Barriers and incentives to organizational learning: a case study/Barreiras e incentivos a aprendizagem organizacional: um estudo de caso/Barreras e incentivos al aprendizaje organizativo: un estudio de caso.
Caldeira, Adilson ; Godoy, Arilda Schmidt
1. INTRODUCAO
A sobrevivencia de uma organizacao esta condicionada a capacidade
de seus gestores para identificar mudancas e agir no sentido de adaptala
e aproveitar novas oportunidades. Como uma das formas de encontrar
solucoes para problemas que se apresentam constantemente, a aplicacao
dos conhecimentos adquiridos com as experiencias do passado promove um
carater evolutivo que requer constante adaptacao.
Diante da necessidade de mudanca, os individuos agem e impelem a
organizacao a agir em busca de caminhos que lhes parecam os mais
adequados. O exercicio de identificar novos fatos ocorridos no meio
ambiente e analisa-los com o objetivo de promover a adaptacao da
organizacao resulta em conhecimentos que, em essencia, representam o
resultado de processos de aprendizagem.
Fiol e Lyles (1985) ressaltam que as organizacoes precisam se
adaptar ao ambiente para se manterem competitivas e inovadoras. Essa
necessidade de adaptacao, por sua vez, promove aprendizagem por meio da
aquisicao de informacoes ou conhecimentos que os membros que integram a
organizacao consideram uteis para a qualidade do desempenho
organizacional.
A propria natureza evolutiva do ambiente conduz ao aprendizado,
pois "quanto maiores as incertezas, maior a necessidade de
aprender" (DODGSON, 1993:378). De acordo com essa visao, a
aprendizagem e necessaria e ocorre simultaneamente como causa e efeito
da evolucao, independentemente da vontade de quem administra a
organizacao. Esta ao alcance dos administradores, contudo, promover um
ambiente favoravel a ocorrencia da aprendizagem.
Neste estudo, busca-se identificar e analisar os aspectos que
favorecem e os que dificultam a aprendizagem nas organizacoes, de acordo
com a percepcao de executivos que vivem os desafios da necessidade de
adaptacao e mudanca organizacional. Essa preocupacao faz parte de um
estudo mais amplo, que procurou compreender "o que" e
"como" uma determinada organizacao aprende ao executar suas
atividades de formulacao e implementacao de estrategias. Embora o estudo
original esteja centrado no processo de formulacao e implementacao de
novas estrategias na organizacao, acredita-se que os dados relativos aos
aspectos que favoreceram ou dificultaram a aprendizagem desse processo
sejam suficientemente significativos e merecedores de discussao entre
aqueles que estudam a aprendizagem que ocorre no interior das
organizacoes. Portanto, explora-se aqui a questao dos fatores que
influenciam, facilitam ou dificultam os processos de aprendizagem nas
organizacoes, que tem sido objeto de estudo tanto de pesquisadores
nacionais, conforme detectado em relatorio de pesquisa de Antonello e
Godoy (2008), quanto estrangeiros.
Assim, o estudo que ora se apresenta busca uma resposta ao seguinte
problema de pesquisa: quais os principais fatores que facilitam ou
dificultam a aprendizagem organizacional, segundo a visao dos executivos
de uma empresa?
Tem como objetivo identificar e analisar como o processo de
aprendizagem em uma organizacao pode ser favorecido e quais as possiveis
barreiras que o prejudicam.
O trabalho segue a seguinte estrutura. A secao 2, a seguir, traz a
fundamentacao teorica, apresentando os autores do campo da aprendizagem
escolhidos como norteadores da concepcao de aprendizagem organizacional
adotada neste estudo. Alem disso, apresenta a contribuicao dos
estudiosos que tratam especificamente dos elementos que se constituem
como obstruidores e facilitadores desse processo. A secao 3 descreve as
opcoes metodologicas para a realizacao da pesquisa de campo e as
justificativas para essas opcoes. Os resultados relativos ao foco deste
trabalho sao apresentados e analisados na secao 4. Encerrando o texto, a
seccao 5 apresenta as consideracoes finais, com as conclusoes
decorrentes da pesquisa realizada, uma breve exposicao das suas
limitacoes, assim como sugestoes para estudos futuros.
2. FUNDAMENTACAO TEORICA
Esta secao revisa alguns principios e conceitos presentes na
literatura relacionada a Aprendizagem nas Organizacoes, buscando
esclarecer a linha teorica adotada no contexto do trabalho. Destaca, em
especial, como a aprendizagem se processa no interior das organizacoes e
de que forma ela pode ser facilitada ou dificultada.
2.1. Aprendizagem nas organizacoes
A ideia de que uma organizacao e capaz de aprender por caminhos
independentes dos dos individuos que a integram, proposta por Cyert e
March (1963), representa um marco na evolucao da literatura
especializada nesse campo. Os autores propoem uma teoria geral de
aprendizagem organizacional como parte de um modelo de tomada de decisao
da empresa que enfatiza regras, procedimentos e rotinas como forma de
responder aos desafios do ambiente externo e a ele se adaptar. Essas
regras devem ser sempre revistas e adequadas a atualidade, a partir do
proprio aprendizado obtido com as experiencias anteriores da empresa.
Outra concepcao bastante difundida a respeito da aprendizagem
organizacional vem de Argyris e Schon (1996), e afirma que a
aprendizagem pode significar tanto um produto (algo aprendido) quanto um
processo responsavel pela aquisicao, processamento e armazenamento da
informacao que se transforma em conhecimento. Para Argyris e Schon
(1996:16):
Aprendizagem organizacional ocorre quando
individuos dentro de uma experiencia
organizacional com uma situacao problematica
questionam as crencas organizacionais. Eles
experimentam um desencontro surpreendente
entre o esperado e o resultado de fato da acao e
respondem a esse desencontro atraves do
processo de pensamento e posterior acao que
leva-os a modificar suas imagens da
organizacao ou de sua compreensao do
fenomeno organizacional e para reestruturar
suas atividades de forma a buscar resultados e
expectativas esperados, embora mudando as
teorias em uso organizacionais. De forma a se
tornar organizacional, a aprendizagem que
resulta do questionamento organizacional deve
tornar-se embutida nas imagens das
organizacoes existentes nas cabecas dos
individuos e/ou nos artefatos epistemologicos
(os mapas, memorias e programas) embutidos
no ambiente organizacional.
Para que o produto do questionamento organizacional possa ser
entendido como aprendizagem, ele precisa incluir evidencias de mudanca
nas teorias em uso da organizacao. Assim Argyris e Schon (1996) formulam
a teoria da acao, fundamentada na hipotese de que as pessoas possuem
mapas mentais que influenciam a maneira pela qual planejam, executam e
veem suas acoes. Pode haver diferenca, porem, entre a teoria que orienta
o comportamento das pessoas e a que elas usam para explicar suas acoes
efetivas. A primeira, a teoria em uso, governa o comportamento real,
tende a ser tacita e parte da visao do individuo sobre si proprio, os
outros e o ambiente. Ja o discurso sobre o que se faz, ou o que se
gostaria que os outros pensassem que se faz, pode ser chamado de teoria
esposada. Ao se perguntar a alguem sobre como se comporta em
determinadas circunstancias, a resposta geralmente e a teoria esposada
da acao; entretanto, a teoria que governa realmente as acoes e a teoria
em uso.
