupacao com a imagem
institucional como fatores determinantes para uma aproximacao da gestao
do Terceiro Setor com a do setor privado.
O enquadramento da EDISCA na configuracao da Burocracia Mecanizada
se da em razao de certos aspectos identificados nessa organizacao. No
que concerne aos mecanismos de coordenacao, visualizou-se um forte
predominio da padronizacao dos processos de trabalho, o que enquadra a
EDISCA nesse parametro. Mintzberg (2008) afirma que essa configuracao
caracteriza-se pela formalizacao das atividades e procedimentos. A
rotinizacao das atividades foi visualizada como uma preocupacao pelos
gestores da entidade. Foi identificada tambem uma alta divisao do
trabalho, ainda que a EDISCA apresente um organograma com baixa divisao
hierarquica.
A cupula da entidade mantem o poder sobre as decisoes mais
estrategicas. Identificou-se, aliada a esse fato, uma caracteristica de
dependencia da organizacao por direcionamentos e, principalmente,
aperfeicoamentos na pratica da gestao em si. A organizacao dispoe, com
certa regularidade, de servicos de consultoria altamente qualificada
nessa area. Os planos estrategicos da organizacao sao construidos com o
auxilio dessas consultorias, bem como a avaliacao de seus mecanismos de
controle.
Ha, portanto, forte influencia da tecnoestrutura sobre a cupula
estrategica, aspecto que Mintzberg (2008) ressalta como tambem
caracteristico da Burocracia Mecanizada. O planejamento de acoes, o uso
de mecanismos de controle e os registros e relatorios constantes,
referidos como essenciais a sustentabilidade da EDISCA, compoem outros
parametros marcantes dessa configuracao. Mintzberg (2008) afirma que o
reforco da padronizacao por parte da tecnoestrutura, devidamente
alinhado a cupula e endossado por ela, constitui uma forma limitada de
descentralizacao horizontal, caracteristica da configuracao apresentada.
No que se refere ao enquadramento de pessoal, que Mintzberg (2008)
trata nos parametros de design como formalizacao, verificou-se que a
EDISCA busca um alto alinhamento de seus membros, por meio de mecanismos
formais e informais. A EDISCA, por esses aspectos, mantem-se dentro de
uma estrutura configurada como burocratica. Foi relatada ainda a pratica
de acompanhamento e socializacao dos membros, enfatizando-se os valores
e normas de conduta da organizacao.
Constata-se tambem na EDISCA uma forte enfase na realizacao de
treinamentos. Essa qualificacao profissional tornou-se necessaria para o
ajustamento das organizacoes nao-governamentais a uma realidade cada vez
mais complexa. De acordo com Hudson (1999), o atendimento a essa
complexidade por meio de novas praticas gerenciais resulta em estruturas
administrativas igualmente complexas. Ribeiro (2009), em seu estudo
sobre estruturas organizacionais, tambem reforca esse aspecto ao afirmar
que a necessidade de respostas organizacionais diferentes, que levam as
organizacoes a buscar novas formas de atuacao e gestao, tornou-se comum
no contexto contemporaneo. O treinamento configura-se como parametro de
design caracteristico da Adhocracia, configuracao com a qual a entidade
tambem resguarda identificacoes.
De acordo com Mintzberg (2008), a Adhocracia e baseada em
treinamento formal. Sao dados poder e certa autonomia aos especialistas,
embora a existencia da coordenacao nao esteja necessariamente atrelada a
esses profissionais qualificados. A entidade em estudo revela cuidado
nesse sentido, uma vez que ha profissionais especializados para atuar em
funcoes especificas. Deve-se ressaltar que foi constatado que nao ha
impedimento rigido ao fato de esses especialistas participarem de
eventuais projetos no campo da gestao em si, o que realca um aspecto
organico e maleavel na entidade.
No que se refere aos instrumentos de interligacao, a EDISCA tem por
pratica utilizar a comunicacao interna para interligar seus membros,
mantendo-os integrados e atualizados. Essa integracao e interligacao por
meio da deliberada facilidade de acesso a informacao e caracteristica da
Adhocracia. A pratica frequente de reunioes gerais e de equipes encontra
identificacao na necessidade de ajustamento mutuo. Foi relatado durante
a entrevista realizada na entidade que e pouco provavel que um membro da
equipe fique sem saber o que esta acontecendo na entidade em dado
momento, em razao de a comunicacao fluir de maneira natural e constante.
A organizacao, ao reforcar essa pratica, endossa os relacionamentos
informais e livres ressaltados por Mintzberg (2008). Constata-se de
maneira mais clara nesse aspecto o carater hibrido da organizacao, uma
vez que esta, como estrutura burocratizada, legitima certa
informalidade, aproximando-se da organizacao organica.
A EDISCA e uma organizacao cujo poder de articulacao externa
depende muito da figura de sua fundadora e dirigente geral. Como a
integracao de acoes e mesmo sugestoes internas devem passar pelo crivo
da cupula, visualiza-se, entao, o perfil da entidade como sendo
fortemente caracterizado pelo funcionamento dessa area organizacional.
Mintzberg (2008) configura esse funcionamento da cupula estrategica como
parametro que tambem direciona a entidade a Adhocracia.
Constata-se, por fim, no que se refere aos fatores situacionais,
que a EDISCA se caracteriza como uma organizacao madura, com sistema
tecnico moderadamente sofisticado, que lida com um ambiente com grau
relevante de previsibilidade e que esta concomitantemente atrelada a um
forte controle externo. Todos esses aspectos caracterizam a estrutura da
organizacao como burocratica, o que permite identifica-la como complexa.