Quando as consequencias de uma acao correspondem ao que se
pretendia, a teoria em uso e confirmada. Caso, porem, o resultado nao
seja o que se almejava, surge a oportunidade, segundo Argyris e Schon
(1978), para a aprendizagem. A comparacao entre o que fazem, segundo a
teoria em uso, e o que acreditam ser o melhor a fazer leva as pessoas a
aprender, recorrendo a um processo composto de dois mecanismos: o
aprendizado de ciclo simples (single-loop learning) eo de ciclo duplo (double-loop learning).
Segundo Argyris e Schon (1978), a aprendizagem de ciclo simples na
organizacao pode ser comparada a acao de um termostato, que assimila a
temperatura circunstante e liga ou desliga o aquecedor. Ele recebe
informacao sobre a temperatura ambiente e processa a acao corretiva. A
aprendizagem em ciclo duplo, por sua vez, ocorre quando, alem da
deteccao e correcao do erro, ocorre a modificacao de normas, politicas e
objetivos. Ou seja, quando, alem da correcao do erro, a aprendizagem
tambem abrange o desenvolvimento da capacidade de evita-lo, da-se a
aprendizagem de ciclo duplo.
Alem dos ciclos simples e duplo, Argyris e Schon (1996) identificam
o ciclo triplo, tambem denominado aprendizagem do tipo Deutero (VISSER,
2007), que ocorre quando os principios da organizacao sao questionados
quanto ao que ela pretende ser, que contribuicoes deseja proporcionar, o
que valoriza e assim por diante. Em sintese, a habilidade de aprender a
aprender, de compreender o que se aprendeu em ciclo simples e duplo e de
promover incrementos constitui a aprendizagem de ciclo triplo. Enquanto
a aprendizagem de ciclo simples propicia um ajuste das acoes para o
alcance dos resultados desejados eade ciclo duplo conduz a transformacao
dos modelos mentais para a geracao de novos significados e acoes, a de
ciclo triplo resulta no entendimento e criacao de novos modelos mentais.
Para Argirys e Schon (1996), o esquema generico da aprendizagem
organizacional inclui: o produto, que e o conteudo informacional; o
processo, que e a aquisicao da informacao; o processamento e o
armazenamento da informacao; e o aprendiz, a quem o processo de
aprendizagem e atribuido. Huber (1991) ve o processo de aprendizagem
organizacional de forma semelhante, como consistindo de aquisicao de
conhecimento, sua distribuicao, interpretacao e memorizacao. Segundo
Huber, um dos principais fatores determinantes para a aquisicao e a
continuidade da aprendizagem organizacional e a capacidade de
distribuicao da informacao. Quanto mais fontes de conhecimento existirem
e mais a informacao for difundida na organizacao, maior a possibilidade
de sucesso dos individuos e da organizacao na aprendizagem.
Em raciocinio semelhante, March (1991) sustenta que a aprendizagem
depende da capacidade de armazenagem e memoria, distribuidas ao longo das diversas areas da organizacao, que deve encontrar um equilibrio
entre o uso de competencias existentes e o desenvolvimento de novas
competencias para obter um desempenho superior. Outra contribuicao
importante vem das ideias de Kim (1998), que desenvolve um modelo de
integracao entre a aprendizagem individual e a organizacional. Para esse
autor, a aprendizagem organizacional e fruto de um processo que se
inicia pela aprendizagem individual. Ela ocorre por meio de um ciclo em
que o individuo assimila um dado novo, reflete a respeito de
experiencias passadas, chega a conclusoes sobre o novo fragmento de
informacao e armazena essa informacao em forma de modelos mentais. Esses
modelos mentais, mais do que um conjunto de ideias, memorias e
vivencias, representam uma visao do mundo do individuo a partir de seus
conhecimentos, determinando assim o contexto segundo o qual ele passa a
observar e interpretar novos dados, alem de determinar a relevancia das
informacoes em uma dada situacao.
Kim (1998) entende que a aprendizagem organizacional e mais
complexa e dinamica do que a aprendizagem individual, pois o processo e
fundamentalmente diferente. A aprendizagem individual se processa
mediante ciclos de modificacao e codificacao das crencas nos modelos
mentais dos individuos. Esses ciclos afetam a aprendizagem em nivel
organizacional por meio de sua influencia nos modelos mentais
compartilhados. Em sua passagem pela organizacao, os individuos deixam o
legado de sua aprendizagem nos grupos a que pertenceram. Ou seja, a
aprendizagem nas organizacoes iniciase pelos individuos, cujo
conhecimento e compartilhado e entao disseminado pela organizacao (KIM,
1998), constituindo, assim, segundo Huber (1991), a memoria
organizacional.
Outra contribuicao importante para o entendimento do fenomeno da
aprendizagem organizacional vem da proposta de Marsick e Watkins (1997)
a respeito das diferentes formas de aprendizagem que ocorrem nos
ambientes de trabalho. Para essas autoras, os maiores ganhos
profissionais e organizacionais se originam da aprendizagem que ocorre
no proprio ambiente de trabalho, como resultado do confronto com
situacoes nao rotineiras. O desenvolvimento dos individuos que atuam no
processo decisorio de uma empresa se inicia por um processo natural de
aprendizagem e passa por processos informais e acidentais, em que a
solucao de problemas ocorre por meio de um ciclo baseado em uma
"subsuperficie que compreende crencas, valores e pressuposicoes que
guiam a acao em cada estagio" (p. 296-297). A aprendizagem informal
caracteriza-se por nao ocorrer, necessariamente, de forma tradicional,
como, por exemplo, mediante acoes de treinamento. Pode, contudo, ser
planejada. A aprendizagem incidental acontece de forma inconsciente, no
dia a dia de trabalho, quando o individuo vivencia uma transformacao de
perspectiva como resultado da reflexao, sem necessariamente ter
consciencia de que esta aprendendo (MARSICK; WATKINS, 1997).
Tomando-se como referencia as ideias expostas pelo conjunto dos
autores acima apresentados, assumem-se, neste trabalho, os seguintes
pressupostos: a aprendizagem nas organizacoes corresponde ao aumento da
capacidade de realizar acoes efetivas de melhoria de desempenho (KIM,
1998), que e obtida pelo aperfeicoamento das acoes, da compreensao, do
conhecimento (FIOL; LYLES, 1985) e do processamento de informacoes
(HUBER, 1991). Por meio da deteccao de erros (ARGYRIS; SCHON, 1978) e da
aquisicao de novos conhecimentos pelos individuos, depois compartilhados
com o grupo e disseminados pela organizacao (KIM, 1998), as teorias em
uso e os comportamentos potenciais da organizacao sao sucessivamente
modificados, constituindo-se, assim, um processo evolutivo em que ocorre
aprendizagem (EASTERBY-SMITH; ARAUJO, 2000). Tal processo pode ser
formal, intencional, ou informal, incidental, como fruto de acoes
inconscientes ou conscientes e planejadas (MARSICK; WATKINS, 1997).
O processo de aprendizagem, por sua vez, pode ser facilitado, ao se
proporcionar um ambiente favoravel ao seu desenvolvimento na
organizacao, ou prejudicado, quando ha barreiras a aprendizagem. A
seguir, sao apresentados alguns dos principais autores que examinam essa
questao.
2.2. Facilitadores e Barreiras a Aprendizagem Organizacional
De acordo com representativos autores que estudam a aprendizagem
organizacional, existem meios que favorecem e meios que dificultam sua
ocorrencia. Dentre as contribuicoes dedicadas a identificacao de
aspectos facilitadores, destaca-se a de Friedman, Lipshitz e Overmeer (2001), que agrupa as condicoes ideais para a aprendizagem em tres
categorias: fatores contextuais, que interagem com variaveis
psicologicas, que, por sua vez, interagem com caracteristicas
comportamentais tipicas. Como fatores contextuais, figuram: a tolerancia
em admitir erros, ou seja, a ausencia de punicao quando as pessoas
erram; a issue orientation, tendencia de julgar com base muito mais em
fatos do que em interesses politicos, status ou preferencias e opinioes
pessoais; o igualitarismo nas praticas de divisao de poder e
responsabilidade; o comprometimento de toda a organizacao em aprender.
As variaveis psicologicas resumem-se a duas: a duvida, como pre-condicao
psicologica para o questionamento; e, em compensacao, o senso de
seguranca psicologica, dado que o reconhecimento da existencia de duvida
geralmente causa desconforto as pessoas. As caracteristicas
comportamentais essenciais a aprendizagem sao: o acesso a informacoes e
a plena e honesta transparencia destas; o incentivo ao questionamento e
a visao critica; a propensao a deixar de lado crencas e interesses
pessoais, reconhecendo novas perspectivas e interpretacoes emergentes;
e, finalmente, a accountability, ou seja, a assuncao da responsabilidade
pelas proprias acoes e suas consequencias, porem acompanhada da vontade
de adotar medidas corretivas e de experimentar.
Na concepcao de Friedman, Lipshitz e Overmeer (2001), a
aprendizagem organizacional pode ser favorecida por diferentes
combinacoes de seis estrategias basicas. A primeira e a combinacao da
aprendizagem com o objetivo instrumental; a segunda e a geracao de
incerteza otima; a terceira, o controle do processo articulado de
aprendizagem; a quarta representa o formato das conversas; a quinta se
refere ao modelo adotado; e a sexta consiste no mapeamento da
aprendizagem. Alem dessa combinacao de estrategias, a aprendizagem e
facilitada quando a organizacao aprende a aprender, substituindo atos de
controle e de prognostico por habitos de questionamento e
experimentacao.
Rigano e Edwards (1998), apoiados nos resultados de uma pesquisa
empirica, tambem consideram a reflexao como um processo que pode
modificar o conhecimento, a crenca e as acoes pessoais. Quando os
empregados pensam mais profundamente sobre seus trabalhos e suas
relacoes com a companhia em que desempenham suas atividades
profissionais, a aprendizagem, pautada na reflexao, e favorecida.
O processo de aprendizagem organizacional nao e visto apenas como
algo que flui espontaneamente. Ha obstaculos que o dificultam, ou ate
mesmo impedem sua efetivacao.
Segundo Berthoin Antal, Lenhardt e Rosenbrock (2001), as barreiras
a aprendizagem organizacional identificadas na literatura podem ser
agrupadas em tres categorias: interrupcao dos processos de aprendizagem,
bloqueios culturais e psicologicos, e obstaculos relacionados a
estrutura organizacional e a lideranca.
Na primeira categoria, figuram autores como Kim (1998), que
assinala que o ciclo de aprendizagem nas organizacoes pode ser
interrompido quando as crencas e as acoes dos individuos nao se
conectam; quando os individuos mudam seu proprio comportamento, mas nao
conseguem persuadir os demais a mudarem regras comportamentais da
organizacao; quando os individuos tiram conclusoes incorretas do impacto
da acao organizacional sobre o ambiente ou quando as mudancas desse
ambiente nao sao identificadas.
Com base nesses preceitos, Kim (1998) identifica sete barreiras que
tornam a aprendizagem organizacional incompleta: (1) aprendizagem
limitada pelo papel, quando a aprendizagem individual de ciclo simples
nao se efetiva em decorrencia de restricoes do papel do individuo; (2)
aprendizagem pela audiencia, na qual o individuo pode afetar a acao da
organizacao de forma ambigua e assim bloquear a aprendizagem
organizacional de ciclo simples; (3) aprendizagem supersticiosa,
caracterizada pela falta de conexao entre as acoes da organizacao e as
respostas ambientais, o que dificulta a aprendizagem em ciclo simples;
(4) aprendizagem ambigua, decorrente da falta de clareza na relacao de
causa e efeito entre as acoes da organizacao e as respostas do ambiente;
(5) aprendizagem situacional, em que se verifica um rompimento entre a
aprendizagem individual e o modelo mental individual--como ocorre, por
exemplo, em momentos de gerenciamento de crise--, o que obstrui a
realizacao da aprendizagem individual de ciclo duplo; (6) aprendizagem
fragmentada: os individuos aprendem, mas as organizacoes nao; e (7)
aprendizagem oportunistica, quando individuos ou grupos nao seguem os
padroes normais da organizacao e dificultam a aprendizagem em ciclo
duplo.
Em uma visao complementar das barreiras ocasionadas pela
interrupcao do processo de aprendizagem organizacional, Berthoin Antal,
Lenhardt e Rosenbrock (2001) destacam a dificuldade dos individuos e das
organizacoes em desaprender e descartar modelos mentais previamente
estabelecidos, para dar vez a aprendizagem. Schein (1993) ja sustentava
ser mais dificil desaprender comportamentos aprendidos mediante punicoes
do que os aprendidos por meio de recompensas, enquanto Starbuck e
Hedberg (2001) discutiram as resistencias das estruturas e politicas
organizacionais a "desaprendizagem".
Na segunda categoria de barreiras a aprendizagem organizacional,
que se refere aos obstaculos psicologicos e culturais, ha abordagens,
como a de Argyris e Schon (1996) sobre a tendencia das pessoas a
assumirem atitudes defensivas diante de ameacas, buscando
justificativas, em vez de solucoes de problemas. Segundo esses autores,
algumas situacoes que funcionam como barreiras para o desenvolvimento
desse processo envolvem: poder, armadilha da competencia, dificuldade em
mudar as teorias em uso, raciocinio defensivo e rotinas defensivas.
O poder constitui barreira para a aprendizagem quando os membros do
grupo agem como se houvesse uma disputa. Quando o conflito caracteriza
um jogo de poder, nenhum dos lados aprende sobre a natureza do conflito
e seu significado para as teorias em uso. Algumas teorias em uso sao
desenvolvidas para evitar conflitos com algumas pessoas poderosas da
organizacao, possibilitando aos individuos permanecerem em uma zona de
conforto.
A armadilha da competencia refere-se as situacoes em que a
experiencia leva a organizacao a persistir no modelo de pensamento e
acao bemsucedido do passado, que nao garante que ele permanece efetivo
quando a situacao se altera. A dificuldade em mudar as teorias em uso
dos individuos e das organizacoes e assim descrita por Argyris e Schon
(1996): os seres humanos aprendem suas teorias em uso ainda na infancia,
tornando-se habilidosos em executar as tarefas a que estao acostumados.
Mesmo as tarefas mais complexas sao desempenhadas com tao pouco esforco,
que as acoes sao produzidas como se fossem automaticas, o que faz com
que se tornem inconscientes e nao precisem mais ser questionadas,
gerando um processo de autorreforco, pois se acredita que, se os
objetivos foram alcancados, nao existe motivo para mudar a acao.