6. CONSIDERACOES FINAIS
Tendo em vista o objetivo principal deste estudo, identificou-se
que a estrutura organizacional caracteristica da EDISCA, a luz da teoria
das configuracoes de Mintzberg (2008), e hibrida, composta
predominantemente das configuracoes de Burocracia Mecanizada e de
Adhocracia.
Pode-se verificar, a partir do exposto, que a entidade em questao
possui aspectos notorios de uma gestao burocratica, na medida em que
preza pela padronizacao e formalizacao de seus membros, centralizando
questoes estrategicas-chave na alta cupula, que, por sua vez obtem o
respaldo da area denominada tecnocracia para dar prosseguimento aos
projetos mais ligados a sustentabilidade da entidade. As normas que
devem ser seguidas, a existencia de mecanismos formais de comunicacao e
integracao, bem como a descentralizacao horizontal e a necessidade de
planejamento constante reforcam a veia burocratica da EDISCA.
Os elementos caracteristicos de uma Adhocracia, por sua vez,
irrigam a estrutura em analise, uma vez que existe um continuo processo
de renovacao e elaboracao de projetos especificos dos quais a entidade
depende. Nesses projetos e articulacoes externas tem papel preponderante
uma figura central situada na cupula estrategica, a dirigente e
fundadora da EDISCA. A Adhocracia se faz presente ainda na peculiar
flexibilidade da organizacao em relacao aos ajustes e acoes de
interligacao de seus membros.
Mesmo apresentando aspectos ate mesmo opostos, essas configuracoes
expoem um quadro comum a entidades como a EDISCA, que buscam gerenciar a
si proprias de maneira cada vez mais eficaz, ajustando elementos
informais e maleaveis proprios do Terceiro Setor a sistemas mais rigidos
de planejamento e controle gerenciais.
A maior limitacao do estudo em questao consiste no fato de a
pesquisa ter sido realizada em uma unica entidade. Contudo, a entidade
pesquisada apresenta uma configuracao similar a de entidades bem
consolidadas em tal segmento, no que diz respeito a estrutura
organizacional. Como sugestao, este trabalho propoe que sejam realizados
estudos futuros que explorem a mesma percepcao utilizada, porem com
maior numero e diversidade de entidades, para que se possa analisar a
configuracao predominante no Terceiro Setor.
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Larissa Teixeira da Cunha
Mestranda do Programa de Pos-Graduacao em Administracao e
Controladoria (PPAC) da Faculdade de Economia, Administracao, Atuaria e
Contabilidade (FEAAC) da Universidade Federal do Ceara
(UFC)--Fortaleza-Ceara, Brasil E-mail: larissatc@gmail.com
Edmilson Pinto de Albuquerque Junior
Mestrando do Programa de Pos-Graduacao em Administracao e
Controladoria (PPAC) da Faculdade de Economia, Administracao, Atuaria e
Contabilidade (FEAAC) da Universidade Federal do Ceara
(UFC)--Fortaleza-Ceara, Brasil E-mail: edjunior05@yahoo.com.br
Augusto Cezar de Aquino Cabral
Professor do Programa de Pos-Graduacao em Administracao e
Controladoria (PPAC) da Faculdade de Economia, Administracao, Atuaria e
Contabilidade (FEAAC) da Universidade Federal do Ceara
(UFC)--Fortaleza-Ceara, Brasil E-mail: cabral@ufc.br
Maria Naiula Monteiro Pessoa
Professora do Programa de Pos-Graduacao em Administracao e
Controladoria (PPAC) da Faculdade de Economia, Administracao, Atuaria e
Contabilidade (FEAAC) da Universidade Federal do Ceara
(UFC)--Fortaleza-Ceara, Brasil E-mail: naiula@ufc.br
Sandra Maria dos Santos
Professora do Programa de Pos-Graduacao em Administracao e
Controladoria (PPAC) da Faculdade de Economia, Administracao, Atuaria e
Contabilidade (FEAAC) da Universidade Federal do Ceara
(UFC)--Fortaleza-Ceara, Brasil E-mail: smsantos@ufc.br
Recebido em: 14/12/2010
Aprovado em: 30/3/2011
Figura 1: As cinco configuracoes estruturais
Configuracao Primeiro mecanismo de Parte-chave da
estrutural coordenacao organizacao
Estrutura Supervisao direta Cupula estrategica
simples
Burocracia Padronizacao dos Tecnoestrutura
mecanizada processos
Burocracia Padronizacao Nucleo operacional
profissional dos habilidades
Forma Padronizacao dos Linha intermediaria
divisionalizada outputs
Adhocracia Ajustamento mutuo Assessoria de apoio
Configuracao Tipo de
estrutural descentralizacao
Centralizacao
Estrutura vertical e
simples horizontal
Burocracia Descentralizacao
mecanizada horizontal
limitada
Burocracia Descentralizacao
profissional vertical e
horizontal
Forma Descentralizacao
divisionalizada vertical limitada
Adhocracia Descentralizacao
seletiva
Fonte: MINTZBERG, 2008:174.
Figura 2: Parametros de design
Grupo Parametro de design
Design das posicoes Especializacao da tarefa
Formalizacao do comportamento
Treinamento e doutrinacao
Design da superestrutura Agrupamento de unidades
Dimensao da unidade
Design dos vinculos laterais Sistema de planejamento
e controle
Instrumentos de interligacao
Design do sistema de tomada Tipo de descentralizacao
de decisao
Fonte: Adaptada de Mintzberg (2008).