Muitas vezes os individuos mostram interesse em resolver problemas
do trabalho, mas a forma como conduzem conversas, combinada com sua
propria censura, leva a um dialogo defensivo, que funciona como uma
barreira ao aprendizado (ARGYRIS; SCHON, 1996). A conversa pode produzir
reacoes defensivas em todos os participantes, reforcando e
intensificando a defensividade, mesmo que inicialmente essa conversa
tenha sido estruturada com intencoes positivas.
O raciocinio defensivo consiste em transformar as premissas e
inferencias implicitas em argumentos ou procedimentos que nao podem ser
testados ou questionados por outras pessoas. Isso faz com que os
individuos acreditem que tais premissas somente sao testaveis dentro dos
limites da logica utilizada pelos atores que tiveram a habilidade da
conclusao, surgindo, entao, a logica referencial propria, porque o teste nao pode ser estruturado segundo uma logica independente daquela
utilizada para gerar a primeira conclusao. Assim, o raciocinio
defensivo, rigorosamente sancionado, torna-se o modo correto de pensar e
proceder, reduzindo-se as condicoes propicias a questionamentos que
levem a aprendizagem.
Ha dois motivos que induzem os individuos a utilizar o raciocinio
defensivo: o primeiro esta relacionado a maneira pela qual os individuos
resolvem lidar com os aspectos embaracantes e ameacadores, ou seja, esta
relacionado a falta de seguranca psicologica; o segundo decorre da
estrutura organizacional, que reforca a existencia dos dialogos
contraprodutivos por meio das rotinas defensivas, outra importante
barreira a aprendizagem (ARGYRIS; SCHON,1996).
Conforme Argyris e Schon (1996:99-100), as rotinas defensivas
organizacionais sao:
[...] acoes e politicas, legalizadas dentro do
contexto organizacional, que pretendem
proteger os individuos das experiencias
ameacadoras ou embaracantes, enquanto ao
mesmo tempo previnem os individuos, ou a
organizacao como um todo, de identificar as
causas do embaracamento ou ameaca para
corrigir os problemas relevantes.
As rotinas defensivas nao permitem a reflexao, porque sao baseadas
em uma logica que faz com que sejam protegidas e reforcadas pelas mesmas
pessoas que gostariam de se libertar delas. Em organizacoes onde ocorrem
rotinas defensivas, ha desconfianca, distanciamento e cinismo a respeito
da potencialidade de aprendizagem organizacional produtiva, o que
caracteriza barreira a aprendizagem (ARGYRIS; SCHON, 1996).
Scherer e Tran (2001), com base em Schein (1993), tambem se
utilizam da Psicologia para ilustrar a ansiedade como obstaculo a
aprendizagem organizacional. Para esses autores, as organizacoes
constroem mecanismos que geram ansiedade e agem como poderosos escudos
contra a aprendizagem. Em empresas caracterizadas por mecanismos
gerenciais controladores e punitivos, e dificil convencer os
funcionarios de que a aprendizagem e segura para eles.
Starbuck e Hedberg (2001) afirmam que percepcoes individuais
equivocadas ou dissonantes em relacao aos grupos podem dificultar a
aprendizagem. Schein (1993) tambem ja havia assinalado que essas
percepcoes afetam significativamente as culturas das organizacoes, que
nao sao monoliticas, mas compostas de subculturas com diferentes metas e
codigos, podendo constituir-se em obstaculos a aprendizagem,
concernentes tanto a aquisicao quanto a compreensao ou, mesmo, a
aceitacao de novos comportamentos.
A terceira e ultima categoria de barreiras a aprendizagem poe em
foco a estrutura organizacional, vista como um possivel obstaculo em
estudos como o de Fiol e Lyles (1985), nos quais se propoe que
estruturas centralizadas bloqueiam a aprendizagem, ja que tendem a
reforcar comportamentos passados.
Morgan (1996) assinala que estruturas departamentais podem inibir a
aprendizagem organizacional, por concentrarem a atencao dos individuos
em problemas paroquiais, em detrimento daqueles que afetam a organizacao
como um todo.
No que se refere a possiveis barreiras a aprendizagem ocasionadas
pela lideranca, Sadler (2001) indica o risco suscitado pelo fato de os
altos executivos serem tidos como pessoas sabias, o que os liberaria da
necessidade de aprender. Alem disso, Argyris (1994) entende que a forma
pela qual os processos de comunicacao sao conduzidos pelas liderancas
pode reforcar as barreiras a aprendizagem e a incorporacao da mudanca,
ao inves de elimina-las.
Os processos de comunicacao sujeitam as organizacoes a barreiras de
aprendizagem porque, em geral, promovem o raciocinio defensivo e inibem
a conscientizacao que dispoe os individuos para a mudanca, uma vez que
enfatizam o estimulo, ao inves da motivacao. Schein (1996) se refere a
comunicacao como elemento fundamental a aprendizagem organizacional,
destacando, dentre as principais causas das falhas na aprendizagem, a
incapacidade de criar canais de comunicacao que permitam a negociacao
entre os diversos grupos de interesses, como, por exemplo, o
trabalhador, o tecnico, o gestor, o consumidor ou cliente.
Em uma visao complementar e consonante com as abordagens citadas
anteriormente, estudos desenvolvidos por Edmondson (1999, 2002, 2008) e
colaboradores (CANNON; EDMONDSON, 2001) mostram que, alem da falta de
seguranca psicologica, mais seis situacoes podem dificultar a
aprendizagem nos grupos de trabalho das organizacoes: habito de esconder
os erros, falhas na comunicacao, ignorar informacoes importantes,
reflexao incompleta, competicao interna nociva e ameaca ambigua.
Tais estudos revelam que, por receio de punicao ou depreciacao, e
comum a ocorrencia de falhas nao assumidas pelos individuos que as
cometem. Igualmente comuns sao as barreiras de comunicacao entre
individuos e entre equipes; alem disse, nao comunicar resultados
decorrentes de erros ou acertos ocasiona uma obstrucao na aprendizagem.
Ainda no que se refere a comunicacao, a relevancia das informacoes nem sempre e percebida, e o resultado e a ocorrencia de lacunas, que truncam
a compreensao ou a visao integral da licao de uma experiencia
vivenciada. Por motivos semelhantes, as pessoas podem se precipitar ao
analisar uma ocorrencia de forma parcial, interpretando os resultados
sem refletirem sobre todos os elementos envolvidos. Alem de tal
precipitacao, os autores identificaram situacoes, talvez ainda mais
graves, em que a aprendizagem e obstruida intencionalmente, por acoes
decorrentes de interesses individuais, resultantes de uma excessiva e
prejudicial competicao entre os participantes de uma organizacao.
Finalmente, ocorrem obstaculos a aprendizagem em situacoes de causas e
efeitos nao muito claros, ou seja, em que a interpretacao pode ser
ambigua, gerando mais duvidas do que certezas.
Como forma de sintetizar as diversas visoes presentes na literatura
especializada, elaborou-se um rol de aspectos facilitadores e aspectos
abstrativos da aprendizagem nas organizacoes, a partir de um agrupamento
de ideias que convergem em direcao a posicoes comuns (e o que se
apresenta no Quadro 1). A construcao dessa sintese inclui a
interpretacao de aspectos implicitos constantes na literatura, pois,
ainda que alguns autores se restrinjam a indicar barreiras a
aprendizagem, pode-se inferir que a eliminacao de tais obstaculos
representa um meio de facilita-la. De forma analoga, se um aspecto
representa um meio de facilitar a aprendizagem, sua ausencia poderia se
constituir em uma barreira.
3. ASPECTOS METODOLOGICOS
Como se indicou na introducao deste trabalho, o relato de pesquisa
aqui apresentado faz parte de um estudo mais amplo, desenvolvido na
modalidade estudo de caso qualitativo (HARTLEY, 1994) e orientado pelos
pressupostos do paradigma interpretativo (MERRIAM, 1998; ALVES-MAZZOTTI,
2002), por considerar que a aprendizagem organizacional representa um
fenomeno construido socialmente. O estudo se desenvolveu com proposito
exploratorio, tendo como um de seus objetivos compreender o modo pelo
qual a aprendizagem organizacional foi favorecida e quais obstaculos ela
encontrou no ambiente estudado.
Escolheu-se como caso para estudo uma empresa de grande porte que a
primeira vista nao necessita desenvolver conhecimento ou inovar para
tornar-se mais competitiva, por ser uma industria monopolista, mas que
declara preocupacao com a aprendizagem organizacional. Trata-se da
Petrobras, organizacao brasileira, o que confere a pesquisa um carater
investigativo regional, motivado, principalmente, pela escassez de
estudos sobre aprendizagem em organizacoes cujos padroes culturais nao
sao os norteamericanos. O caso pode ser considerado interessante para o
estudo da aprendizagem organizacional pelo fato de a empresa operar em
atividades diversificadas, que requerem uma estrutura organizacional
relativamente complexa. Nota-se, nessa estrutura, a existencia de bases
administrativas instaladas em diversas localizacoes geograficas, com um
natural distanciamento nas acoes cotidianas dos gestores, que
necessitam, contudo, agir de forma integrada para o cumprimento dos
objetivos estrategicos. A escolha tambem se justifica por tres
caracteristicas da dinamica de negocios da empresa: (1) os desafios
ambientais, tais como a instabilidade do mercado mundial no setor
petrolifero, a queda do monopolio das estatais e as crises politicas
internacionais; (2) a divulgacao constante das principais estrategias ao
publico (PETROBRAS, 2009); e (3) a representatividade, por ser a maior
empresa brasileira em patrimonio liquido, receita, lucro, criacao de
riqueza, pagamento de salarios e impostos (EXAME, 2006).
A unidade de analise consta do grupo de gestores que compoem o
Comite de Negocios. Embora no estudo de caso realizado tenham sido
utilizadas tres estrategias de coleta de dados--a observacao
nao-participante, a analide de documentos e a realizacao de entrevistas
semiestruturadas--, os dados aqui apresentados referem-se basicamente as
informacoes obtidas por meio de entrevistas.
O numero de entrevistas foi determinado com base na recomendacao de
Johnson (2002), para quem o numero ideal e aquele que o pesquisador ache
suficiente para a consecucao de seu escopo, podendo o estudioso, ate
mesmo, conferir especial atencao a alguns dos informantes que
aparentemente detenham maior conhecimento sobre um assunto especifico de
uma determinada categoria. Dessa forma, foram escolhidos sujeitos
considerados mais preparados para fornecer as informacoes desejadas.
Foram selecionados dezesseis profissionais que atuam ha mais de duas
decadas na empresa, integrantes do grupo que analisa o desempenho atual,
identifica pontos a melhorar e estabelece as estrategias corporativas.
Todos foram entrevistados em seu local de trabalho. O tratamento dos
dados seguiu o metodo proposto por King (1998), com o apoio do software
Nvivo, versao 7.0. Efetuou-se, assim, a interpretacao das respostas dos
entrevistados por meio de uma analise de conteudo categorica. A
apresentacao de alguns trechos extraidos da entrevista, considerados
relevantes para a realizacao dos objetivos propostos, preserva a
identidade dos entrevistados, denominando-os E_01 (entrevistado No. 1),
E_02 (entrevistado No. 2), assim prosseguindo, ate E_16 (entrevistado
No. 16).
4. APRESENTACAO E DISCUSSAO DOS RESULTADOS DA PESQUISA
Esta secao apresenta os dados obtidos na pesquisa de campo.
Inicia-se pela caracterizacao da empresa em que ocorre o caso em estudo.
Uma vez apresentados os dados historicos e o atual status da empresa,
descreve-se o ambito de atuacao dos entrevistados. Na sequencia, sao
apresentadas e analisadas as informacoes obtidas junto aos gestores
entrevistados.
4.1. Caracterizacao da organizacao participante
Em consonancia com a propria evolucao historica da companhia, sua
equipe gestora vem se desenvolvendo e aperfeicoando, o que parece
indicar a presenca de aprendizagem. Ate a mudanca do modelo regulatorio
da industria no pais, em 1998, a missao da companhia se resumia a
"abastecer o pais com petroleo e derivados aos menores custos para
a sociedade" (PETROBRAS, 2009). A regulamentacao do setor
petrolifero no Brasil impeliu a Petrobras a filosofia que postula a
conscientizacao dos fatores caracteristicos de seu novo ambiente de
negocios, em que surgia a possibilidade de a empresa vir a competir com
grandes corporacoes internacionais. Nessa fase, o entao presidente da
empresa decidiu convocar os colaboradores para uma mudanca nos rumos do
processo pelo qual se elaboram as estrategias da companhia.
O atual estatuto da empresa, aprovado pelo Conselho de
Administracao em 2002, regulamenta e confere legitimidade ao Comite de
Negocios da Petrobras, composto de representantes das diversas areas da
empresa com a finalidade de: "Ser um forum de integracao dos
assuntos relevantes e estrategicos, visando promover o alinhamento entre
o desenvolvimento dos negocios, a gestao da Companhia e as diretrizes do
Plano Estrategico da Petrobras". Alem do Comite de Negocios, a
Petrobras institucionalizou, por meio do Estatuto Social de 10/06/2002,
aprovado pela Assembleia Geral Extraordinaria, a participacao de sua
Diretoria Executiva e do proprio Conselho de Administracao no
Planejamento Estrategico da companhia. Cabe a primeira legitimar as
estrategias propostas pelo Comite de Negocios, e ao segundo aprovar o
Plano Estrategico, bem como os respectivos Planos Plurianuais e
Programas Anuais de Dispendios e de Investimentos.
As atribuicoes do Comite de Negocios, do qual todos os
entrevistados desta pesquisa participam, sao: recomendar propostas para
a Direcao, analisar temas relevantes, discutir, formular e propor
diretrizes para as varias areas da companhia, e definir as necessidades
de informacoes e analises para a tomada de decisao em temas estrategicos
para a empresa. O Comite se reune semanalmente, constituindo um forum no
qual os participantes discutem as mais variadas questoes de cunho
estrategico sobre o mercado e suas tendencias.
Em todos os anos se efetua uma revisao formal do plano estrategico,
em uma serie de etapas que se desenvolvem mediante um calendario formal.
Ao final de cada ciclo anual produz-se o Plano de Negocios, integrado ao
Plano Estrategico Corporativo, com a declaracao da Visao de futuro aplicada a um periodo de longo prazo e a Missao corporativa, revista e
adequada a essa nova visao. Os resultados desse processo podem ser
observados por meio de um cotejo entre o Plano Estrategico vigente ate
julho de 2007 e o que se estabeleceu a partir de agosto daquele ano. No
primeiro, a Visao e a Missao declaradas eram:
Visao 2015: A Petrobras sera uma empresa integrada de energia com
forte presenca internacional e lider na America Latina, atuando com foco
na rentabilidade e na responsabilidade social e ambiental.
Missao: Atuar de forma segura e rentavel, com responsabilidade
social e ambiental, nas atividades da industria de oleo, gas e energia,
nos mercados nacional e internacional, fornecendo produtos e servicos
adequados as necessidades dos seus clientes e contribuindo para o
desenvolvimento do Brasil e dos paises onde atua. (PLANO DE NEGOCIOS
PETROBRAS 2015-2007, 2008).
A revisao efetuada pelo Comite de Negocios ao longo do exercicio de
planejamento de 2007 resultou na alteracao dessas diretrizes:
Visao 2020: Seremos uma das cinco maiores empresas integradas de
energia do mundo e a preferida pelos nossos publicos de interesse.
Missao: Atuar de forma segura e rentavel, com responsabilidade
social e ambiental, nos mercados nacional e internacional, fornecendo
produtos e servicos adequados as necessidades dos clientes e
contribuindo para o desenvolvimento do Brasil e dos paises onde atua.
(PLANO ESTRATEGICO PETROBRAS 2020-2007, 2008).
4.2. Facilitadores da aprendizagem na organizacao pesquisada
A pesquisa revela a presenca de aprendizagem na visao dos
executivos, ja que esses reconhecem a ocorrencia de aumento da
capacidade de apresentar acoes efetivas de melhoria do desempenho. Esse
aumento decorre do aperfeicoamento das acoes, da compreensao e do
conhecimento (FIOL; LYLES, 1985). Alem do aperfeicoamento das acoes, da
compreensao e do conhecimento, os entrevistados veem, como agente de
melhoria do desempenho, a capacidade de processamento das informacoes
(HUBER, 1991). Para promover esses objetivos, a empresa investe em
tecnologia, processos e treinamento de seus colaboradores. Outros
elementos interpretados pelos entrevistados como facilitadores da
aprendizagem, por meio do aperfeicoamento das acoes, da compreensao e do
conhecimento, sao o patrocinio da empresa a formacao academica e
profissional de seus colaboradores, atraves de cursos externos e
internos, e a contratacao de consultorias e palestras, para que se
adquiram novos conhecimentos de gestao.
Como ilustracao, seguem-se alguns trechos das entrevistas que
abordam essa questao:
Da mesma forma que a Petrobras formou o seu
grupo tecnico de geologos e engenheiros de
petroleo[...] nao existia nenhuma formacao [...]
na universidade brasileira, entao o que ela fez na
decada de cinquenta, sessenta? Ela pegou esse
pessoal, mandou para o exterior, formou eles la
fora [...] nossa area de planejamento naquela
epoca, com ajuda dessa consultoria,
desenvolveu o processo [...] seguindo algumas
orientacoes metodologicas e teoricas, mas ela
desenvolveu um processo (E_02).
[...] para nos chegarmos la, nos temos que ver
gerentes executivos com visao mais ampla, com
a visao mais aberta da gestao [...] (E_10).
[...] eu sempre procuro trazer pessoas de fora
para trabalhar, para falar para nos sobre
assuntos que possam refletir diretamente nas
nossas estrategias, e e um processo
extremamente participativo, que eu faco questao
que todas as areas participem [...] (E-05).
[...] nos nos reunimos, uns quarenta
executivos, em Angra dos Reis, com a
direcao, com consultoria externa, "olha o
que e que aconteceu em um pais quando
abriu, o que pode vir acontecer com a Petrobras"
(E_10).
Por outro lado, Argyris (1994), com base na visao experiencial da
aprendizagem, entende que a forma pela qual os processos de comunicacao
sao conduzidos pelas liderancas pode ser considerada essencial para que
a aprendizagem ocorra. Segundo esse autor, um processo de comunicacao
ineficiente pode se constituir em barreira a aprendizagem, sobretudo se
os papeis e responsabilidades dos individuos nao incentivarem seu
comprometimento integral. Os gestores entrevistados mencionam a
preocupacao com a promocao de oportunidades que oferecam as pessoas uma
visao integral da organizacao, indo alem das particularidades de suas
respectivas areas. Tambem se faz mencao da adocao de meios que facilitem
a comunicacao, que possam habilitar pessoas nao so a desenvolver a visao
integral da organizacao, mas tambem a enxergar os objetivos e monitorar
seu desempenho, facultando-lhes aprender pela observacao do que esta
dando certo ou nao.
[...] nos convocamos toda a forca de trabalho e
[...] nosso diretor apresenta as estrategias, os
objetivos [...], a nossa carteira de projetos, entao
ir alem do que nos fazemos por escrito, isso ai e
dado por via eletronica, que hoje facilita e muito
[...]; olha aqui o desdobramento do plano
estrategico da area, voce tem aqui [...] a sua
estrategia, o seu objetivo, as suas iniciativas, o
seu plano de acao e os responsaveis (E_05).
Criar uma linguagem acessivel [...]; assim, ele
vai poder contribuir mais, mas muito mais do
que ele receber isso aqui, ele receber isso aqui
pode contribuir se ele ler pelo menos, perceber
(E_11).
As pessoas comecam a perceber a empresa de
uma forma integrada[...] E um ganho imenso,
um aprendizado imenso no planejamento
estrategico [...] todas as pessoas que participam
ganham muito nesse processo, como
aprendizado (E_02).
[...] o grande aprendizado e na visao espacial, e
como voce ver a corporacao de uma maneira
mais ampla, integrada, entender os diversos
negocios, como os negocios sao impactados
pelo cenario, entao e essa a aprendizagem
(E_10).
[...] mais um aspecto da organizacao, que ela e
muito grande, muito complexa, entao e
impossivel uma pessoa ter dominio sobre tudo o
que acontece [...] Cada vez que a gente tem um
olhar sobre isso, a gente faz aprendendo mais
coisas (E_12).
Outro aspecto citado pelos entrevistados se alinha com as ideias de
Argyris (1994), complementadas por Kim (1998). Trata-se do papel dos
lideres como facilitadores ou dificultadores da aprendizagem. Em razao
de sua posicao hierarquica, esses lideres teriam maior poder de influir
para que os mapas mentais da equipe gestora fossem compartilhados na
organizacao (KIM, 1998). Argyris (1994) entende que a forma pela qual os
processos de comunicacao sao conduzidos pelas liderancas pode reforcar
as barreiras a aprendizagem e a incorporacao da mudanca, ao inves de
elimina-las. Isso ocorre, sobretudo, se os papeis e responsabilidades
dos individuos sao tratados de forma fragmentada, o que a dificulta um
comprometimento integral desses individuos.
Na visao de Argyris (1994), as teorias sobre lideranca apontam os
altos executivos como pessoas sabias, o que pode sugerir que eles estao
liberados da necessidade de aprender, situacao que constitui uma
barreira a aprendizagem organizacional. Nao e, contudo, o que entendem
os participantes desta pesquisa.
Os integrantes do Comite de Negocios sao pessoas com bastante
experiencia na organizacao, na qual trabalham ha muito tempo e sao
reconhecidos como pessoas com muito conhecimento acumulado sobre ela.
Segundo declaram, essa experiencia de trabalho em equipe promove
entrosamento e comprometimento com os resultados e com o processo de
aprendizagem, principalmente por sua visao critica e pela capacidade de
identificar e discutir possiveis falhas. Por meio da deteccao e correcao
de erros (ARGYRIS; SCHON, 1978) e da aquisicao de novos conhecimentos
pelos individuos, depois compartilhados com o grupo e disseminados pela
organizacao (KIM, 1998), as teorias em uso e os comportamentos
potenciais da organizacao sao sucessivamente modificados, proporcionando
aprendizagem.
[...] e preciso pessoas que tenham a cabeca
aberta para poder entender adequadamente
qual e a intencao da organizacao, o
movimento que ela vai tomar, o caminho
que ela vai tomar e sejam lideres [...] se a
organizacao determinou que e aquele
caminho, vamos ver; se der errado, a
organizacao toda vai sofrer com isso e vai
aprender (E_02).
[...] eu falo uma coisa e ai pergunto "o que
voce entendeu?" [...] a nossa grande meta e
que facamos estrategias e que todo mundo,
todas as pessoas leiam a estrategia e tenham
o mesmo entendimento dessas estrategias
(E_05).
Segundo Argyris e Schon (1978), o processo de correcao de erros,
executado a partir da mudanca das rotinas, constitui um meio para a
aprendizagem em ciclo simples, o que se constata na organizacao
pesquisada, conforme os relatos de seus gestores. Tambem se observam
situacoes que requerem reflexao mais aprofundada sobre as causas de
possiveis erros, conduzindo a mudancas nos principios e orientacoes que
permeiam as acoes correntes na organizacao. Assim, alem da solucao do
problema, desenvolve-se tambem a capacidade de evita-lo, o que
caracteriza a aprendizagem em ciclo duplo. A aprendizagem em ciclo
triplo, por sua vez, se apresenta por meio do desenvolvimento de novos
principios organizacionais, tanto de forma inconsciente como de forma
consciente e planejada (MARSICK; WATKINS, 1997).
4.3. Barreiras a aprendizagem na organizacao pesquisada
Dentre as barreiras a aprendizagem citadas pelos entrevistados,
destaca-se a resistencia a mudanca ou a consideracao de possiveis licoes
que poderiam ser extraidas de procedimentos que nao foram bem-sucedidos,
pois, conforme Argyris (1994), Edmondson (1999, 2002, 2008) e Cannon e
Edmondson (2001), os processos de comunicacao podem representar
barreiras a aprendizagem, caso fomentem o raciocinio defensivo e inibam
a conscientizacao da necessidade de mudanca.
[...] eu acho que tem uma barreira, barreira da
comunicacao, sabe? Eu vejo o seguinte, para
nos que trabalhamos ha anos nesse processo [...]
e uma linguagem comum [...]; agora, voce
imagina fazer uma projecao de um sujeito que
trabalha na torre de perfuracao no meio do mar
[...] (E_11).
Constitui tambem um obstaculo, indicado por Argyris (1994),
Edmondson (1999, 2002, 2008) e Cannon e Edmondson (2001), a resistencia
a mudanca ou as licoes que poderiam ser aprendidas com os atos
malsucedidos:
[...] o que dificulta a aprendizagem [...] e uma
mente fechada [...]. Uma pessoa com mente
fechada [...] tem dificuldade de mudar [...]
(E_02).
[...] eu acho que a gente nao faz analise, nao faz,
nao pega as licoes aprendidas, porque elas vao
dizer que a gente precisa destruir, "descriar"
algumas coisas, e a gente nao tem bagagem e
nao tem talvez uma cultura de companhia, de
aceitar um novo modo de fazer, compreender
[...](E_09).
Para muita gente aqui dentro, mesmo no nivel
executivo, falavam, "nao vai levar a nada essa
mudanca... A gente conhece, a gente domina, o
pessoal chega aqui e nao vai ter competitividade
com a gente, nao vai mudar absolutamente
nada". (E_10).
[...] existem barreiras que estao associadas aos
modelos mentais das pessoas de tomar decisoes;
entao se voce propoe uma estrategia que foge ao
entendimento daquilo que e adequado, seguro,
enfim, factivel por parte de quem decide, eu
diria que e uma barreira tambem cultural [...]
(E_13).
A modificacao das teorias em uso e dos comportamentos potenciais da
organizacao, que caracterizam sua evolucao, e proporcionada pela
aprendizagem. Esta, por sua vez, pode ser obtida por meios formais ou
informais (MARSICK; WATKINS, 1997). O desenvolvimento dos individuos que
atuam no processo decisorio de uma empresa se inicia por um processo
natural de aprendizagem, passando por processos informais e incidentais.
A aprendizagem informal pode ser promovida fazendo-se com que as pessoas
"desaprendam" antigas praticas e comportamentos. Conforme se
observa nos depoimentos dos entrevistados, as pessoas sao levadas a
enxergar um novo futuro para a empresa, declarado, em linhas gerais, na
visao adotada como referencia. Essa visao, que posicionava, em um
passado recente, os negocios da companhia prioritariamente na producao
de petroleo para suprir a demanda interna do pais, hoje a considera uma
empresa integrada em negocios de energia, que busca ser lider e
desenvolver tecnologia para a producao de energia a partir de fontes
renovaveis.
Ainda segundo Marsick e Watkins (1997), a aprendizagem incidental,
como ramo da aprendizagem informal, ocorre no dia a dia do trabalho. As
necessidades determinadas pelo trabalho envolvem o exame e a reflexao
para encontrar e produzir solucoes, planejar os proximos passos e,
assim, moldar a experiencia, conduzindo a um processo informal de
aprendizagem.
Ao exemplificarem situacoes em que necessitaram desdobrar
estrategias, transformando-as em metas de suas areas, analisar as
variaveis intervenientes na implementacao de estrategias, discutir
caminhos alternativos para o futuro dos negocios, decidir sobre como se
adaptar a um contexto de mudanca, os entrevistados mencionaram acoes que
se apresentam como mecanismos de aprendizagem informal e incidental.
5. CONSIDERACOES FINAIS
Segundo Hartley (1994), os estudos de caso sao feitos sob medida
para explorar processos ou comportamentos novos ou pouco compreendidos,
uma vez que possibilitam a analise e interpretacao de varias atitudes de
uma organizacao, bem como da forma pela qual seu processo de tomada de
decisoes se desenvolve e muda ao longo do tempo.
Como objeto de estudo elegeu-se a Petrobras, em razao de sua
magnitude, do fato de ser uma empresa brasileira e da transparencia com
que declara ao publico suas estrategias e acoes de aprendizagem. O caso
foi estudado com o objetivo geral de compreender o que a organizacao
aprende, como se da esse aprendizado e de que forma essa aprendizagem e
utilizada na realimentacao do processo decisorio. Para realizar esse
intento, foi fundamental conhecer e descrever as atividades envolvidas
na formulacao de estrategias pela empresa. A partir desse conhecimento,
procurou-se identificar a forma pela qual a aprendizagem ocorre durante a execucao dessas atividades, bem como a presenca de atividades formais
e informais de aprendizagem. Buscou-se tambem verificar quais aspectos
foram percebidos pelos gestores como favoraveis ou como obstaculos a
aprendizagem na organizacao.
Embora o foco deste trabalho esteja centrado nos aspectos que se
constituiram em barreiras ou facilitadores da aprendizagem no interior
da organizacao, e relevante apresentar alguns dados que contextualizam
esse fenomeno de uma forma mais ampla, articulando-o com outros
elementos presentes nos resultados encontrados.
Uma das constatacoes a que o estudo conduziu foi a evidente
compreensao dos entrevistados de que, com a preocupacao de identificar
tendencias, sua interpretacao e a construcao de cenarios representam um
processo de mudanca cognitiva, pois requerem do participante o
desenvolvimento de uma visao voltada para o futuro e receptiva a
mudancas em relacao ao que se praticou no passado. Pode-se concluir,
tambem, que esse fato, associado a necessidade de formular estrategias
que beneficiem a empresa de forma integrada, considerando as
especificidades das diversas areas, proporciona aprendizagem como fruto
do compartilhamento do conhecimento entre individuos de diversas areas.
Quando a empresa busca executar as acoes planejadas, ocorre um
monitoramento de resultados, que proporciona um novo estagio de
conhecimento para os gestores, o que caracteriza aprendizagem em ciclo
duplo. Como esse novo estagio de conhecimento ira influenciar a visao de
futuro dos gestores, pode-se sugerir a presenca de aprendizagem em ciclo
triplo, em razao do aumento da capacidade de apresentar acoes efetivas
de melhoria de desempenho em decorrencia do aperfeicoamento das acoes,
da compreensao e do conhecimento.
Constata-se tambem que a aprendizagem ocorre, na organizacao
pesquisada, por meios formais, tais como: cursos, treinamentos e
palestras destinadas a divulgacao das tendencias futuras e das
estrategias formuladas. Nao obstante, ha tambem situacoes de
aprendizagem informal, promovidas pela constante revisao de praticas e
comportamentos para adequa-los a novas condicoes. As pessoas precisam
focalizar o futuro, o que pode leva-las a necessidade de rever as
praticas do passado. O desdobramento de estrategias em metas setoriais,
a analise das variaveis intervenientes na implementacao das estrategias,
a discussao de caminhos alternativos para o futuro dos negocios e a
adaptacao a um contexto de mudanca constituem mecanismos de aprendizagem
informal e incidental.
O estudo possibilitou constatar que ha aspectos que facilitam e
outros que dificultam a aprendizagem no processo decisorio da
organizacao. Em consonancia com fatores como a qualidade da comunicacao,
a influencia das liderancas, a propensao das pessoas a mudanca, a
aprendizagem pode se tornar mais facil ou mais dificil.
De acordo com os gestores entrevistados, observa-se, em
determinadas situacoes, a incidencia de resistencia a mudanca. Ha,
tambem, licoes que poderiam ser aprendidas a partir de insucessos, mas
que nao foram aproveitadas em razao da ineficiencia dos processos de
comunicacao, que proporcionaram oportunidade para o raciocinio defensivo
e inibiram a conscientizacao da necessidade de mudanca.
Por outro lado, a aprendizagem e vista pelos executivos como uma
decorrencia natural de um processo em que, por um lado, a necessidade de
encontrar caminhos para a adaptacao as mudancas e, por outro, o
enfrentamento dos desafios da competicao sao favorecidos por aspectos
como a sistematizacao do processo de analise critica dos pontos falhos,
identificados por meio de um processo continuo de avaliacao de
desempenho. Nao menos importante, o conhecimento de elementos como
inovacoes tecnologicas e tendencias economicas e politicas, aliado a
concepcao de um futuro desejado, proporciona um novo nivel de
conhecimento, favorecendo a aprendizagem individual e organizacional.
Por mais cuidado e dedicacao que se tenha ao elaborar uma pesquisa,
e comum que ela possua limitacoes. Este estudo tambem as tem.
Especialmente pelo fato de ser um estudo exploratorio, o objetivo nao e
conclusivo e as descobertas nao podem ser consideradas como aplicaveis a
quaisquer situacoes. No entanto, exatamente por seu carater
exploratorio, ele abre possibilidades para novas pesquisas. A partir dos
achados aqui descritos, e possivel imaginar inumeras investigacoes
adicionais que possibilitem constatar a existencia de aspectos que
facilitam ou dificultam a aprendizagem nas organizacoes, contribuindo
para que elas possam desenvolver meios para a gestao desse fenomeno e
para alavancar ainda mais seu desempenho.
DOI: 10.5700/rege438
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Adilson Caldeira
Professor Adjunto em periodo integral e pesquisador do Centro de
Ciencias Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana
Mackenzie--Sao Paulo-SP, Brasil
Doutor em Administracao de Empresas pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie. Mestre em Administracao pela Universidade de Sao Paulo
E-mail: adilsoncaldeira@mackenzie.br
Arilda Schmidt Godoy
Professora e pesquisadora do Centro de Ciencias Sociais Aplicadas
da Universidade Presbiteriana Mackenzie--Sao Paulo-SP, Brasil
Pos-doutora pela Escola de Administracao da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul. Mestre e Doutora em Educacao pela Universidade de Sao
Paulo E-mail: arilda.godoy@mackenzie.br
Recebido em: 12/11/2009
Aprovado em: 16/3/2010
Quadro 1: Aspectos que facilitam ou dificultam
a aprendizagem nas organizacoes
Autores O que facilita
Friedman, Lipshitz Tolerancia a erros,
e Overmeer (2001) sem punicao;
Scherer e Tran (2001) julgamento fundamentado em
fatos, acima de interesses
politicos;
igualitarismo na divisao de
poder e responsabilidade;
comprometimento da organizacao
em aprender.
Argyris e Schon (1996) Clima favoravel a mudanca
Berthoin Antal, Lenhardt e inovacao;
e Rosenbrock (2001) desconstrucao dos modelos
Cannon e Edmondson (2001) mentais vigentes;
Edmondson (1999, 2002, 2008) compartilhamento de crencas
Kim (1993) e percepcoes;
Schein (1993) visao integrada e sistemica;
Starbuck e Hedberg (2001) eficacia do processo de
comunicacao.
Fiol e Lyles (1985) Estruturas organizacionais
Morgan (1996) flexiveis, que despertem a
atencao dos individuos para
relacoes de causa e efeito
interdepartamentais.
Sadler (2001) Lideres com humildade para
reconhecer limites e admitir
a necessidade de aprender
Autores O que dificulta
Friedman, Lipshitz Sistemas punitivos rigorosos,
e Overmeer (2001) intolerantes ao erro;
Scherer e Tran (2001) crencas e interesses
individuais e de grupos
especificos (feudos);
falta de equilibrio na
divisao de poder e
responsabilidade;
falta de motivacao dos
colaboradores para aprender.
Argyris e Schon (1996) Atitudes defensivas;
Berthoin Antal, Lenhardt modelos mentais construidos
e Rosenbrock (2001) pela experiencia;
Cannon e Edmondson (2001) dificuldade em desaprender;
Edmondson (1999, 2002, 2008) percepcoes dissonantes entre
Kim (1993) individuos e grupos;
Schein (1993) aprendizagem fragmentada;
Starbuck e Hedberg (2001) reflexao incompleta;
processo de comunicacao
truncado e incompleto.
Fiol e Lyles (1985) Estruturas organizacionais
Morgan (1996) centralizadas e
departamentais
Sadler (2001) Liderancas sabias, liberadas
de aprender
Fonte: Elaborado pelos autores.